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História Paixão Obsessiva - Lembranças


Escrita por: Sra_Hiddleston e Flor-bella

Notas do Autor


Olha só quem resolveu dar as caras? Paixão Obsessiva está de volta com uma revelação bombástica!

Capítulo 11 - Lembranças


Whitney mantinha os olhos fechados em concentração quando entrei na cozinha. Uma xícara branca de porcelana estava a sua frente cheia de café. Eu a ouvir levantar às cinco da manhã, mas passara a noite toda se remexendo de um lado à outro na cama e eu sabia o motivo, o mesmo que também não me deixou dormir.

 O dia quinze de maio nunca é uma data fácil de se passar para nossa família. O motivo? Há dez anos Whitney e eu tivemos um filho, ele não passou muito tempo conosco. Oliver. Meu pequeno Oliver. Tinha só dois anos quando adoeceu. Oliver passou dez dias internado na UTI, no princípio os médicos não souberam dizer o que meu filho tinha, no terceiro dia, o diagnosticaram com meningite, sete dias depois, após uma pequena melhora, numa ensolarada tarde, Oliver deixou de respirar. Eu tinha acabado de sair do quarto quando Whitney me ligou aos prantos. 

Foi uma época difícil para nós, durante algum tempo fingimos que Oliver nunca existiu em nossas vidas. Eu sei que é uma coisa terrível de se dizer, mas quando a dor se torna insuportável procuramos uma maneira de aplaca-la. E o esquecimento é a melhor forma. Tem coisa melhor do que esquecer a causa da sua dor?

 Whitney e eu não conversávamos, não nos tocávamos, apenas nos suportávamos e quando percebemos nosso casamento estava à beira do precipício. Alexandre e Melissa tentaram nos ajudar indicando um terapeuta de casal que fomos a apenas quatro sessões. O que nos uniu outra vez foi um tiro que levei durante uma ação policial, invadimos uma boate suspeita de fazer lavagem de dinheiro para uma organização criminosa. O chefe da gangue estava lá e um de seus seguranças disparou contra mim, o tiro pegou em meu ombro. Quando acordei da cirurgia no hospital, o rosto de Whitney foi a primeira coisa que vi. Ela estava sorrindo para mim e subitamente meus olhos se encheram de água, minha mulher se inclinou para enxuga-las e depositou um beijo no meu cabelo, ficando alguns segundos assim. Quando voltou a me observar ostentava um sorriso que me fez crer que a vida só era boa de ser vivida se fosse ao seu lado.

 Estamos longe de ser um casal perfeito, discordamos constantemente um do outro, discutimos mais do que gostaríamos, porém, temos necessidade de estar juntos. Ela se preocupa comigo e eu tento poupá-la das complicações do meu trabalho, mas nem sempre isso é possível e com a investigação do assassinato de Chester ela está mais envolvida do que nunca nos meus dilemas profissionais. 

— O cachorro do vizinho cavou outro buraco no nosso quintal. —Whitney disse, ainda de olhos fechados. 

— Vou falar com Mickey. — Repliquei, abrindo o armário a procura de uma xícara.

 — Fale ainda hoje.

 Olhei para ela e a peguei me observando. Seus olhos estavam carregados de... não sei, alguma coisa mais profunda do que saudade e pior do que tristeza. Decidi ficar calado, não queria falar sobre aquilo. Sobre Oliver.

 — Não sei como esse bicho passa pro lado de cá. — Disse depois de alguns instantes de silêncio, sentando diante dela, atordoado demais com sua expressão. 

— Tem um buraco na cerca do fundo. Você não estava prestando atenção quando pedi para consertá-la na semana passada? — Whitney levou seu café a boca e voltou sua atenção para mim, examinando meu rosto. 

— Devo ter esquecido. 

Ela deu um sorriso amargo.

 — Como sempre né, Eric? 

Fiquei tentado a replicar uma resposta mal educada, mas naquele dia em especial não queria brigar com ela. Então procurei me controlar e tomei meu café todo de uma vez. Pousei a xícara na mesa e levantei. 

— Vou dar um jeito na cerca. 

— Não vai trabalhar?

 Enquanto ia ao quartinho perto da lavanderia onde guardamos ferramentas e outras parafernálias, respondi que iria apenas de tarde para uma reunião com Alexandre.



                      (***)



Tive de trocar quatro tábuas podres da cerca dos fundos sob a vigilância do enorme labrador preto amarrado à uma árvore no quintal do vizinho. Mickey não estava em casa, por isso não pude falar sobre os problemas que seu cachorro vinha causando; além de cavar buracos no nosso quintal, o animal destruiu a pequena horta que Whitney vinha trabalhando com afinco há meses. Foi decepcionante ver as especiarias e legumes destroçados pelo chão. 

Era quase hora do almoço quando terminei. Para descansar, sentei numa das cadeiras de plástico rosa ao redor da mesa de madeira que fiz no verão passado. A madeira era sobra de uma porta que estava encostada há muito tempo na parede do lado de fora da cozinha e duas janelas da casa de Alexandre, na época, Melissa havia decidido mudar todas as antigas janelas de madeira vermelha por vidro. Depois de cortar, lixar e pregar, o que parecia não ter mais utilidade se tornou numa bela mesa de piquenique. 

Tomei um gole do suco de uva e comi o último dos biscoitos amanteigados que Whitney trouxe mais cedo. Senti ela se aproximar por trás e enlaçar os braços ao redor do meu pescoço. Beijou minha bochecha e se aconchegou na cadeira ao lado. 

— Antes de você sairquero que me ajude numa coisa.

 — No quê? — Virei-me para ela.

 — Quero que me ajude a empacotar algumas coisas para doação. — Whitney pegou minha mão, acariciou e deixou um beijo na palma.



                    (***)



Acompanhei minha esposa para dentro de casa, até o quarto de Oliver que estava trancado há oito anos, desde a manhã em que ele acordou passando mal e o levamos a pressa ao hospital. Nunca mais havíamos entrado lá. Pensei até que a chave tinha perdido, mas vi Whitney tirá-la do bolso e abrir a porta. Ela ligou a luz e passei os olhos, saudoso, pelo quarto: o piso de cerejeira estava encoberto por uma grossa camada de poeira acumulada durante o anos, o azul das paredes estava desbotado. Os ursinhos de pelúcia preferidos de Oliver encontravam-se enfileirados sobre os travesseiros da cama. Senti Whitney passar por mim e se dirigir até as prateleiras repletas de livros, brinquedos infantis e desenhos coloridos emoldurados feitos por nosso filho. Balancei a cabeça afastando as lembranças dele brincando com blocos de montar ali e me aproximei de minha esposa. Ela chorava baixinho com um porta-retratos na mão. 

— Você lembra desse dia? — Perguntou-me, pousando o porta-retratos em minha mão. 

— Claro — Respondi. — Oliver queria ir ao circo, mas nem você nem eu estava disposto a sair de casa naquele dia chuvoso. Ele chorou até que cansado, acabou dormindo no sofá. 

— Ele estava tão fofo dormindo com o dedinho na boca e a fralda o cobrindo do frio que não resisti e tirei a foto. 

— Devíamos tê-lo levado ao parque. — Observei triste, lembrando que aquele foi o último mês que passamos com ele. 

— Se soubéssemos o que aconteceria...

 Meus olhos marejaram, mas não desviei o olhar do dela. Estava cansado de esconder minha tristeza de Whitney e pelo visto ela também estava. Era bom enfim estarmos nos abrindo e deixando essa dor passar. 

— No que exatamente quer que eu te ajude?

 Ela olhou ao redor.

— Vou transformar o quarto numa oficina de costura. Você sabe que desde que fiz aquele curso de corte e costura eu estava pensando em abrir um ateliê, mas ia me custar muito dinheiro, então pensei neste quarto... por favor, não me olhe desse jeito, Eric. Já faz muito tempo, tá mais do que na hora de nos livrarmos dessas lembranças. Eu sinto que nossa parou no dia em que Oliver morreu, não quero continuar a viver assim. Quero cicatrizar essa ferida... 

Whitney transbordava sofrimento, ela deve ter pensado muito antes de tomar essa atitude. Eu sabia que a oficina não era o ponto principal e suas palavras comprovavam isso. Outro dia, Whitney foi ajudar Melissa a separar as roupas de Chester que daria para a doação, quando chegou em casa, comentou que devíamos fazer o mesmo com as coisas de Oliver, que no início, Melissa não queria se desfazer de nada que um dia pertencera ao filho, mas no fim, confessou que foi libertador. Whitney e eu carregávamos o peso da morte de nosso filho há oito anos, sim, estava mais do que na hora de nos livrarmos dela. Ou pelo menos amaina-la. 

— Ah, Whitney! — Exclamei. Durante muitos minutos ficamos em pé ali, de mãos dadas e cabeças cheias de lembranças de uma época em que a vida era muito mais fácil.

 Ela me puxou para si quando comecei a soluçar. Envolvi meus braços ao seu redor afirmando que eu faria qualquer coisa para aquela dor passar.


Notas Finais


Não disse? Então Mike tinha um irmão.
Gente, eu morri de pena do Eric e da Whitney. #apaixonadapeloeric


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