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História Para Sempre - QUINZE


Escrita por: BearPS

Capítulo 16 - QUINZE



Já estou caída no sono quando Damen liga. Embora eu tenha passado os últimos dois dias tentando convencer a mim mesma de que não gosto dele, tudo muda assim que ouço sua voz.— É muito tarde? — ele pergunta.

Apertando os olhos para enxergar os números verdes do despertador, vejo que é muito tarde, sim, mas respondo:

— Não, tudo bem.

— Você estava dormindo?

— Quase. — Ajeito os travesseiros contra a cabeceira da cama e me recosto neles.

— Eu estava pensando... Será que posso dar uma passadinha aí?

Novamente olho para o despertador, apenas para confirmar a insanidade da pergunta.

— Acho que não é uma boa idéia — digo.

Segue-se um silêncio tão demorado que chego a pensar que ele desligou.

— Desculpe não tê-la encontrado no almoço — ele diz finalmente. — Nem na aula de arte. Fui embora logo depois da aula de inglês.

— Hmm... sei — resmungo, sem saber direito o que falar, já que não somos um casal nem nada. O cara não me deve satisfação alguma.

— Tem certeza de que é muito tarde? — ele pergunta, a voz grave e persuasiva. — Quero muito vê-la. Não vou demorar.

Sorrio, felicíssima ao perceber essa pequena mudança: é ótimo saber que, só para variar um pouco, agora sou eu quem está dando as cartas.

— A gente se vê amanhã na aula de inglês — digo, e mentalmente me cumprimento com um tapinha nas costas.

— Que tal se eu passar aí pra buscar você? — ele sugere, quase fazendo com que eu me esqueça de Stacia, de Drina, daquela estranha fuga da festa, de tudo. Por muito pouco não me disponho a passar uma borracha em tudo e recomeçar do zero.

Mas não vou desistir assim tão facilmente. Portanto, obrigo meus lábios a dizerem:

— Miles vai de carona comigo. A gente se vê na aula de inglês.

E, antes de correr o risco de mudar de ideia, desligo e arremesso o celular para o outro lado do quarto.

Na manhã seguinte, Riley pipoca na minha frente e diz:

— Ainda mal-humorada?

Reviro os olhos.

— Estou vendo que sim. — Ela ri e se empoleira na cômoda, os calcanhares batendo contra as gavetas.

— E essa roupa aí, o que é? — pergunto, enquanto guardo os livros na mochila. Hoje minha irmã apareceu de saia rodada, corpete justo e uma longa cabeleira de cachos castanhos.

— Elizabeth Swann — ela responde sorrindo.

Aperto os olhos, demorando um tempo para ligar o nome à pessoa.

— Aquela de Os Piratas... ?

— Claro, quem mais poderia ser? — Ela levanta os olhos e faz uma careta. — Então, como estão você e o Conde Fersen?

Finjo que não ouvi. Jogo a mochila nas costas e vou em direção à porta do quarto.

— Você vem? — pergunto.

— Hoje, não. — Ela nega com a cabeça. —Tenho um compromisso.

— Como assim, “um compromisso”?

Mas Riley apenas balança a cabeça e pula da cômoda.

— Não é da sua conta — ela diz às gargalhadas. E some através da parede.

Miles atrasou-se hoje também; portanto, quando chegamos à escola, o estacionamento já está completamente lotado. A não ser pela melhor de todas as vagas.

A que fica lá no fundo.

Bem perto do portão de entrada.

Exatamente ao lado do carro de Damen.

— Como você fez isso? — pergunta Miles, recolhendo seus livros enquanto sai de meu minúsculo carro vermelho, fitando Damen como se ele fosse o mágico mais sexy do mundo.

— Fiz o quê? — pergunta Damen, olhando para mim.

— Guardar essa vaga. Pra estacionar aqui a pessoa tem que chegar, tipo, antes de o semestre começar.

Damen ri, buscando meu olhar. Mas eu o cumprimento apenas com a cabeça, como se estivesse diante do carteiro ou do zelador, não do cara que me deixou obcecada desde o dia em que o conheci.

— O sinal já vai tocar — digo, cruzando o portão apressadamente e observando a rapidez com que ele se move. Sem qualquer esforço aparente, Damen chega à porta da sala bem antes de mim.

A caminho da carteira, passo efusivamente por Honor e Stacia, chutando a mochila de Stacia sem a menor piedade. Tão logo vê Damen, ela diz:

— E aí, cadê minha rosa?

E morde a língua assim que ele responde:

— Desculpe, hoje não vai dar.

Já acomodado na carteira, ele lança um sorriso irônico em minha direção e diz:

— Alguém acordou com o pé esquerdo hoje. — E ri.

Mas apenas dou de ombros e jogo a mochila no chão.

— Pra que tanta pressa? — Damen se inclina para o meu lado. — O Sr. Robins não vem hoje.

— Como foi que... — digo, mas não consigo terminar a frase. Quer dizer, como ele pode saber o que eu sei, isto é, que o Sr. Robins ainda está em casa, de ressaca, remoendo o fato recente de ter sido abandonado pela mulher e pela filha?

— Vi a substituta enquanto esperava por você — ele diz sorrindo. — Ela parecia meio perdida, então fui com ela até a sala dos professores, mas a mulher estava tão confusa que provavelmente vai se perder de novo e parar no laboratório de ciências.

Sei que Damen está dizendo a verdade, pois, assim que ele fecha a boca, vejo a tal substituta se confundir e entrar na sala errada.

— Então, diz aí. O que fiz pra aborrecê-la tanto?

Levanto o rosto a tempo de ver Stacia cochichando no ouvido de Honor, ambas olhando torto para mim e balançando a cabeça.

— Não ligue pra elas, não, são duas idiotas — ele sussurra, inclinando-se um pouco mais e colocando a mão sobre a minha. — Desculpe se não tenho sido mais presente. É que tive uma visita. Não deu pra fugir.

— Você está falando da Drina? — Quando acabo de perguntar morro de vergonha do tom de ciúme que involuntariamente deixei escapar. Adoraria ser capaz de dar uma de tranquila, como se não tivesse notado como a conjuntura mudou depois que a tal de Drina entrou em cena. Mas não dá: não levo jeito para agir assim. Sou paranoica mesmo, e pronto.

— Ever... — Damen tenta se explicar.

Mas, já que comecei, vou até o fim.

— Você tem visto a Haven ultimamente? Ela agora parece um clone da Drina. Está se vestindo igualzinho à garota, agindo como ela, a ponto de mudar a cor dos olhos. Sério. Dê uma passada em nossa mesa durante o almoço e você verá. — Falo como se a culpa de tudo isso fosse inteiramente dele. Mas quando nossos olhares se cruzam, imediatamente me deixo enfeitiçar, como uma faca velha sem forças para escapar de um poderoso ímã.

Damen respira fundo, balança a cabeça e diz:

— Ever, não é o que você está pensando.

Você não faz a menor ideia do que estou pensando, é o que me vem à cabeça, e me esquivo.

— Por favor, me dê uma chance de eu me redimir. Quero levar você a um lugar especial. Hem? Por favor.

Sinto na pele o calor do olhar dele, mas não vou correr o risco de olhar de volta. Quero jogar duro, deixá-lo na dúvida. Prolongar esse momento o máximo possível. Portanto, depois de me acomodar melhor na cadeira, olho rapidamente na direção dele e digo:

— Vamos ver.

Quando saio da aula de história, no quarto tempo, encontro Damen à minha espera na porta da sala. Achando que ele está ali para me acompanhar até a mesa do almoço, digo:

— Só um minuto. Vou guardar a mochila no armário.

— Não precisa. — Ele sorri e passa o braço em minha cintura. — A surpresa começa agora.

— Surpresa? — E quando olho nos olhos dele o mundo inteiro vai sumindo aos poucos. Agora estamos apenas nós dois aqui, cercados de estática.

— Vou levá-la a um lugar muito especial. Tão especial que você vai perdoar meus erros.

— Mas... e as aulas? A gente vai matar os últimos tempos, é isso? — Apoio um dos braços na cintura, como se estivesse muito preocupada com as matérias que vamos perder. Pura encenação. Damen ri. Chega mais perto e, roçando os lábios em meu pescoço, sopra a palavra sim. Recuo assustada ao me ouvir perguntar como em vez de dizer não.

— Não se preocupe — ele diz, e sai me puxando pela mão. — Comigo você estará sempre segura.



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