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História Palavras aos Mortos - Sábado


Escrita por: Datura

Capítulo 7 - Sábado


 

Querida Serena,

Saudade. Uma palavra que só existe no português, mas que define perfeitamente o que eu sinto nesse momento. 

Nunca conseguirei tirar da mente a última imagem que tive de você. Não era você, realmente. Aquela sombra tomara-lhe todo o calor. Já não era sol. 

Decorei tuas palavras de tanto lê-las. E a cada vez que eu as lia, um pedaço de mim era lançado ao vácuo do universo. E a dor era excruciante. As letras não estavam só marcadas na pele. Estavam marcadas na alma. Você provavelmente não quer ler, mas é claro que eu não deixaria de colocar aqui a sua despedida.

Querido Andris,

Eu lhe agradeço por tudo. Tudo que amenizou a tortura de meus últimos dias, mas eu já não consigo respirar. O mundo me sufoca.

Sinto que meus pulmões irão murchar a qualquer momento, e não ouço mais a minha própria voz.
 

Eu grito. Sinto a vibração em minha garganta, mas nada chega aos meus ouvidos. Dói. Não posso mais. É como se cada célula do meu corpo clamasse pelo fim. Me sinto uma covarde. Tenho nojo de me olhar no espelho e ver os arranhões em meus braços, frutos de uma mente perturbada e unhas compridas. Acho que o ato de maior coragem que farei em minha vida será minha morte. 

Peço que me desculpe, não que o entenda. 

Ainda assim, eu te amo.  Eu não posso acumular a dor de ter um amor do outro lado do mundo, a tudo o que eu já tenho. Não posso.

Obrigada pelo que você me proporcionou. Eu amei cada segundo, assim como amo você.

Com amor,

Serena.

Sinto sua falta. Muito mesmo. Espero que você esteja melhor. E assim eu me despeço. Amanhã começarei a faculdade de turismo, e terei muita coisa para ocupar minha mente. Talvez até conheça outras garotas, mas não fique com ciúme. Nenhuma delas ocupará o espaço que você teve e tem na minha vida.

Com amor,
 

Andris.

O garoto que estava reclinado sobre a escrivaninha levantou a cabeça. Lágrimas escorriam pela sua face, mas ele não se preocupou em enxugá-las. Ele dobrou cuidadosamente o papel e o colocou em uma caixa de metal escondida debaixo da cama. Seus cabelos loiros eram iluminados pelos resquícios de sol da tarde, e ele parecia cansado. Deixou-se cair em uma cadeira e suspirou. O primo buzinou novamente na porta de seu apartamento. Eles iriam juntos para o campus. Organizou novamente a mala, e desceu para o térreo, não antes sem olhar uma última vez para a foto de um sorriso com lábios finos demais para serem chamados de lábios.
 



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