História Palavras aos Mortos - Terça

Querida Serena,

Admito que comecei a me sentir um pervertido por passar tanto tempo pensando em você, por isso devo ter te assustado quando pedi para ligar a webcam. Achei que, dessa forma, tudo isso se aliviaria. Me enganara. Ver-te me deixou mais apaixonado, porque, de todas as formas que te idealizei, você conseguiu ser mais perfeita.

Seu cabelo castanho era muito liso, e lhe caía nos ombros de tal forma a se assemelhar a uma cascata. Seus olhos me pareciam acolhedores, de uma negritude sem igual, e se apertavam enquanto você sorria. A pele bronzeada que resplandecia com os raios de sol a acariciar-lhe a pele, e um sorriso com dentes muito brancos e lábios tão finos que mal podiam ser chamados de lábios. Você faz jus à Garota de Ipanema, e faz meu mundo inteirinho se encher de graça. Fazia. Ainda não me acostumei a usar o verbos no passado quando o assunto é você.

Eu achava que não havia como me sentir mais enfeitiçado por você, mas então você riu. O riso de um anjo, um ser tão inocente e puro, incrível demais para ser real. O mundo pareceu parar de girar, e me senti como se estivesse drogado. Você foi minha droga, Serena, anestesiando-me dia após dia. 

Dolorosamente,

Andris