1. Spirit Fanfics >
  2. Our Sin (EM PAUSA) >
  3. Inspiration.

História Our Sin (EM PAUSA) - Inspiration.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Fui rápida com o capítulo anterior, mas demorei um bocadinho com esse, não é mesmo? Não me odeiem!
Adorei todas as reações com o último capítulo postado. Pensei que não fosse surpreender muitas de vocês, mas enganei-me, e isso é ótimo. Me sinto satisfeita por tê-las surpreendido, de verdade.
E ainda ao som de 'Dusk Till Dawn' (UM MUSICÃO E UM CLIPE DESSES, BICHO! O MENINO MALIK NÃO ESTÁ PARA BRINCADEIRAS, ESSE MOMENTO É MEU), aqui está o bônus que prometi com o ponto de vista do Danger. Aqui temos um começo do seu passado, e um pedaço necessário do seu presente para o seu futuro. As coisas irão começar a esquentar. E espero que gostem de conhecer um pouquinho do nosso motoqueiro. E também, que gostem do capítulo.
Boa leitura. MWAH!

➡ O início, em itálico, é um Flashback. Uma vaga lembrança do Danger em seu passado, quando tudo mudou em sua vida.
➡ Capítulo sem uma revisão mais profunda, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 9 - Inspiration.


Fanfic / Fanfiction Our Sin (EM PAUSA) - Inspiration.

Bônus

D A N G E R

O seu sorriso me fazia esquecer de todas as merdas que tive que lidar durante o dia.

Não importava qual a situação, se a visse sorrir, estava rendido aos seus encantos. Seduzido por seu jeito calmo, permitia-me fechar os olhos enquanto a escutava cantarolar, baixinho, quase como se fosse um segredo. Era assim que me dizia suas juras de amor cantadas. Era assim que fazíamos planos para o nosso futuro. Sem explanar ou compartilhar. Ainda que tivesse vontade de contar aos quatro cantos o quão sortudo era por ter ao meu lado a garota que se divertia, vestida em uma das minhas camisas, sentada na beira da bancada, assistindo-me cortar legumes para terminar de preparar o nosso jantar.

No momento em que a campainha toca, franzo o cenho, e cesso os cortes sobre a tábua. Passavam-se das dez da noite e o porteiro nunca permitia que alguém subisse sem antes avisar. Os vizinhos mal tinham contato comigo, e nenhuma entrega devia ser feita. Soltando a faca no mármore da pia, alcanço o pano de prato e seco minhas mãos, virando-me para a loira que tinha o semblante sereno, enquanto fazia menção de saltar para baixo.

— Fique aqui. — peço-lhe, olhando no fundo de seus olhos pigmentados por um tom escuro de verde que, vez ou outra, tornavam-se caramelos.

Não titubeia apenas assente e roça os lábios nos meus, afastando-se ao ouvir a segunda tentativa da pessoa insistente do lado de fora.

Dando passos para o lado, guio-me para fora da cozinha, fechando os punhos.

Vacilo antes de puxar a tranca e destravar a única proteção que separava-nos de quem quer que estivesse do outro lado da porta.

Paro.

Inspiro.

Jurei sempre enfrentar meus problemas sem abaixar a cabeça. Fugir nunca era uma opção.

Respiro.

Giro a maçaneta e puxo a madeira que range em sua abertura vagarosa. Minha visão escurece em uma vertigem violenta que me atinge, do mesmo modo em que meu corpo reage instintivamente quando faço força no intuito de fechá-la ao mesmo tempo em que consigo reagir. Contudo, mãos pesadas são mais rápidas e a empurra, junto ao meu corpo que cambaleia para dentro do apartamento.

Encontro sustento depressa, endireitando os ombros e estreitando os olhos como um animal pronto para o ataque. Erguendo o queixo quadrado e cheio por uma barba falha, devido as várias cicatrizes que se espalhavam por pescoço e escorregava até o fim de sua coluna, olha para os lados e suas narinas expandem. Focando os olhos azuis sem brilho em mim, balança as mãos carregadas de anéis de ouro e prata, e escova os fios do seu cabelo longo.

— O que diabos faz aqui? – questiono em um rosnado.

— Você sabe o que. —  umedece os lábios. — Chega dessa brincadeira de gato e rato. Está na hora de aceitar sua realidade.

— A minha realidade é essa. — meus olhos piscam pela raiva que transborda e atinge todo o meu sistema nervoso. —  E ela está prestes a mudar se não mover essas suas botas imundas para fora do meu apartamento.

Sorrindo de escárnio, Mont abaixa o olhar para as botas escuras e cobertas por lama seca que cobria seus pés, e volta a me olhar.

— Se essas botas pudessem falar, iriam listar quantos traseiros atrevidos já chutei em todos esses anos. —  tranquilamente, ajeita o seu colete, fazendo suas correntes e pulseiras tintilarem, ecoando pelo ambiente que parecia pequeno demais para nós dois. — Acredite ou não, vim em missão de paz. Tudo o que precisa fazer é me acompanhar. Sua carona está pronta, esperando por você na traseira de uma picape. Ficará impressionado ao vê-la.

— Eu não quero nada além de sossego. Saia da minha casa, Gary.

— Há muito tempo não me chamava assim. —  ergue a sobrancelha esquerda, com falhas pelas quatro argolas de piercings que seguiam por uma linha imaginária que ele mesmo criou. — É algo bom de ouvir.

— Saia da minha maldita casa! — perco o controle, e elevo minha voz ao mesmo tempo em que dou um passo para frente.

Meu oponente não recua.

— Não sem você. —  a calma de Gary Mont sempre me tirava do sério. Sua frieza era tanta que se alguém dissesse que ele era livre de emoções, não duvidaria. — Tenho ordens explícitas para não retornar sem que esteja me acompanhando.

— Se não sair por bem, saíra por mal...

Esse é o meu limite. Alheio ao raciocínio avanço sobre Mont que, era alguns centímetros mais alto que eu e muitos quilos mais pesado também. Mas não me importo. Estava pronto para usar contra ele tudo o que começou a ensinar a um garoto de apenas seis anos, alegando ser necessário para a sobrevivência no mundo real.

Porém, antes que pudesse disparar socos que o fizessem beijar o piso, a voz angelical da minha garota faz-me cessar os movimentos, assim como ele que deixa os braços caírem, distanciando-me com mais um empurrão em menos de dez minutos.

— Zayn? — o receio em sua voz podia partir-me ao meio, pois sabia que ela estava com medo.

— Eu pedi para esperar na cozinha, Auburn. —  não sou capaz e olhá-la, mantendo-me de costas.

Não queria que ela me enxerga-se como um monstro.

Não queria que ela conhecesse a minha realidade.

— Mas...

— Vá para o quarto... Agora! — eu grito.

Não preciso olhá-la para saber que seus olhos arregalaram e brilharam com lágrimas de desapontamento.

Não preciso olhá-la para saber que a magoei.

E eu me detestava por cada vez que a fazia sofrer.

Seus passos leves desaparecem rapidamente, e soltando minha respiração, relaxo os ombros e cubro o rosto com as mãos, esfregando-o com força.

— Ela é a sua fraqueza. — não era uma pergunta. — E é por isso que precisa assumir o que lhe pertence.

— Se sabe que ela é importante para mim e me afeta, porque acha que irei abrir mão dela por tão pouco? — não ouso olhá-lo, apenas massageio as têmporas com as pontas dos polegares.

 — Porque foi o que seu pai fez por sua mãe.

Ergo a cabeça, e olho-o incrédulo.

— Aquele desgraçado a matou!

— Victor a protegeu o quanto foi possível. Não faz ideia do que ele moveu e burlou para salvá-la... Ainda mais, quando estava esperando você.

— E porque ela foi morta, porra? — esbravejo, e trinco os dentes com extrema força. — Tudo o que ele precisava fazer era deixá-la em paz ou simplesmente aberto mão de toda essa merda por ela, se a amava de verdade. Mas aquele fodido nunca amou ninguém e nada além daquele clube estúpido!

Mont faz uma breve pausa irritantemente silenciosa.

— Seu pai fez o que tinha que fazer pelo legado da sua família. Mas, manteve-se nisso por amar a sua mãe, e porque ela o apoiou. — empurra as palavras como se jogasse ácido em meu rosto. — Se essa garota amá-lo irá aceitar e apoiá-lo também. Certas escolhas precisam ser feitas para proteger quem amamos, Zayn. O sangue que corre em suas veias vem dos caras mais temidos que já passaram pelos clubes dessa cidade. Vocês têm história de serem invencíveis, e isso não se deve apenas pelas marcas que foram deixadas nas pistas pelos pneus das motos, e sim por terem honrado o sobrenome que carregam. Seu avô morreu com honra e em paz. Seu pai assumiu tudo, mas está na hora de preparar você para continuar o seu caminho.

— Faria qualquer coisa para me livrar desse sangue e legado idiotas!

— Então, faça. — aperta o maxilar sob sua barba. — Fuja como o covarde que vem sendo. Negue a si mesmo a que mundo pertence. Continue brincando de casinha com a garota que irá acabar em uma vala por um erro seu. Por um ato amedrontado seu!

— Nada, jamais, irá ferir Auburn. — brando em tom sério. — Não repetirei os erros do meu pai que cavou a cova da minha mãe com as próprias mãos.

— Se deseja protegê-la, não seja estúpido. Venha comigo e torne-se poderoso para defendê-la e dar-lhe uma vida digna. — ele ri e olha ao redor. — Essa garota rica merece mais que viver nesse apartamento alugado no subúrbio. Ela merece luxo e tranquilidade. Deixá-la exposta aos perigos dessa cidade que ainda não o conhece, isso sim é um erro. Já que a ama tanto, faça o correto, por ela. Faça o seu próprio destino.

Retraio-me por uma fração de segundos.

Por ela, eu faria qualquer coisa.

Por ela, eu iria até o inferno e me tornaria um cavaleiro.

Por ela, eu daria tudo.

E, para ela, eu sempre voltaria.

O que eu não sabia, era que no momento em que passasse por aquela porta, estava traçando o nosso caminho por linhas tortas e perigosas.

Não sabia que estava traçando o nosso caótico destino.

 

Meus olhos estreitam ao observar as duas cabeleiras escuras no cômodo a apenas alguns passos de distância. Não se ouvia som algum, somente duas garotas sentadas em um sofá de tamanho mediano, com as cabeças baixas e olhares fixos em qualquer coisa que não fossem os olhos uma da outra.

Elas pareciam tão iguais.

E isso era assustador.

— Como estão as coisas no clube? — Dulce pergunta, atraindo minha atenção. Seu corpo pequeno estava de costas para mim, enquanto ela cuidava da sua chaleira no fogão.

Ergo as sobrancelhas e giro o isqueiro entre meus dedos, tendo o cotovelo direito apoiando na beira do mármore do balcão.

— Quer mesmo saber?

Soltando uma risada baixa, ela balança a cabeça de forma negativa.

— Na verdade, não. Mas preciso me assegurar de que não está se metendo em enrascadas, filho. — solenemente, vira-se para mim e lança-me um de seus inúmeros olhares preocupados. — O que faz é perigoso. E não lhe peço detalhes, apenas quero saber por que a quantidade de rapazes espalhados pela rua, varanda e jardim da minha casa estão duplicando.

Suspiro e desvio o olhar.

Odiava a maneira que ela me olhava. Não existiam julgamentos ou medo, somente preocupação.

— Estou resolvendo tudo. — aperto o maxilar. — Todos os homens que mando para cá, são de confiança. Eles não deixarão nada passar por eles.

— Acredito em você. — movendo-se até a pia, carrega a chaleira e despeja a água fervente em três canecas. — Mas não somos somente nós duas que precisamos de cuidado.

— Não se preocupe comigo.

— Tudo bem. — percebendo que não arrancaria muito mais de mim, decide mudar de assunto. — Estou feliz que trouxe alguém com você.

Franzo o cenho, e encontro o olhar inquiridor brilhando nos esverdeados olhos arredondados de Dulce.

— Porque está me olhando assim?

— Não é nada. — dá de ombros, mas, antes de voltar a ficar de costas, flagro o vislumbre um pequeno sorriso erguendo seus lábios finos.

— Não. Pare já com isso. — aponto um de meus indicadores em sua direção, ainda que ela se mantivesse de costas, não podendo ver o meu ato. — Sei o que está pensando, e não faz sentido algum. A morena só parece estar ligada a problemas, desde que a conheci, e para não deixá-la se matar ou ser morta, a trouxe comigo. Isso é tudo.

— Eu não disse, e nem mesmo pensei que pudesse ser algo maior que isso. — tornando a virar-se, carregando em suas mãos duas canecas, depositando uma em minha frente. — Só vejo que conseguiu um apelido para ela, e que ela está conquistando facilmente a atenção da sua filha.

Seguindo o olhar que passa por cima dos meus ombros, meus lábios secam com a cena das duas garotas inocentes na mesma medida, sorrindo uma para outra, enquanto o saco de pulgas parecia fazer alguma travessura no tapete que cobria parte do piso da sala de Dulce.

— Mas que por...

— Olha a boca!

Repreendido pela mulher que apanha a outra caneca e caminha até a sala, umedeço os lábios e assisto-a entregar para Faith o chá que, sorrindo de maneira mais estupidamente envergonhada e doce, recebe com vigor e fecha os olhos ao sentir o aroma do chá.

Doce.

Não fazia ideia de quando essa palavra havia entrado em meu vocabulário para definir algo que não fosse algum tipo de sabor, ou os lábios doces do clube.

Eu não precisava de chá, e sim de um pouco de álcool.

Saltando do banco no qual havia me sentado, faço um breve caminho até sair pela porta da cozinha, batendo-a atrás de mim. O frescor da noite atinge-me rapidamente e, tateando os bolsos do meu jeans, retiro o meu maço de cigarros que se encontrava no fim, e confirmo ser o que me faltava para completar meu dia de merda.

Com o penúltimo filtro entre meus lábios, risco a pedra do isqueiro com o polegar direito e, com a mão livre, protejo a ponta das rajadas de vento, conseguindo tragar a fumaça assim que o acendo. Soltando a breve névoa acinzentada para cima, observo a parte externa do gramado dos fundos da pequena casa. Não havia muito além de um jardim bem cultivado, com muitas cores espalhadas entre pétalas de flores e objetos de decoração. Os muros que cercavam as redondezas eram baixos, e já havia questionado isso com Dulce que me deu certeza de ser tão seguro quanto as proteções de uma prisão de segurança máxima. Havia árvores de todos os tamanhos, também. Algumas tinham frutos, outras eram apenas cheias de folhas verdes e galhos baixos.

O terreno livre era pequeno, e não daria para colocar mais que alguns brinquedos para uma criança que não podia sair de casa. Nunca fui pai antes, mas ouvi conselhos dados por Spider em uma de nossas varreduras em um galpão do clube de R.I.P, enquanto pegávamos de volta o que roubou da minha propriedade em uma de suas tentativas de tirar-me do topo. Não era hora de receber sermões, ainda mais vindo de um cara de um metro e oitenta e dois que não sabia nem como olhar para uma criança sem fazê-la chorar, mas escutei-o dizer que eu precisava ao menos dar a minha filha um espaço somente dela para que assim, pudesse se sentir menos sozinha. Sua sugestão, depois de ouvir um questionamento da menina para Dulce, um balanço seria uma boa opção, para começar.

Eu só não fazia ideia de como, realmente, começar com isso.

Não escolhi ser pai. Se pudesse ter escolhido, não tenho certeza se teria seguido pela opção de não tentar. Perder Auburn foi minha ruína. Nunca havia me sentido tão vazio em toda a minha vida. Como se o chão tivesse se aberto embaixo dos meus pés, pensei em desistir de tudo, porque sem ela não achava ser possível continuar vivendo. No entanto, lembrava-me bem de seus ultimas palavras, em meio aos últimos suspiros de dor, fazendo-me prometer que a nossa criança seria feliz e que eu iria protegê-la. E quando seus olhos se fecharam, finalmente, consegui lhe responder.

Eu faria tudo por ela. Pelo nosso destino.

No começo não foi fácil, pois não fazia ideia de como cuidar de uma criança. Sempre que a via, sentia raiva e medo. Seus olhos tão pequeno e da mesma cor que os de sua mãe, sempre que me olhavam com curiosidade me fazia querer chorar e ao mesmo tempo fugir. Mas, foi quando ela sorriu para mim quando a peguei em meus braços, enrolada em um manto junto a minha jaqueta, percebi que ela era a minha maior razão para continuar lutando contra tudo e todos que ousasse se colocar em nosso caminho. Ela era a minha força, minha coragem. E eu seria o seu herói ao invés de vilão.

E foi ela que regastou a minha humanidade quando pensei ter sido levada junto ao corpo da primeira mulher que amei, não podendo dizer ser a única, pois existia a sua miniatura amo com todo o meu coração. Com todo o lado bom que me restou. Quanto ao lado ruim, une-se a luz apenas para vingar aquela me foi levada, e para proteger quem me restou.

— Quando vai abandonar esse vício? — a voz de Dulce embaça meus pensamentos. — Isso não é nem um pouco saudável. Devia estar bebendo o chá.

— Ao menos não estou ingerindo álcool. — resmungo e jogo o toco do cigarro no gramado, esmagando-o com o solado da minha bota. — E quanto ao seu delicioso chá de sabe-se lá o que, irei passar. Não leve para o lado pessoal.

Giro os calcanhares para olhá-la na soleira da porta, com os braços cruzados.

— Você é tão teimoso. — suspira, cansada. — Vão passar a noite aqui? Acho que a moça bonita está cansada.

— Eu não sei. — começo a caminhar, e esfrego a mão direita em minha nuca. — Como disse, não é como se fossemos amigos ou algo assim. Salvei-a de um problema, e cometi a besteira de trazê-la para visitar o saco de pulgas que colocou sob meus cuidados.

— Sei de todas as suas objeções, mas se a trouxe consigo, deixa-a ao menos descansar. — sua voz serena e expressão sábia poderia convencer qualquer pessoa a fazer o que desejasse. — A professora de Tiny chega às nove.  Seria bom para ela ter sua companhia no café da manhã.

Paro em sua frente, no último degrau.

— Se Faith quiser, nós ficamos.

Dulce sorri, e antes que eu questione o seu maldito sorriso cheio de intenções, ela vira-se e volta para dentro da cozinha.

— Tenho apenas dois quartos na casa, e um está ocupado por mim e outro pela menina. Mas posso ceder meu quarto e...

— Não. Podemos nos ajeitar na sala. — Dulce ergue as sobrancelhas com fios grisalhos, assim como o seu cabelo. — Ela fica com o sofá e eu com a poltrona.

— Não precisa se explicar para mim. — eu não estava gostando nem um pouco do sorriso que não deixou sua face cheia de marcas expressivas. — Então, irei pegar algumas roupas de cama e travesseiros.

Deixando-me sozinho e seguindo para a lavanderia, retorno para a sala e fico estático ainda na entrada. Faith estava sentada, enquanto Destiny brincava em sua frente com o pulguento em seu colo, e em uma de suas pequenas mão havia uma dobradura que se assemelhava a uma flor.

— Olha, papai... — piscando, presto atenção em sua voz suave. — Faith fez uma flor para mim.

O sorriso que abre é genuíno e tão raro que sinto uma estranha sensação se alojar em meu peito.

— É linda, garotinha. — desvio o olhar rapidamente, procurando pelo rosto da morena que me espiava pela cortina escura que se formou em seu rosto, sendo para ela um golpe de sorte, e um tremendo azar para mim. Odiava quando se escondia. — Mas despeça-se, pois está na hora de ir se deitar.

— Ainda não. Ela ia me ensinar a fazer igual a essa...

— Não hoje. — meu tom é sério. — Está tarde, e tem aula amanhã.

— Você pode voltar outro dia para me ensinar? — seus grandes olhos encaram a morena, e logo voltam para mim. — Ela pode, papai?

Não.

Ela não podia.

— Faith tem coisas para fazer, Destiny. Não acho que ela irá querer voltar para ajudá-la com isso.

— Oh... — seu olhar é tão triste que um chute em meu estômago teria me incomodado menos.

— Posso ensiná-la, sim. — seu tom vibra com incerteza, mas ela continua. — Quando o seu pai quiser, virei até aqui para ensiná-la.

Ela referiu a mim como pai de Destiny.

Isso assustava o inferno para fora de mim.

— Papai... — o olhar da menina causa-me arrepios.

A pequena pirralha tinha o poder de convencer a todos apenas com suas orbes brilhantes e nariz empinado. Seu sorriso, então, esse era o limite do mais terrível ser humano. As covinhas em suas bochechas eram o fim.

Eu sabia bem disso.

A morena apenas não devia dar-lhe esperanças. Porque esperanças geram decepções, e não sei se sou capaz de lidar com isso vindo da criança que me tem em mãos.

Balanço os ombros.

— Tanto faz. — seu sorriso se torna mais largo e as palmas que bate ao mexer-se no sofá, faz com o seu amigo canino agite-se também. — Agora se despeça. Está na hora de ir se deitar e Faith também precisa dormir.

Enrugando os lábios, ela afasta as almofadas e lança suas pernas curtas e magras para baixo, calçando seus chinelos lilás, era sua cor preferida. Assim como era a da sua mãe.

Jogando os fios do seu cabelo escuro para trás, segura firme a flor que recebeu da sua nova amiga e, mantendo alguns passos de distância, acena para ela, e Faith faz o mesmo, levando para trás de suas orelhas mechas grossas dos fios tão escuros quanto os da menina que caminhava até mim. Abaixo-me em sua frente, e ignoro o pulguento ao seu lado, acompanhando-a como uma sombra. Com as costas dos dedos da mão esquerda, acaricio sua pele macia.

— Troque-se e escove os dentes, uh? — assente. Cesso o afago e belisco seu queixo bem desenhado. — Irei subir quando estiver pronta.

— Vai dormir aqui? — bate seus longos cílios.

— Sim, garotinha. — beijo a ponta de seu nariz. — Agora vá. E deixe esse saco de pulgas longe da sua cama.

— O nome dele é Lassie. — cantarola, enquanto corre até os degraus e sobe-os de forma travessa, sendo acompanhada pelo cachorro que parecia fiel a ela, em apenas alguns dias de convivência.

Esse era o efeito de Destiny.

— Ele parece estar feliz. — a voz de Faith é baixa. — E ganhou até mesmo um nome.

— Não irei deixá-la se apegar a ele, pois não a pertence. — viro-me para olhá-la. — Trouxe apenas por não aguentar mais tê-lo em meu sofá.

— Acredito que esse seja o lugar que ele queira ficar. — olha-me e umedece os lábios, não fazendo ideia de como parecia ainda mais inocente assim. — Acho que Lassie sente-se em casa. E sua filha é uma criança adorável, será a dona ideal. Eu não teria escolhido melhor.

O nível de estranheza dessa conversa estava em outro patamar.

E eu não gostava do rumo que isso poderia levar.

— Se importa de passar a noite aqui? — mudo de assunto. — Dulce percebeu que está cansada, e se não tiver nada importante demais para fazer, pode ficar. Não há um quarto, mas esse sofá é bastante confortável.

A morena cora.

Ela malditamente assume um rubor muito notável em sua pele pálida.

— Eu... — limpa a garganta. Se existia níveis e subníveis de vergonha, ela estava criando outro para si mesma. — Preciso saber de Camile.

— Vou pedir a um dos caras para procurar saber sobre ela. — retiro o celular do bolso interno do meu colete. — Mas tenho certeza de que está bem. Não é como se fosse acontecer uma chacina.

Sua expressão parece congelar.

Ela estava assustada com minha fala. E aquilo não era nem mesmo um terço do que eu falava para os caras.

Era medo.

Isso era bom, de qualquer maneira. Ela tinha mesmo que ter medo de mim e de quem eu era, do que fazia e de como poderia arruinar a sua vida em um piscar de olhos.

No entanto, não compreendo a culpa que sinto por deixá-la assim.

— Falo sério, morena. — digito uma rápida mensagem a um dos meus homens de mais confiança e volto a olhá-la. — Não fazemos mal a inocentes.

— Não pensei que fizessem. — defende-se depressa, abaixando a cabeça.

Ela era uma péssima mentirosa.

— Mesmo? — ergo as sobrancelhas e esboço um sorriso de escárnio, afetado. — Não há problemas em pensar algo assim. Você não seria a primeira.

Ela não responde.

Isso me incomoda também.

Porra!

Eu devia ter bebido um pouco mais que apenas duas garrafas de cerveja antes de deixar o clube. Minha mente estava liberta demais, se tornando a própria oficina do Diabo.

— Deseja tomar banho antes de se deitar? — me olha de canto, quase não consigo ver o seu rosto, pois seu cabelo estava na frente. — Posso te emprestar roupas para dormir.

Tinha certeza que estava corando.

E eu queria estar tendo a visão disso.

Foda-se!

Ajeitando a sua saia, coloca-se de pé e, relutante, contorna o sofá e passa por alguns vasos das plantas de Dulce. Era estranho vê-la naquelas roupas justas, pois em todos os nossos acidentais encontros, ela estava com suéteres e saias longas. Jamais havia me deparado com uma garota como ela que, mesmo sem fazer qualquer esforço, exalava inocência. Mas ela era tão fodidamente bonita que continuaria sendo mesmo vestido um saco plástico.

Que diabos?!

Desvio o olhar e subo os degrau da escada, podendo ouvir seus passos receosos atrás de mim. No andar de cima, olho para os dois lados do breve corredor, seguindo em direção ao banheiro. De frente para a porta, empurro-a e dou passagem para que o corpo pequeno pudesse entrar no cômodo.

Ficamos em silêncio.

Por alguns segundos.

Talvez um minuto e meio. Ou mais.

Por algum motivo, eu ainda estava parado, encostado em um dos batentes.

E ela, de costas para mim, sem mover um músculo, mas eu ouvia sua respiração desregulada.

— Vou deixá-la se lavar. — anuncio e bato a porta atrás de mim.

Respiro fundo.

Solto todo o ar que nem mesmo fazia ideia estar segurando por tanto tempo.

Ela estava causando algum tipo pane no meu cérebro.

E eu precisava de mais um maço de cigarros.

Caminho pelo corredor que tinha duas portas, uma de frente para outra, e conhecendo bem a casa em que instalei minha filha, só preciso esbarrar os dedos na madeira que estava apenas encostada, encontrando a menina de seis anos sentada na beira da cama. Suas mãos estavam juntas, palma com palma, enquanto sussurrava de olhos fechados. Destiny estava rezando, como fazia todas as noites seguindo os ensinamentos de Dulce que, por toda a sua casa, tinha crucifixos por suas paredes, mostrando a todos que era uma pessoa muito religiosa.

— Amém! — sua voz aumenta, e ela sinaliza um crucifixo em si mesma, erguendo a cabeça e olhando para mim, ainda parado do lado de fora. — Onde está Faith?

— No banho. — informo. — Escovou os dentes?

— Sim... — seu sorriso forçado serve para mostrar-me que estão um pouco mais brancos. — Vai me colocar para dormir?

— É para isso que estou aqui. — permito-me sorrir, brevemente. — Irei apenas apanhar algumas roupas para a more... Para Faith. Pode ir se deitando até eu voltar?

— Tudo bem. — boceja e ajeita-se como pode na cama macia.

Sabendo que, com sua independência exagerada, estaria pronta depressa e iria esperar por mim, apresso-me para chegar a lavanderia. Puxo do varal a minha camisa e calção de dormir que deixei para trás na última vez que dormi no sofá que iria ceder para a morena. Dulce lavou-os e guardou-os bem, e eu sabia que teria que dar uma explicação se visse a garota em minhas roupas.

Que se foda!

Retornando para o andar de cima, encosto o ouvido esquerdo na madeira grossa da porta do banheiro e consigo ouvir, de forma abafada, o som da água caindo. Solto as peças em cima do tapete de entrada e me afasto.

De volta ao quarto lilás e rodeado por brinquedos, bonecas e muitos papéis e lápis coloridos espalhados por todos os cantos, sinto a presença e cheiro da minha filha por todo o ambiente. Reformar o quarto de hóspedes da casa não foi tão trabalhoso quanto escolher os móveis para decorá-lo. Dulce me deu a liberdade para tornar o ambiente, antes sem cor, no mais divertido e acolhedor possível para que Destiny se sentisse em sua verdadeira casa. Não consegui desenvolver nada sozinho, na verdade, estava na beira de um colapso, quando Betsy me ajudou com praticamente tudo. Sendo a Old Lady de Knox, antigo membro ainda vivo da época em que meu pai assumiu o clube, e pais de Spider e Maximus, foram os responsáveis por não me deixar enlouquecer.

Não contenho o sorriso ao ver que minha garotinha já estava dormindo. Parecia tão cansada que sequer conseguiu esperar para ouvir uma história e ela amava ouvi-las. Eu não era capaz de inventá-las ou ter paciência o bastante para folhear algum de seus livros que terminavam com um ‘’e viveram felizes para sempre’’, mas tinha muito para lhe dizer sobre o clube e o que vivi em todos os anos que cresci na sombra dos Knights Of Hell. Ela jamais saberia de tudo e nem mesmo precisava disso. E mesmo que houvesse as partes feias da minha vida, existiam também as lembranças nostálgicas e bonitas do tempo em que vivi com sua mãe.

— Que seu sono seja tranquilo, minha menina. — murmuro, ajoelhado em sua frente, admirando-a como gostava de fazer em todas as noites que deixava o clube e lhe fazia uma visita.

Ao me levantar, me certifico de trancar a janela e puxo as cortinas, não deixando-as completamente fechadas, mas com abertura suficiente para que quando o dia amanhecesse, ao abrir os olhos, sua primeira visão fosse a de que o sol já tinha aparecido.

Próximo aos meus pés o choro de Lassie chama minha atenção e enquanto ajeito o cobertor para cobri-la até os ombros, olho para baixo, e aponto um dedo indicador em direção ao seu focinho molhado.

— Cuide dela, pulguento. — ele parece bocejar. — Sua pata já está boa e você foi bastante mimado. Não seja preguiçoso ou juro que irei chutá-lo até que se torne um cão feroz.

Caminho para trás, sem desgrudar os olhos da figura angelical que, sempre me fazia lembrar sua mãe. Elas tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes.

— Ela é linda.

Sobressalto e viro-me depressa, arfando ao observar o corpo pequeno e magro da morena que parecia ainda menor e mais inofensiva sob minha camisa que lhe servia como um vestido. Os fios de seu cabelo estavam molhados e jogados para o lado esquerdo de seu ombro, sua pele parecia um pouco mais pálida, e ainda mais naturalmente inocente que antes. Não havia resquício de maquiagem ou de qualquer tipo de pintura que pudesse torná-la como as outras garotas.

Era apenas ela.

— Ela é sim. — pigarreio e desvio o olhar, encarando a imagem de uma representação bíblica no topo da parede atrás de si. — Deve estar cansada. Vou buscar as roupas de cama.

Passando por ela como um furacão, bato na porta da frente, ouvindo um ‘’entra’’ que escapou dos lábios de Dulce que, ao abrir a porta, encontro-a sustentando nos braços alguns travesseiros, cobertores, lençóis e até mesmo toalhas.

— Já estava indo levar para vocês. — suspira, cansada. — Perdoe-me pela demora, mas minhas costas estão me matando.

— Me dê isso aí. — alcanço-a, tomando-lhe tudo o que segurava. — Vá se deitar, Dulce. Está tarde e já ajudou o suficiente. Precisa descansar.

— Não há mais nada que possa fazer por vocês? Tiny já se deitou?

— Iremos sobreviver até o amanhecer. — pisco para ela. — E Destiny está fazendo o que a senhora devia fazer.

— Certo. — balbucia e parece tranquila em saber que poderia se deitar e dormir um pouco. — Não terá ido embora quando acordarmos, uh?

— Não vou. — garanto-lhe.

— Boa noite, Zayn.

— Noite. — respondo-lhe de volta, olhando-a por uma última vez antes de passar pela porta, carregando tudo em meus braços.

Faith estava de frente para a porta do quarto de Destiny, olhando para ela com um olhar cheio de ternura e admiração. De repente sinto as palmas das minhas mãos formigarem.

— Pronta para dormir? — pergunto de forma estúpida. Mas a faz sorrir.

Eu odiava o seu sorriso.

Eu odiava a sua beleza.

Eu odiava o seu cheiro naturalmente doce.

Mas, de algum modo, eu sabia que não odiava nada em Faith. E isso me preocupava.

— Acho que sim. — vagarosamente, puxa a porta e a fecha, como se desse a calmaria final para o sono de Destiny.

Em silêncio, descemos os degraus e espalhamo-nos pela sala. Faith parou ao lado da parede em que havia um pequeno santuário ou seja lá qual for o nome que Dulce dava para o lugar que sempre tinha uma vela acesa e flores naturais que pegava de seu jardim.

Deixo tudo em cima da poltrona e depois de empilhar as almofadas na cadeira de balanço, estendo um dos lençóis no sofá. Em seguida, deixo dois travesseiros e o cobertor mais quente. Erguendo o olhar para poder chamá-la para se deitar, não posso deixar de visualizá-la bem, iluminada pela baixa claridade do cômodo, mas radiante perante as velas.

Mulher alguma usava minhas roupas, nem mesmo depois de uma foda rápida. Nunca, em hipótese alguma permitia que invadissem esse limite de intimidade.

Sentia-me um pouco mais imbecil por gostar de vê-la vestida na minha camisa ao invés de uma saia ou vestido curto.

Talvez um maço de cigarros não seja o suficiente.

Meu celular começa a tocar antes que minha língua desenrole e force-me a lhe dizer algo idiota. Salvo pelo gongo, posso dizer. Procuro pelo aparelho que ainda tocava no bolso traseiro do meu jeans e, puxando-o, giro em minha mão direita e atendo-o após analisar o nome no identificador de chamada.

— Zero. O que tem para mim?

— As coisas saíram do modo que imaginamos. — indaga com a voz rouca, quase por um fio. — A dívida foi paga, mas não por bem. Só íamos usar a violência caso não colaborassem, e não o fizeram, então, fizemos o que mandou.

— Algum inocente saiu ferido?

— Não por nossa causa. — crispo os lábios. — Os idiotas fazem lutas entre si, apostando grana alta nos vencedores. São sempre amadores e gostam de disputar com garotos reclusos e mais fracos, tudo para alimentar seus títulos pelo campus.

— Tiveram o que foi merecido. — trinco o maxilar e, sentindo os olhos castanhos queimando minha nuca, lembro-me do que lhe pedi pela mensagem de texto. — Encontrou a garota?

— Ela está bem. Não sei como aconteceu, mas Rooster apareceu com ela nos braços.

— Algo aconteceu? — não faço alarde para não aterrorizar a morena.

— Ao que parece, apenas bebeu o que não devia, e se não fossemos nossa chegada para estragar a festa, ela teria sido facilmente abusada por um desses riquinhos de merda. 

Minha visão escurece ao imaginar que poderia ter sido Faith.

E não sei por que penso logo nela.

— Quem a levou de volta para os dormitórios?

— Um cara bem vestido insistiu em levá-la, alegando ser amigo dela. Para não sermos pegos pela polícia, a deixamos ir. — ele parece sorrir. — Como agradecimeto, ela deu a Rooster um par de botas que não poderão mais ser utilizadas porque cheiram a álcool barato e pizza de calabresa.

Faço uma careta.

— Já que deu tudo certo, vou desligar.

— Tudo nos conformes, chefe.

— Não preciso de vigias na casa de Dulce essa noite. Descansem e me encontrem depois das nove no porto.

— Sim, senhor.

Com isso, encerro a ligação e giro para dar-lhe as respostas que tinha certeza que estava se roendo para perguntar até obtê-las.

— Camile está bem. — passo o celular, de uma mão para outra.

— Graças a Deus! — ela balança a cabeça. — E onde ela está?

— Parece que seus amigos a levaram de volta para a universidade.

— Oh! Michael... — o nome lhe escapa como um sussurro, mas consigo escutá-lo.

E não gosto da sensação que me desperta.

— Foi com ele que você saiu?

Eu não queria saber a resposta.

Mas seria bom se ela dissesse um simples não.

— Sim.

Foda-se!

Afundo o celular em meu bolso novamente.

— Espero que da próxima vez ele tenha mais responsabilidade sobre você. — meu tom é rude, e não faço questão de olhá-la para saber se havia afetado-lhe como gostaria. — Pode se deitar, sua cama está pronta.

Podia sentir meu sangue esquentar.

E não havia razão plausível para isso.

Caminho até a janela e, puxando as cortinas claras, preciso piscar algumas vezes para que minha visão volte ao normal. As ruas estavam calmas, e o único som que eu realmente conseguia ouvir era o de seus passos se arrastando pelo assoalho, deixando claro que ela estava se movendo, mesmo que instantes depois.

Fico parado, sem desviar o olhar das ruas e casas vizinhas, até que decido me virar, pois quietude não era algo que combinava com Faith. Ela sempre tinha uma pergunta ou fazia ruídos sempre que estava nervosa, e não se dava nem conta disso. Com os olhos fechados e corpo encolhido, ela dormia de forma genuinamente tranquila. Virada de lado, com as mãos debaixo de seu rosto, alguns fios ainda úmidos caiam em seu rosto, mas não era o suficiente para que o escondesse.

— O que diabos você está fazendo comigo? — não tenho certeza do que questiono, mas movo-me apenas para me sentar na poltrona.

Puxando meu velho caderno de desenhos da parte de trás do cós da minha calça, abro-o e seguro o grafite entre o polegar e indicador da mão direita, não precisando de muito para me desligar e começar a traçar linhas finas, sendo guiado por uma única inspiração.

inspiração que há anos eu não sentia.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...