História Operação Alfa - Proposta

Toc toc toc

Tinha alguém batendo na porta. Os olhos da Sophie logo brilharam de alegria e a menina sorriu para a irmã que sorriu de volta. Ambas estavam animadas, e o motivo se devia a aquele ato. Ninguém, a não ser uma pessoa batia na porta ao invés de apertar a campainha.
- Papai!
As meninas gritaram em uníssono correndo para o pai que estava parado na porta sorrindo. O sorriso brilhante ocupava quase todo o rosto e completava bem a beleza do homem. E acredite, a beleza não parava no rosto.
- Hey princesas. –Rafael falou arrumando as filhas no colo e saindo para a varanda fechada. Logo, estavam sentados em uma enorme cadeira de balanço- Senti saudades.
- Senti saudade. -repetiu Sophie sorrindo e se aconchegando ao pai-
- Também senti saudade papai. –Valentina falou-
- E eu também.
O último fora o Tuff o coelhinho de pelúcia de Sophie. Obvio que ele não falava, mas todos fingiam que sim.
- Bom ver você de novo Tuff. –Rafael brincou e as meninas gargalharam-
- Veio nos buscar para passear hoje? –Valentina perguntou-
- Na verdade não princesa.
- Por que não? –ela rebateu e a Sophie cruzou os braços fazendo um biquinho-
- Vim conversar com a mamãe. –ele disse baixinho, como um segredo então as meninas se aproximaram fazendo uma rodinha bem fechada. Parada perto da escada, Isabella observava a cumplicidade dos três.
- Então vão ficar juntos pra sempre? –Sophie perguntou-
- Esse é o plano.
- Nós vamos ajudar. –afirmou Valentina-
- Só se o plano sair do controle. –Rafael ergueu uma sobrancelha sorrindo-
Conversaram mais um pouco, mas o pai não lhes contou do plano, disse apenas que voltariam a ser a família de antes e que chamaria as filhas se precisasse de reforço e ele ia precisar. Ele sempre precisava.
- Tchau princesas. –ele falou depois de colocar as filhas no chão da sala e lhes dar um beijo na bochecha- Tenham uma boa noite. Amo vocês.
- Eu já subo para cobrir vocês. –Isabella falou um pouco mais alto já que as filhas estavam na metade das escadas-
Dois minutos foram de silêncio.
- Bom... -começou a loira- É... legal ver você.
- Você fica uma gracinha toda desconcertada assim.
- Não começa Rafael.
- Você não pode me impedir de tentar.
- E você não pode me impedir de te colocar pra fora -ela disse empurrando o ex marido pra fora, delicadamente.
- Não. Pera aí. Eu tenho uma coisa pra falar.
- O que você quer Vitti? –perguntou parando na varanda da casa-
- Vim te fazer uma proposta.
- Uma proposta? –ela levantou a sobrancelha, desconfiada-
- É.
- Então diga.
- Quer mesmo falar sobre isso parada na porta? -franziu o cenho, mas quando viu que a loira não se importou ele desviou os olhos para fora- Por mim tudo bem, mas aquela ali na janela não é a Dona Cida?
- Meu Deus! Entra logo! -disse puxando Rafael para dentro da casa e logo em seguida pondo o rosto pra fora- Rafael!
- O que?
- Não tem Dona Cida nenhuma ali.
- Tem certeza? As vezes ela evoluiu o nível da fofoca pra cameras.
Como resposta Isabella apenas revirou  os olhos com desprezo.
É, ficavam sempre na porta. Rafael não entrava mais na casa sem ser convidado já que da ultima vez as coisas “saíram do controle” quando ele foi se despedir e encontrou Isabella enrolada em uma toalha branca.
- E então... –ela perguntou, de pé assim como Rafael- O que você quer?
- Soube que anda tendo encontros.
- Até onde eu sei não é da sua conta.
- É da minha conta sim. Minhas filhas moram aqui.
- Olha aqui Vitti. A Sophie e a Valentina são tão suas filhas quanto minhas e eu jamais as desrespeitaria.
- Eu sei disso.
- Então po...
- Por que você sai com eles? -ele interrompeu- Quer dizer... eu estou aqui.
- E até quando vai estar? Você sempre esteve aqui, mas nunca esteve de verdade, pelo menos não pra mim. De que adianta continuar em um casamento sem os benefícios de um casamento? E antes que pense bobeira, eu me refiro a amor, a companheirismo... a ter uma pessoa que me pergunte do meu dia e não uma que chega jogando seus problemas em mim e vai dormir.
- Bella eu...
- Não. Eu não quero ouvir as suas ladainhas, as suas mentiras. –ela sentou cobrindo o rosto com as mãos e então sussurrou- Eu tenho o direito de ser feliz!
- Eu posso te fazer feliz. Só preciso de uma...
- Chance? –completou levantando o olhar- Foi pra isso que você veio? Era essa sua proposta? Por que se for a minha resposta é...
- Espera. –Rafael pediu- Não é essa a minha proposta. E eu te peço que não diga nada até ouvir tudo.
Isabella bufou, e revirou os olhos cruzando os braços em seguida. Logo, os olhos focalizaram os de Rafael.
- Eu sei que tem saído com outras pessoas e acredite, eu sei que você merece ser feliz.
- Sabe? –indagou a loira-
- Sei. Da mesma forma que você sabe que todo mundo merece uma segunda chance.
- Rafa... –ela resmungou, mas foi interrompida-
- Pensando nisso decidi te propor o seguinte: Se dentro de um mês você se encontrar esse alguém que vai te fazer feliz para o resto da vida, o homem ideal, eu aceito o nosso divorcio.
Os olhos azuis se arregalaram de surpresa. Desde que haviam se separado o homem agora á sua frente se recusara a assinar o divorcio dizendo que aquilo não tinha cabimento, era coisa de louco, que ele e ela iam voltar logo, mas agora ele estava ali dizendo que aceitava que ela fosse feliz com outro e até que assinaria o divorcio? Aquele não era o Rafael que ela conhecia. O que ele estava armando?
- E se dentro de um mês esse alguém não aparecer?
- Você me dá uma chance. Uma única chance de mostrar que eu posso mudar e ser tudo o que você merece.
Isabella tinha que admitir, aquela frase havia mexido um pouco com ela, mas ela não podia focar nisso agora. Não mesmo. Rafael estava lhe oferecendo uma proposta (uma proposta tentadora) e ela tinha que decidir o que fazer. Se falasse que não estaria segura de se meter em encrenca, por outro lado ele estaria sempre ali, atrapalhando tudo. É. Que tipo de homem ia querer algo mais sério com uma mulher que tinha um ex-marido que batia na porta dela todo o santo dia? Mas isso mudaria se dissesse sim. Sinceramente, tudo conspirava para que ela gritasse um sonoro “sim”, mas tinha as duas filhas mais pestinhas do mundo.
Ela pensou. Pensou. E pensou mais um pouco. Por fim se decidiu.
- Eu aceito. –ela declarou e Rafael abriu um sorriso vitorioso- Com uma condição.
- Qualquer uma. –ele respondeu prontamente-
- As meninas ficam fora disso.
- O que? Como assim?
- É. Você sabe que as nossas filhas não são os melhores anjinhos do céu e com toda certeza sabe tudo o que elas aprontam comigo e meus... hm... pretendentes.
- Eu sei. –Rafael riu lembrando-se do relatório que as filhas lhe passaram falando o que haviam feito com o ultimo cara-
- Então pronto. Com elas atrapalhando, não vale. –Bella fez biquinho-
- Vou falar com elas amanhã.
- Promete?
- Prometo.
- Mas sem falar do nosso trato, se não elas vão ignorar tudo e ai vai tudo pelo ralo.
Como resposta, Rafael riu.
- Então, trato feito?
- Feito. –ela apertou a mão dele que antes estava parada no ar- Agora vai embora.
- Eu vou, mas eu volto hein. –ele ainda sorria enquanto ia até a porta- E dentro de um mês você não me expulsa mais.
- Veremos Vitti. Veremos.
Foi a fala de Isabella antes de fechar a porta e ouvir a gargalhada do ex-marido do lado de fora. Tudo daria certo. Logo, Rafael falaria com as meninas, elas apoiariam a ideia e Isabella teria assinado o seu divorcio dentro de um mês. Isso, claro, se não fosse por duas menininhas que atrás da parede escutavam cada detalhe da conversa.