Mundo Real
Após a tempestade da noite passada, ninguém acreditava como a manhã podia estar tão bela. Ulquiorra e Orihime estavam acordados mas não tinham vontade de se levantar. Queriam continuar deitados, apreciando o abraço um do outro. Mas então...
- OEEEE, INOUEEE! Estás acordada? Abre a porta!
Mais uma vez os planos do quarto espada haviam ido por água abaixo. Ele não estava nem um pouco contente com isso. Agarrou-se ainda com mais força nela e não permitiu que a mesma se levantasse.
- Ignora onna. Finge que estás a dormir. Mais cedo ou mais tarde acabam por desistir.
- Ulqui-kun não sejas mau… Anda ver o que eles querem. – Orihime ria da birra de Ulquiorra. Este sentia uma vontade de matar o shinigami, e se não fosse por estar “bem disposto” já o teria feito.
- ULQUIORRA LARGA A INOUE! Deixa-a abrir a porta! Não penses que não sei que estão acordados! – Ichigo estava cada vez mais impaciente. Certo, podia ter aguardado um pouco mais e não ter ido à casa da amiga às sete horas da manhã, sem avisar! Mas este era um assunto de extrema importância.
Orihime estava corada da cabeça aos pés, e meio sem jeito foi vestir uma camisola de dormir. Enquanto o Ulquiorra levantava-se contrariado. Estava aborrecido pelo espetáculo do ruivo logo em plena madrugada. Vestiu umas calças quaisquer e dirigiu-se à entrada para abrir a porta. Quando abriu não se envergonhou por estar sem camisola. Era-lhe indeferente. Já não se podia dizer o mesmo de Rukia, que parecia um pimentão, ou Ichigo que estava muito envergonhado e nervoso ao saber que afinal eles estavam mesmo juntos. Ele tinha dito aquilo para irritar o espada e este abrir a porta, nunca pensou que fosse verdade. Mas era de esperar pela noite fria que esteve...
- ULQUIORRA! Por favor veste qualquer coisa!
- Qual o teu problema Kurosaki? Devias esperar algo do género, depois de seres intrometido. – Era claro o mau humor do moreno. Isso só deixava os outros dois mais encavacados do que já estavam. Não tinham intenção de interromper nada.
- Gomen Ulquiorra-san, não queríamos incomodar é só…- a Kuchiki tentou acalmar a fúria do espada mas não teve muito efeito, acabou por ser bruscamente interrompida.
- Então voltem para a vossa casa e deixem-nos em paz. –Ulquiorra fechou a porta na cara dos dois, que estavam incrédulos com a sua atitude. Ichigo ia começar a gritar de novo mas a porta foi novamente aberta.
Desta vez fora uma bela mulher ruiva que abrira a porta. Envergonhada e com um tímido sorriso.
- Ohayo! É sempre bom receber a vossa visita. Não liguem para o Ulqui-kun… Ele anda meio…. Digamos estressado, ultimamente. Vamos, entrem. - Ao passarem pela ruiva não deixaram de reparar nas leves manchas arroxeadas feitas recentemente no seu pescoço e o cabelo desarrumado. Coraram ainda mais se é que era possível.
Eles entraram na sala, onde Ulquiorra estava sentado no sofá com má cara. Eles por um momento arrepiaram-se de medo. Ulquiorra fuzilava o shinigami com o olhar por este ser uma vez mais inconveniente, por sua vez o ruivo fuzilava o espada pela atitude anterior de lhe fechar a porta enquanto falava. Ignorando-o.
Rukia e Orhime não sabiam o que fazer com aqueles dois. E logo Kuchiki lembrou-se do motivo de terem ido lá. Sorriu abertamente para Inoue e disse que tinha um pedido para lhe fazer a ela e ao Ulquiorra. Esta ficou curiosa com o pedido, o próprio espada ficou… Deixou de pretar atenção no shinigami e voltou a sua atenção para as duas mulheres.
- Eu e o Ichigo vamos casar e queremos que vocês sejam os padrinhos de casamento!
Orihime gritou de felicidade pelos amigos. Abraçou a amiga e prontamente respondeu.
- Claro que aceitamos! É uma honra!
Ulquiorra não tinha nada contra. Bem tinha até algo sim.
- Hime… Sabes o que isso quer dizer? – Os três olharam na sua direcção, preocupados que ele fosse dizer algo ofensivo- Serei eu a ter de estar ao lado do noivo e aguentar o shinigami no altar quando estiver louco pela demora da noiva. Terei de ouvir teorias doidas como ela o abandonou no altar. Esperemos bem que isso não aconteça, não há mais ninguém que ature o Kurosaki.
As duas mulheres desataram a rir, não conseguiam controlar as lágrimas e a dor de barriga de tanto gargalhar. Já Kurosaki tinha a mão fechada pronta para ir na direcção do espada, mas este foi mais rápido e esquivou-se.
Uma luta iria começar a formar-se se não fosse o som de um telemóvel começar a apitar. Hollow. E não era só um. Parecia um exército deles!
Todos saíram dos gigais, com a exceção de Ichigo que deixou o seu corpo no sofá de Inoue.
Era um ataque! Não se sabe o porquê ou quem era o responsável. O facto de o Rei de Hueco Mundo ter sumido uns dias também contribuíra para a situação actual.
Os hollows não eram muitos fortes, mas eram muitos! Sempre que se destruía um já estavam mais dez para atacar novamente. Era impossível combate-los a todos e salvar as pessoas ao mesmo tempo.
Ulquiorra defendia uma criança que estava inconsciente. Perdeu os sentidos quando um hollow a lançou contra um poste. Felizmente, o ferimento não era profundo e ela estaria bem assim que esta praga acabasse.
Contudo, Ulquiorra estava tão preocupado em defender-se a si e à criança humana no chão, que acabou por não detectar um hollow que o ia atacar. Quando o nota ele vê-se numa situação complicada: ele ou a criança humana.
Ele tinha um hollow que o iria atacar e tinha outro que atacaria a criança. Via-se encurralado. Apesar de tudo decidiu agir em defesa do menino. Não poderia ser egoísta a tal ponto de não salvar uma criança por proteção própria. Ela era a prioridade. Mesmo sabendo que o ataque era mortal não deixou-se abater pela dúvida e o instinto de auto protecção.
Orihime não estava muito longe e acabou por presenciar toda a situação. Terror. Ela revê todo o seu passado, e a angústia crescia e crescia.
Ela estava encurralada pelos hollows, eram demasiados para se esquivar e ir ajudá-lo. Não podia ser. Outra vez não.
Ulquiorra defende um dos golpes mas aquele que fora direcionado para si não era capaz. Não ia a tempo de defender ou escapar. Fechou os olhos esperando a sua hora. Ouvia na perfeição os gritos desesperados da sua hime, o desespero na sua voz, e sentiu-se mal por ser o culpado do seu sofrimento.
Sangue escorria no seu rosto pálido. Mas não sentia nenhuma dor. Com essa dúvida na cabeça abriu os olhos e chocou-se com o que viu. Kurosaki Ichigo levou o golpe por ele!
O ruivo cuspia sangue, sentia uma dor agoniante no estômago. A sua visão começou a ficar turva mas ainda conseguiu ver o quarto espada derrotar o inimigo e os restantes hollows desaparecerem.
Caiu de rastos no chão. Respirar era cada vez mais difícil… A respiração estava a começar a falhar e sentia o seu coração a bater cada vez mais devagar.
Reparou na Rukia a chegar-se ao pé dele. Estava a chorar. Via o medo nos seus olhos. Estava feliz por ela preocupar-se com ele.
- Não te atrevas a morrer imbecil, nem no outro mundo irias arranjar paz para a tua alma!
Ele com as suas últimas forças sorriu para ela, e então tudo ficou escuro.
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