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História Oh, take me home - Quarto branco


Escrita por: AYNIEL

Notas do Autor


Eu não sei por que diabos, mas deu vontade de atualizar isso aqui. Deve ser porque andei pensando em plots...

Vai ser uma short fic, e espero desenvolver bem. Boa sorte pra mim.

Boa leitura.

Capítulo 2 - Quarto branco


"Então você é meu anjo da guarda ou algo assim?"

Estavam sentados perto da janela do quarto. Lovino agora possuía de permissão para caminhar pelo quarto, mas a porta permanecia trancada até que algum enfermeiro desse sinal de entrada. Não como fosse importar-se.

"Não. Eu sou seu espírito pessoal, que vai te auxiliar a superar o que você passa no momento." A voz angelical era óbvia ali, e dava nos nervos de Lovino. Coisas perfeitas sempre o irritaram.

O quarto não era muito grande, e os móveis que ocupavam ali faziam que o espaço para esticar as pernas diminuísse consideravelmente. Compunha de uma cama alta, um criado mudo com um jarro de flores sobre este, cortinas grossas nas janelas engradadas e, assim como tudo naquele quarto, ela era branca. O branco total o irritava a ponto de, da última vez que um enfermeiro apareceu, ter de ser atado à cama num evitamento de sua histéria.

"Um anjo da guarda. Vai fazer o quê? Cantar sobre carneirinhos pulando a cerca para curar minha maldita insônia?" O moreno olhava de soslaio a figura flutuando sobre sua cama. 

Quando acordara há um mês não havia lhe dirigido meia dúzia de palavras. Em verdade, ele foi o primeiro a ouvir a voz do italiano. Embargada, arrastada, cheia de ódio e dor, onde a fonte era sua própria auto depreciação. Ainda assim, mesmo que o visse e este falasse consigo, Lovino não respondia. Tinha noção que, quanto mais demonstrasse sinais da loucura, mais tempo ficaria ali. 

Mesmo que não fizesse nada de importante além de estudar e ter um trabalho de meio período numa confeitaria, apenas para seu próprio lucro — se é que continuava a trabalhar lá após o último episódio —, quanto mais tempo da sua vida perdesse sob o efeito de medicamentos de loucos (assim como os chamava) e amarrado em cintos grossos naquela cama, maior era a chance de uma crise pior da sua corrente depressão. Era um fodido mesmo, assim pensava.

"Meu trabalho aqui é te fazer exatamente o que você não se faz: bem. Comecemos por tirar esses pensamentos chulos da cabeça, por favor. Infelizmente, eu ouço-te mais do que gostaria." E fez uma careta de nojo, soltando uma risadinha em seguida, a substituindo por uma cara de poucos amigos em um instante, assim que ouviu um pedido de "morra" que não era pensamento próprio. A ligação entre eles estava forte, e conseguia sentir a confusão e auto lástima em seu coração. 

"Vá embora..." Sibilou ao redirecionar o olhar totalmente à vista da janela. Um parque para os doentes mentais que ao menos podiam sair do quarto se situava ali.

"Eu não posso. Mesmo que eu quisese, eu não posso. Não antes de te fazer voltar a ser a criança que você costumava ser." Citou o mesmo quando pequenino, teimoso e coradiço, tendo em sua mente uma lembrança de quando este cozinhou seu primeiro cupcake, especialmente pro natal e pro irmão recentemente doente.

"Você sabe minha resposta à merda que você imagina que vai acontecer..." Uma parte de si queria insistir em falar o resto, mas se limitou. De qualquer forma o outro ouviria e entenderia seus sentimentos sobre o que desejava.

"Ele está num lugar melhor agora. Melhor do que onde estou, ao menos." Tentou brincar, recebendo um trincar de dentes e leve desencadear de fúria diretamente do coração do castanho a sua frente.

"Então vá embora." E desejou que o outro desaparecesse, antes que o seu corpo transformasse a fúria em arrependimento e tristeza, levando-o à uma nova e fresquinha crise de choro.

"Não irei, não até você curar de suas feridas." Deslizou pelas cobertas como se fossem água. Era verdade que as asas ajudavam, mas o fato de não ser físico também era uma grande vantagem quando a procrastinação lhe atingia. Que vergonha deve ser um anjo preguiçoso. Mas também, quem não se tornaria, no tédio que era aquele quarto? Certamente mexer as pernas não era o suficiente.

"Minha perna já está curada há muito tempo. Você sabe porque eles me contêm aqui, ainda, perfeitamente..." E virou-se contra o vento e luz saindo e alegrando-se no quarto pela janela, porém caminhando para o banheiro. Precisava vomitar.

E o anjo conhecia aquela ação. Presenciou variadas vezes no seu tempo com ele, e sentia a dor física e emocional a se misturar enquanto forçava o estômago a por seu café para fora. Lovino Vargas usava daquele movimento para antecipar — e, talvez, em sua concepção, amenizar — a choradeira que viria a seguir, causada principalmente pela dor da dúvida e desespero prevalecidas em seu coração já frágil.

"Eu não me referia à estas feridas..." Pronunciava ao ver o contínuo vômito e começo do choro do garoto.

Afinal, todo mundo sabe que feridas do coração são mais profundas e com tendências a sequelas que as normais.


Notas Finais


O trabalho de beta/revisora é cansativo porém animante e divertido. Me dá forças (apenas mentais, porque de resto tou morta) para que eu queira escrever.
Obrigadas imensos à @SatanJoker, que é a autora principal do material que trabalho. Recomendo todas as fanfics dela, mesmo que atualmente eu só trabalhe em três. Kkkk

Espero que tenham gostado, e um comentário seria muito bem-vindo como mais um incentivo à escrita. Obrigada por tudo, mesmo assim. Até. ~


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