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História One More Night - Odeio!!!


Escrita por: Yukye

Notas do Autor


SOOOOOOOOOOOOOOOLDIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEERRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Algum Creampuff vivo depois do trailer? Gente eu tiro o chapel pra galera que editou aquilo.

E agora bora né, perdão ter demorado pra postar, quase um mês, mas estou passando uns rolos meio complicados que, vou deixar numa lista nas notas finais. O cap é grande, apertem os cintos e ONE MORE NIGHT!!!

Capítulo 22 - Odeio!!!


Fanfic / Fanfiction One More Night - Odeio!!!

- Ai... – Resmungou Carmilla suando de uma leve febre com pontadas nas costas. As janelas bem fechadas abafavam o quarto junto da lareira em brasas – Mas que porcaria...Doran seu maldito – Amaldiçoava o nome do paspalho peludo a cravar a maldita bala de bronze  em suas costas; esticou os pés no chão, sentada a beira da cama, tomou o revolver do lobo em mãos – Tomb? – Lia na lateral da arma sobre o escravo mudo. “Ridículo” pensou ela abrindo o tambor e tirando os cartuchos usados, ainda havia uma bala. Fechou os olhos tentando escutar os batimentos de Laura, mas o único som que ouviu foi o de bicadas na janela.

O corvo quase explodiu com o mau-humor e janela que o acertara, foi parar longe. Saltou da casa do outro lado da rua em direção a vampira, ele pousou atrapalhado um tanto depenado, sacudia uma carta no bico grasnando para a destinatária.

A morena apanhou a carta do bico negro e, agradeceu por pura educação. O corvo alçou voo e sumiu por entre os edifícios. Carmilla abriu o envelope com o selo da serpente dos Brandsnake em cera dourada.

 

“Mircalla Karnstein,

 o governador da Styria a convoca para uma encontro no castelo Clausa ao meio dia de hoje, deve vir sozinha; caso recuse a convocação, será declarada inimiga do governo austríaco, sendo assim declarado seu posicionamento inimigo, forçando-nos a assumir uma postura agressiva em prol sua caçada e execução, inclusive de sua humana Laura Hollster,

                                                                                                          Midas Brandsnake”.

 

Carmilla amassou o pergaminho, não teria sossego tão cedo. Por mais obvia que fosse a emboscada, seria menos inteligente não ir, recusar-se a comparecer seria assinar embaixo numa declaração de guerra, nenhum lugar seria seguro, nem mesmo para Laura que, era atrelada a seu nome como integrante de um clã.

Noturnos e seus clãs, não existem sem eles e, podem ser constituídos de tudo que seja considerado vivo ou não morto, a vampira bem conhecia esses termos, até Chello tinha um grupo de dois com ela e, a cachorrinha morreu por esse clã de duas.

A morena terminou de amarrar o cabelo, puxando a franja em duas tranças laterais, atadas ao prendedor em forma de rosa prateada na nuca. Vestiu uma camisa escura, uma calça verde água e o casaco de Garu, as roupas da carrasco lhe eram um pouco folgadas, mas estava decente, apresentável para o suposto encontro ou um encontro muito agradável com a loira, ela tentou se concentrar respirando fundo e sacudindo a cabeça – não era bom se distrair nessa situação, por mais sedutora que fosse a distração.

 Saindo do quarto a vampira jogou um ultimo olhar sobre Death Kiss repousada no batente. Esticou a palma frente ao cabo, observando a lamina e, suas veias se agitaram sob o efeito do bronze ainda correndo pelo corpo.

“Estarei sem Death nessa cilada” – Pensou – “Mas tenho o punho do Inverno comigo e, uma fuga de cavaleiro se eu precisar, levar armas para uma convocação não é muito educado, mas eles não sabem o que são armas de verdade”.

Carmilla desceu as escadas, indo direto para a calçada frente ao bar, a rua estava deserta, o sol ainda descansava atrás das altas montanhas. Verificou se havia gelo no motor da moto batizada de Avalanche, o tanque estava meio cheio e, o caminho da viagem meio longo, olhou a moto do lado e, sem pensar arrancou o tanque vizinho, entortando o metal como um funil dentro do gargalo de combustível de sua montaria. Esperando o tanque encher, a morena se apoiou no banco quando uma leve tontura puxou seu cérebro para o lado.

- O que é isso? – Questionou esfregando a testa. O tanque estava cheio, então apertou o metal desfazendo o funil para devolvê-lo sem que percebessem o roubo e, de repente o metal estava mais rígido, quase impossível de moldar; encarou sua mão sem entender como faltava força, então as costas guincharam e, o som do tiro veio a tona na memória – Que porcaria, mas o machucado já fechou – Ela sentou na moto depois de devolver o tanque meio torto, encarava o chão apertando os joelhos.

- Mircalla – Chamou uma voz perto dela, em seguida uma mão acariciou sua bochecha. A vampira repeliu o chamego apertando o pulso da garota frente a ela - ...aii...aii Carm, ta...desculpa, não te chamo mais assim...aii – Chorou Laura com o pulso torcido.

- Cupcake! – A soltou imediatamente – Desculpe, achei que fosse outra pessoa.

- Ah tudo bem – Laura forçava um sorriso em meio a careta transparecendo a dor.

A vampira levou a jornalista para o bar e pediu ao bartender uma compressa, ele entregou uma bacia com água quente e uma toalha. Carmilla entornou a mão de Laura com a toalha quente arrependida do mau trato.

- Me desculpa, eu pensei que era um inimigo, me desculpa – Então a renegada perdeu o olhar nos olhos da loira; de repente a dor e arrependimento desapareceram; encaravam-se de forma ameaçadora, como um jogo de poker valendo tudo, as fichas estavam na mesa, bastava blefar, provocar a outra no olhar, brincar com o que cada uma tinha, apostar e, virar as cartas. Quem tinha a melhor mão?

- Mircalla? É algum apelido? – Laura inclinou o rosto (Par).

- Antigo, mas eu prefiro Carmilla agora – A vampira apoiou o as costas no balcão e, pendeu o pescoço para trás (Dois pares).

- Escutei te chamarem assim, desculpe, achei bonito esse nome, mas acho que tem razão, Carmilla é mais bonito e, o apelido fica fofo, Carm – Laura suspirou sorrindo de canto (Flush direto no coração da vampira).

- E o seu? Hollster, Hollis – Foi subindo as mãos pelo braço de Laura, enquanto passava os olhos no colo da mesma para terminar matando a distancia entre suas faces apoiando as mãos nos joelhos da loira (Full House).

- É uma história chata e... – O fôlego fugiu com a proximidade de Carmilla.

- Ah...nada em você me soa chato – Sussurrou ao ouvido da outra que estava a derreter no banco, a morena afastou-se sorrindo com o efeito que causava.

- ...Carm... – Arfou Laura mordendo o lábio (Royal Straight Flush humana ganha a mesa).

A vampira desviou o olhar segurando a boca, pois a sede da jornalista a atingiu como um raio; tentou acalmar-se pedindo duas canecas de chocolate quente. Laura acabou rindo da reação atrapalhada da outra.

- Então Carm, o que foi? – Perguntou bebendo o chocolate.

-Bom, estou indo me encontrar com Brandsnake, ele quer que eu vá a um encontro – Bebericou um pouco do chocolate, ainda incomodava comer, mas não permitiria que essa fraqueza transparecesse diante da amada. A expressão da loira tornou-se azeda ao ler a carta do governador.

- Você não pode ir, ta na cara que é armação, o nome do lugar é castelo Trancado – Disse Laura apertando a carta.

- Como sabe? – Riu a vampira.

- Sei um pouco de latim, seus livros estão escritos assim também não é?

- Não acho que estejam em latim.

- Carm não vai, é perigoso – Laura inclinou o corpo sobre a outra, deitando o rosto no peito da morena sem desgrudar do banco.

- Cupcake, eu sei e até espero uma emboscada, mas não posso fugir, do contrario não vou ter sossego e, nem você – Carmilla foi acariciando as costas da jornalista até por fim abraça-la – Posso confiar na palavra de Brandsnake, ele é do tipo que deixaria por escrito: “VEM AQUI AGORA PRA SER MORTA” ele diria isso, é extremamente honrado, não faria nada por baixo dos panos, não atacaria, se fosse estaria descrito isso na carta pode ter certeza. Eu vou voltar, principalmente pra te ver – Laura ergueu o rosto, quando um bêbado esbarrou no banco da vampira tirando-lhe o equilíbrio. A motoqueira caiu levando a jornalista consigo.

Depois de passar por três cadeiras voadoras e, dezoito garrafas de rum, a dupla conseguiu deixar o bar. Carmilla ligou a moto para aquecer o motor e, Laura admirava-a com a maquina.

- Podemos nos ver mais tarde? Digo depois – Pediu tímida.

- Quer ter certeza de que eu vou voltar viva? – Debochou.

- Não é isso, é encontro com você sua chata – Laura ficou muito vermelha e, cada segundo de silencio eram pontos a mais para motoqueira.

- Eu vou adorar – Respondeu Carmilla saindo de cima da moto – Esta marcado então, que tal ao por do sol, pode ser no meu quarto onde vamos ficar mais a vontade – Sorriu pegando a trança da outra.

Laura deu um leve riso, antes de dar um passo a frente, puxar a gola da vampira e dar-lhe um selinho ali mesmo.

- Laura, as pessoas – Esbaforiu Carmilla desconcertada.

- As pessoas daqui não ligam pra isso, tem uma guerra logo ali e, guerra é um problema, amor não – Sorriu para a morena que sorria na mesma proporção.

Elas se despediram com um abraço demorado e, um encontro marcado.

***

Os cabelos da vampira dançavam ao vento gélido e, arrepiante da extinta estrada do castelo Clausa. O motor de Avalanche era o único som na paisagem, entre arvores de galhos tordos, neve, folhas cinzentas e verde musgo, a natureza congelada dos vales da cordilheira.

"Poderiam ter escolhido outro lugar. O forte Clumosnake" - Pensava ela, pois o forte era um local de tortura, dando muito a entender que era uma armadilha, o cenário perfeito para prendê-la, raios de lugar obviu, colocando em cheque a palavra do basilisco. Por que cargas d'água Clausa na fronteira do estado? De todas as formas imaginou como se defenderia caso fosse atacada.

Eles atacariam como imbecis de uma horda burra, a primeira vista ela estaria desarmada, porém Carmilla entendia daquela manopla em seu punho e braço, o presente de sua mãe verdadeira. A manopla pertencente ao Inverno. De forma alguma aquilo era um banal objeto de única função. Aquela defesa era também ataque, um poderoso soco coice de mula.

“Vou ficar bem” – Pensou ao seguir reto em uma curva, arrebentando a grade de proteção, neve e terra voaram junto dos restos da grade, ela empinou a frente da moto, aterrissando e pulando com o pneu de trás cruzando as estradas paralelas umas as outras, não tinha paciência de passar por todo o zigue-zague na encosta da montanha. Estava do outro lado da cordilheira, território da Alta Áustria, mais alguns quilômetros e estaria onde não queria estar.

***

Cavaleiros de armadura com desenhos de harpias nas ombreiras guarneciam a entrada dos jardins da propriedade, plumas no topo do capacete ornavam com suas lanças de justas e, capas rosadas; moviam-se arrastando os pés e, pendendo os membros, como se estes fossem cair. Abriram o portão para a moto da vampira.

- Ótimo, trouxeram esses podres pra cá – Murmurou ao passar os zumbis armados. Estacionou ao pé da escadaria de entrada do castelo escandinavo; cinco andares de rocha leitosa, quatro torres de telhado verde água, escondiam uma das centrais de confinamento dos noturnos. Stuart a recebeu curvando o tronco em reverencia como se ela fosse nobre.

- Madame, a aguardam na galeria principal, por favor acompanhe-me – Disse o mordomo guiando-a diretamente á galeria. Carmilla observava o show de falta de gosto do século 17 pintados nos quadros pendurados em cada parede, continuando com o horrendo desfile de vestidos com quilos de perucas que teriam agradado a Maria Antonieta.

- Mircalla – Chamou a voz de Midas sentado ao fim do salão num trono ladeado de archotes em forma de cavalo, os olhos do basilisco escondiam-se atrás de lentes negras e redondas, as roupas escuras enfeitada de fios esverdeados e o cabelo muito bem arrumado para trás – Agradeço o tento ao meu chamado.

- Haha ganhei a aposta, pode pagar! – Disse espalhafatoso o homem perto do trono. Loiro de pele bronzeada, barba por fazer e, vestes claras com uma curta capa bordo – Anda pode pagar penado! – A alegre voz do apostador direcionou os olhos da vampira para mais duas figuras do outro lado do trono.

- A aposta é que ela vai ficar presa! – Exclamou o jovem de roupa azul berrante emperiquitada. Aqueles olhos avelã e mau gosto do século passado, só poderiam ser os gêmeos Vulnerata, Tobias e Judite.

- Icarus guarde seu espírito jogador para depois, não te chamei aqui pra apostar e, sim pra garantir que, não exista mal entendido com a solitária – Ele mirou a garota e ela sabia que o olhar estava nela, mesmo com os óculos a carga desprendida da encarada do basilisco era estarrecedora.

- E eu vim para provar que não tenho qualquer ligação com o clã Morgan, nem almejo qualquer desavença com os soberanos desta terra – Disse ela calmamente. Icarus ficara impressionado, a vampira que conhecera era infantil e explosiva, uma recém-nascida na noite, bem diferente da direta e bem alinhada vampira frente a eles, séria e firme de voz.

- Eu acredito Mircalla, por isso apostei que você viria ao encontro sem medo – Icarus a reverenciou abaixando a cabeça. Judite, no entanto, não estava nenhum pouco satisfeita.

- Você esta louco?! Uma declaração não é nada, a palavra de uma renegada não é verdade e, não apaga o que ela e a mãe fizeram – Rosnou a gêmea segurando a peruca.

- Tenha dó, prefere revirar o passado? Além do que essa “renegada” – Icarus fez aspas com os dedos – É a próxima centurião da região – Os parentes de Luis XVI engasgaram, até Carmilla ficou surpresa.

- Centurião? – A vampira perguntou.

- Chegou às capitais que, Mina Halker do terceiro tribunal, intervém por você no conselho Valaquia – Respondeu Midas pousando a cabeça sobre a mão com o cotovelo apoiado no trono.

- Isso é um ultraje senhores! Em que pensam ao entregar um posto de confiança a uma traidora como ela?! – A peruca de Judite quase caia se não fosse o auxilio do irmão.

- Modere o tom senhorita – Midas dedilhou os óculos, fazendo os gêmeos estremecerem – Isto é algo que compete a Valaquia decidir e, lembro-lhes que os convoquei por serem os lordes mais próximos daqui, para reintroduzir esta noturna em nosso meio, gostando ou não, é uma de nós e, queria que escutassem dela mesma. Não teremos problema com você certo Mircalla? – Carmilla começou uma palavra, mas fora cortada por Tobias e as histerias da irmã.

- Você esta louco Midas?! Como confia numa serva de Morgan?! Não perceberam o cheiro de arenito? Ela deve ter matado outros noturnos inocentes – Disse o gêmeo em suas meias brancas até os joelhos e, sapato de salto fúcsia.

- Ela é uma espiã e, logo estaremos nas mãos da mãe dela! Eu não confio, nunca confiarei numa serva daquela inescrupulosa – Completou a cópia feminina do rei de Portugal em 1.500.

- Com todo o respeito, mas não posso me calar diante de tamanho absurdo vindo de vocês jovens lordes, pois não foi o senhor seu pai a dar o voto de confiança a Doran Schaf, o deposto centurião que, tinha alta tolerância a rosnadores, melhor que isso o lobo mantinha relações com eles, talvez o julgamento a ser evitado aqui seja o de vocês – Icarus sorria da certeira flechada de verdade sobre a credibilidade dos Vulnerata.

- Perdão senhor Quasimodo – Debochou Judite, desfazendo o sorriso de Icarus – Se é do feitio dos senhores tolerar traidores, fiquem felizes por ter uma, mas nós os Vulnerata.

- Nunca aceitaremos essa desgraçada – Completou Tobias.

- Vocês saíram do mesmo ovo de harpia? –Questionou Carmilla aos manequins do museu de Budapeste – Ou a gema é podre na família toda? Eu levei mais tiros do que gostaria, agora esse arenito que vocês falam, foi por causa daquele imbecil aluado, eu tive de dar cabo dos rosnadores, levar uma facada do terceiro tribunal, e ainda aguentar o bando Schaf, se vocês querem falar de traição, deviam olhar em quem confiaram, antes de abrir o bico.

- Olha aqui sua... – Judite apontou o dedo na vampira, porém um rasgo se abriu num dos maiores quadros com apenas uma olhar de Midas, calando qualquer comentário.

- Esta bom de farpas por hoje. Os convoquei para assegurar de ambas as partes que, não haverá problemas com a solitária, tinha de ser assim, assim é a nossa lei – Midas se colocou de pé e caminhou até a renegada – De joelhos jovem – Assim ela o fez perante o governador, ele tocou-lhe o ombro num gesto burocrático de paz – Mircalla Karnstein, seu passado fica aqui, levante-se Carmilla Skandratt.

Os gêmeos da harpia nada se agradaram da cerimônia, mas ninguém em Salzburgo desafiaria os olhos de um basilisco de três mil anos. Icarus foi correndo atrás de Tobias cobrando a aposta, Judite foi para o quarto batendo os saltos dos sapatos, muito irritada com a decisão de Brandsnake, logo depois Carmilla corria para sua moto, sedenta de terminar essa formalidade chata e encontrar-se com Laura.

- Carmilla, espera ai – Era Icarus passando pela porta junto de Midas – Eu queria te agradecer, adorei aquela do ovo – Ria-se o descendente de manticora dando um abraço na vampira que, até gostou do carinho. Icarus Dermaleonta, caloroso, vivaz, bem diferente de Midas, mal dava para dizer que eram melhores amigos desde a infância (uns bons séculos atrás).

- Espero não ter nenhum problema depois de hoje – Disse o basilisco descendo as escadas.

- Você não odeia traidores? – Respondeu ela.

- Odeio, mas você não é mais a mesma garota burra de anos atrás. Não acreditei muito, mas seu comportamento me convenceu do contrario, a forma que agiu diante da sentença de Laura, a forma que se portou hoje agora pouco e...

- Isso mais forte! Vai, vai não para, eu to quase! – A voz de Sophia veio da janela do terceiro andar.

- ...e não rolar feito uma doninha com minha filha, ou o primeiro cocheiro das harpias que aparecesse – Midas pousava o rosto numa das mãos em negação.

- Calma, sabe como são as crianças, lembre que fazíamos as mesmas coisas na idade dela, até mais e pior – Icarus dava leves tapinhas nas costas do amigo.

- Isso não é desculpa, essa aqui tem metade da idade da minha filha e, tem mais juízo – Esbravejou o governador.

Em silencio Carmilla subiu na moto, ajeitou os retrovisores enquanto os dois pais reclamavam de seus filhos.

- Obrigado – Disse a vampira.

- Não deve me agradecer, não quero mais saber do terceiro tribunal por aqui e, é meu dever como governador me assegurar que, não haverá problemas nas minhas terras e, assim você poderá ter uma vida tranquila, logo o que houve aqui chegará aos palácios de Viena, Salzburg e, Graz, ninguém vai caçar Carmilla Karnstein, apenas talvez as amantes da falecida traidora Mircalla – Brandsnake virou-se para o castelo, porém ao escutar os voluptuosos gritos de Sophia, deu as costas para a construção – Mas eu adoraria caçar cocheiros de harpias. Acho que vou caminhar – Bufou triste.

- Eu também vou – Icarus emparelhou os passos com o amigo.

Carmilla aquecia o motor, outra vez sentiu tontura e, apoiou-se no tanque de gasolina. A gritaria do quarto de Sophia era mais alta que o ronco do motor.

- Cruzes – Disse a vampira enjoada.

- Senhorita Carmilla, por favor, espere – Era Stuart com uma bandeja prateada.

- Fala pinguim.

- O governador pediu que lhe entrega-se, uma amostra de empatia – Ele entregou sobre a bandeja, um par de luvas de couro para direção e, um óculos de sol aviador – Por favor, aceite, acredito que, estes seriam presentes de um pai, mas como vê a primogênita do governador não se interessa muito pelo papel de filha – Um grito masculino veio daquele quarto. A vampira aceitou os presentes, do contrario seria cuspir no prato que comeu.

Teve de guardar a manopla no bolso, as luvas caíram bem, os feixes nas costas da mão luziam prata polida, os óculos cobriram seus olhos dando um ar até mais adulto.

- Faça uma boa viagem senhorita – Stuart se abaixou.

A porta atrás dele abriu até o canto, com o cocheiro caindo no chão, se arrastando para trás, pelado carregando as roupas no peito com a peruca enroscada no pescoço.

- Chega você é louca! – Gritava ele para Sophia sobre a soleira vestida de dominatrix.

- Não quer mais brincar? A gente tava se divertindo tanto – Ela estalou o chicote do cocheiro no chão – Amor! – Ela viu a vampira – Agora sim, vem aqui mostrar como se brinca – Sophia mirou Carmilla que, acelerou, atirando terra na cobra, deixando a propriedade as pressas para encontrar-se com Laura.

***

Carmilla terminava o banho correndo, saltando para dentro do quarto, apressada, nervosa e ansiosa. Pensava no olhar da loira ao avista-la através da janela da loja, pois aproveitou a oportunidade ao retornar a cidade, passou frente a tecelagem Hollis fazendo muito barulho com a moto, apenas para chamar a atenção da jornalista que, sorriu ao vê-la viva. Aquele sorriso mexia com ela, encontrar seus olhos a aqueciam, toca-la arrepiava todo corpo, agora sentir seus lábios...

Faltava ainda uma hora e meia para o por do sol e, achou interessante buscar seu encontro no pé da montanha.

Encontro? Sim, pensando bem, era o primeiro, nunca tivera um e, isso esfriava a barriga, ao mesmo tempo em que aquecia o coração, queria fugir, mas também queria ir. Seguiu direto para a hospedaria, mas ao chegar não escutou o coração de Laura, então se lembrou de que, a loira estava trabalhando.

- Vou esperar ela e fazer uma surpresa – Estacionou a moto atrás do celeiro e, sentiu um cheiro estranho vindo de dentro da estrutura – PUTA MERDA! Outro?! – Escancarou a porta num chute e viu um cachorro marrom deitado no feno. O Bicho mal a avistou e começou a abanar o rabo adoidado, louco de alegria, ele arrastava as patas de trás que não ajudavam na tentativa de alcança-la. Até que das patas se fizeram mãos, do focinho nariz e dos ganidos:

- Carmilla! – Gritou Chello, afoita a garota derrubou a vampira, lambia seu rosto sem parar – Carmilla, Carmilla, Carmilla – A cahorrinha repetia em meio as lambidas de carinho – Carmilla, Carmilla, Carmilla, Carmilla!!! – Chorava a garota de cabelo verde – Você ta viva, eu achei que você tinha morrido, mas você ta aqui, Carmilla, Carmilla, Carmilla – Ela lambia e, tentava falar em meio ao choro.

- To viva sim, agora sai de cima – A vampira sentou limpando a saliva do rosto.

- Você ta viva. Ah foi mal, não consigo controlar os impulsos caninos com quem amo – Ria a cachorrinha sentada frente à Carmilla – Então...

- Então como você ta viva? E por que não põe uma roupa?

- Pra que roupa? E nem eu sei como to viva, aquela baixinha me largou na frente da hospedaria e entrou, eu tentei proteger a Laura, mas a louca da Mina me chutou pra uma janela e sai mais uma vez. Quase me destranasformei com a pancada, juro que tentei, mas a advogada me quebrou num outro chute e quando acordei elas já tinham ido...perdoa não ter ido te procurar, mas minhas pernas não se recuperaram ainda...como essa galera gosta de me chutar...

A lealdade de Chello chegava a comover, essa garota era uma aliada verdadeira e, devota a vampira; cães amam sem esperar nada, sem medir o tanto que amam, amam e só.

- Que bom que esta viva – A vampira disse como se não se não ligasse para a vida de Chello, mas dali em diante, via alguém para chamar de clã.

- E ai veio ver a Laura né? Ela é muito boa, cuidou de mim desde que tudo rolou, ela não lembra mesmo, mas pelo visto vocês já estão juntas de novo. Ixiii baguncei sua roupa, foi mal – Chello se desculpava.

- Tudo bem, acho que da tempo de tomar outro banho – Carmilla se levantou e foi para a saida arrumando as roupas. A tontura voltou, porém mais forte e, a vampira caiu apoiado na porta.

- Carmilla – Ganiu a canina.

- Eu to bem...

- Ta nada – Chello levou a morena nos braços para o feno – Nossa que cheiro, como você ta aguentando isso? Parece que você tomou banho de cogumelos lareira.

-Ah não, tinha essa merda naquela bala?! – As costas da vampira pegavam fogo por de baixo da pele.

- Bala?

- Chello, você vai ter de fazer uma coisa pra mim – Carmilla foi desabotoando a blusa, arfava, estava difícil respirar.

- Pode me chamar de Chlloe.

- Chlloe?

- O seu nome é um anagrama e, nem percebeu o meu? – A voz revelava certa indignação – Tá anda o que tenho que fazer?

- Nas minhas costas, não quero essa porcaria me atrapalhando com a Laura, achei que tinha sarado, mas parece que não – Ela tirou a blusa. Apertando a viga de madeira de costas para a canina – Você vai ter de tirar o que estiver nas minhas costas.

- Vai doer.

- Anda logo.

Chlloe fechou os olhos para aguçar o tato, dedilhou as costas de Carmilla, parando do lado esquerdo acima do feixe do sutiã.

- Achei, bem encima da patela.

- Tira logo então.

- Não é tão simples, sua pele já fechou, vou ter de te abrir mesmo – A canina apanhou um alicate de bico das ferramentas penduradas em pregos na parede, abriu o feixe da roupa de baixo, deixou as garras irromperem nas pontas dos dedos e, com cuidado fez um pequeno corte sobre a patela. Carmilla acabou deixando os gemidos escapar para não gritar – Guenta ai to quase pegando – Era com todo o cuidado, mas era inevitável que fosse menos doloroso o “Operando” – Peguei! Ah não! – Disse a doutora de plantão com o resto de bala esfarelando no bico do alicate.

A morena se segurou na viga, o metal esfarelado se alastrava por seu corpo junto de todas as outras substancias contidas no centro da bala, as veias escurecidas saltavam partindo do corte.

- Me desculpa! – Os caninos de Chlloe pularam e, a garota abocanhou as costas da vampira, rasgando a pele, abrindo caminho via dentadas, não havia tempo e, a vítima do bronze desmaiou.

***

Carmilla suava com o corpo quente, dores nas costas, o braço esquerdo dormente, era calor por dentro, mas o suor em seu rosto parecia congelado, então a vampira abriu os olhos, viu o teto escuro, cheiro de bebida entrou por seu nariz, estava em seu quarto no Punkt, mas como?

- Onde que... – Então uma língua lisa e morna lambeu seu pescoço, junto com movimentos por baixo do cobertor, a barriga peluda de Chlloe aquecia a vampira. A cadela rosnou para alguma pestilência.

- Acordou amor, vamos brincar? – A jararaca convidou enroscada no braço esquerdo dormente.

- Sai de perto pedaço de intestino! – Chlloe berrou destransformando-se.

- Ai você também é linda – Sophia erguia as sobrancelhas e, pela primeira vez a shapeshifter sentia-se exposta. As duas ficaram nessa provocação enquanto Carmilla rolava para fora da cama.

A vampira agarrou o casaco e, o mais rápido que pode foi para a hospedaria, infelizmente o corpo ainda fraco obrigou-a usar a moto, que ela não tinha ideia de como havia voltado ao Punkt. Era noite, pouco mais de onze horas.

Logo que chegou viu Danny saindo com Kirsch, ambos sorrindo. Ignorou-os e deu a volta na hospedaria pelo lado coberto de neve, com esforço conseguiu alcançar a janela de Laura sem que a vissem. Abriu a janela devagar esgueirando o corpo para dentro do quarto escuro, a jornalista dormia com os olhos inchados, seria um crime acorda-la, mas ali tão perto, tão deliciosamente próxima, a pele brilhante sendo beijada pela luz do fogo, tão simples, o sangue bombeando e, tão fácil.

As presas saltaram dentro de sua boca e, Carmilla parecia tomada do desejo.

- Não vai querer fazer isso assim – Cochichou Chlloe atrás da vampira – Amanhã vocês falam.

A cadela ganhou essa e, insistiu que pousassem no celeiro, o que era uma ótima ideia já que, a cobra estaria no quarto esperando sem roupas. Carmilla entrou no celeiro, desanimada, acabara de dar um bolo em seu primeiro encontro em séculos – literalmente – enroscou o casaco em um pedaço de ferro velho coberto por um lençol, Chlloe a ajudou a se livrar e, ambas dormiram no feno.

Logo chegou a manhã, Carmilla despertou chamando o nome de Laura.

- Vamos lá eu te levo – Chlloe puxou o braço da vampira sobre seu pescoço, porém ao inspirar o ar da manhã, percebeu que Laura não estava na hospedaria – Vou achar ela – A garota tomou a forma de cão e saiu fungando na neve, com a dona logo atrás.

Caminharam por meia hora até o lago Fehér Esik. Na orla da floresta Chlloe farejara algo, Carmilla a seguia apoiando-se nos troncos das arvores. Sem aviso a peluda toma a forma humana e, puxa a morena na contramão.

- Quer saber, acho que me enganei, ela não veio por aqui – Chlloe tentava tirar a dona da beira do lago, porém a vampira olhava fixamente para a margem oposta na água congelada, onde avistou Danny e Laura se beijando.

- Carmilla? – Chlloe chamou, mas a vampira havia sumido antes que assassinasse alguém.

Forçando todos os músculos para correr, Carmilla voltou para seu quarto no Punkt, enraivecida, tomou a espada por mais que, a lamina não se entendesse com sua veias e, seguiu para as ruínas Karnstein onde ordenou:

- AGORA, ABRE AGORA! E ME LEVE PARA O MEU MUNDO!!! – Rugiu para lamina, no mesmo instante um torto fio de luz surgiu no ar – O portal – Carmilla esticou a mão, era ali, finalmente o que tanto queria, a porta para seu mundo, de onde se originara seu sangue. Do nada um imenso punho de metal flamejante a atingiu e, da fenda de luz irrompeu um colosso dourado, ele tinha quatro olhos de fogo e três metro de fúria, gritava, mas não possuía boca, então seu som era abafado como o grito de cem homens agonizando dentro de uma miúda cela, a fenda fechou e, Carmilla tinha seu inimigo.

- Death – Rosnou apertando o punho, porém a espada desapareceu – O que?! – Questionou espantada com o colosso rugindo para ela – Odeio... ODEIO!!! – Berrou se atirando para uma morte certa.

Ela mergulhou por baixo do soco flamejante, dando uma cambalhota, acertou o calcanhar na parte interna da coxa de metal, mas o colosso mal sentira o ataque, para piorar, chamas se alastraram pela perna de Carmilla. O gigante a atacou com as costas da mão arremessando-a contra os restos da sala de troféus de caça.

- Morre! – Gritou a vampira, porém o brado era para certa lenhadora a roubar um beijo de sua Laura. O massacre seguia com Carmilla atirada para todos os lados, mas não importava, seu corpo embora ferido e fraco, queimava em ódio...ódio de que?

Poderiam ser muitas coisas, uma lista extensa com nomes como os de Danny Lawrence, Lilita Morgan, Garu Syvalion, Mina Halker, Norma Arciel Xezsrevy, Sophia Brandsnake, o pai dela, até Icarus, os gêmeos Tobias e Judite, Doran e, qualquer outro, mas o que estava doendo era outra coisa, era outro alguém; Laura era essa a doer mais que tudo, mais até do que Danny. A raiva e o ódio dominavam as ações da vampira furiosa, por quê? Por quê? Por que ela tinha de estar com outra, por quê? Por que ela estava beijando outra?

- AAAH!!! – Carmilla urrava de dor ao ser espremida entre as mãos de metal – Por que você beijou ela?!

Não importava a força dos músculos ou gritos, o colosso não parava, não era um ser racional, era uma maquina de guerra prestes a exterminar a vampira. Seria seu fim? Desse jeito, entre os dedos metálicos de um ser de outro mundo? E até pareceu-lhe uma boa saída, acabar.

- Laura, por que você beijou ela? Você ama ela? Ama outra? – Então a morena sentiu seu peito encolher até esmagar o coração e, nem era o colosso, este parecia confuso com o que ou onde – Laura...

A presença de Death pairou no ar, uma gota de água caiu sobre o rosto de Carmilla encarando o céu escurecendo, antes de despencar uma forte chuva em ambos, o gigante guinchou com o contato, apagando as chamas de seus olhos, ele tombou morto.

- Por que Laura? – Perguntou Carmilla sem vontade de levantar.

***

Era a noite de outro dia, um dia horrível e uma noite insuportável. Carmilla apertava o estomago tentando beber qualquer coisa, mas nada descia sem que, subisse violentamente pela garganta. Como sempre o bar estava inundado de bêbados e garrafas voadoras, a vampira tentava pensar em qualquer coisa, mas sua mente a traia, repetindo a cena como um papagaio berrando “vento nas velas, vento nas velas”. A loira estava na ponta dos pés, as mãos nos braços da lenhadora, esta curvada envolvendo o corpo da jornalista e sugando seus lábios.

- Argh! – Rosnou Carmilla. Laura, Laura, Laura tudo o que conseguia repetir – Eu que te quero, mais do que ela... – O cheiro de Danny adentrou o bar, fazendo a motoqueira salivar de vontade de matar. Acompanhou o andar da lenhadora atentamente.

- Mais uma dose, então Carmilla, tão cedo e já esta bebendo? – Era Garu ao seu lado virando outro copo de Whisky. A Fallvalion estava de volta e, o terceiro tribunal.


Notas Finais


Então a lista do que atrasou:
Transferência de facul (pq a minha tava em greve e eu podia perder o semestre).
Vestibular pra outra facul.
As papeladas da transferência.
Rolo com minha melhor amiga (manja tomar bíblia na cara? Droga e ainda gosto dela).
Um mês de matéria atrasada (sim eu sou a louca dos cadernos, uma NERD!!!).
Meu estagio que foi para o vinagre com o horário da nova facul (tristeza infinita!).
Complicações de armário (YEP TT_TT').
O cap longo (demorei pra acabar ele, sério).
Me perguntei pq eu estava demorando tanto, então fiz uma lista e, também para falar com vcs Creampuffs que, acompanham a fic, senti que eu devia uma justificativa, pois afinal são vcs a minha alegria de escrever. Prometo tentar o meu melhor, terminar essa história, não entrarei em hiato não, me recuso, só vou ter de esticar o tempo entre as postagens, pois estou me adaptando ao novo ritmo de estudo (que já estou atrasada por entrar no meio do curso). NERD MODE ON!!!
Um forte abraço de lobo. 26 de outubro vem logo!!!!!!!!!

Agora:
Como fomos no cap? Por favor não me matem.
A musica que embalou os últimos acontecimentos com Carmilla: https://www.youtube.com/watch?v=WXV1AA1RBFk
Como será agora para Carmilla e Laura com esse bolo e beijo?

Twitter: https://twitter.com/Yukyytto


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