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História On the road. - Grateful.


Escrita por: fanficontheroad

Capítulo 5 - Grateful.


Acordei no dia seguinte e parecia que havia uma escola de samba no meio peito. Meu coração estava a mil. E eu não pude deixar de sorrir quando abri os olhos e me lembrei de onde estava. Depois de anos vivendo rotinas e fazendo o que era ético diante daqueles que me cercavam, eu estava livre. Essa era a sensação da qual precisava. Não teria que dar satisfações tolas muito menos faria algo por obrigação. A partir de hoje faria as coisas por puro prazer. Com todos esses pensamentos lembrei da pessoa que mais amava me colocar na linha: mãe! Levantei da cama me espreguiçando, fui até a mochila e disquei seu número. Deu no máximo dois toques e já fui atendida por gritos:

-Lauren? Pelo amor de Deus, Lauren... Onde você se meteu? Estava agoniada esperando por uma ligação. 

-Respira, mãe! Eu estou bem, aliás, estou ótima. Não liguei ontem porque minha viagem já começou de uma forma incrível. Mas estou ligando agora, estou dentro do quarto de um hotel e já irei sair para conhecer a cidade. - Respondi tudo de uma vez sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

-Mas custava ligar? Meu Deus. Você nunca está nem aí para a gente. Custava ligar, Lauren? Só pra avisar que já estava hospedada! 

-Você tinha meu número. Não ligou porque não quis. Nunca estou nem aí? Tudo bem, mãe. Já vi que foi uma péssima ideia te ligar. Mas de qualquer forma, tenha um bom dia porque eu já estou atrasada. - Disse desligando o celular sem esperar por respostas. Não deixaria isso estragar meu dia. Conferi o horário e era 7:15. Camila não ficaria esperando.

Puxei a troca de roupa que havia na mochila: um shorts jeans branco e uma regata azul marinho. Me vesti e terminei de me arrumar. A melhor sensação do mundo era poder sair de qualquer jeito. Não usei maquiagem, muito menos me importei se encontraria alguém na rua, pois felizmente não estava mais na minha cidade e essa sensação era tão libertadora que me fez sorrir de novo. Além de toda aquela rotina e anseio por coisas vazias, eu também havia deixado para trás toda padronização que poucos conseguiam largar. Deixaria de lado as maquiagens, costumes e hábitos que tive de criar para agradar o meio social em que vivia, assim como poderia me descobrir de milhares de formas. Lógico que aqui ainda era uma cidade, com costumes e hábitos criados pelas pessoas, mas se elas largassem tudo isso aqui e fizessem o que eu estou fazendo agora, elas se renovariam, deixando tudo isso que eu admiro, para trás. É assim. Somos modificados pelo que amamos, pelo que admiramos. Muitos são insatisfeitos com o que absorvem e reproduzem, mas poucos estão dispostos a cortarem os grilhões criados. Essas pessoas são raras. Meus pensamentos foram quebrados quando ouvi três batidas na porta.

-Senhorita Jauregui? -Ouvi uma voz feminina do outro lado porta.

Abri a porta e me deparei uma mulher um pouco mais alta que eu, de cabelo curto e todo bagunçado, mas ainda assim era mais feminina que muita mulher que eu havia visto. Usava o uniforme com o logotipo do hotel. Era simplesmente linda.

-Ei, bom dia! - Respondi sorrindo.  -É... Macie, certo? -Perguntei olhando mais de perto seu crachá.

-Bom dia! Sim, isso mesmo! - Retribuiu o sorriso. - Só vim avisar a senhorita que Camila Cabello está te esperando!

-Ah, sim. Muito obrigada!

-Por nada! - Respondeu e saiu da entrada do meu quarto. Voltei para o mesmo, peguei minha mochila deixando lá apenas a câmera e meu caderno, que por sinal, já deveria ter escrito algo e fui ao encontro de Camila.

-Achei que você ia dormir até 12:00 hoje, Lauren. Já ia mandar alguém derrubar a porta do seu quarto a forças. - Camila disse assim que me viu.

-Pra que tanto esforço? Era só pedir uma chave extra que com certeza eles devem ter guardada. E não, não perderia essa manhã maravilhosa dormindo. - Dei um beijo na sua bochecha e logo perguntei com toda empolgação que havia em mim. - ONDE VAMOS?

-POR QUE VOCÊ TEM QUE SER TÃO DESESPERADA? - Ela disse rindo da minha cara, como na noite passada. - Iremos para praia, já que eu percebi toda essa sua paixão. Tudo bem pra você?

-Se  está tudo bem pra mim? MENINA, VAMOS LOGO! - Respondi puxando seu braço e sem saber para que lado ir, parei na entrada do hotel e ela entendeu meu recado.

-Vamos ter que pegar um ônibus para chegarmos até lá. Não quero ninguém desmaiando no meio do caminho. Aliás, você comeu algo? - Perguntou franzindo o cenho para mim. Me dei conta de que não havia comido nada desde aquele lanche na rodoviária na noite anterior. Meu estômago roncou.

-Não. Não comi nada! -Fiz um cara de piedade e Camila riu.

-Vem, vamos até aquela padaria ali naquele quarteirão. 

Entramos no estabelecimento e logo fui fazer meu pedido. 

-Quero dois pães na chapa com manteiga e um achocolatado. Por favor. -Olhei para Camila que estava rindo da minha cara não sei pelo qual motivo, mas perguntei. - E você?

-Eu não quero nada. Comi antes de sair. - Sorriu agradecendo.

-Então é só isso, moço...

Logo meu pedido estava na minha frente e aquele cheiro de café da manhã que geralmente a gente sente quando dorme na casa da Vó fez meu estômago implorar para devorar logo aquilo e foi o que eu fiz. Em menos de 12 minutos havia terminado tudo e estava mais do que satisfeita. Camila me olhava de um jeito engraçado, como se eu fosse louca. Logo encarei a mesma e mesmo mastigando perguntei:

-Que foi, mina? Nunca viu alguém faminta? - Não aguentei e comecei a rir.

-Você é maluca, garota! - Ela respondeu dando um tapa no meu braço enquanto me levantava para ir até ao caixa pagar.

-Mas é que eu estava morrendo de fome... - Disse fazendo o máximo de drama possível. Camila me olhou assustada e logo se arrependeu.

-Me.. me desculpe. Eu estava brincando! - Disse desesperada e aquilo me fez rir.

-Só por isso vai ter que pagar a conta hoje. - Entreguei a ela a comanda da padaria e a mesma bufou, porém continuou rindo.

-Sabe, Jauregui... Estou começando a me arrepender de ter encontrado sua mochila. Você é muito folgada.

-Paga o café que o almoço será por minha conta! - Respondi piscando.

Sai do caixa enquanto ela finalizava o pagamento e fui até a calçada observar o movimento da cidade durante o dia e era tudo tão calmo, as mulheres vestiam biquínis, os homens andavam sem camisa, todos de chinelos, sem se importar. Me lembrei de Camila e fui reparar na roupa que a mesma usava. Não fugia da simplicidade dos outros: shorts estampado, uma regata branca e por baixo pude perceber a alça do biquíni amarrada na nunca e um chinelo azul. Sorri. Era daquilo que precisava. A mesma percebeu e veio até a minha direção com uma cara do tipo: lá vai você de novo.

-O que foi que você está encarando? -Perguntou cruzando os braços fazendo uma cara de brava.

-Só estava observando sua simplicidade. Você é linda! 

-E você está me deixando sem graça e com medo. Vamos logo que daqui 8 minutos vai passar um ônibus. -Me respondeu rindo e me puxando para sua direção.

Sentamos no ponto de ônibus que ficava próximo a praça que fomos na noite anterior, observei a minha volta e me senti tão grata. Tão grata por estar viva, por ter tido toda essa coragem, por ter sonhos tão simples, por este ser o primeiro dia de muitos outros. Eu sabia que não poderia ficar na loucura pra sempre, logo teria que arrumar um emprego só pra conseguir dinheiro a mais, já que o meu não daria para tanto tempo. Mas isso me fez sentir gratidão também, pois seria um trabalho feito com motivação, pois eu sabia que não gastaria com coisas supérfluas como a maioria. Seria um investimento para minha alma, para minha mente. Senti grata por ter conhecido Camila. Grata por saber que se eu não tivesse tomado coragem, jamais estaria vivendo o que estou. Sorri. Sorri com todo sentimento que havia em mim e deixei uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

E existe motivo melhor para chorar do que felicidade? 



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