Apesar do meu atraso hoje para ir trabalhar, ter acordado tarde por conta de ter passado a noite em claro, meu chefe nem apareceu, aquele babaca. Acho que não existe uma pessoa que odeie o chefe tanto quanto eu. Está até que tranquilo o dia, mas aquele homem que vi ontem, eu não consigo esquecer, para que todo esse mistério que ele deixou? Talvez ele fugiu com medo de que eu chamasse a policia ou algo assim, talvez ele nem volte.
Mas, foco no trabalho, não posso ficar pensando de mais. Preciso atender os clientes com uma expressão mais simpática e não com essa cara de morta.
- Ashley, você está bem? - Uma colega de trabalho pra variar, fingindo se importar.
- Estou. - Disse um pouco seca para ela. - Por que o chefe não veio hoje? - Já aproveitei pra perguntar né, afinal, não quero ver ele.
- Ele está doente. - Senti-me feliz por isso, acho que ganhei o dia.
Passei o dia sem brigar com ninguém no trabalho, foi tranquilo, apenas fiquei atendendo clientes. Trabalho naquelas lojinhas que vende de tudo um pouco, as pessoas veem até mim para perguntar sobre tal produto e eu apenas as guio até eles.
Saí do trabalho já com o dia escurecendo, mas não quero que ele acabe agora, não hoje, porque pelo menos hoje eu quero parar de pensar tanta merda, deixar de tomar esses remédios controlável, eu quero realmente me sentir bem. Parei em frente de um bar, mas esse era MEU bar, acho que devo ser cliente vip aqui, ou era, porque depois que o meu psiquiatra aumentou meu remédio, ele pediu para que eu parasse de beber. Mas por quê? Que se foda, eu vou beber.
- Olááá Ash, quanto tempo eu não vejo você. - O garçom bonitão de ombros largos e uma barba um tanto quanto sexy, costumava me atender todos os dias, se já peguei? Não, eu acho que não tive ânimo, não por causa dele, mas é meu desanimo para tudo. - Como você tem estado?
- A mesma merda de sempre Enzo. - Dei um sorriso de canto á ele.
- Olha, posso te dar uma coisa aqui que vai te fazer melhor, por minha conta... - Ele se aproxima com a mão no canto da boca para cochichar. - Só não conta para o meu patrão. - Ele pisca seu olho para mim. Meu senhor, que homem é esse, pode se dizer que ele é um baita crush.
- Pode ter certeza que não vou. - Sorri para ele. - Por acaso... - Olhei para baixo, coçando a cabeça, confusa um pouco sobre o que perguntar... - Você já ouviu falar de algum homem muito pálido e com sua boca cortada em forma de sorriso? - Eu tentei não gaguejar com essa pergunta, acho que não deveria nem ter perguntado, já me arrependi... Droga.
- Ahhhh, ele é uma lenda, você diz o Jeff? Jeff The Killer? - Ele soltou uma risada, mas sem exagero. - É só uma histórinha para criança dormir.
Mas... se ele não é real, como eu o vi na noite passada? Será que meus remédios estão me aluscinando? O mais estranho é que, se eu alucinei com ele, não era pra essa história existir, porque seria coisa da minha cabeça, não é? Estou confusa.
- Ahh sim Enzo, é que ouvi uma história na internet, só fiquei curiosa. - Sorri simpática para ele, que logo me serviu um drink que nossa... tá uma delicia, só ele consegue fazer umas bebidas tão boa assim.
- Afinal, vai fazer o que amanhã? - Acho que minha barriga gelou um pouco com essa pergunta.
- Vou trabalhar de manhã... - Falei um pouco decepcionada.
- Mas é feriado... - O QUE? - Vai trabalhar no feriado Ash?
- Nossa, eu nem lembrava disso. - Sorri um pouco, tentando esconder o alivio que me deu.
- Você é doida, sabia? - Ele sorriu para mim, aqueles sorrisos... Mantenha o foco Ashley. - Já que iremos ganhar folga, quer... sei la... Sair comigo? - Ele fica um pouco timido, coloca sua mão em seu cabelo.
- Hmmmm, vou pensar. - Digo fingindo cara de pensativa. - É claro. - Dou uma risada da cara de decepcionado que ele estava ficando.
- Chataaa. - Ele sorriu de volta.
Logo eu terminei de beber meu drink, comecei a tomar vodka, whisky, nossa eu já nem lembro o que tomei. Sentia minha visão enturvar, mas sem desmaiar, apenas quase não conseguia andar, e minha casa ficava a uns dois quarterao daqui. Droga. Saí cambaleando entre as mesas do bar. Lógico, coloquei na minha conta tudo isso que bebi.
Já estava a noite, não sei que horas, talvez entre 22h e 23h, não faço ideia. As ruas estavam quietas, sem muita movimentação, o que facilita muito para mim andar aqui. Está ventando, se eu não estivesse bêbada, com o corpo quente, aposto que estaria com muito frio agora.
Olho para trás, vejo tudo embaçado, e percebo que não andei quase nada, que droga. Olho para frente e sinto uma forte batida em minha cabeça, me fazendo cair. Era nada mais nada menos que um maravilhoso poste, com certeza eu vou ficar com dor na testa uma semana. Senti uma mão quente tocar em meus braços, me ajudando a levantar, mas senti meus pés fora do chão, tentei olhar para a pessoa que esta me carregando, mas estava tudo embaçado.
Acordei-me com uma forte dor de cabeça, não sei como cheguei até aqui, eu não lembro de quase nada além de Enzo ter me chamado para sair. Me sinto arrependida por ter bebido tanto ontem. Acho que não vai ter remedio que faça essa minha dor de cabeça parar. Em falar de remedio, até me esqueci de tomar o meu, mas não estou nem aí.
Olhei para o lado, tentando me levantar, mas minha cabeça parecia explodir, acabei por vomitar no chão, além de estar com essa dor de cabeça, eu me dou trabalho de mais, que saco.
Depois de muito esforço para limpar aquela nojeira, olho para minha comôda pequena que fica do lado da minha cama, e vejo um pequeno papel que eu não me lembro mesmo de ter deixado ali. Peguei-o e vi coisas escritas.
"Espero que fique bem Ash.."
Apenas isso, sem nome nenhum. Acabo me lembrando de quando alguém me pegou no colo e logo apaguei. Que droga Ashley, podia ter esperado para desmaiar né, era so olhar na cara dele.
Logo tomo um remédio para tentar diminuir a enxaqueca, vou tomar um banho para tentar relaxar mais e me limpar também porque estou nojenta. Em meio a tantas crises existências e paranoias durante o banho, finalmente eu termino. Pego minha toalha pendurada no box e em enrolo nela, pego outra apenas para tentar secar um pouco meu cabelo curto e preto, deixo a toalha no banheiro mesmo.
Caminho até a porta do banheiro, já pensando em que roupa colocar, mas não tanto preocupada com isso. Saio de lá e me deparo com uma coisa que me deixou mais intrigada do que assustada. Aquele homem, novamente, desta vez estava sentado em minha cama, ainda parecia sujo de sangue seco mas não havia faca em suas mãos. Esfreguei meus olhos, pensando que aquilo poderia ser uma aluscinação, mas ele não sumiu, ele permaneceu lá, sentado, me olhando com aqueles profundos olhos negros, aí me lembro de não ter tomado meu remedio ontem, o que faz com que isso não seja uma aluscinação.
- O que faz aqui? Você é o tal Jeff, assassino em série?
- Não se refira a mim como "tal" e sim "O". - Ele continua como da ultima vez, sem expressão. - Voltei aqui porque eu não sei o que você fez, eu fiquei pensando tanto em você, você acabou se tornando uma ponta solta, eu deveria ter te matado.
- Então suponho que voltou aqui para fazer isso.
Ele não disse nada, apenas se levantou da minha cama e caminho até mim. Ficando perto de mais. E então ele sussurrou em meu ouvido.
- Acertou.
Ele tira uma faca do seu bolso e enfia direto na minha barriga, me fazendo gritar, ele arranca com brutalidade e foge pela janela, não sei como mas ele conseguiu. Caio de joelhos no chão, minhas mãos ficam cheias de sangue instantaneamente. Senti que esse fosse meu fim, até ver Enzo na porta, correndo desesperado para me ajudar.
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