Hueco Mundo, Las Noches
Entediante. Era a palavra que descrevia os seus dias.
Após a morte da mulher, Ichigo Kurasaki desistiu de derrotar Ulquiorra e retomou ao seu mundo destroçado. Mas este ainda tinha de derrotar o causador de toda aquela situação: Aizen Sousuke. De facto, o substituto de shinigami conseguiu vencer o traidor da Soul Society e a paz voltou a reinar na cidade de Karakura.
Ulquiorra tornara-se o Rei de Hueco Mundo. Uma vez que todos os outros espadas foram derrotados no Mundo Humano na derradeira batalha. Retirando o quarto espada, houve somente mais três sobreviventes: Nelliel Tu Odelschwanck (ex tericeira espada), Grimmjow Jaegerjaquez (sexto espada) e Szayel Aporro (oitavo espada).
Nelliel continuou a ser a espada despistada e brincalhona de sempre. Grimmjow é o mesmo cabeça dura e impulsivo mas estava diferente… E essa diferença devia-se a uma mulher bela de cabelos esverdeados e olhos da cor do mel. Apesar de ele negar isso até às suas últimas forças e ela continua a rir com a sua teimosia. Afinal, só não via quem não queria.
Quanto a Aporro, esse continua a ser um cientista louco mas menos sádico. Parece que a guerra tornou os espadas mais unidos e familiarizados. Uma família...
Um único que parecia abalado era o Rei. Nada para ele fazia sentido. Antes ele pensava que a felicidade encontrava-se no vazio. Não tinha nada a perder. Mas a realidade é que mesmo não tendo nada a perder, acabou por perder a única coisa que tinha, e não havia um único minuto que ele não se martiriza-se por isso.
Estava mais frio e distante, quase aéreo. Algo a estranhar no espada que outrora sempre fora alerta. Todos observavam como o espada se afundava na sua própria escuridão mas ninguém comentava nada. Ninguém ousava tocar no nome dela. Temiam que o seu sofrimento aumentasse ainda mais.
Por vezes, o próprio espada perdia a compostura e agarrava-se com força no peito como se isso acalmasse a dor latente. Não chorava. Sofria em silêncio. E isso era o pior. Morria cada dia que passava. Irónico não? Estava morto mas sentia-se morrer. O que aquela mulher fez com ele?
Era isto o amor? O melhor de todas as sensações humanas? Custava-lhe muito em acreditar nisso… Como era possível então toda aquela dor? Pensara em suicídio e acabar com tudo de uma vez. Mas não fora capaz. O sacrifício dela teria sido em vão. Não era capaz de fazer isso com ela. Mesmo que agora não passasse de uma memória. Uma bela memória e nada mais.
Era isso que mais atormentava Ulquiorra. Saber que nos momentos que lhe dirigia palavras cruéis, que a fazia sofrer… ele poderia ter-se entregado a ela. Não fisicamente… Mas sentimentalmente. Também não vamos esquecer que Ulquiorra é um espada frio e que não demonstrava as suas emoções, ele não iria agir como um jovem apaixonado. Mas amaria do seu jeito, meio desajeitado sim, mas que fora o suficiente para tocar no coração da pobre humana.
Olhava para a lua, aquela que testemunhou tantas das suas conversas com a humana, as suas lágrimas e as suas orações pelo bem-estar de seus companheiros. Queria remediar os seus erros, não ter sido tão duro… Será que isso modificaria a situação actual?
Mas assim como tinha estes seus momentos de fantasia logo a dura realidade caía-lhe em cima. Não havia volta atrás. Ela estava morta, por sua culpa. E ele nada poderia fazer para mudar isso.
Ulquiorra continuou a andar pelas Las Noches quando sentiu uma leve brisa tocar-lhe no rosto e desajeitar seus cabelos.
- Ulquiorra… Espera por mim, eu já não vou demorar muito. Logo, logo estarei ao teu lado.
Não conseguia descrever o que sentiu naquele momento mas uma tranquilidade preencheu todo o seu ser… Esperança. Não sabia de onde vinha. Mas confiava que os seus dias iriam mudar.
Só teria de ter um pouco mais de paciência, e esperar.
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