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História Palácio de Ilusões - Capítulo 22


Escrita por: KordeiSapata e GihZouis

Notas do Autor


Genteeee, demorei mas voltei. Desculpa a demora tanto pra essa fic quanto pra TLB, eu juro que já já atualizo a outra e faço dobradinha. Promessa de dedinho haha. Enfim, a música do capitulo é Flashlight, o link ficara nas notas finais.

Enjoy :)

Capítulo 23 - Capítulo 22


"Presa no escuro, mas você é minha lanterna. Você me guia, me guia pela noite"

Uma hora e meia depois do embarque, já se era possível avistar o grande litoral de Glaciem. Lauren ainda sentia dores onde fora atingida mais cedo, mas isso não a faria parar. Seu objetivo maior estava próximo de ser alcançado. Ela passou a mão levemente por cima do machucado, que era na altura do peitoral maior. O soldado a havia atingido alguns centímetros abaixo de onde fica a veia cava inferior do coração de Lauren. Alguns centímetros acima e ela provavelmente estaria morta naquele momento.

-Terra à vista! – Perrie gritou e sorriu logo após. – Eu sempre quis gritar isso.

-Então devo lhe afirmar que seu sonho fora realizado. – Lauren disse sorrindo para a jovem de cabelos loiros. – Louis, pare o navio. Precisamos nos preparar para quando atracarmos.

-Içar velas. Soltar ancora! – Louis gritou e dois dos soldados fizeram prontamente. – Segurem-se!

Logo o barco pendeu para frente e para trás, parando logo em seguida. Lauren contou quantos corpos dos soldados de Glaciem estavam no navio e logo chegou à conclusão de que haviam dez deles. Ela sentiu uma leve pontada em seu coração, odiava o fato de ter matado com as próprias mãos alguns daquele homens, mas era necessário. Afinal eles estavam vivendo uma guerra e, como seu pai a ensinou, vida de soldados não pesa tanto quanto a de inocentes. Ela sempre discordara, pois para ela uma vida era uma vida, mas a realidade era totalmente diferente da almejada pela rainha.

-Cada um vista uma dessas armaduras. Ela nos ajudará a passarmos pela marinha real sem muitos problemas. Quando acabarmos de nos vestir, jogaremos os corpos no mar pois não queremos chamar muita atenção, certo? – Ela disse e todos concordaram. – Ótimo, façamos logo isso.

E todos começaram a vestir-se com as armaduras e logo depois jogaram os corpos no mar. Após terminarem, eles voltaram a navegar e minutos depois já estavam atracados no litoral de Glaciem. Lauren sentiu uma pontada se formar dentro de seu peito, a mera ideia de encontrar com Camila após todo esse tempo a fazia sentir-se como se seu coração fosse descompassar a qualquer momento.

Louis, por sua vez, sentiu um frio transcorrer por toda sua espinha. Somente a mera lembrança dos olhos verdes do rei de Glaciem já o causava um certo desconforto e pensar em vê-lo no mundo real o deixava apavorado. Ele sentia vontade de dar meia volta e sair dali o mais rápido possível, mas ele não faria aquilo. Ele estava ali por Lauren e iria até o final por ela. Sempre foi assim e não seria um sentimento desconhecido que o faria agir diferente.

-Estejam preparados para tudo. – Henri disse antes deles desembarcarem.

Eles desceram e logo seus sentidos aguçaram-se. Olhos atentos. Respirações pesadas. A mão perto de suas armas caso fosse necessário usar. Eles olharam ao redor e, por ser fim da madrugada, não tinha quase ninguém no local. Eles agradeceram por isso e começaram a andar para fora do cais. Lauren sugeriu que roubassem alguma carruagem, mas Louis descartou a ideia dizendo que seria uma manobra muito arriscada.

A única conhecedora da geografia local era Perrie e foi por isso que todos foram caminhando pela grande floresta de Wychwood. A luz do luar era a única coisa que iluminava aquela enorme área vegetal e isso facilitava um dos principais objetivos do grupo: não serem descobertos. Ele caminhavam silenciosamente floresta a dentro, correndo contra a luz solar que dominaria em algumas horas os horizontes do país de gelo. Enquanto caminhavam, Lauren se perguntava a real utilidade do colar, uma vez que quando requisitado ele não funcionou. Ela estava tão distraída em seus pensamentos que nem percebeu quando todos que caminhavam a sua frente pararam brutalmente.

-O que aconteceu? – Ela perguntou.

-Soldados. – Um dos amigos de Henri disse. Ela levantou seu olhar e avistou um grupo de homens, trajando roupas ordinárias mas, com a espada presa no lado esquerdo do corpo, parados em frente à uma pequena construção que tinha ali.

-O que faremos? – Fora a vez de Louis falar.

-Ficaremos aqui e esperaremos eles entrarem de vez.

Naquele momento, Louis se perguntou o que aconteceria se algum dos soldados os vissem ali. Ele imaginou que tudo seria mais fácil, pois seriam levados diretamente para o palácio, sem precisarem se esforçar mais para isso, e por alguns segundos desejou ser encontrado por eles. Como se um dos soldados lê-se o pensamento do jovem rei, ele olhou na direção onde eles se encontravam e arregalou os olhos. Louis ficou sem entender como o rapaz poderia tê-lo visto, mas se abaixou logo em seguida.

-Impostores! – O soldado gritou e logo fora ouvidas pegadas apressadas.

-O que faremos? – Henri perguntou.

-Atacaremos. – Lauren respondeu já se levantando e preparando seu arbalest para a batalha.

-Ela só pode estar louca. – Louis proferiu antes de suspirar e se levantar, correndo para atacar os soldados.

Lauren começou a atirar contra eles, levando boa parte do grupo que se aproxima ao chão. Louis, Henri e os outros cinco rebeldes travavam uma luta corporal enquanto Perrie usava de sua magia para ajuda-los. Eram dezenas deles contra nove, mas com a ajuda de Perrie e a maestria dos outro oito, não seria impossível vence-los. Enquanto Louis tentava contar um dos soldados que o atacava, Lauren preparava uma flecha para atirar contra o opressor de seu marido. Entretanto, antes que ela pudesse fazer algo, Louis fora atingido de raspão no braço esquerdo, enquanto ele tentava virar o corpo para desviar do ataque, e antes que ele pudesse reagir, o soldado caiu ao chão revelando um Henri ofegante atrás do corpo do jovem guerreiro.

-Obrigado. – Foi tudo o que Louis disse antes de voltar para a linha de ataque.

Após algum tempo de luta, todos os soldados de Glaciem estavam derrotados. Os que sobreviveram ao ataque, fugiram mata a dentro com medo do ataque furioso de Perrie. Como em uma guerra temos perdas de todos os lados, Henri teve um de seus homens morto em pleno combate. Após fazerem suas preces por seu companheiro morto, eles decidiram sair dali antes que outros soldados aparecessem.

-Devemos esperar o dia amanhecer antes de continuarmos. – Perrie disse. – As lendas que cercam esta floresta não são das melhores. Repousamos e pensamos em nosso próximo passo.

-Tudo bem. – Louis disse. – Vamos pegar algumas coisas para fazermos uma fogueira.

-Não precisa, eu já fiz.  – Perrie disse apontando para a fogueira que tinha não muito longe do jovem rei. – Vamos fazer turnos, sempre em duplas. Henri e eu poderemos ficar com o primeiro enquanto vocês descansam. Depois Jonathan e Daniel podem ficar com o próximo.

Após algum tempo, eles se deitaram ao redor da fogueira enquanto os responsáveis pelo primeiro turno permaneceram de olhos abertos, atentos a qualquer movimento. Louis deitou-se perto de Lauren, que assim que percebeu a presença do rapaz repousou sua cabeça em seu peitoral. Ele rodeou a cintura da jovem com suas mãos e depositou um beijo carinhoso no topo de seus cabelos. Naquele momento, ele fechou os olhos e deixou as lembranças dominarem sua mente.

Ele se lembrou desde sua infância ao lado de Lauren até o momento em que se imaginou como seria passar o resto de sua vida ao lado da jovem que naquele momento repousava em seus braços. Os dois sempre foram destinados a se casarem, seus pais falavam disso desde que eram apenas crianças, mas em momento algum Louis questionara se isso seria fácil pois a resposta era simples. Passar o resto da vida com Lauren não seria nada complicado pois ele a amava. Ele sempre teve essa certeza, pelo menos até um passado próximo.

Circunstancias não muito distantes o fizera repensar se o seu amor pela jovem era da forma que ele pensou. Os olhos verdes de Lauren, seu sorriso e suas doces feições logo se acentuaram em sua mente e Louis não evitou que um pequeno sorriso surgisse em seu rosto. Entretanto, logo os lindos olhos verdes claro foram substituídos por um mais escuro, as doces feições por uma mais bruta, porém únicas. Ele vagou até o momento em que sentiu aqueles lábios pecaminosos tocarem os seus e sentiu uma chama arder em seu peito. Ele abriu os olhos espantado pois realmente havia sentindo algo.

Quando abriu os olhos, percebeu que uma luz saia de próximo ao coração de Lauren e vagava até o seu. Ele se sentiu tocado naquele estante e logo após viu a luz se forma mais à frente dele. Ele se levantou brutalmente, fazendo com que Lauren acordasse totalmente assustada. Após se por de pé, ele caminhou até onde a luz se encontrava, tentando toca-la, mas ela se moveu mais para frente. Ele não conseguia explicar, mas sabia que aquela luz o guiaria para o local onde seu coração estava.

-Vamos! – Ele disse afobado olhando fixamente para a luz à sua frente.  – Eu sei como vamos chegar até o palácio.

(...)

Mesmo depois de longas semanas já terem passado, as lembranças dos lábios de Louis ainda assombravam Harry como um fantasma que nunca partia. Assombrando-o em seus sonhos e pensamentos.  Ainda podia sentir em sua pele o calor do corpo pequeno de Louis, os lábios finos e rosados contra os seus quentes e macios. Nada poderia ser mais mortal do que esse amor que destruía Harry pouco a pouco. Nem mesmo seus sonhos eram mais seus, tudo girava em torno do menino de olhos azuis.

Aquela noite não fora diferente das outras. Taylor passara os braços ao redor do rapaz que soltara um suspiro cansado, seus cabelos longos se encontravam molhados de suor. Parecia tão quebrado, com um olhar perdido em meio ao nada. Talvez fosse um olhar de quem já havia desistido, de alguém que perdera as forças pra lutar.  Harry olhava os olhos azuis de Taylor tentando encontrar algo, mas parecia que ali não se encontrava o que seu coração queria. A luz da manhã iluminava o rosto doce de traços graciosos e angelicais da jovem. Ele a olhava tão perdido e culpado. Suas mãos foram para a barriga da menina que já se encontrava saliente, um sorriso tímido surgiu em seus lábios.   

- Você não tem dormido muito bem, não é? – Taylor perguntou gentil ao rapaz que tinha os olhos fundos e cansados. – Você tem ficado muito agitado enquanto dorme. Pesadelos? Poderia preparar algo para você dormir mais tranquilamente.

- Eu estou bem, Taylor.

Foi tudo que Harry disse, mas era visível que nada estava bem. Ele deu um beijo casto em seus lábios e saiu da cama, vestindo um roupão vermelho. Taylor ficara o encarando enquanto passava a mão em sua barriga distraidamente, quando um homem bateu na porta do quarto.  Rapidamente Taylor ficou de pé também vestindo um roupão, mas o seu era tão branco quanto a neve no inverno. Depois que a jovem estava apropriadamente apresentável, Harry permitiu a entrada do homem que nada mais era do que um dos guardas do palácio. O homem parecia afobado e com a respiração ofegante, o que demostrava que havia corrido para chegar até lá. Não havia feito uma reverencia ao seu rei correntemente, o que naquele momento era o de menos para Harry. 

- O que está esperando para falar o que lhe trás aqui com tanta pressa? Ande, diga logo. – exigiu Harry.

-O rei de Gallia está no Palácio. – Harry sentiu uma pontada forte em seu coração após ouvir tais palavras saírem da boca do soldado. Ele não podia acreditar que Louis voltara. As paredes a sua volta pareciam ter perdido o foco, tudo parecia em cores diferentes, pensou que fosse vomitar seu próprio estomago ou que não existisse chão sobre seus pés.

- Como assim? – Foi Taylor quem questionou.

- Ele e...

- Onde ele está?

 Harry interrompeu o homem antes que o mesmo pudesse disser que a rainha também havia voltado com Louis. Ele não queria ouvir mais nada, estava impaciente, precisava ver Louis, pois cada parte sua clamava por ele. Os dias haviam sido miseráveis sem poder estar ao seu lado. Como poderia apenas esquecer-se de tudo, trancar em uma caixinha todos os seus sentimentos, depois de ter provado de seus lábios?  Era como sentir sede no deserto. Louis era sua água, sua vida, seu coração. Não podia mais perder tempo com trivialidades.  

- Está na sala do trono, majestade.

Taylor olhava tudo de uma forma diferente, não gostava nem um pouco do rumo que as coisas estavam tomando. Ela podia ver a ruina de Harry a sua frente.  Louis era um abismo para morte que Harry pularia sem pensar em nada. Antes que ele pode-se sair correndo para o rapaz, Taylor usou de sua magia para expulsar o guarda do local e logo depois trancou as portas fazendo com que todas batessem fortemente.

- Abra essas portas agora, Taylor, ou você irá se arrepender pelo resto de sua vida. – Harry disse com raiva.

- Irei me arrepender o resto da vida se permitir que saia correndo como um louco atrás da morte. Você nem sabe o motivo que o fez voltar, não seja burro. Provavelmente veio exigir que entregue Francis a ele. – Taylor tentava ser racional, não poderia perde o controle.   

- Não me importo quais sejam os motivos, eu só preciso vê-lo, Taylor. – Por mais que o rapaz a sua frente tentasse parecer bem, Taylor podia sentir a fragilidade e suplica em suas palavras e isso a machucava. Por que tanto sofrimento? A jovem se perguntava, não era justo nem com ela e muito menos com Harry.

- Não posso deixar que faça isso. Não consegue perceber o quanto está ferido com tudo isso? Não posso permitir que continue se martirizando. Eu te amo, Harry, e não deixamos as pessoas que amamos se jogarem contra a morte. – Sua voz saiu embargada pelo choro. Seus olhos estavam tão tristes de uma forma que Harry jamais havia presenciado. Mesmo assim ele não conseguia lutar contra esse sentimento que o dominava.

- Você não pode fazer nada quanto a isso, Taylor. Meu coração já era dele antes mesmo que eu soubesse. Antes mesmo que eu nascesse minha vida já estava entrelaçada a morte. Muito antes de nossos caminhos se cruzarem, eu já o amava. E isso você não pode mudar. Eu irei ama-lo mesmo depois da morte, Taylor. Eu sinto muito.

 Com isso as portas foram abertas, permitindo que Harry seguisse seu caminho. Taylor o olhou com uma dor que não poderia ser descrita, um olhar de quem havia perdido tudo na vida. Mas o que poderia fazer? E de fato não havia nada que pudesse ser feito pois o amor tem suas próprias vontades que às vezes não podemos explicar.

Harry partiu pelos corredores, com seu coração batendo contra o peito fortemente. Seus pensamentos nublados pela ansiedade de reencontrar os olhos azuis que o assombrava a cada segundo de seus dias. Assim que chegou de frente ao corredor que dava para a sala do trono, o medo o fez parar. Pensou em Taylor, seu filho e em Camila. Isso o machucou, estava sendo egoísta e pensando somente em si. Mesmo assim ele prosseguiu para encontrar não apenas os olhos azuis questionadores de Louis, mas os acusadores de Lauren.

 – Lauren? – Harry estava tão supresso que fez Louis sorrir timidamente. Não era possível que ele estivesse esperando que ele voltasse por ele. Harry sentiu-se um tolo.  – O que está fazendo aqui?

- Você me deve algumas explicações.

Ela disse direta surpreendendo Harry. Ele encarou-a de cima a baixo e não pode deixar de reparar seu rosto cortado, sua roupa ensanguentada e em seu conjunto de flechas e arbalest em suas mãos. Não parecia mais a mesma menina assustada. Havia lago de diferente em sua forma de falar, uma chama de fúria e determinação que queimava em seus olhos felinos. Harry não havia notado antes e perguntara-se se sempre esteve lá. Talvez tivesse a subestimado tanto que não pode ver além da menina mimada e frágil que parecia ser.    

- Não devo nada, menina isolante. Acho melhor você ver como fala, ou eu pessoalmente vou resolver nossos problemas arrancando sua língua.

 Harry se aproximou como um lobo pronto para o ataque, ficando cara a cara com a jovem, que mesmo com toda a postura ameaçadora do rapaz não baixou a cabeça. O sangue de Lauren estava em chamas, correndo por suas feias deixando suas maças do rosto mais vermelhas. Poderia ser pelo frio, mas Harry duvidava. Era até engraçado e irritante a petulância da jovem para com ele.

Já Lauren não achava nada naquela situação engraçada. Não permitiria que Harry a humilhasse nunca mais e ele aprenderia isso da forma fácil ou da difícil. Carregava em seu coração tanta raiva pelo rapaz, e por tudo que havia feito a ela, que podia sentir a raiva a cegando, deixando tudo nebuloso a sua volta. Nunca pensou que poderia sentir o prazer em tirar uma vida, mas ele estava lá. Tão forte e vivo como ela jamais imaginaria.  Pobre Lauren, mal sabia que o ódio é o pior veneno para se matar a humanidade dos homens.     

- Eu exijo ver Allyson imediatamente. - Ela disse firme sem tirar os olhos das esmeralda ardentes de Harry, que poderiam queimar Glaciem com seu ódio. Ódio por ódio. A maldição tinha suas próprias regras e senso de humor, pena que poderia ser tão trágico e fatal. 

- Você exige o que? Como ousa entra em meu palácio e ficar fazendo exigência? Quem você pensa que é? Perdeu o medo da morte? – A voz de Harry poderia parecer calma, mas por dentro estava lutando para não perder o controle. Não posso machuca-la, pois seria como machucar Camila e eu nunca magoaria minha pequena, pensou.  

- Eu sou a Rainha de Ignis e se eu fosse você mandaria buscar Ally agora mesmo.

Ela cuspiu as palavras segurando entre os dedos o roupão vermelho que o rapaz trajava, puxando-o contra ela. Verde no verde, ódio por ódio. Harry tropeçou quase caindo sobre a jovem pelo movimento inesperado. Louis, que apenas observava calado, se viu obrigado a interver antes que Lauren arrancasse a cabeça de Harry com as próprias mãos. A conhecendo como conhecia, sabia que ela faria. Por mais que aparentasse ser apenas uma princesa mimada, Lauren escondia um lado que apenas Louis conhecia.

– Vai fazer o quê? Vai me matar? – Harry falava tão lentamente, que Lauren queria gritar com ele. – Vamos, Lauren! Faça! Pegue a adaga que está com você e crave-a em meu coração. Posso vê-la em sua cintura. Não tem coragem?

- Já chega!

 Louis gritou após perceber Lauren levando a mão até a adaga. Ele a puxou antes dela concluir tal ato a fazendo soltar Harry um pouco desnorteada.  Louis finalmente olhou diretamente para Harry que parecia um fantasma de tão pálido, seus olhos se encontravam tão tristes e cansados, com manchas escuras ao seu redor, denunciando que o rapaz não tinha uma boa noite de sono há muito tempo. Isso deixara Louis sufocado, não gostava da visão de um Harry sofrendo, mas não era exatamente isso que queria? Tudo era tão confuso, tudo era tão sufocante, como se não houve ar suficiente. Tudo a sua volta começou a girar, ele desviou seu olhar para Lauren que o encarava confusa ainda com a adaga na mão. Ela a segurava com tanta força que os nós de seus dedos estão brancos contra o metal. Isso o vez despertar.  Ela iria matar Harry? O pensamento de Lauren matando Harry o fez querer vomitar, sua cabeça estava latejando tudo estava acontecendo muito rápido.

- Lauren saia daqui! – Louis ordenou firme, a menina olhou incrédula para o rapaz deixando a adaga cair no chão.

- Como? – Lauren foi para frente de Louis. – Não vou deixar você sozinho com esse monstro, Lou.

 Ela tentou toca-lo, mas o rapaz desviou do toque. Era estranho, mas não parecia certo Lauren o tocar daquela maneira tão carinhosa e afetuosa. Louis só queria que tudo desaparecesse. Sua cabeça estava latejando e seu estomago parecia contorce-se, pensou que poderia vomitar a qualquer momento. Lauren podia ver o quanto o rapaz estava abalado, o conhecia tão bem. Ele não demostrava fragilidade na frente de ninguém, mas ela não era ninguém, conhecia cada gesto e expressão sua.

- Por favor, Lauren. – Sua voz carregava uma dor que fez o coração de Lauren apertar. Ela sentiu-se culpada por fazer Louis passar por tudo isso. Não havia pensado em seu lado, mas não o obrigou a segui-la. No entanto, era tão obvio que ele faria tudo por ela que se sentiu tola.    

- Tudo bem, Lou. – Foi tudo que disse antes de sair os deixando sozinhos.  

- Louis. – Harry disse com sua voz grave, fazendo os pelos da nuca do menor se eriçar. Harry tentou se aproxima, mas Louis afastou-se pois não o queria mais perto. A simples presença do mais velho já era o suficiente para o deixar vulnerável. As batidas do seu coração estavam altas, pesadas e incontroláveis, podendo ser ouvidas facilmente.

- Harry, por favor, não se aproxime. – Sua voz saiu arrastada, sem força. – Tudo que quero de você é uma explicação e mereço ela. – Respirou fundo e foi até uma grande janela encarando o horizonte cinzento e nublado que engolia o alaranjado do nascer do sol. Assim era Glaciem, sempre fria e cinzenta.

- É uma longa história. – Harry disse aproximando-se cautelosamente, com medo que o mais novo se afastasse novamente. Quando percebeu que não o faria, ficou ao seu lado em frente à janela.

- Eu tenho tempo. Comece com o porquê precisa de Allyson. Por que ela é tão importante?  – O garoto levantou a cabeça lentamente e seu olhar foi atraído por aqueles olhos verdes selvagens. A pouca luz que entrava pela janela os deixavam ainda mais verdes como grama no verão.

 -A muito tempo venho em busca da Ashera imortal. Quando invadi Ignis, sabia que a dama de companhia da rainha era uma feiticeira do fogo, uma das últimas, que indicava que ela poderia saber mais sobre a Ashera.

Harry fez uma pausa e continuou explicando tudo que sabia para Louis. Não poderia esconder mais nada, não quando Louis estava ali o pedindo. Não quando isso o afetava tanto quanto a ele. Quando finalmente havia acabado de narra tudo para Louis, não sabia dizer o que se passava na mente do garoto. Durante toda a narrativa ele apenas olhava para o horizonte com aquele olhar perdido. Hora ou outra ele olhava para Harry, mas logo desviava como se isso o machucasse. Ou talvez seja repulsa, pensou o mais velho.

- Eu lembro agora, isso foi há tanto tempo. Foi à primeira vez que fui para um campo de batalha, a primeira vez que vi homens morrerem. Você salvou minha vida naquele dia. Lembro-me de não conseguir dormir direto por semanas depois que voltei pra casa. Tinha pesadelos todos os dias com homens tento suas gargantas cortadas, mas isso me tornou um homem mais forte. Graças a isso me tornei o rei que meu pai queria que fosse. Foi a última vez que tive medo da morte. – Louis contava tudo com uma voz pesarosa, como se recordar o trouxesse coisas que gostaria de esquecer. – Eu nunca consegui me lembra do seu rosto. Eu estava tão assustado... 

- Você era apenas uma criança na guerra, jamais o machucaria. Entretanto, acabei fazendo mesmo assim. Foi naquele dia que tudo começou. – Fez uma pausa passando os dedos longos contra os cachos. – Sua vida, ou melhor, nossas vidas se perderam quando eu me apaixonei por você.

As palavras saíram tão naturalmente dos lábios de Harry que pareciam que foram feitas para serem ditas. Nunca pensou que um dia conseguiria dizer isso tão abertamente, mas essa era a grande verdade de sua vida. A mais pura e bela verdade. Ele estava, e sempre esteve, perdidamente apaixonado por Louis. Poder dizer isso era libertador e assustador, como se jogar de um penhasco em busca da tão incrível sensação de liberdade. 

Amar Louis tornou-se a melhor e pior coisa que poderia ter acontecido. Ama-lo era viver um eterno paradoxo em sua cabeça. Já Louis tentou parecer indiferente diante das palavras, mas por dentro nem ele mesmo poderia dizer ao certo como se sentia. Alguma coisa queimou em seu peito como fogo em brasa apenas piorando todo o caos em sua cabeça.

- Primeiro achei que estivesse ficando louco, depois me odiei. Foi quando Taylor apareceu na minha vida que pensei que as coisas mudariam, mas não mudaram. Então passei a odiá-lo. Quando Camila fez quinze anos que comecei a entender melhor a maldição.

Harry dizia tudo preguiçosamente e com sua voz rouca. Ele não fazia de propósito, não tinha o intuito de provocar ou irritar o mais novo. Era apenas o seu jeito de falar calmo e pausadamente, porém, para Louis, tudo em Harry era irritante. Até mesmo sua forma de falar manso como se houvesse acabado de acordar. Não gostava nem um pouco de como a voz do rapaz o afetava, fazia sua mente imaginar como seria seu timbre ao acordar. Talvez mais rouco. Louis estava tão abalado, desaparecendo pouco a pouco dentro de seus próprios demônios. Perdido e vulnerável, sendo ferido por seus próprios preconceitos e crenças. Será que o amor cura tudo? Talvez não. Como gostaria de simplesmente sair correndo para longe de tudo, para longe de Harry, mas ele ficaria por Lauren. Seria forte por ela, estaria do seu lado até a morte. No entanto, o que fazer com todo esse sentimento voraz que corre em suas veias, gritando para ser ouvido? Louis ouvira toda a história narrada por Harry. E tudo parecia tão errado. Por que eu? Perguntava-se amargamente, sentido o gosto do próprio veneno. Por que Lauren?

- Por favor, já ouvir o bastante, isso tudo. – Fez uma pausa afastando-se de Harry, que fez menção de toca-lo para não fugir, mas conteve-se.  – Isso tudo é loucura. É tudo tão... Errado!  – Harry ficou em silêncio. Seu coração apertara com o tom usado pelo menor, sabia que nada era fácil, que não parecia existir saída. Ele mais que ninguém sabia, havia carregado esse fardo sozinho quase sua vida toda. Ele mais que ninguém compreendia a dor de Louis. Não o julgava, ele tinha todo o direito de odiá-lo. Por mais que o ódio proferido pelos olhos de quem tanto amava o machucasse, ele suportaria firme sem demostrar a dor. Por mais que sufocasse, que doesse, que matasse, não importava, pois ele o amava. Um amor que deseja a felicidade do outro antes da sua. Um amor egoísta mesmo assim. Um amor que suporta, um amor que perdoa, um amor que talvez nunca possa ser completo.

Assim como grãos de arreias sendo arrastado pelo vento, Louis partiu. Harry queria correr e segura-lo tão forte, queria encostar seus lábios suavemente com o do mais novo. Queria roubar sua dor para si, queria ama-lo por completo. Queria acordar toda manhã ao seu lado, poder contempla-lo e descobrir a cada dia suas feições, mas ele não poderia. Não até Louis permitir ser amado por Harry daquela maneira. Louis era sua bagunça perfeita.   


Notas Finais


https://www.youtube.com/watch?v=DzwkcbTQ7ZE

O que acharam? Até a próxima :)


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