Capítulo I - Uma Nova Era
Isla se encolhia na carruagem, onde ainda comportava ainda suas irmãs e o jovem irmão. Ewan cochilara há pouco, pois, como sua mãe dizia, ele não aguentava movimento e leitura por muito tempo. Eleonor, sua segunda mais velha, também o seguiu, só que ela muito mais delicada, com a cabeça baixa e as mãos apoiadas no colo, enquanto o caçula mantinha a boca um tanto aberta próxima a janela.
Sorria de leve por ver a cena. Sabia o quão difícil tinha sido os últimos dias para eles. Percebeu que Iarth, ao seu lado, a encarava achando graça. Lia mais uma vez aquele romance, e da mesma forma que estrava fácil no mundo literário, saia dele. Ela era a mais velha dos quatro, e por muitos, a mais bonita. Os delicados cabelos cacheados pareciam de anjo, e iam até a sua cintura fina, mas como sempre, amarrados num coque elaborado que, ainda sim, parecia natural.
— Eu sei, a viagem é longa. Por mais que já tenhamos ido até lá, isso faz muito tempo. Na verdade, há muito não fazemos uma viagem tão longa como essa. Eles não devem estar mais suportando os próprios livros. — Sorriu Iarth, amavelmente.
Recebendo uma resposta positiva da irmã, Iarth voltou para o volume segurado próximo ao rosto com as mãos veludados por conta do movimento do transporte. E para Isla, esse era o momento de deixá-la viajar dentro dela mesma. Mais uma vez olhou para o irmão, viu os fios tão liso loiros, como era o do seu pai. Para a irmã, a mesma coisa. Só o seu cabelo e o da irmã mais velha que eram cacheado, assim como o mãe, e eram algo que só ambas compartilhavam, como a inicial e os mais profundos sentimentos.
O tempo era favorável a um longo passeio a cavalo pelo as paisagens da propriedade do tio, que ela própria já vira. Agora, focada em absorver o resto dos raios solares que lhe acompanharam desde de seus nascimento até a metade da manhã, e simplesmente esperar. Estava chegando em sua nova casa.
A mais velha acordou os dois adormecidos e se preparou. Isla via nela a face da esperança. E, como era o mais esperado, ela foi a primeira a descer da carruagem e deslumbrar a mansão. Eleonor fez o mesmo, mas seus olhos brilhavam muito mais. Já quando a Isla desceu viu tudo como mágica. Não, ela não era só grande. Era enorme. Parecia brilhar, parecendo mais uma casa celestial que humana. As duas filas de pessoas, com 15 cada, mais perto da entrada, mostrava que ela tinha um belo motivo para ser daquela forma. Estava tão fora da realidade que se assustou quando sentiu a mão segurar delicadamente a sua mão. Seu tio logo fez questão de abraçá-la, e la, de retribuir. Agora, mais que nunca, deveria haver união. Sua tia fez a mesma coisa, e com um sorriso acalentado, a deu boas-vindas.
Foram apresentados a todos, e principalmente aos seus empregados pessoais. Sua tia disse à meninas que poderia muito bem cada uma ter um quarto, mas como sabia que elas preferiam ficar juntas, especialmente nesse momento, ela decidiram por colocá-las no mesmo cômodo. Isla até pensou que teriam espaço para as coisas normais juvenis, mas não pensava que seria tanto espaço. O quarto, branco, tinha a as três camas com a cabeceiras na parede e eram viradas para as três janelas enormes no ambiente. A iluminação era maravilhosa. Havia uma mesa para cada uma, para escrever as tão necessárias cartas, um armário de madeira forte e mesinhas de cabeceiras delicadas, mesmo feitas de madeiras. A lareira era na parede da esquerda, e tinha ainda um tapete com algumas almofadas na sua frente. A penteadeira era única para as três, mas o grande espelho e minimamente polido parecia ter um brilho próprio, mesmo tão próximo da janela. E, é claro, o tão amado piano, mesmo que pequeno, mas muito discreto e delicado. Ela pensou que estava sonhando, até pois aquilo tudo não poderia ser apenas para elas. Era lindo demais.
— Minhas queridas, espero sinceramente que tenham gostado — Os três pares de olhinhos claros e emocionados viraram para a tia, fazendo um “sim” com a cabeça. — Fico muito contente então. Vamos deixá-las descaçarem, pois sabemos que o caminho de Londres a aqui não é tão bom. Mas gostaria de convidá-las, amanhã, para conhecerem o a nossa teatro. Acredito que já saibam o que é, não é mesmo? E também vamos fazer um jantar, para vocês, de boas-vindas amanhã à noite. Por isso, tentem relaxar o máximo. Precisamos que esteja lindas, fortes e delicadas do jeito que sempre foram. — Disse, segurando a mão de cada uma das meninas. — Ah, não esqueçam que têm as damas. Elas atenderão a qualquer pedido. Vou indo, fiquem à vontade. — O ambiente todo iluminado pareceu fazê-las como parte do espírito do cômodo. Cada uma sentou em uma cama, e como Isla era que mais gostava de fogo, logo se acomodou à mais perto da lareira.
— Teremos até um baile de boas-vindas, ouviram? — Comentou Eleonor, pulando sentada na sua nova cama. — Ah, como aqui é lindo! Parece um castelo. Será que encontraremos uns príncipes pelos corredores?
— Você é muito nova para essas coisas, Eleonor! — Iarth jogou uma almofada da cama na irmã, fazendo-a ri. — Nem na sociedade entrou ainda!
— Ora, será esse ano. Mais precisamente, amanhã. — Levantou-se e encaminhou-se ao “seu” novo armário e escancarou. — Vejam como está agora. E breve, tudo isso estará lotado. E mais breve ainda, estará vazio. Todas as minhas roupas, as velhas e as novas, estarão na casa de meu esposo.
— Você é mesmo confiante de suas habilidades, Eleonor? — Isla implicou com a mais velha, que virou os olhos. — Não acha que deveria ir digamos… com calma? Você sabe que a maioria das pessoas se aproximaram de nós por pena.
— Você realmente pensa assim, Isla? Ora, não se deve pensar assim de jeito algum! Mamãe iria querer que nós não ficássemos pensando dessa maneira.
— Também tenho certeza disso Leon. Mas, assim como a mesma iria querer, nós devemos dar espaço para sentirmos cada um os sentimentos. Minha irmã, vá com calma. Não faltará pretendentes querendo conhecer as meninas que acabaram de entrar na sociedade.
— Fala como se você nunca fizesse nada errado, não é mesmo, Isla? — Mais uma vez, uma irmã jogou a almofada na outra. Todas riam, por mais que assunto não fosse totalmente passivo de risos.
— Mas é claro! Nunca me considerei uma pessoa que serveria de exemplo para um sermão na missa de domingo. Mas sei quando passar por um lugar discretamente. — Isla brincava com as mãos, e levantava as sobrancelhas, assim com Eleonor.
— Discretamente, uhun. Tome cuidado irmã, já não temos pais, e há perigo de não ter mais ninguém para cuidar de ti. — O ar entre as duas ficou pesado de repente, e com o sorriso malicioso, ela levantou e foi até a porta. Bom, com eu já tinha dito, vou ver se há príncipes pelos corredores.
Isla focou em sua irmã, e com olhar, perguntou o motivo daquela última frase. E a outro negou com a cabeça, como se falasse que ela não deveria se importar. Eleonor era mesmo dessa forma, uma incógnita personificada em com um rosto agradável.
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Deveriam ser sete da manhã quando Isla sentiu o sono esvair do corpo. Isso não acontecia com frequência antes, mas por conta das emoções de alguns dias e o convite da tia, ela não estranhou. Levantou-se e foi até a penteadeira, lavou o rosto pequeno e tentou ajeitar o cabelo rebelado por conta das várias vezes que ela mudou o lado na cama. Pegando o robe azul bebê, colocou um sapato qualquer e saiu para ver a casa.
Sem dúvidas, era muito fácil se perder. Talvez ela não o tenha o feito pois sua visão espacial era realmente boa. Observava as paredes escuras de madeiras e os diversos sofás e divãs que tinha num corredor ou noutro. Os tapetes eram bege, as cortinas brancas e esvoaçantes. Tudo ali parecia sair de um dos seus romances favoritos, e sentia realmente hipnotizada.
No primeiro andar via a grande movimentação dos empregados, limpando e movendo vários móveis de lugar. Quando viu para onde iam, ficou sem ar mais uma vez: o grande salão tinha uma enorme mesa, várias janelas e, ainda sim, várias lanternas nas paredes. Sem contar o lustre enorme que devia está há uns metros do chão. A outra sala, que se ligava ao salão por uma gigantesca porta, continha várias cadeiras e algumas mesas, todas inconstadas na parede. Mais perto de uma das janelas, um pequeno espaço reservado para os músicos era montado. Olhava tudo como se fosse o melhor dos presentes, e estava tão desconectada do mundo que nem reparou o tio ao seu lado, até ele próprio falar.
— Bom dia, Isla, como vai? — Passado o leve susto, ela respondeu um “muitíssimo bem” — Fico contente, de verdade. Também acredito que você já tenha descoberto a surpresa dessa noite. Foi por isso que não mostrei o salão, na verdade. Admiro o mistério. — Riram.
— Peço minhas sinceras desculpas, não queria ofendê-lo. Entretanto não posso deixar de comentar que esse salão é maravilhoso! — Sorriu com o mais profundo sentimento de gratidão. Ela sabia que ele conhecia suas sobrinhas o suficiente para lembrar que eram apaixonadas por dançar. E, com todas, se sentiriam mais “em casa” com aquilo.
— Não há problemas. Não se incomode. — Assim, a conversa flui, e conversarão sobre diversas coisas, especialmente sobre Londres e sua atmosfera cinzenta. — Pretendo mostrar, em breve, o teatro. Meus filhos ainda são pequenos demais, e gostaria de um auxílio, digamos assim. Sim Isla, pretendo usufruir da estada de você e seus irmãos. — Riu, e Isla o acompanhou.
— Acredito que ficaríamos muito gratos com essa oportunidade. Especialmente Ewan, ele sempre se interessou muitíssimo pela máquina e esse novo mundo que se deu com ela. — Chegara na porta do quarto das meninas, e quando ela ia entrar lembrou-se de outro costume que adora compartilhar com a irmã mais velha. — Tio, eu e Iarth poderíamos visitar a biblioteca? Terminamos nosso livros ontem e gostaríamos de ler novos volumes.
— Mas é claro. Fico alegre ao ouvir isso. Sabe onde fica? — Assentiu Isla em resposta. — Então fique à vontade. E diga o mesmo para Iarth. São bem-vindas. Agora vá descançar um pouco antes do dejejum, pois o dia será… grande, digamos assim.
--//--
— Ora Eleonor, sente-se um pouco. Acabará por amassar o vestido! — Esbravejou Iarth, ao ver a do meio dançando no quarto, enquanto cantarolava uma música qualquer.
— Mas é claro que não irá, Iarth. Eu sei ser tão delicada como uma boneca de porcelana. E vocês deveriam terminar rápido, quero muito descer para ver como está tudo no salão. Terão tantas pessoas, tantos partidos. E todos maravilhosos, sem dúvida. Não há melhor modo de entrar na sociedade coo será o meu! — Tinha um olhar sonhador em seus olhos azuis inexplicável. Iarth e Isla olharam para ela e se encararam, como se ela estivesse sonhando um tanto demais. Seria uma festa, teria dança, mas não era algo para que ela esperasse encontrar o príncipe dos sonhos, o mais belo, o mais educado, e além disso tudo, ganhasse 20 mil libras por ano.
— Já conversamos sobre você ser discreta, não é mesmo Eleonor? Estamos de luto. Podemos até dançar e ri hoje a noite, o que já será considerado um tanto espantoso. Imagina flertar? Lembre-se disso minha irmã, uma mulher mal falada na nossa sociedade é uma mulher praticamente indesejável, morta socialmente. — Isla tinha o cabelo sendo preso por Iarth, que tentava convencer Eleonor desde da tarde sobre aquilo. E como fizera a tarde inteira, praticamente ignorou a irmã, e continuou sua dança pelo quarto. Só parou quando a porta foi aberta e sua tia apareceu, já totalmente pronta e deslumbrante. — Como está linda, tia!
— Obrigada. Tenho que fazer a minha parte. Uma boa imagem, não é mesmo? — Olhou para cada uma. — Vim ver se já estavam prontas. Também estão lindas, sem dúvida! — Eleonor contornou todo o cômodo e chego perto da tia, segurando-lhe um dos braços.
— Estou realente bem para hoje a noite? Como a senhora disse, uma boa imagem.
— Sim, maravilhosa, mas se preocupe tanto com isso, tudo bem? — A menina ficou levemente vermelha, mas não perdeu a postura. Apenas sorriu amavelmente. Em seguida, todas acompanharam a tia para o grande salão.
À meia luz, a sala tornara-se expressiva, aconchegante mas, ainda sim, elegante. Com a chegada das meninas, todos se sentaram da filométrica mesa e aproveitaram todos pratos da noite.
Para elas, por mais que estivesse tudo delicioso, o que elas queriam mesmo era ir para o salão. E quando o fizeram se surpreenderam com a beleza do ambiente, mesmo Isla, que já tinha visto tudo aquilo.
O tio apresentou ao quatros irmãos diversos amigos comerciais e pessoais, além de conhecidos famosos da sociedade.
— Agora — Tio Júlio os conduzia para o lado direito do salão — Irei-lhes apresentar um dos meus dois grandes amigos. Direto de Londres, Austin Lowet. — O loiro tinha cabelos na altura do queixo forte, era alto, de olhos azuis e delicados. Isla viu a irmã Eleonor afar. Sim, era muito belo.
— Boa noite. Sr. Krys, Senhoritas — Cumprimentou Ewan apertando-lhe a mão e as meninas, beijando-lhes. Isla também percebeu que era um tanto charmoso, pois tinha se demorado um pouco mais que o normal nos seus cumprimentos. O tio pareceu perceber a mesma coisa, e olhou-lhe com um misto de graça e descrença da sua ação. — É um grandioso prazer conhecê-los. O tio de vocês falar muitíssimo sobre as suas pessoas, especialmente sobre as qualidades que tem.
— Bem, viu Kian, Austin? — Perguntou meu tio olhando para todos os lados do salão, a procura do homem. O Jovem ao seu lado apenas discordava ao mesmo tempo que sorria de lado.
— Estamos falando de Kian, Júlio. Ele só chegará mais tarde. Conhece-o bem.
— Sim, está certo. Mais tarde o apresentarei ele a vocês. Por ora, uma dança seria agradável, não? — As meninas assentiram, meso que discretamente. — Fiquem a vontade. — Foi a té a esposa e a convidou para a próxima dança. Eleonor, dando um passo a frente, se dirigiu ao loiro Lowet.
— Sr. Lowet, eu ainda não conheço totalmente a dança. O senhor não gostaria de me acompanhar? — Iarth arregalou os olhos e estava prestes a brigar com a mais nova quando o homem sorriu e lhe deu o braço. A menina apenas olhou para irmã, sorrindo travessa, mas ainda sim, muito sensualmente. Se juntando as filheiras da coreografia, esperaram a música iniciar e começaram os passo.
Mais tarde, depois de três danças, ao portas do salão foram preenchidas mais uma vez. Júlio foi até o homem, o cumprimentou e pediu que ele o acompanhasse. Mais uma vez, reuniu os sobrinhos e Lowet.
— Bem, como prometido, aqui está o cavalheiro. — O homem, antes mais sério, deu um pequeno sorriso. — Esse é o August Kian, O Conde de BelloMonte. Esse é meu sobrinho, Ewan Krys, e suas irmãs, Iarth, Eleonor e Isla. — Se referiu a cada um com a mão. O Conde fez a mesma coisa que Lowet, mas sem ser tão galante. Na verdade, ele nem chegava perto da beleza e do brilho do outro homem, pensou de forma rápida Isla, o que é engraçado. “Eles, com a mesma altura, compartilhavam o fato de terem olhos tão claro, mesmo com o De Kian ser mais esverdeado e o de Lowet, mais azul.” E também viu os cabelos medianos do recém-chegado, “que chegariam nos ombros se estivessem soltos”, mas agora presos com uma fita escura. O corpo era, sem dúvida, mais forte que o outro loiro, que tinha o corpo um tanto mais delgado. E talvez por isso que ele tinha uma postura mais séria, mais misteriosa. Intrigante.
Voltando para as danças, as irmãs de Isla se divertiam. Entretanto, a própria Isla estava de lado, apenas aproveitando de longe a felicidade delas, sorrindo como uma criança. Ewan vendo de canto, foi está com ela, e por um longo tempo, nada disse. Apenas contemplou a mesma vista, com a mesma alegria.
— Fico contente que elas estejam assim. — Começou o garoto. — Iarth pode tentar ser forte, mas às vezes ela não consegue esconder o que sente de nós.
— Sim, ela não consegue. Mas ela sempre faz de tudo para nos proteger embaixo de suas asas. — O irmão concordou com Isla, assentido. — E vê-la assim, sorrindo com todo o coração me dá paz. Na verdade, acho que fico mais aliada. Tudo está bem nesse exato momento. — Suspirou e olhou para Ewan, que olhava por todo o salão. — E você, meu irmão? Como está? Porque está aqui com sua irmã chata e não se divertindo?
— Você não é chata, não sempre, pelo menos. Creio que não o faço pois não há ninguém apropriado.
— Ora, desde quanto é tão criterioso e exigente? Vossa senhoria não era assim não. — Riu, e Ewan a acompanhou.
— Eu não sou nem um, nem outro. Só procuro alguém que dance bem. E que seja bonita. — Isla olhou em volta, atentamente, e olhou para uma jovem moça que deveria a sua idade ou a do irmão.
— Veja aquela menina ali. — Apontou discretamente para ela. — Vá chamá-la. Ela é muito bonita e deve dançar bem. Talvez ela esteja muito empolgada, as por ser muito jovem ninguém a chama. Faça longo antes que todos percebam o que eu mesma acabei de ver. — O jovem, com a mistura de vergonha e medo, mas ainda sim com vontade, cruzou o salão e foi estar com a menina. Ela sorriu ao pedido, e disse sim.
Sozinha mais uma vez, ela olhava para todos os lados, admirando o salão e cada figura humana. E, mais uma vez, pegou-se analisando o Conde. Ele a viu encarando-o, e como se achasse graça, sorriu. Em seguida, viu para o seu lado, ainda rindo.
— Agradei a senhorita? — Sua voz um pouco mais rouca que tinha sido quando ele foi apresentado.
— Creio que não. Mas o senhor parece-me uma incógnita, isso sim. — Respondeu coo não tivesse sido afetada pelo o seu charme. Ele, como um bom lutador, não deixaria de sair vencedor nessa batalha.
— Que interessante, já foi denominado de várias coisas, mas não de incógnita. Que tal dançarmos a próxima? — Isla, que estava ainda observando o salão, olhou para ele com descrença. Ele estaria flertando com ela? Pois não era isso que ela queria.
— Acho melhor não, Sr. Kian. Estou cansada.
— Está mesmo? Não parece. Vamos, uma dança apenas uma. Aí depois você me conta-me se continuo tão incompreensível. — Ela já o tinha olhado com mais descrença ainda, e quando ele lhe ofereceu a mão, ela realmente não sabia o que fazer. “Ser educada e aceitar ou ser discreta e recusar?” Bufando, aceitou.
Ele mantinha os olhos nela, como tentasse fazer com ela ficasse hipnotizada. Ela começou a achar graça na situação, e ri dele. Até ele fazer o mesmo.
Já no centro do salão, cada um estava de um lado da fileira. Quando a música começou a tocar, ele mudou sua feição novamente: a sua face, com a pele de tom bronzeada, expressava uma paixão ardente, como ele tivesse sido apaixonado por ela a vida toda. “Um belo ator, sem dúvida”, pensou, “se eu fosse fraca, cairia ao pés dele nesse exato momento”. As trocas de olhares, os toques das mãos, o movimento do corpo. Tudo parecia ter saído de um dos deus romances medievais. Tão observadora da sua expressão que nem percebeu o desenrolar da canção, muito menos o seu término.
Mais para o canto, perto da mesa de aperitivos, para onde os dois seguiram, ele ainda a olhava.
— Pare com isso. Vai acabar causando problemas para nós dois. — Falou Isla da maneira mais forte possível.
— Não seria um problema tão grande, não? — Já bebendo um licor avermelhado, Kian ofereceu o braço pedindo ela o acompanhasse. — Venha, vamos criar mais problemas. Sabe, não seria nada ruim isso, na verdade. — Deixando a taça vazia de lado e rindo, maliciosamente, ele beijou-lhe a mão. — Vou indo. Foi bom conhecê-la, Senhorita Krys. Boa noite. — Foi até Júlio, sua esposa e Austin, falou com eles e saiu do grande salão.
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As meninas já estavam com as camisolas, cabelos soltos, e prestes a se recolherem. Eleonor o fez primeiro, dormindo no segundo posterior a se ninhar na cama. Iarth e Isla se manteram um pouco mais acordadas, afim de conversarem sobre a noite.
— Oh meu Deus, como eu dancei! Não o faço há muito tempo! Acredito que também há muito não relaxo assim. Eu pensei que eu ficaria esgotada, mas no mal sentido. Oh Deus, como foi maravilhoso. — Iarth sorria de orelha a orelha, contente com a noite. Isla também sorria ao ver como a Irmã estava contente. Então, Iarth suspirou— Estou começando a achar que o meu tio tinha uma segunda intensão com essa noite, Isla.
— Por que disso? O que ele ganharia?
— Isla, ele tem dois grandes amigos na nossa idade. Sem contar os que não são. Com certeza ele teria muitas vantagem de tê-los, oficialmente, em sua família.
— E como você a essa conclusão. — Isla viu os sinais e entendeu o pensamente da irmã. Ela não estava nem um pouco errada.
— Creio que escutei o eu tio falando sobre isso com o Sr. Lowet e com Sr. Kian. — Ao ouvir isso, Isla arregalou os olhos e ficou vermelha. “Aquele...” — O que foi Isla? Tudo bem?
— Sim, está. Acho que faz mais sentido agora. É por isso que ele queria tanto que conhecêssemos eles, não é? — Iarth assentiu. — Mas como devemos nos manter nessa história? Imparciais, aceitando ou recusando, mesmo que educadamente?
— Bem, creio que se eles quiser casar com alguém, essa será Eleonor, não é? Mas sobre nós, acho que a última opção. Acredito que combine mais conosco. — Riu. — Entretanto senhorita Krys, vamos parar de pensar sobre isso nesse momento. Vamos descançar que ganhamos muito mais. — Beijou a irmã na bochecha e foi para a cama ao lado. Apagando a vela ao seu lado, se cobriu e adormeceu. Isla continuou mais um tempo sentada, até sentir um ligeiro frio passar a fina camisola branca. Fazendo o mesmo que a irmã tinha feito há pouco, só manteve os olhos concentrados na chama crepitante na lareira, que estava há poucos metros dela.
— Não importa o que vá acontecer. Não importa se querem me casar. Eu só o farei se eu quiser. — Sussurrou, para só então entrar no mundo dos sonhos.
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