História Opostos - Rastreado

P.O.V Malia

Com a noite se aproximando meu nervosismo só aumentava, o garoto loiro cujo nome descobri ser Luke ainda estava trancado no quarto comigo. Eu estava sentada com as pernas esticadas na cama, ele fez menção de se levantar e as encolhi contra meu corpo.

- Eu não queria falar nada mas acho que para uma garota que está de vestido essa posição não deve ser muito confortável - Disse ele apontando para mim, no mesmo momento fiquei vermelha de vergonha voltando para a posição inicial - Eu vou buscar seu jantar - Disse saindo.

Depois de alguns minutos ele voltou com uma caixa do McDonald's.

- Eu não vou comer fast-food - Falei fechando a cara.

- Ah vai sim, você se esquece de que não tem escolha - Disse jogando em cima da cama.

- Olha, eu só quero ir embora, então você me faria um grande favor se abrisse aquela porta - Falei tentando soar gentil.

- Acha que tem essa liberdade? - Perguntou ironicamente o que me fez bufar, era perigoso estar sendo tão rude mas mesmo assim estava me arriscando.

- Eles estão longe? - Perguntei.

- Eles? Eles quem?

- Seus chefes.

- Eles não são meus chefes.  

- Não? Então o que seriam?

- Na verdade nada, é só uma parceria para conseguir dinheiro.

- Dinheiro... Porque não tentou outra coisa?

- Eu não consigo, órfãos não tem lá grandes oportunidades.

- Se você quiser...

- Não tente me ajudar, é perda de tempo.

- Todos merecem uma segunda chance, inclusive sequestradores.

- Errado, já fiz tantas coisas erradas que vou descer de tobogã pro inferno - Ele disse dando de ombros, ri de seu comentário - Sabe, você é a única pessoa que já... me ouviu sem me criticar ou algo do tipo.

- E você é a única pessoa que não mentiu pra mim, pelo menos eu acho que não.

- Não, eu não menti, mas porque diz isso?

- Ultimamente não posso confiar em ninguém, meu pai mentiu pra mim sobre eu ser adotada, minha melhor amiga me traiu, entre outras coisas, mas o pior foi Theo...

- Eu sei o que aconteceu, ele era um babaca - Ele falou, ergui uma das sobrancelhas - Você deve estar pensando "isso vindo do cara que me sequestrou" - Ele disse fazendo uma voz fina, gargalhei alto com sua péssima imitação.

- Sabe, sequestrar alguém acabou de entrar na minha lista de coisas para fazer antes de morrer.

- Que ótimo, eu sou um exemplo!

- Exato - Falei rindo, de repente a porta foi aberta bruscamente pelo pai de Theo que me pegou pelo braço e me puxou até seu carro.

- O que vai fazer com ela? - Perguntou Luke.

- A polícia conseguiu nos rastrear - Disse tirando o carro - Entra - Gritou.

- Merda - Exclamou Luke no banco da frente, eu estava gélida, parada como uma estátua.

Estávamos em uma velocidade acima do permitido e eu estava com medo, muito medo. Comecei a ouvir a sirene da polícia, aparentemente eles também ouviram porque pude sentir o carro acelerar mais ainda.

- Assim você vai nos matar! - Berrei tentando ser ouvida.

- Cala a boca!

Quanto por cento seriam as possibilidades de que se saltasse do carro em movimento eu morreria? Provavelmente 100%

Poucos segundos depois um carro parou na nossa frente impedindo a passagem. Abri a porta e saí correndo em meio á lágrimas, elas impediam de enxergar direito mas a ânsia de estar livre era maior, ninguém me impediu.

 Eu ia passar reto por aquele carro quando mãos fortes seguraram meus braços, fechei os olhos esperando levar um tiro ou coisa do tipo.

- Calma - Disse suave em meu ouvido, me virei lentamente e me deparei com Theo me olhando com os olhos lacrimejados.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntei chorosa.

- Achei que tivesse te perdido - Disse me abraçando, diante de nós estavam vários policiais e o xerife nos observando com um grande sorriso no rosto.

Mas eu não.