(...)
- Talvez queira dizer em uma outra hora. Parece estar muito cansado. - ela olhou para o relógio de pulso - Meu Deus Severus, você tem que ir para casa descansar, e eu estou aqui te segurando.
- Não tudo bem. Eu preciso lhe dizer que...
- Hermione!
Não! De novo, não! - ele pensou vendo uma garota ruiva correndo. Olhou para o céu pedindo paciência e que pelo amor de Deus eles não fossem mais interrompidos.
- Gina!
- Mione, como você está? E como está John? - a ruiva perguntou afobada abraçando a amiga.
- Está tudo bem. Já não consideram mais o estado dele como grave e os medicamentos estão fazendo efeito.
- Harry e eu quase tivemos um troço quando ouvimos sua mensagem. Eu sinto tanto não ter estado aqui. E... - Gina olhou para Severus e depois para Hermione com a pergunta muda estampada na cara.
- Tudo bem Ginny. Esse é o Severus. Sevie, essa é a Gina, a amiga que te falei.
Eles trocaram um aceno e a ruiva, depois de um olhar desconfiado, continuou a falar com a amiga.
Severus ficou um tempo as observando, quando por fim percebeu que não voltaria a ficar a sós com Hermione novamente. Era a hora de ir.
Se despediu dela, e mais uma vez aproveitou do abraço que ela lhe oferecia. Foi para casa e antes de dormir reviveu os momentos com ela, as conversas, abraços, mas principalmente o roçar de lábios.
#-#-#-#-
Hermione ficou o resto da semana de licença cuidando do pai, mesmo depois que ele teve alta. Durante esse período ela telefonava para Severus pelo menos três vezes ao dia, e ela fez todo o trabalho que pode no computador em casa.
Naqueles dias Severus descobriu que era quase impossível ficar sem uma assistente, mas também descobriu que não conseguia mais viver sem Hermione ali, trabalhando com ele. A semana anterior que passara na Rússia, não era nada comparado ao que estava sentindo.
Quando o fim de semana chegou, ele foi visitar John, como de costume, torcendo para que Hermione estivesse sozinha e eles pudessem conversar. Estava pronto para dizer tudo, se declarar...
Infelizmente não conseguiu um segundo de privacidade com ela. Eram amigos de John o visitando, o Malfoy que não a deixava um só segundo, os amigos dela que não conseguiam ficar longe.
A paciência dele foi aos poucos desaparecendo e se viu mais uma vez voltando para casa sem dizer nada a ela.
"Tudo bem, tudo bem" ele se acalmava ao lembrar que no dia seguinte ela voltaria ao trabalho depois do almoço e com um pouco de sorte ele conseguiria conversar com ela na saída.
Comeu uma besteira que encontrou no refeitório da empresa e voltou para a sala, estava ansioso demais com a volta dela.
Assim que entrou ouviu o telefone da sala tocar.
- Desenvolvimento e Controle. Snape falando.
- Sr Snape, o Sr Malfoy deseja vê-lo. - a voz da secretaria de Lucius soou do outro lado da linha.
- Diga a ele que irei em meia hora. - respondeu e depois de agradecer a mulher desligou.
"O que será que Lucius quer?" Se perguntou organizando a mesa para que Hermione não visse o caos que se instalara na ausência dela.
Depois seguiu para a sala de Lucius a passos rápidos. Quanto antes fosse, mais rápido estaria de volta para vê-la.
Bateu na porta e entrou.
- Sua secretária disse que queria me ver.
Lucius estava sentado atrás de sua grande mesa de mogno estilo colonial. Tinha um sorriso no rosto enquanto olhava para alguns documentos.
- Sim, sim. Entre, entre. E feche a porta por favor. - ele disse se levantando e apertando a mão de Severus.
- Você parece bem animado Lucius. Pelo visto os lucros da empresa foram maiores que as projeções.
- Estou animado sim, mas não é pela empresa.
- Não? E pelo que mais seria? - perguntou Severus se sentando na poltrona de frente a mesa.
- Draco! - respondeu se dirigindo ao minibar que ficava em seu escritório e servindo dois copos com Whisky. - Finalmente ele está criando juizo e amadurecendo.
Lucius ofereceu o copo a Severus.
- Sabe que não bebo durante o horário de trabalho.
- Eu sei, mas eu quero comemorar o futuro casamento do meu filho, com meu sócio!
Aquelas palavras foram o suficiente para congelar Severus no lugar onde estava. "Casamento? Seria possível?"
Ele pegou o copo da mão de Lucius e tomou um gole.
- Casamento? Com quem?
- Com a sua assistente. Como é mesmo o nome dela? Ah sim Hermione Granger.
Severus estava pasmo. "Como assim eles iriam de casar? Só estavam juntos há poucos meses. E Draco nunca levou a sério os relacionamentos, por que justamente agora estava disposto a se casar ainda por cima?"
- É mesmo? - ele conseguiu se forçar a dizer.
- Não é tecnicamente oficial. - aquelas palavras amebizaram um pouco seu desespero. - Ele ainda não fez o pedido a ela, mas vai levá-la para jantar conosco em Bideford e pediu o anel de noivado que dei a Narcisa. Acredito que ele deve propôr quando estivermos lá.
Severus tornou a beber do copo.
- Cissa e eu nem conseguimos acreditar quando ele veio pedir o anel. Já estávamos sem esperanças de que ele fosse constituir uma família e nos dar o próximo herdeiro.
Severus forçou um sorriso, afinal se tinha algo que ele sabia muito bem era esconder o que realmente sentia por trás de máscaras.
- Mas eu não o chamei aqui somente para lhe contar e comemorar. Inclusive gostaria de pedir que guarde segredo até que tudo se acerte.
Severus assentiu.
- Você vai precisar encontrar uma nova assistente.
- O que? - de tudo o que ouvira aquilo fora o que mais o surpreebdera. - Como assim Lucius, até onde eu sei não existe problema algum funcionários se relacionarem ou serem casados aqui na empresa.
- Realmente não há nenhum problema, mas a partir do momento em que ela se tornar noiva do Draco, não é certo que ela continue trabalhando como uma simples assistente.
- E o que pretende fazer?
- Ela vai trabalhar com Draco no marketing até o casamento e depois ira assumir o papel de Sra Malfoy, como uma esposa e mãe dedicada.
- E a Srta Granger concordou com isso?
- Como eu disse, ela ainda não sabe, mas não acredito que ela vá recusar, nenhuma mulher em sã consciência recusaria. Draco tem certeza de que ela não recusará.
- A ideia foi dele, devo presumir?
- Sim, ele propôs e eu achei bem interessante. No começo não acreditei muito no relacionamento deles e muito menos que ela era uma garota adequada. Mas as mudanças nele são perceptíveis. Não tem mais passado as noites fora, sem escândalos no jornais. Tem trabalhado direito, só posso concluir que ela é uma boa moça. Essas mudanças são por conta dela. Já os observei e eles formam um casal perfeito. E como ela está trabalhando com você há anos, não dá para restar qualquer dúvida.
- Sim, ela está trabalhando comigo há mais de cinco anos, e como sabe eu a estava treinando para me substituir. Sendo assim tenho uma proposta melhor.
- Diga.
- Caso ela recuse ir trabalhar no marketing, eu me aposento e nomeio ela diretora do setor. E depois vocês encontram um novo responsável para quando ela sair.
- Certo, mas se ela não recusar vai ter de encontrar outra pessoa e treina-la para o seu lugar.
Severus resmungou e Lucius sorriu.
- Sei que detesta trabalhar com outras pessoas, mas é necessário. E assim que encontrar você pode se aposentar, como era para ter sido há cinco anos atrás. Nunca vi um treinamento durar tanto!
- Sabe muito bem que eu nunca quis me aposentar há cinco anos atrás! Isso foi ideia sua! - disse apontando o dedo.
- Sim, porque já passou da hora Severus. Você precisa deixar aquele laboratório e assumir seu lugar como co-presidente dessa companhia oras.
- Caso a Srta Granger recuse a proposta, eu o farei. Se era só isso Lucius, eu preciso voltar para o laboratório.
- Vai na festa de comemoração da empresa esse ano?
- Ainda não sei. - respondeu fechando a porta atrás de si.
"Droga, droga e droga! Ele vai pedi-la em casamento. E agora?"
Toda a animação, felicidade de Severus desapareceram e a única coisa que ele conseguia pensar era que a havia perdido. Perdera Hermione de vez.
Quando ela chegou ele sorriu, mas logo tratou de fingir que se concentrava no trabalho. E assim ele passou aquela semana, fingindo e tentando compreender o que faria agora que novas cartas foram colocadas na mesa.
Na sexta feira após o almoço decidiu tentar conversar e criar coragem para o último ato desesperado. Hermione parecia confusa e perdida, e passava boa parte do tempo olhando para o nada.
- Soube que amanhã você viaja com o Malfoy. - Severus disse se sentando ao lado dela.
- Uhum. - respondeu desanimada - O Sr Malfoy vai dar um jantar na casa deles em Bideford e Draco quer me apresentar oficialmente aos pais dele.
- Está ficando bem sério o relacionamento de vocês.
- É, parece que sim.
- Você deve estar feliz, um relacionamento sério era tudo o que você sempre quis, não é?
- Uhum.
- Aconteceu alguma coisa? Você está estranha.
- Não... Eu só... É um pouco estranho falar sobre isso com você.
- Falar da sua vida pessoal é estranho? Mas a minha você pode destrinchar a vontade? - ele perguntou debochado.
- Isso ai. - ela sorriu. Então, preparado para o concerto amanhã?
- Sim.
- Já convidou alguém para ir com você? - ela perguntou como quem não quer nada.
- Eu queria falar a respeito disso com você. - Severus a encarou. Precisava dizer aquilo, precisava tentar mais uma vez.
- Sim... - ela perguntou com expectativa.
- Você poderia... - "Só posso concluir que ela é uma boa moça. Essas mudanças são por conta dela. Já os observei e eles formam um casal perfeito. Casal perfeito" as palavras de Lucius o acertaram como um soco no estômago.
- Sim...
- Poderia me dar o telefone da sua amiga? Aquela do jantar no dia de São Valentim. Talvez um segundo encontro não seja tão ruim.
Ele disse tentando disfarçar. Não podia fazer aquilo, não destruiria a vida dela. Permitiria que ela tivesse o casamento perfeito com o homem perfeito. Formando o casal perfeito.
Vc algo passar pelo olhar de Hermione e transformar o rosto dela. Não estava mais sorrindo e parecia decepcionada.
- Claro. Eu te envio por mensagem. - ela disse sem graça forçando um sorriso e tentando entender porque ela queria tanto que ele a tivesse convidado.
Eles ficaram em um silêncio estranho, que raramente os encontrava.
- Você vai a festa da empresa hoje a noite?
- Não sei. - disse quando na verdade queria dizer que não.
- Vamos, será divertido! - ela exclamou, mas sem demonstrar a alegria de sempre.
- Tenho que cuidar do meu gato! - ele tentou.
- Mas você não tem gato! - ela acusou e ele sorriu.
- Então talvez eu precise adotar um pra poder ficar com ele.
- Muito engraçado. Valeu a tentativa. Vamos, vai te fazer bem...
Ele pensou se realmente vê-la ao lado de Draco o faria algum bem.
- Não.
- Tudo bem, eu não queria apelar, mas se não for terei de contar a todo mundo que você é um ótimo dançarino!
- Não faria isso!
- Faria sim! Mas...- ela fez uma pausa dramática.
- Mas...
- Se você for, eu nunca mais menciono o fato!
- Tudo bem dona chantagista. Mas se eu for vai ter que tirar uma dança pra mim. - ele disse em um impulso de coragem.
Quando ele já estava desistindo e dizendo que era só uma brincadeira ela aliviou o que restava do seu orgulho.
- Sim.
Ao menos poderia dançar uma última vez com ela antes de tudo se perder.
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Depois de uma briga interna Severus decidiu que iria até a maldita festa, e que se tudo desse errado, pelo menos ele ainda teria uma dança com Hermione.
Assim que chegou ele a avistou, e ela a ele. O sorriso dela foi a coisa mais linda que ele via naquele salão. E eles seguiram um em direção ao outro.
"Será que ele se atreveria a abraca-la e quem sabe poderia arriscar um beijo? Por que não?"
- Sev, que bom que veio! - ela disse o abraçando e ficando mais que o necessário com os braços ao redor do pescoço dele.
Ouviram alguém ao lado deles e ela o soltou.
- Se lembra da Gina, não? Harry precisou viajar e eu não quis deixá-la sozinha.
Ele a cumprimentou e os três começaram uma conversa sobre John e os próximos jogos que se aproximavam. Logo o grupo ficou um pouco maior, com a chegada de Draco, que olhava ameaçadoramente para Severus e mais um ou outro colega de trabalho.
- Fala sério Hermione, todos temos uma cicatriz da infância que é única. - alguém disse e Hermione negou.
- Não tenho nada! - ela disse um pouco envergonhada. - Não era uma criança levada. Sempre preferi ficar em casa lendo do que sair por aí me metendo em encrenca.
- Ah, mas você deve ter algum sinal. Qualquer coisa, que te definiria sabe? Algo que só você tem.
- Bem, eu tenho uma pinta!as não vou falar onde e nem como é. Essa conversa já está esquisita o bastante!
- Fica na coxa e é em formato de coração. - Severus sussurrou para si mesmo, sem nem mesmo compreender porque fizera.
Gina que estava ao lado dele o olhou curiosa, mas logo voltou a prestar atenção à conversa do grupo.
Com o tempo o pequeno grupo de dissipou, restando apenas Hermione, Gina e Severus.
- Eu não disse que a festa seria divertida?
Severus assentiu e quando ia convidá-la para dançarem a ruiva olhou sorridente para a amiga e pediu.
- Mi, você poderia buscar uma bebida pra mim por favor? Meus pés estão me matando.
- Claro Ginny, me dê só um minuto.
Hermione mal saiu e Gina mudou completamente sua expressão.
- Pode ir falando! - ela disse cruzando os braços na frente do corpo.
- Desculpe?
- Você não me engana Sr Snape. Pouquíssimas pessoas sabem sobre a pinta em formato de coração que a Hermione tem na parte de trás da coxa. Pode ir me dizendo, como você sabe disso?
- Bom, ela me contou! – respondeu sem deixar transparecer sua insegurança.
Gina riu irônica.
- Bem fraca sua tentativa. Mas a Hermione nunca falaria dessa pinta pra ninguém e...
Ela se interrompeu enquanto somava dois mais dois.
- Ah meu Deus. Foi real! – ela o olhou surpresa e ele não entendeu. – Os sonhos dela, não foram sonhos. Foi real, aconteceram de verdade.
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