História P a i n t - Capítulo 3- Cereja.

Escrito por Usagi17 e CeciFrazier

    Sans ficou um pouco desconcertado com aquelas palavras.

 Quer dizer que...ela queria vê-lo novamente? Com um sorriso triunfante no rosto, ele correu para sua moto e dirigiu de volta para casa. Sentia-se realizado por aquilo, Chara não aparentava ser como as outras garotas que conhecera, tinha uma personalidade única e um jeito de agir impecável, sua alegria era contagiante e seu sorriso o fazia sentir coisas indescritíveis. 

Ela era literalmente uma obra de arte que ele com certeza gostaria de pintar e retocar. Ao chegar em casa, guardou sua moto na garagem e entrou silenciosamente em casa. Por mais que não tivesse tantas preocupações na vida, Gaster ainda não gostava quando ele chegava tarde e não gostaria de ouvir um sermão. 

 Quando estava prestes a subir as escadas, percebeu o abajur da sala sendo ligado. 

 — A voltinha foi boa, não? — Perguntou Gaster com o olhar desviado para um livro. — Pensei que havíamos estabelecido uma regra nessa casa. 

 — Eu só...eu não estava fazendo nada de mais. — Sans murmurou e franziu o cenho. 

 — Sans, você já tem 20 anos, quer passar sua vida chegando tarde e fazendo aqueles rabisc... 

 — Não são rabiscos! — Alterou um pouco a voz. — Você sabe que eu gosto do que faço e você não tem o direito de interferir! 

 — Eu sou seu pai! Até que eu morra vou continuar interferindo onde eu quiser! 

 — ...eu já não sou uma criança. — Sans sussurrou e correu para seu quarto, ignorando as tentativas falhas de Gaster o chamar.

                        ●▪ ●▪ ● 

 Acordou com um estardalhaço vindo do andar de baixo, desceu as escadas um pouco receoso e deu de cara com a visão de seu pai abraçando Papyrus com força. 

 — Faculdade! Você entrou pra faculdade de letras...Uma faculdade mesmo! Ao menos um filho meu decidiu fazer algo certo.

Papyrus abraçou seu pai de volta e desviou seu olhar para escada, sorriu ao ver o irmão ali.

 — Oh, Sans! Eu passei! Consegui passar na... — Ele não pôde terminar sua frase, pois Sans apenas saiu apressado de casa.

 Como assim apenas um filho dele decidiu fazer algo certo?! Então, tudo o que Sans fazia era errado? Ele deveria largar tudo e fazer as vontades do pai?! Não! Ele não estava disposto a abrir mão de seu talento só porquê Gaster não estava satisfeito. 

 Sans caminhava com passos pesados até a lanchonete, bufava e resmungava baixinho.

Sentiu seu corpo bater em algo extremamente macio, parecia até mesmo ser frágil, quando abaixou seu olhar, arregalou os orbes azuis quando percebeu que Chara estava sentada no meio do asfalto. 

 — Pardon. — Ela disse enquanto levantava e sorria para o mais velho, não pareceu demonstrar raiva ou irritação. A moça apenas sorria. — Mon petitt, está triste?

— Não, eu só...tava meio distraído. — Sans forçou um sorriso, apenas para não preocupar a moça. — Já comeu? Eu vou na lanchonete agora, se quiser vir comigo.

— Oui, quer dizer...Sim, quer dizer....Eu vou 'adorrár', ado...adorar... — Chara inflou as bochechas e segurou a mão do mais alto. — Vamos?

Sans não pôde deixar de soltar uma risada baixa pelo sotaque da moça, era agradável de ouvir e ele simplesmente nunca se cansaria disso. 

Sentiu uma leve ardência em sua bochecha e desviou o olhar, apenas apertou levemente a mão de Chara e puseram-se a andar até a lanchonete. 

 Chegando lá, Sans cumprimentou algumas pessoas que já conhecia e sentaram-se na mesa que ele geralmente escolhia.

Chara sentiu as bochechas arderem quando o mais alto passou o braço pelo seu ombro, a garota encostou levemente o rosto em seu ombro. 

 — Sansy! — Uma voz extremamente fina ecoou pela lanchonete, uma menina de cabelos verdes que Chara até agora não conhecia, correu até a mesa e arregalou os orbes ao ver que tinha uma garota ao lado de Sans. 

 — Bonjour ma..

— Abajur nada! Sansy, quem é essa ai?!

O rapaz bufou em tom divertido e arqueou a sobrancelha para Fuku. Já tinha perdido as contas de quantas vezes ela fizera escândalos por conta das garotas com quem ele saía, oras, Fuku não tinha nada a ver com Sans! Por que ela ainda insistia naquilo? 

 — Eu vou querer duas porções do de sempre, por favor. — Ele piscou o olho com um sorriso zombeteiro, ignorando completamente a indignação da moça. 

Fuku franziu o cenho profundamente e correu até o balcão.

Chara abaixou a cabeça, não entendeu o motivo da garota odia-la. Sentiu algo levemente gelado em sua bochecha, então arqueou a sobrancelha e arregalou os olhos quando percebeu que recebera um beijo delicado.

 — Não fique triste, a Fuku é assim mesmo e... — Por que você estava triste antes, mon cher? 

 — Triste? Eu não... 

 — Falaram algo que te deixou assim? Foi sobre sua arte? Eu...Eu... Eu gosto do que você desenha e...... Mais sachez que j'aime beaucoup de ce que vous créez! Vous êtes un grand artiste et .... — Ela colocou as mãos na frente dos lábios. — Fiz de novo.

Sans soltou uma risada baixa e tirou do bolso da calça um pequeno dicionário de francês.

 — Meu pai tem vários dicionários desse tipo, e...digamos que tive a curiosidade de saber o significado de algumas coisas.

A moça encarou o objeto por alguns segundos, então sentiu as bochechas arderem e olhou para o mais alto com a expressão curiosa, todavia, o sorriso não deixava o rosto da menina. 

 — Sabe o que significa 'baiser'? Chara sorriu ao vê-lo abrir o dicionário, então pôs as mãos delicadas sobre as dele e sentiu um beijo lento ser depositado no canto de seus lábios. 

 — Mas papai! Aquela piriguete está quase abrindo as pernas lá na mesa! — O grito da menina ecoou pela lanchonete toda, isso fez Chara se afastar e sentir os olhos arderem, ela não estava acostumada com aquilo. 

Abriu a bolsa e colocou uma nota de vinte na mesa, limpou algo que escorreu pelo canto do rosto e forçou um sorriso. 

 — Acho que meu horário de almoço acabou. — Ela murmurou antes de sair da lanchonete.

Sans desviou um olhar assustado para Grillby, que deu um belo tapa no braço da filha e fez um sinal para que o rapaz seguisse Chara. Assim que saiu da lanchonete, pôde ver a menina andar com passos apressados em uma direção, então correu até ela e puxou sua mão.

— Char, desculpe por aquilo, prometo não voltarmos mais lá.

Ela encarou o mais alto por vários segundos, então o abraçou com força e fechou os olhos.

— Desculpa...

— Pelo que? — Ouviu o mais alto perguntar. 

— Eu devia ter ficado e... 

Sentiu os lábios do mais alto tocarem o canto dos seus, então o observou por alguns minutos até sorrir.

— Quer ir ver onde eu estudo?

— Claro, mas...eu estou sem moto. 

— Não tem problema, mon pettit. 

Sans sorriu singelamente ao ver Chara abrir um grande sorriso em seu rosto. Ela com certeza a menina mais alegre e otimista que já conhecera.

Segurou sua mão pequena e macia e deixou que ela o guiasse até sua faculdade.

Não demorou até que chegassem, ficou sem palavras com o tamanho do local, nem deu tempo de ver tudo, a menina continuou puxando o rapaz sem parar por ao menos um segundo sequer.

— Vou te mostrar algo que você vai adorar, mon cher. — Parou quando chegaram em uma ala um pouco separada do resto da faculdade, parecia ser algo improvisado, mas ainda sim muito bem feito. 

Todas as paredes estavam coloridas com os mais diversos desenhos, traços e escritas . Algumas eram grafite, outras aquarela ou tinta a óleo, não soube nem mesmo contar quantos tipos de tinta encontrara ali. 

— Essa é a parte da faculdade de arte....Eles criam tudo aqui, do mesmo jeito que você. — Chara sussurrou enquanto encostava os lábios no pescoço do mais alto e se afastava, apontou para um espaço em branco e depois para os matérias. — Não quer usar seu talento? Me impressione, bonitão.