História Ômega - Trinta e Sete

Uma semana depois.

— Meu deus, como ele é fofo. — YoungJae disse e Jungkook riu com Jaemin em seus braços. — Olha que fofinho.

— Ele é a cara do Jimin. — Jungkook disse e eu revirei os olhos. — Jimin fica dizendo que não, mas é a cara dele.

— É mesmo a cara do Hyung. — Taehyung comentou. — Eu acho bom irmos embora, não é mesmo? — meu irmão puxou o namorado pela mão. Nesse tempo eu tenho liberado mais esses dois, acho que prefiro me focar em outras coisas e MinSu provou querer apenas o bem de Taehyung. — Vamos?

Jaebum e Youngjae se despediram de Jungkook e Jaemin, os dois acenaram para mim e Taehyung fez um sinal que me ligaria mais tarde, eu sei que ele vai passar a noite na casa do MinSu, eu acho que preciso sentar com ele e explicar certas coisas, mesmo sabendo que ele não é besta e sabe muito bem como se prevenir.

— Jimin, me ajuda aqui seu idiota. — Jungkook chamou e eu ri.

— Quanto carinho, meu doce. — Me aproximei e peguei Jaemin, pois Jungkook queria se deitar. — Quer que eu o coloque no berço?

— Não, o médico disse que ele pode ficar deitado com a gente na cama, só que temos que ter cuidado. — Ele disse e eu assenti sentando na beira da cama com Jaemin em meus braços. — Ele é tão quieto, nem parece aquele beta que chutava como louco na minha barriga.

Eu e Jungkook tínhamos feito um exame para saber qual o status de Jaemin, havia dado que era ômega quando ele estava na barriga do Jeon, mas quando ele nasceu outro exame foi feito e dessa vez foi comprovado que ele é beta. Jungkook e eu estamos felizes com o status, não importa qual o status na verdade, contanto que o nosso filho seja feliz e tenha saúde, tudo está ótimo.

— Jaemin vai ser como você, eu acho. — Murmurei para o ômega. — Espero que ele seja mesmo.

— Mas que ele é a sua cara, ele é. — revirei os olhos.

Dois meses depois.

— Quando é que você vai sorrir, Jaemin? — Perguntei para o bebê que me encarava. — Você é mesmo igual ao Jungkook.

— Pelo menos nisso, não é mesmo? — Jungkook disse saindo do banho. — Jimin, Chaeyeon ligou ontem, nada do seu livro?

— Vou esperar mais um pouco. — passei o nariz perto da bochecha de Jaemin e suas mãozinhas tocaram o meu rosto.

— Daqui a pouco você esquece de vez e entre em um bloqueio dos grandes, ela vem aqui e faz um escândalo. — Jungkook disse e eu percebi que ele estava se aproximando. — Vá tomar um banho e deixa que eu troco ele, você demora quase duas horas para arrumá-lo, se ele ficar doente, você quem vai ficar acordado ao lado dele no hospital.

— Que tipo de pai é você? — perguntei e ele me empurrou. — Está vendo Jaemin, esse é o seu pai Jungkook.

— O menino tem dois meses, nem te entende.

— Seu estraga prazer.

Quatro meses depois.

 Jaemin já estava com seis meses, estávamos no chão da sala rodeados de brinquedos que o meu filhote havia ganhado dos nossos amigos.

— Então quer dizer que eles viajaram? — Perguntei a Jungkook enquanto olhava Jaemin morder um de seus brinquedos. — Ele pode morder esse?

— Pode. — Jungkook disse tirando sua atenção  de seus livros e sorriu para Jaemin que tirou o brinquedo da boca e balançou. — E sim, Hoseok disse que eles deveriam ter férias em família, sendo que Jeno só tem 8 meses e não faz ideia do que está acontecendo.

— Ah, achei que tivesse gostado da ideia, íamos viajar com o Jaemin qualquer dia desses. — Disse e Jungkook me encarou sério. — Você é um chato!

— Você que é, eu não posso viajar, você sabe.

— Eu sei meu doce, você está bem focado nessa sua volta a faculdade e fico feliz com isso. — olhei para Jaemin. — Vem aqui com o papai, vem.

Jaemin sorriu mostrando aquela boquinha sem nenhum dentinho, apenas um pequeno rasguinho branco dando sinal que um dentinho estava para vir. O chamei com as mãos as esticando em sua direção, ele tentou se virar para engatinhar e acabou caindo de lado. Jungkook praticamente largou os livros no chão – já que estava no sofá. E foi até Jaemin, mesmo que o nosso filho não estivesse chorando, Jungkook o pegou no colo e passou a mão na cabecinha dele.

— Jimin, da próxima vez presta atenção quando for o chamar. — Jungkook brigou e eu ri. — Ele poderia se machucar Jimin!

— Meu doce, o chão está todo acolchoado, não tem como ele se machucar. — eu disse e Jungkook bufou. — Vai voltar a estudar e me deixa dar a merenda do Jaemin.

— Não, deixa que eu faço isso. — ele disse indo para a sala.

Jungkook é o mais protetor com o Jaemin, eu achando que quem seria assim seria eu mesmo, mas não foi. Jaemin é bem quieto, sorri pouco e brinca com qualquer coisinha que você coloca na mão dele, eu não consigo ficar mais de duas horas sem estar perto do meu filho. Sempre acordo antes que o Jungkook para preparar a mamadeira do Jaemin, gosto de dar banho nele e o levar para passear a tarde ou ir visitar Taehyung, Yugyeom e BamBam. Jaemin é a pequena luz dessa casa, um sorrisinho dele alegra o meu dia e o do Jeon.

Oito meses depois.

— Jaemin! — Jungkook gritou e eu só vi Jaemin correndo um pouco torno em minha direção com um pequeno sorriso no rosto. — Jimin segura ele!

— O que você já fez, menino? — Perguntei pegando Jaemin no colo, ele sorriu balbuciando algumas coisas. — Não diga, não acredito que você fez isso, Park Jaemin!

— Ele contou o que ele fez? — Jungkook se aproximou e Jaemin me apertou com seus bracinhos em meu pescoço. Eu e Jungkook conversamos com Jaemin mais abertamente, ele fez um ano recentemente e só fala coisas do tipo “Papa” “BoDia” “Mama” “Choinho” que na minha visão deve ser cachorrinho, já que Taehyung comprou um. Mas a única palavra que ele diz direitinho é Jeno, ele fala que é uma beleza.

— Não entendi nada, foi só uns bruns hmm ah ah e papa. — Olhei para Jungkook e ele revirou os olhos. — O que ele fez?

— Derrubou seu notebook. — Arregalei os olhos. — Bem feito por deixar em cima da cama, Jaemin sempre puxa o lençol.

— Jungkook...

— Não quebrou, mas acho bom você ir ver. — Ele disse e cutucou Jaemin. — Vem com o papai, vamos comer.

— Vai com o papai. — disse para Jaemin que não queria me soltar. — Ele vai te levar até o Jeno.

E foi como dizer a palavra magica, ele me soltou na hora e foi para o colo do Jungkook.

-x-

— E ele dormiu. — Jungkook se jogou ao meu lado na cama. — O que você está fazendo com esse livro na mão?

— Ah, esse é seu. — Tinha terminado finalmente o meu livro, depois de mudar quase tudo e dar os últimos ajustes, finalmente Chaeyeon poderia colocar para vender. — Meu livro.

— O primeiro é meu? — Jungkook veio para mais perto e se sentou pegando o livro. — Vou ler agora.

— Deixa para depois. — murmurei. — Deita aqui comigo.

— Deixa que ler agora, Jiminnie. — ele beijou minha bochecha. — Vai...

— Tá bom, espero que goste.

— Claro que eu vou gostar.

“ Segurar meu filho pela primeira vez foi como ganhar o maior e melhor presente do mundo, a sensação na verdade não dá para ser descrita, acho que nenhum pai consegue descrever o que sente quando segura seu filho pela primeira vez. Jaemin nasceu com uma saúde ótima e não houve nenhuma complicação durante a cirurgia, nem com ele e nem com Jungkook, esse por sua vez quando acordou a primeira coisa que perguntou foi onde estava o nosso filhote.

Colocar Jaemin nos braços de Jungkook também foi algo incrível para mim, ver minhas outras duas preciosidades ali, juntas. Eu me lembro quando tinha somente Taehyung como minha maior preciosidade, mas então chegou Jungkook e agora veio Jaemin. Eu não sei se sou uma pessoa sortuda, se eu sou, agradeço eternamente ao destino ou qualquer coisa que me deu tudo isso de uma vez.

Passei sim por coisas que não deveriam vir tão cedo, ajudei Jungkook quando eu deveria focar na minha vida. O conheci meio que sem querer, mas a partir daquele momento eu vi nele algo que não veria em mais ninguém, Jungkook me deu alegria, me trouxe amor e tudo isso em tão pouco tempo. Jungkook me deu um filho, mesmo que tenha sido cedo, foi o nosso filhinho, o nosso Jaemin.

Jungkook é o mais Ômega que eu poderia ter conhecido nesse mundo, Jungkook é o meu Ômega. Não importa se não é feminino como os outros, não importa se ele fala palavrão e usa roupas em tons escuros, não importa nada disso! O importante é que ele é e sempre vai ser ele mesmo, o meu Ômega. “

— Seu idiota! — Jungkook disse quando eu já estava para dormir, já deveria passar das três da manhã. — Não acredito que o livro é sobre mim, esse tempo todinho! Caralho Jimin!

— Gostou? — Me espreguicei e sentei ao seu lado. Jungkook encarava o livro com um sorriso no rosto. — Meu doce.

— Vou te processar por usar meu nome sem pedir. — ele disse e eu acabei rindo. — Obrigado, sério Jimin, obrigado por tudo que você fez por mim.

— Eu não fiz nada, você fez tudo. — ele se virou para mim, segurei seu rosto deixando um beijo rápido em seus lábios.  — Tudo Jungkook, você é tudo na minha vida e você fez tudo nela.

— Eu te amo, amo muito Jiminnie.

— Eu também te amo, meu doce.

Senti a mão de Jungkook segurar minha nuca me puxando para um beijo, não demorou para que eu estivesse por cima dele, eu sabia que não iríamos tão longe e quando ouvimos o choro do Jaemin, foi a prova que não seria naquela noite.

— O traga para dormir com a gente. — Jungkook disse e eu assenti.

Fui até o quarto de Jaemin, ele estava em pé no berço, esticou os bracinhos quando me aproximei dele, o peguei no colo junto com sua manta e sua chupeta. Quando entramos no quarto Jungkook já tinha arrumado o meio da cama, Jaemin dormia sempre com mais de um lençol, o coloquei na cama.

— É hora de dormir, mocinho. — Jungkook disse e Jaemin sorriu com a chupeta na boca.  — Não, nem adianta sorrir, vamos dormir.

Jungkook começou a cantar enquanto fazia carinho nos cabelos lisos de Jaemin, o meu filho encarava Jungkook como se estivesse entendendo tudo, sua mãozinha estava na bochecha do Jeon, dando a entender que ele estava sentindo o amor que Jungkook o dava.

Acho que minha vida não poderia ser melhor, tenho o meu Ômega, e agora o meu pequeno beta.

“ Às vezes você passa horas em frente ao espelho olhando para si mesmo e querendo de alguma maneira saber por que as pessoas te olham estranho ou te julgam por algo, mas então você percebe que você não tem nada de errado, você não tem nada de “anormal”. Então, porque as pessoas não te aceitam? O que elas têm que você também não tem? O que te faz ser estranho na frente delas? O que é de tão estranho em você que para elas vocês são diferentes?

Nada.

A resposta é: Nada.

Você é igual a todo mundo, você respira, você está vivo, você é um ser humano. Muitos vão dizer que não é isso, é porque você usa uma roupa  preta e um cabelo colorido, pronto aí está a prova da sua bizarrice e seu jeito estranho... Mas, o que a cor de uma roupa e tons coloridos em suas mechas de cabelo tem a ver com isso? Nada, não tem nada. Usar a roupa que você quer usar, não te faz ser diferente. Pintar seu cabelo da cor que você quer, não te faz ser louco. Gostar de uma pessoa do mesmo sexo que o seu, não te faz ser anormal. Falar palavrão não te faz ser sujo. Ligar o foda-se quando todos estão ali preocupados com coisas fúteis, não te faz ser sem coração. Não tente ser o que não é, não tente seguir o que lá no fundo você não quer seguir, não pare suas vontades pelos outros, não seja um robô.

 Você é você! Em primeiro lugar se ame e se aceite como é, não seja como os outros querem, seja você mesmo. Ser você mesmo não é ser diferente ou bizarro, ser você mesmo é mostrar aos outros que você tem controle sobre sua vida e se diverte e se ama da sua maneira."

Park Jimin.

 Autor de Ômega.