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História Os Escândalos dos Krys - Capítulo III - Astromélia


Escrita por: Fraser_Raven

Notas do Autor


Sei q já faz anos, mas retornei.
Sou incrível (sqn)
Boa leitura meus docinhos. Bjkas e até <3

Capítulo 4 - Capítulo III - Astromélia


Ela leu, como título do primeiro capítulo, “Simplesmente sua, meu amor”.

Largando-o de lado, Isla decidiu descer ao jardim. Para a surpresas de todos, o dia estava um tanto quente, mesmo que estivesse nublado.

    A casa do tio estava estranhamente quieta. Por mais que os empregados continuassem o seu trabalho de formiguinha, nenhum deu-lhe importância. Naquele instante, foi tudo o que ela queria: passar invisível por todos ali.

    Mas não foi tão bem assim.

    Olhando de um lado para outro, ela captou um par de olhos esverdeados. Ele vinha acompanhando Júlio, e pararam a beira da porta a fim de retirar as botas sujas de lama. Isso indicava onde passaram aquele tempo todo: caçando.

    Isla parou, observando curiosa o processo pós-caçada. Ora, ela já tinha visto diversas vezes, mas sempre se interessava. Era engraçado pensar na maldade que faziam, mas sempre voltavam alegres para dentro depois de matar alguns animais. Júlio vi a sobrinha, e logo se pôs a cumprimentá-la.

    — Bom-dia, Isla. Como vai? — Disse, cordialmente. Ele mantinha na face o sorriso de quem ainda estava agitado por conta da “aventura”. — Bem, vou me trocar. Temos que seguir para a cidade. Em meia-hora saímos. — A última frase se referindo ao loiro, atrás dele. Assentido para o mais velho, este continuou a sua missão de se trocar.

    — Bom-dia senhorita. — Beijou a mão de Isla, em uma reverência. — Como vai?
    — Bem, obrigada, e o senhor? — Respondeu-lhe delicadamente. — Perdoe-me a indiscrição, mas acho que foram caçar muito cedo, não?

    — Sim, mas assim ainda poderemos voltar para a cidade. Pelos planejamento, ficaremos sem vir até aqui por uma semana ou mais.

    — Por quê?

    — É complicado manter um empreendimento como o que nós três temos que manter. Oh, espere. — Pegou do bolso da calça um pequeno papel, um pouco amassado por conta do lugar onde estava. Entregou-lhe. — Lowet pediu para fazer um jeito disso chegar a senhorita.

    Ela abriu o papel e leu as poucas palavras. “Venha ao jardim, por favor milady”. Lembrando da noite anterior, sentiu um frio percorrer-lhe a espinha. O que teria de ruim ir lá? Ele não é detestável, e nem fará-me mal. Acalme-se! O conde ainda estava na sua frente, olhando ficar vermelha e embaraçada.

    — Ora, o que foi? — Tirou o papel de suas mãos, enquanto ela protestava. Vendo que ele já tinha lido, voltou a ficar com vergonha. — Acalme-se. Ele não fará nenhum mal. A essa hora, já deve ter gente o suficiente lá fora, e vocês não ficaram totalmente sozinhos.

    — Eu sei disso, é que… Ainda é errado. Eu não o conheço o suficiente. Ele pode ser amigo de meu tio, porém ainda não posso me sentir à vontade. Não é certo. — Ele havia entendido, e assentido, virou-se para preparar o sobretudo castanho escuro que estava esperando pelo seu dono em um cabideiro bem próximo.

    — A senhorita quer que eu fale com ele? — Perguntou. Ela negou com a cabeça, agradeceu e se despediu. Respirando bem fundo, saiu pela mesma porta que o Conde e o tio tinham entrado.

 

---//---

 

As flores postas no centro da pequena mesa que tinha no gazebo do jardim chamaram-lhe a atenção. Um buquê de Astromélia, brancas com detalhes em dourado. Não era o seu tipo predileto de flores, mas não pode deixar de ser encantar com as pequeninas.

    Logo que entrou no gazebo para ver melhor o buquê, encontrou quem as tinha posto ali: Austin Lowet. O susto, no começo, foi de vê-lo, como faria qualquer um. Sorrindo de leve, ele se aproximou.

    — Bom dia, senhorita Isla. — Pegou em sua mão a fim de beijá-la. A luva, branca, não diminuiu em nada as sensações que passaram aquele toque. Isla sabia que não o amava, entretanto não desconsiderava que viesse a sentir esse tipo de afeto por ele.

    Bem, vejamos pelos olhos dela. Um homem alto, com os cabelos loiros e lisos que chegavam aos ombros tão lindos que parecia oriundo de ser angelical; sua estrutura passava a imagem de um jovem forte, especialmente emocionalmente, o que faria qualquer um dá-lhe todo o seu respeito e admiração; e por último, mesmo com essa força, ela ainda podia olhar nos seus olhos e perceber o quão sensível era a sua alma.

    Era como um conto de fadas. Era perfeito.

    Mas, ainda sim, ela queria muito mais. Era perfeito demais.

    Isla é, sempre foi e sempre será, o tipo de pessoa que sonha acordada. Ela lia bastante, estudava tudo o que podia — e às vezes o não podia também — com amor. Ela via em si mesma uma pessoa cheia de defeitos, afinal era um ser humano como qualquer outro. Entretanto, ainda sim, ela queria viver um grande romance, ao lado de um homem que ela amava intensamente, e que a retribuiria da mesma forma.

    E, para ela, admiração não é amor, de forma alguma.

    — Bom dia, Sr. Lowet. Como vai? — Respondeu educadamente.

    — Vou bem, obrigado. E a senhorita? — Isla falou um “bastante bem, obrigada por perguntar” e olhou para as flores, como se perguntasse o que faziam ali. — Ah, são para a sua pessoa. Um presente de boas-vindas. Espero que goste. Eu só pretendia dá-lhe mais tarde, mas parece que Kain foi bastante eficiente. Ainda tenho que conversar com seu tio, e creio que demorará nada.  

— O senhor ainda não o fez? — Estranhou, afinal sua irmã lhe disse que o tio só havia escolhido “os pares” ontem. E se não havia conversado, porque teria um buquê daqueles a sua frente?

— Ainda não. Ele me mandou um telegrama para que eu viesse aqui, bem cedo. Entretanto no caminho vi essas flores, e elas me lembraram a senhorita. Bem, já vou indo. Minha missão com a vossa pessoa já foi cumprida. — Sorrindo de lado, ele beijou a mão de Isla mais uma vez, e saiu do gazebo. A menina ainda se perguntava como ele sabia que poderia encontrá-la ali, e se não sabia do acordo, o motivo das flores. Nada se encaixava. Quanto mais ela não queria pensar naquilo, mais toda a história vinha até à sua mente, e também à sua frente.

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Londre era, sem dúvida, o principal destino para jovens como elas. Entretanto, logo perceberam que não deveriam se afastar muito de casa para a primavera social daquele ano.

    Era fácil vê-las se arrumando, pensou Isla, e como se preocupam com isso tudo. Iarth já tinha 19 anos e Eleonor, 18, e essa noite ela faria o seu primeiro baile em casa. Sim, há um mês tinha ido a Londres, se apresentado à rainha, e agora voltara com o melhor dos espíritos. Era fácil para ela, afinal foi sempre tudo o que ela quis.

    E quando voltava a encarar Iarth, Isla pensava que, por mais que ela não quisesse um marido da mesma forma selvagem que Eleonor, ela ainda não se opunha às pesada barreira que lhe tinha sido impostas. Nenhuma reclamação sequer.

Era de fato muito estranho pensar na maturidade feminina inglesa. Ser apresentada a uma sociedade, da mesma forma que um vendedor mostrava seus produtos. Quem tivesse mais, comprava.

Se minha mãe estivesse aqui, pensou Isla, e me ouvisse pensando absurdos desses, mandaria eu abandonar todos os romances que já li!

Afinal era isso mesmo que a fazia pensar sobre a vida. Lera recentemente alguns mais críticos, e se questionou se não havia mais nada a que se sonhar.

Bem, já se passaram seis meses. Metade de um ano que morava ali. Metade de um ano que virara órfão. Ainda doía, mas o mais estranho era como ela já tinha se acostumado bastante a situação. Sou uma intrusa, entretanto já me sinto tanto daqui como me sentia na minha própria casa. E isso tinha lá suas vantagens. Por exemplo revirar os olhos quando Eleonor, pela milésima vez, perguntara se aquela cor ficara bem nela. E, como no outro exemplo, levantava e saia do quarto.

Essa noite não seria só o baile para a sua irmã. Também seria uma espécie de apresentação do seu irmão, Ewan, as famílias mais influentes da região, como herdeiro direto do meu tio. O garoto estava intensamente contente: não só por ficar mais rico ainda quanto Júlio morresse, mas se sentir útil, pois cuidaria de tudo junto ao tio, até ele conseguir trabalhar por si próprio.

Entretanto ela se perguntava como se sentia. Era óbvio a felicidade geral, mas e a dela?

Sim, por mais que eles tivesse agora tudo bem ali, com festas e conforto geral, em breve ela iria embora por algum tempo. Iria visitar uma amiga, um ano mais velha que ela, e talvez vê-la entrar com todo esplendor na sociedade. E por mais que acreditasse que fosse longe, ela só estaria a vinte minutos do teatro do tio.

Se perguntava o que aconteceria. Sua imaginação fértil já a traiu diversas vezes, mas como poderia desistir de se sentir tão livre ao viajar com ela?

Desceu a escadas, observando a movimentação. “Como gostamos de festa, não é mesmo?”, pensou.

Mais uma vez, aquela seria uma noite divertida: teria jogos, dança e um belo banquete. Na verdade, pelo menos uma vez por mês, o tio fazia uma daquelas festas.

E assim, para Isla, uma verdade foi provada: o extremo nunca é bom. Não aguentava mais aquele tipo de coisa.

Havia se passado algumas semanas se conversar muito com os sócios do tio. E por mais que ainda encontrassem-se uma vez ou outra, Lowet não aparecia com muita frequência quanto antes. Na verdade, nem mesmo o Conde aparecia. Isla olhava para Iarth e a via esperá-lo todo santo dia. Quando vinha, até abria-se o tempo. Mas quando não…

Respirou fundo, depositando as mãos aveludadas sobre o tórax apertado com o espartilho e recoberto com o vestido pérola que portava.

Para sua infelicidade — ou felicidade, ela ainda não sabia por completo — estava chovendo. As altas janelas, decoradas com flores pelo lado de dentro, eram pintadas delicadamente pelas gotículas de chuva do lado de fora. Por mais que Isla não gostasse tanto assim de chuva, a vontade de sair daquele local era muito maior. Saiu do salão em que estava, deu a volta por trás da escada e seguiu em direção a uma porta simples, que daria em um corredor. Esse corredor, nem tão largo nem tão estreito era pálido, e chegava a lhe dar frio. Era óbvio o fato, até porque o corredor daria na cozinha.

Discretamente, ela abriu a porta vai-e-vem de madeira pintada de branco e entrou na cozinha também movimentada. Era tanta a correria que ninguém percebeu quando ela o fez, e seguiu rente a parede, a fim de chegar à outra porta — a que daria, enfim, à parte de trás do jardim.

A sensação foi estranha ao sentir as primeiras gotículas caindo pesadamente em si, mas essa deu lugar a uma outra, de liberdade e de respiração perfeita. Essa parte do jardim era mais escura, só havendo um poste de luz  alto e com luz amarelada. Era uma ótima antítese se comparasse ao espaço frontal, que era intensamente iluminado.

Caminhou até um banco, um dos únicos protegidos da chuva pelos grossos galhos da árvore atrás dele. Também escuro, se sentou e ficou ali sozinha, esperando a orquestra finalmente ser iniciada. Não demorou muito, na verdade. O que demorou foi ela tomar a atitude de se levantar e retornar para o espaço barulhento e abafado.

Entretanto, enquanto estava ali sozinha, a porta pela qual acessou o jardim foi mais uma vez aberta. O homem que saiu dela era, ao longe, apenas uma figura alta, e encorpada. Não demorou para perceber quem era.

Ela não o via há muito tempo. Sentiu isso naquele exato segundo.

O Conde procurava algo com os olhos e, ao encontrá-la, abriu um pequeno sorriso. Veio até o banco e sentou.

— Sabia que estão te procurando? É importante que toda a família esteja apoiando Eleonor. — Começou.

— Não tenho cabeça para apoiá-la. Na verdade, ela nem necessita disso. Não considera as atitudes dela boas em si, mas há algo que ela é realmente impecável: independência e o obstinação. Não há nada que a pare. E isso me inclui nesse nada. — Não dizia aquilo da boca para fora. Há muito vinha pensando nas maneiras das suas irmãs, e comparava com as suas próprias. Percebeu diversas coisas erradas em si, como quando desistia facilmente das coisas que desejava. E também começou a fazer a lista do que deveria mudar em si, por conta disso.

— Tem certeza que não quer participar disso agora? Não vai se arrepender? — A olhou nos olhos. Ela sentiu apoio, não como se ele tivesse dando-lhe um esporro. Se sentiu grata.

— Por que eu iria Conde? Isso está além do meu alcance. Só necessito, neste instante, respirar. Ficaria contente com tua companhia, todavia conheço alguém que iria querer muito mais. Entre, divirta-se. Já o seguirei. — Respirando fundo, ele se levantou hesitante e retornou para a festa, não se esquecendo de vira e, uma última vez, olhando-a suplicante, antes de sumir do seu campo visão de vez.

Nada mais importaria de qualquer forma. Ela entraria logo, dançaria um pouco, aproveitaria a comida e em breve, deitaria e dormiria. E em mais breve ainda iria embora.


Notas Finais


Bjkas. Vejo vocês em breve.


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