A noite em Karakura estaria bem calma, se não fosse por dois espadas a correrem como loucos aos gritos.
- Perdoa a Nell, Jowjow-kun!
- Nem no outro mundo te vou perdoar, prepara-te para a vingança!
- Jowjow-kun nunca te ensinaram que a vingança é uma coisa muito feia!? Ainda por mais com uma pobre menina indefesa!?
- E tu? Nunca te ensinaram que não se lança água enquanto os outros dormem!? Por tua culpa perdi a melhor parte do sonho! Logo no momento em que me tinha declarado a ti... – O espada amaldiçoara-se eternamente pela sua boca grande! Como ele tinha cometido um deslize daqueles!? Ele implorava aos céus que ela não tivesse ouvido… Mas suas esperanças desmoronaram quando ela parou de correr e virou-se completamente para ele com os olhos arregalados e a face vermelha. Maldição!
- Jowjow-kun ama Nell-chan?
- Claro que não! Quem raios amaria uma mulher sem sal como tu? – Mentira descaradamente. Nelliel era uma mulher atraente, a mais atraente que já vira na sua vida. E ele já vira ao todo como ela era bela. Experiência própria.
- Tu próprio o disseste Grimmjow! Até quando pensas ignorar os teus próprios sentimentos! Por uma vez na vida, deixa de ser cobarde! – Ele estava surpreso. Surpreso era eufemismo. Ela nunca o chamara pelo nome, sempre aquele apelido carinhoso. E isso doeu. Uma parte de si gostava disso. Além do mais, a Nelliel não estava a brincar nem tão pouco era mais um daqueles seus casos de melo dramas, típicos dela. Estava a falar a sério. Ele nunca viu isso nela. E ela estava brava. Oh se estava. Arrepiou-se. Mas desta vez de medo.
Nelliel aproximou-se dele. Estavam muito perto. Ele não se mexia e se tivesse um coração, neste momento estaria acelerado, a querer sair do peito. De certeza que ela ouviria a sua respiração alterada pelo nervosismo.
Ela continuava séria. Aproximou-se dele e beijou-o, não como os outros, que transmitiam desejo, luxuria, voracidade… Não. Este era calmo, transmitia algo a mais: amor.
- Por uma vez na vida, sê sincero contigo mesmo Grimmjow. E comigo… Será tão difícil para ti aceitar que eu amo-te. Que dói sempre que me tratas com indiferença ou que finges que não sentes nada por mim. Dói ter que fingir que não percebo isso… Espero que nunca sintas algo semelhante ao que eu sinto nesses momentos.
Culpa. Era o que neste momento o descrevia. Ele não gostava desse sentimento. Era doloroso. Os olhos dela o incriminavam, o reprovavam. A dor latejava no seu peito. E numa atitude desesperada ela agarrou os braços dela com uma força colossal, como se pedisse para o ajudar a suportar aquela dor, e aproximou os seus rostos.
- Queres que seja honesto? Muito bem vou sê-lo. Eu não sei o que sinto… Não sei se é essa droga de amor como tu lhe chamas. Só sei que isto está a enlouquecer-me. A toda a hora dou-me a pensar em ti, na nossa noite! Quero esquecer, mas não consigo. Odeio-me sentir fraco, impotente mas é isso que sinto quando tu estás ao meu lado… Não gosto quando te olham, dá-me vontade de matá-los a todos só por se atreveram a olhar para o que é meu. Detesto quando sofres, sempre que sofres eu acabo por sofrer. A tua dor é a minha. Sinto que estamos ligados de alguma forma… Não sei como nem porque mas não gosto de estar tão dependente de alguém mas acho que agora é tarde para voltar a atrás. Não sei o que é amor, só sei que não vivo mais sem ti, não me imagino sem ti. Pela primeira vez, estou a ser leal a uma mulher, aliás nunca fui leal a ninguém. Nunca me preocupei com ninguém. Espero que tenhas consciência disso, que nunca te esqueças do que eu te disse porque eu não vou repetir.
Ele abraçou-a com força. Tinha vergonha de encarar o seu rosto depois do que acabara de dizer.
Nelliel não cabia em si com tanta felicidade. Estava feliz. E muito. Amava-o, e ele correspondia! Podia correr e cantar a toda a gente as boas novas mas naquele só queria aproveitar o abraço cálido que ele lhe proporcionava. Queria aproveitar aquele momento ao máximo e conservá-lo na sua memória.
Quanto tempo estiveram naquela posição, não sabiam. Só repararam que estava tarde quando o sol começou a nascer. Assistiram o amanhecer, juntos, abraçados. E depois voltaram a caminhar para casa de mãos dadas.
Mas talvez ainda fosse muito cedo para contarem aos amigos.
Por enquanto seria um segredo. Um segredo só deles.
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