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História Perfect Mistakes - Capítulo 50 - Rebecca e Louis


Escrita por: whoishoran

Notas do Autor


Promessa é promessa e eu estou de volta <3 Olá! Olha só quem apareceu hehe. Tudo bom com vocês, pessoal?

Eu sumi! Eu sei! Acho que mais do que qualquer outra vez e, claro, eu devo explicações (muitas, talvez). Cara, coisas acontecem. A gente vive longe de casa, acha outro lugar para dar esse nome e volta pensando que nada e nem ninguém vai mudar tudo que aconteceu lá longe. Querem saber de uma coisa? Acontece ainda mais coisa por aqui! Resumindo, desilusões amorosas, aprendi o que é distância, dizer adeus é complicado, dá para se pegar amigdalite em plena primavera, estequiometria é um saco, é muito difícil entrar em Oxford, beber pode ser divertido, dar uma festa é estressante, a escola tá acabando e, uou, finalmente, nunca pensei que diria isto, mas o verão tá chegando!!!!!

Me vi em muitas recaídas. Para ser honesta, não escrevo algo novo há MUITO tempo. PM já está finalizado haha e, caramba, eu não consigo superar e criar novas histórias. ALGUÉM ME AJUDA JESUS. Boa noticia, isso me deixa muito focada na escola, oops, e aqui, por enquanto. Pensei em desistir, confesso. Perfect Mistakes me remete a Brighton, Brighton foi a melhor coisa, mas, droga, "foi" e, na maior parte do tempo, é difícil aceitar isso mas, ei, PM é a melhor coisa e esse verbo, até onde sei, está no presente ainda <3 Estou de volta! Depois do dia 23 de novembro, preparem-se, capítulo novo toda semana e, ai meu deus ai meu deus, estamos caminhando para a tela preta com o "fim?" em baixo <3 VAMOS QUE VAMOS.

Foi tão gostosinho ter a companhia dos quatro maluquinhos no feriado enquanto eu editava o capítulo de hoje :) Havia sentido uma saudades e, mesmo que agora eles sejam adultos, é tão bom tê-los pertinho. Espero que tenham a mesma sensação que eu tive com a leitura de hoje!

Antes, o mais importante, eu peço desculpas. Estou em falta com respostas de mensagens e comentários, que virão!, mas as coisas só começaram acontecer na minha vida e eu não estava preparada para tanto impacto. Mas, eu disse, estou voltando com firmeza e dessa vez é seríssimo. Estou mesmo em falta e, mais uma vez, eu sinto muito muito muito por isso, pessoal. Demais e demais. Prometo recompensar essa falha gigantesca assim que minhas provas terminarem e, se tudo der certo, o que vai dar, eu me estabeleço aqui novamente hahaha.

ESPERO MUITO QUE GOSTEM DA BECKY TECKY E DO BOO BEAR HOJE! Eles são amorecos, complicados, mas amorecos <3 Solta o play no Coldplay haha e HERE WE GOOOOOOOOO

Capítulo 50 - Capítulo 50 - Rebecca e Louis


Fanfic / Fanfiction Perfect Mistakes - Capítulo 50 - Rebecca e Louis

(Trilha sonora - Abertura ♪ The Great Escape – Boys Like Girls / The Scientist – Coldplay)

- Mesa de Confissões? – Harry sugeriu assim que se sentaram nos bancos da bancada da cozinha. O rapaz não perdeu mais nenhum segundo e abriu as caixas de pizza rapidamente. 

- Wow – Nicole resmungou revirando os olhos. – Tem alguém aqui que ainda lembra disso...?

- Espero que não – Rebecca resmungou também, ainda com o coração palpitando forte, em função de tamanhas emoções que aquela casa, ainda nova, já abrigava.

- Bem, eu lembro – Louis falou e, em seguida, mordeu um pedaço de pizza.

Os quatro trocaram olhares enquanto comiam.

- Então... – Nicole viu-se na obrigação de quebrar aquela tensão que pairava sobre eles. De fato, as coisas não podiam mudar e ela ainda era obrigada a acabar com o silêncio. – Em que bairro você mora? – Becky nem ao menos ficou surpresa com a pergunta direcionada para ela e, se tinha algo que continuava a odiar, era quando estava no centro das atenções.

- Lá pela região de Baker Street – deu de ombros e depois passou a mão pela nuca.

Os anos haviam passado, mas, algumas coisas, eram tradicionais e Rebecca podia narrar a próxima sequência de eventos. Os olhares. As perguntas. As respirações abafadas. A vontade de ir embora. O desejo de perguntar tudo sobre o nada.

Ah...

- Hum – Louis engoliu a comida com força e procurou-se concentrar-se apenas nisso, como se fosse possível. Parecia destino mesmo, a garota inteligente formada pela Brighton High School tinha moradia em um dos bairros de classe média alta de Londres e ele, aquele que quase repetira todos os anos do colégio, estava pelas ruas.

- Lá é bem legal. É onde o Sherlock Holmes viveu – Hazza continuou a falar, provavelmente esforçando-se para quebrar o clima tenso também. Todos o encaram, exibindo feições para esconder o riso, ele ainda continuava com o senso de humor infantil. – Quer dizer, teria morado se fosse real.

- É, certo... – Rebecca assentiu e riu fraco. – Er... Preciso perguntar uma coisa a vocês. Sobre, alguns anos atrás.

O silêncio mostrou que podia continuar.

- Arm... – pensou a respeito, se queria mesmo citar nomes já tão esquecidos, mas notou que a curiosidade ainda falava mais alto. – Coisas aconteceram, certo? E... Fui a única aqui que fiquei com a presença constante de Liam por alguns meses ou vocês também ficaram... Com eles?

- Não.

- Sim – Nicole e Louis responderam ao mesmo tempo, fazendo com que trocassem olhares em seguida.

- Sozinho no mundo, eternamente – Hazza fez um sinal de paz e abaixou a cabeça.

- Dois, portanto – Louis contou e não fez questão de deixar claro que havia desaparecido do mapa e pouco sabia do paradeiro dos outros companheiros, de anos anteriores. – Nicole?

- Er... – ela também parecia medir bem as palavras. – Talvez eu tenha tido uma companhia também por algum tempo...

- Quanto tempo? – Harry perguntou curioso e os dois trocaram olhares quase furiosos.

- Um pouco mais que meses – ela tentou escapar da conversa, indo atrás de mais bebida.

- Hum... – Rebecca assentiu em compreensão.

- Não é muito bizarro pensar que antes de tudo queríamos mais que qualquer coisa voltar para Brighton e, agora, procuramos manter a maior distância...? – Nicole começou a falar o que pensava, como antes. 

Mais silêncio.

- Eu não consigo entender – Becky negou com a cabeça e largou seu prato em cima da bancada, ainda sem tocar na comida. – O que é tudo para vocês? Will, o acidente de carro, a cabana ou... Nós?

Doía citar aqueles acontecimentos.

Doía relembrá-los.

E doía, até mesmo, pensar a respeito.

Em relação a todas as partes.

O início, o meio quando as coisas pareceram se acalmar e principalmente, o fim.

- Aí é que tá – Harry quebrou o silêncio. – É tudo isso. E mais os últimos quatro anos, talvez.

- E aliás, por que não falamos deles ao invés de remexer no passado? – Louis respirou fundo e sugeriu já meio impaciente. – Vamos devagar. Tenho quase certeza que quatro dias atrás, nós nem sabíamos se estávamos vivos ou não – falou sério. – Do que adianta falar sobre essas coisas, se somos... Um tanto quanto estranhos um para o outro?

- Bem, são quarenta e seis meses pela frente. Quer começar por onde? – Nicole perguntou, em voz alta, provavelmente, a dúvida de todos.

- Mesa de Confissões! – Harry disse após apoiar com força o copo que acabara de pegar contra a bancada. Rebecca passou a mão pelos olhos, como se pudesse saber e ver exatamente o que aconteceria em segundos, pela segunda vez.

Foi obrigada a perguntar-se mais uma vez como diabos sabia a ordem dos acontecimentos, mesmo após tanto e tanto tempo.

- Costumávamos seguir uma regra... – Louis procurou esconder o sorriso divertido pegando mais pizza e bebericando uma cerveja. Pelo menos, se sua memória estivesse boa, ele era o último da brincadeira.

- É isso ai! Ordem crescente de idad...

- Por que não começamos por você, hein? – Nicole interrompeu Harry e foi a vez de Becky segurar a risada. – Você que teve a brilhante da ideia de nos reunir, de comer pizza e de brincar de algo que nem nos lembrávamos.... Faça as honras.

Hazza arqueou a sobrancelha.

Ela ainda continuava rápida e ágil. Pronta para escapar de encrenca ou livrar aqueles que estavam preocupados, no caso, Rebecca.

- Isso é injusto. Vamos tirar na sorte – disse enquanto bebia mais um fole do que quer que fosse aquilo que Lou havia comprado. Pegou um garfo, colocou entre eles e rodou o talher sob a bancada.

Este girou, girou, girou e girou.

Até finalmente parar.

Apontando os pés para Nicole.

- Mas que coincidência – Harry não perdeu a chance de provocar, fazendo Louis rir.

- Não sei por onde começar – deu de ombros tentando fugir daquela situação.

- Vamos fazer diferente, hoje. A mesa faz as perguntas e sem confissões. Só respostas – Louis sugeriu e pareceu haver um acordo nas quatro paredes.

- Manda – pediu revirando os olhos.

- Quanto tempo Niall ficou ao seu lado? – Hazza questionou rápido, antes que qualquer um deles dissesse mais alguma coisa. A menção de um nome já tão antigo e remoto, de alguma maneira, causou um tumulto de olhares. Principalmente entre o moreno e Nicole, que tinha fogo nos olhos e, claramente, repreensão.

- Hum... – passou a mão pelos olhos e aquela foi sua deixa. No mesmo instante, Becky percebeu que, talvez, de todos eles, a loira era a que mais tinha história para contar. E, bem provavelmente, histórias nada boas. – Quase dois anos.

Silêncio.

- Ah meu deus! – Rebecca mordeu o lábio, achando-se a maior idiota por expor suas reações. Louis tirou os olhos de Nikki, chocado, e encarou o melhor amigo.

Sem grandes novidades, Harry estava pasmo e, mais do que tudo, arrependido por ter conseguido uma resposta tão dolorida para aquela pergunta.

- Faculdade? – Lou questionou, mudando de assunto rápido.

- Erm.... É claro, Louis! – Nicole respondeu ironicamente, já nervosa. – Fiz faculdade em pessoas.

- E o que você aprendeu? – Harry perguntou com uma feição incompreensível no rosto.

- Tenho quase certeza que o curso mais frequentado é sobre a decepção que elas causam – Becky resmungou e eles ficaram novamente em silêncio.

Longo, tenso e profundo, mal havia movimentos na casa, mas toda a quietude, incrivelmente, entregava o mar de tormentos pensamentos e ideias de cada um.

- Mas voltando ao assunto do...

- Harry, dê a ela um pouco de privacidade – Rebecca pediu ao irmão, interrompendo-o com firmeza. – Dê a todos nós um pouco de privacidade – pediu baixo e notou a surpresa de todos, em função da sua atitude séria e rígida, algo que a Becky de anos antes não seria capaz de fazer.

- Por que age como se eu fosse o mais errado dessa história? Se me lembro bem, foi você que saiu andando sem deixar rastros, Becky! – ele protestou no mesmo tom.

- Eu não acho você o mais errado, Harry. Eu só acho inaceitável não nos conhecermos mais, principalmente nós dois, mas se isso está bom para você, ótimo – devolveu as palavras com raiva.

- Ah, você não me conhece mais? Ok, vamos falar sobre mim agora! – girou o garfo e deixou-o apontado na sua direção. – Depois que eu e Nicole acabamos do jeito que acabamos, que Louis despareceu e que você sumiu com Liam, eu entrei na porcaria de um trem em direção a Liverpool! Fiquei lá por quatro meses, até algum maldito dinheiro entrar na minha conta e eu conseguir ir para algum lugar...

- Liverpool soa melhor do que Bristol – Nikki resmungou.

- Experimente ficar em uma cidade menor do que Brighton... Onde todos sabem e conhecem seus passos – continuou a falar. – Quer mais, Rebecca? Consegui grana o suficiente para me sustentar fora de lá e vim para Londres. Me inscrevi na primeira faculdade de Direito que apareceu e o resto... Sinceramente... Podemos pular. Só vamos ressaltar a parte que eu não consigo ter uma boa noite de sono há muito tempo porque, toda vez que deito, vem aquele maldito cheiro insuportável e intoxicante de fumaça. O mesmo que todos nós ficamos horas inalando – parou e ficou quieto. – Isso está bom para você? Feliz agora?

Becky respirou fundo, concentrou-se para fugir das lágrimas e tentou medir as palavras. A última coisa que precisava era causar uma briga.

Esforçou-se fortemente para permanecer firme, como havia aprendido nos últimos anos. Suspirou pesado, forçou a garganta e não deixou o olhar cair, muito menos a cabeça.

Só falhou por um instante. Por um único instante, em uma fração de milésimos em que, estupidamente, olhou além de Harry para quem menos devia e menos merecia seu olhar.

Entre essa e aquela, Lou, notando os olhos castanhos em sua direção, mais do que rápido, sentiu uma tremenda vontade de possuir a mesma intimidade que tinha com ela para que, assim, pudesse dizer que tudo ficaria bem.

Quis apertar seus ombros, agora não tão mais magros. Desejou tocar sua perna, acariciar sua cabeça, abraçar sua cintura e dizer, mesmo que não fosse verdade, que daria certo e que, agora, ele estava ali.

- Eu não quero ser chato... – Louis rompeu o silêncio e sentiu os olhos sobre eles. – Juro que não quero, mas, ao menos, vocês três tiveram para onde ir. Ao menos, Will tomou conta de enfiar cada um de vocês em um lugar. E, independentemente de onde fomos parar, e, podem acreditar, que eu pensei que estava no verdadeiro inferno, isso mudou agora, não mudou? – parou rapidamente. – E você... – encarou Hazza. – Não é o único que sente a porcaria desse cheiro quase todas as noites. 

- Todos nós sentimos – Rebecca ergueu a voz e encarou o irmão. – Obrigada pelas informações, melhorou tudo entre nós, Harry – não perdeu a chance de devolver as palavras grosseiras e com raiva.

- Então, fale sobre você agora! – protestou furioso. – Você não precisa mais dessa frescura, Becky. É bem óbvio que Louis faz trabalho sujo, Nicole já falou e, bom, obrigado, eu também. Sua vez agora.

 - Valeu, cara. Valeu mesmo – Lou resmungou e bebeu mais do álcool. As palavras não lhe machucavam e mentiras também não diziam. Era a mais pura verdade e, sem demandas, Louis já havia aceitado, mas, ao que parecia, era o único porque o olhar de todos pairava sob si.

A tensão pareceu a voltar e Lou sentiu que, bem em breve, teria que contar sobre todos os perigos que vinha enfrentando sem importar-se. Pensou de verdade que teria de fazê-lo e, mentalmente, começou a pensar nas palavras corretas para dizer.

Até uma risada aparecer.

Era a de Nicole.

Ela ria timidamente e de cabeça baixa. Mas isso não era de seu feixe e, exatamente por isso, não demorou muito para ela erguer a cabeça e morder os lábios.

- Essa foi boa – palpitou e voltou a rir, dessa vez mais descontraída e menos tensa.

De alguma forma, como costumava fazer, ela puxou Hazza consigo no embalo e o rapaz começou a rir também. Becky, em algum momento, deu-se por vencida e juntou-se tímida e recolhida a eles. Louis, então, terminou de beber, encarou-os, viu os três rindo, rindo junto e rindo dele, e não pensou duas vezes.

Juntando-se as risadas também. 

Não eram gargalhadas e muito menos risos de felicidade. Era uma mistura de emoções que seguravam lágrimas junto a segurança e o alivio de verem que, mesmo após tudo e por causa de tudo, não era impossível sentir o início de harmonia novamente.

Os risos foram se amenizando e, quando pararam, foi a vez de Rebecca sentir o olhar pairar sobre ela.

- As coisas, na verdade, não mudaram tanto assim para mim – deu de ombros. – Depois de... Nós... Entrei correndo em uma faculdade também, continuei na revista em que eu trabalhava naquela época, o que me ajudou a ganhar dinheiro rápido e fácil. Graças ao curso que fiz, subi de cargo e... Aqui estou – contou. – Nada de grande e nada de especial. Só... Normal.

Mal ela sabia o quão bom era a última parte. Não sabia mesmo como o normal cabia-lhe bem.

Respirou fundo e decidiu-se calar. Não precisava citar todas as desilusões, decepções e problemas que passara. Era melhor continuar neutra e distante, pensou.

- Seguiu o ramo da Arquitetura? – Louis perguntou de uma vez e os dois trocaram olhares. Becky tratou de abaixar a cabeça rapidamente. – Como você sempre quis... – forçou a garganta, querendo deixar claro que ele ainda lembrava-se de cada detalhe da Rebecca de dezesseis anos.

- Na verdade, optei por Publicidade – e lá estava uma novidade da qual tinha muito orgulho. – O que me chega a você – virou-se para Nikki, que estava distraída com o copo de vidro nas mãos. – Modelo, sério mesmo? – não pôde conter o sorriso e, logo, agradeceu-se por fazê-lo porque isso trouxe o sorriso de Nicole à tona também.

- Quem diria, não é? – olhou para baixo pensando sobre aquilo. – Não foi para frente...

- Por quê? – Lou quis saber curiosamente.

- Não nasci para aquela vida e... Outras coisas aconteceram também, aí achei melhor cair fora – contou. – O dinheiro ajudou, na época – riram todos fraco. – Mas eu não sinto falta, se é isso que importa.

Ficaram em silêncio.

Saudades permaneceria como um assunto difícil e complicado.

- Vocês... – Becky apontou para os pratos e a caixa de pizza vazia. – Precisam de ajuda com isso?

- Não, deixa comigo e com o Tomlinson – Harry falou fazendo Louis revirar os olhos.

- Hum.... Chegou minha hora, então – desceu do banquinho e olhou os três, que repetiram seu movimento.

- Eu acompanho você até seu carro – Lou disse rápido, sem medir as palavras.

- Não precisa – negou com a cabeça e começou a caminhar até a porta.

- Precisa sim – Hazza insistiu e os dois se olharam. – Obrigado por vir. De verdade, significou bastante e você sabe disso.

- Vai fazer alguma coisa amanhã? – Nicole quis saber enquanto cruzava os braços.

- Na verdade, eu tenho um compromisso e, provavelmente, só vou chegar em casa à noite – contou engolindo em seco. Louis arqueou a sobrancelha para os amigos e procurou pensar em algo rápido.

- Seu compromisso exige metrô? – falou fazendo, não só ela, mas, os outros também, estranharem.

- Por quê? – arqueou a sobrancelha.

- Faz assim... Quando você chegar, nos liga, assim vamos buscar você na estação – sugeriu ao mesmo tempo que Rebecca abriu a porta da casa e saiu.

- Fechado! – Harry gritou e os observou andar em direção à rua.

- Bingo – Nicole falou baixo e foi arrumar a cozinha.

- Você... Não precisa fazer isso – Becky disse enquanto caminhava, procurando manter os olhos longe dos irresistíveis que ele ainda possuía.   

- Mas e se eu quiser? – devolveu as palavras assim que chegaram à frente do automóvel. – Belo carro – devaneou sobre ela no volante, mas, lembrou-se rápido que, em especial, a última memória que tinha quanto a Rebecca era ela, no passageiro, aos prantos.

Partindo.

- Olha... – Becky virou-se para ele sem paciência, interrompendo seus pensamentos, com sua cota de nostalgia já estourada. – Foi uma boa noite, com altos e baixos e eu não quero soar mesmo grosseira com você. Mas... Não temos mais nada, ok?

- Onde quer chegar? – questionou aflito e rudemente, arrependendo-se em seguida.

 Já sabia onde aquela conversa iria parar e aquilo era o que menos precisava para completar seu dia. As coisas na sua vida estavam caminhando para o bom caminho e esperava de verdade que o quesito Rebecca fosse na mesma direção, mas, claramente, estava começando a notar o engano.

- Eu... – tentou medir suas falas. – Eu não quero que nossas vidas se encontrem, Louis. Não quero... Nós – fez uma pausa. – De nenhum jeito, se possível.

Ouvir seu nome vindo de seus lábios, alto e claro, fez seu coração se acelerar do mesmo jeito que Rebecca sentiu uma tremedeira. A última vez que menções como aquela haviam acontecido, os terremotos sentimentais tinham sido tantos que, nem mesmo, ambos permaneceram com aquelas sensações.

Automaticamente, afastaram.

- Você sabe que o celular do qual Harry te ligou era o meu, certo? – sorriu divertido tentando manter-se longe de tristeza porque sabia que não podia perder muito tempo com aquilo. – Isso, automaticamente, faz com que eu tenha seu número.

- Arg... – revirou os olhos. – Uma boa noite para você – abriu a porta do carro e adentrou sem paciência.

- Vou te esperar na estação, sabe disso, não é? – afastou-se para que ela pudesse dar partida e a observou.  Becky o encarou, sem expressão no rosto, notando cada traço que havia sentindo tanta falta, mas negou mentalmente.

Olhou adiante e foi embora.

Lou abaixou a cabeça, virou as costas e entrou em casa também.

- Bem.... Vocês sabem que sou cachorro vira-lata. Como e vou embora. Portanto, chegou minha hora também – Nicole vestia o casaco e, logo, os olhou séria. – Por favor, me digam que eu não sou a única que acha que foi uma boa noite.

- Foi... O esperado – Harry deu de ombros.

- Certo – assentiu e abriu a porta. – Acho que... Agora... Vocês sabem onde me encontrar.

- Com toda certeza – Louis brincou e se despediu dela com uma piscadela.

- Tchauzinho para vocês! – acenou já do outro lado da rua e Hazza fechou a porta.

- Harry.

- Hum?

- Vocês dois...

- Ela é a Nicole – revirou os olhos e abaixou a cabeça. – E nós temos louça... E vocês? – apontou para a porta e Louis xingou baixo, fazendo Harry rir. – Bom saber que estamos na mesma situação.

- Louça, Harry, louça.

(...)

Abriu os olhos sentindo a boca seca.

A cama, ao redor, estava uma zona. O lençol estava totalmente fora do lugar e os travesseiros por toda a parte. Claramente, não havia sido uma noite fácil.

Fato, não havia sido mesmo uma noite tranquila.

Livrou-se do pijama grudado a pele rapidamente e correu para o banheiro, ligando o chuveiro em disparada.

Não é muito bizarro pensar que antes de tudo, queríamos mais que qualquer coisa voltar para Brighton e agora, procuramos manter a maior distância...?

As palavras de Nicole batucaram em sua cabeça assim que a água deixou de ser tão fria e, com isso, ela aproveitou a deixa para também adentrar o box. Pensou sobre todas as coisas discutidas, relembradas e contadas na noite anterior.

Tomou a decisão de entrar de cabeça inteira no chuveiro, entregando-se por completo a água. E, enquanto se ensaboava, sentiu a presença de uma cicatriz que havia esquecido há muito tempo.

Apalpou seu ombro direito e sentiu as asas da borboleta, que anos e anos antes, havia desenhado em uma estúpida folha de caderno.

Aquele pequeno inseto deveria significar bem mais do que uma fase passada da sua vida.

E, talvez, viesse a significar mesmo.

E foi nessa conclusão que chegou: Louis tinha razão. Independentemente do que haviam passado ou do que havia acontecido, as coisas eram diferentes. E eles eram estranho, mas estranhos com muitas e muitas memórias, mudando tudo.

Tudo mudava, até mesmo o que não deveria sofrer mudanças. 

Não podemos ficar juntos.

Repetir aquelas palavras ainda era tão dolorido quanto lembrar de quando havia ouvido.

Droga, como podia estar machucada com algo tão velho?

Agradeceu pela água quente do chuveiro levar e lavar também as lágrimas que rolavam pelo seu rosto, assim pouco sentia a presença do leve e inútil choro.

Respirou fundo e repassou à noite anterior.

Não quero... Nós.

Desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e deu de cara com sua feição no banheiro.

Negou com a cabeça.

Não podia ser tão dura consigo mesma. Não estava chorando por um cara qualquer de um bar da sexta-feira passada, não estava relembrando sua turma de amigos da faculdade, nem Liam ou algo do tipo.

O irmão também tinha razão, eram as três pessoas que haviam acompanhado ela por quase dezoito anos.

Dezoito anos!

E, estando diferente ou não, eles marcaram a maior parte de sua vida.

- Você não pode ser fraca de novo, Rebecca – disse baixo a si mesma e deixou de se olhar rapidamente.

 

- Você atrasou – sabia que ouviria aquela frase assim que chegasse. Tragou o cigarro e tirou o pequeno saco plástico com pó branco de dentro do bolso.

- Sim, tive uns problemas pessoais. Mas está aqui – entregou-lhe a entrega e sentiu as notas de dinheiro tocaram seus dedos.

- Vai atrasar essa semana também? – o rapaz extremamente magro, cheio de tatuagens e com a aparência de que necessitava daquele pacote mais do que tudo questionou.

- Er... – se Harry e Nicole soubessem o que ele andava fazendo naquela região da cidade, provavelmente, causariam uma grande discussão. – Não sei. Ando com umas pendências... – tragou o cigarro pensando em uma mentira. – E não sei se vou conseguir continuar, por enquanto, com essas coisas.

- E você espera que o pessoal daqui fique como?! – sentiu os braços finos lhe empurrarem e isso fez, rapidamente, Louis recuar para trás, repetindo a si mesmo que era perda de tempo arranjar briga. – Dependemos de você, cara!

- Dependem tanto que assim que a polícia apareceu, todo mundo correu apontando para mim, hum?! – protestou no mesmo tom nervoso.

- Então é isso, não é? Você está encrencado com a polícia e agora está com medo, certo? – provocou e começou a rir, como se já fossem extremamente íntimos, quando, na verdade, Louis só sabia um pouco mais que seu nome.

Sabia um pouco mais que o nome das pessoas para qual vendia. E, mesmo que aquele lugar e aquelas pessoas, igualmente, fossem sua única chance de lucro e renda, após notar, com o trabalho de Harry, a seriedade da polícia e da questão tribunal e civil londrina, de fato, assustou-se e vinha começando a pensar se era aquilo que queria mesmo para a própria vida.

- E se for, hein? – disse nervoso e jogou o cigarro longe. – Comece a procurar outro traficante porque, daqui a pouco, estou caindo fora.

- Ninguém cai fora, Tomlinson – o rapaz começou a rir e depois coçou a barba. – Quer parar de traficar? Ótimo. Te dou menos de dois dias para estar aqui encostado, usando mais do que todos nós. Ninguém larga, ninguém consegue.

Ouviu suas palavras com atenção.

Realmente, o que estava fazendo com sua vida?

- Eu cumpro minha palavra... – acendeu outro cigarro, olhou-o uma última vez e saiu andando, torcendo para que seu tom tivesse sido bem claro e manipulador.  

Procurou entrar na primeira estação de metrô que surgiu no seu ponto de vista, assim não precisaria se preocupar com alguém vindo a sua cola, e espreitou-se nos cantos do vagão.

Respirou fundo, eram necessárias mais de duas mãos para contar quantas vezes escapara daquelas ruas turbulentas e sinistras, ou da polícia e do que fregueses, e entrara, em seguida, no metrô, torcendo para pensar rápido e estar sóbrio o suficiente para encontrar algum lugar para ficar.

Odiava-se tanto por ter sido covarde anos antes e ter deixado tudo desmoronar.  

Afinal, todos eles poderiam ter continuado o que eram. Cada virgula daquela história, quatro anos antes, muito mal terminada poderia ser diferente se, como Lou pensava e culpava-se, tivesse feito algo.

E deveria ter feito, pensou.

Não deveria ter deixado o café esfriar, não deveria tê-la deixado partir com o coração partido, não deveria ter visto tudo cair e cair e não fazer nada.

Droga!

- Tarde demais, Lou, tarde demais – encostou a cabeça com força no vidro do vagão e adormeceu, indo em sem direção.

(...)

Pisar na estação, após uma hora e meia em movimento, fez o chocolate quente nas mãos esfriarem. O cheiro de maresia abafou o doce da bebida e a necessidade de retirar o casaco foi mais do que momentânea.

A sensação era irritantemente agradável.

Passou pela catraca exibindo a passagem e seguiu pela saída da direita. O cheiro do café litorâneo orgânico apareceu depressa e ela teve de sorrir.

Claro que teve.

Memórias ou não, o nome do meio de Brighton era lar, seguido de porto seguro e nada e nem ninguém poderia mudar isso.

Entrou no primeiro ônibus que seguia em direção Whitehawk, pagou uma passagem diária e correu escada acima para o segundo andar. A atmosfera inteira lhe fazia ter dezesseis anos mais uma vez.

A cidade estava na maior calmaria, levando em conta que era domingo. Eram poucas pessoas que desciam do transporte e menos ainda que o subindo. Considerando os ponteiros do relógio e a temperatura, definitivamente, o litoral ainda dormia.

Lembrava-se bem que a melhor época da cidade era aquela. Final de setembro e quase início de outubro, quente o suficiente para a praia e frio o bastante para expulsar turistas.

Brighton era simplesmente incrível para Rebecca. Cada esquina possuía uma história e mesmo que elas fossem atestados médicos para recaídas nostálgicas, pouco importava, eram histórias boas para serem lembradas.

- Alô? – foi interrompida pelo celular. – Ah sim... Sim, a sessão de fotos para a próxima capa será na segunda... – era mais do que frequente ser atormentada em pleno domingo de manhã já que, londrinos e metropolitanos, pouco se importavam e desconheciam a palavra descanso.  – Pode ficar tranquilo, vamos cuidar para que ela tenha tudo que precise... Certo... Já encomendei o fundo azul e está tudo dentro dos conformes... – revirou os olhos cansada de aturar publicitários exigentes. – Nada, é um prazer trabalhar com vocês – e desligou.

Observou as ruas apertadas, as poucas pessoas que se arriscavam no dia nublado e desceu no Gala Bingo Hall. Colocou as mãos nos bolsos, trajou o casaco novamente e livrou-se do chocolate quente que havia comprado no trem.

As árvores já perdiam as folhas coloridas do verão. Em breve, já começariam a cair indicando a chegada do outono algo que, em parte, preocupava Becky.

Finais de ano raramente eram bons. Extremamente corridos, estressantes e, definitivamente, alvos de muitas memórias e remorsos.

Passar pela Brighton High School reforçou ainda mais o fato. As tundras do colégio, época já tão distante cronologicamente de sua vida, pouco tinham vida e, ao mesmo tempo, Becky sentiu-se para baixo.

Aquele lugar tinha tal efeito também. Uma hora um fogo de artifício, no outro instante um verdadeiro poço fundo e sem saídas de tudo que deveria ter acontecido ou nunca foi planejado.

Desceu toda a Eastern Road e agradeceu a si mesma foi ver-se rapidamente no destino que desejava. O imponente prédio branco parecia muito mais do que convidativo.

- Bom dia – cumprimentou com um sorriso fraco quem quer que estivesse na recepção. Pela sua presença constante no local, há quase sempre quinze dias, nem ao menos foi barrada.

Virou alguns corredores, subiu alguns degraus e cumprimentou outros funcionários, até, finalmente, chegar na ala que conhecia melhor do que todas.

- Hey, Becky – ouviu algum conhecido ser simpático. – Mande um abraço ao seu pai.

- Pode deixar – assentiu meigamente e continuou a caminhar, já acostumada com a papel de filha do delegado. Parou no balcão ao ver um corpo conhecido e riu fraco. – Eu estou precisando de uma ajudinha aqui... – brincou cantarolando.

- Ah, minha linda! – a mulher abriu os olhos alegremente, deu a volta e a abraçou fortemente. Como fazia sempre, em todas as suas visitas. – Advinha quem não tomou café da manhã por que ficou te esperando, hum?

- Minha nossa, Mira, eu não preciso de tudo isso! – riram juntas. – Mas, obrigada, meu estômago está roncando...

- Ótimo – passou os braços entre os seus e elas começaram a caminhar.

Miranda provavelmente conhecia mais do que bem a medicina e a dermatologia porque, com seus cabelos cacheados sempre presos em coques frouxos, havia adquirido pouquíssimas mexas brancas e não mudaram quase nada. Mesmo com a idade, rugas passavam distante.

Ela havia subido de cargo no hospital, era a residente-chefe na parte de oncologia e, graças a sua discrição e inteligência, ainda era mantinha a vida pessoal e turbulenta como mistério.

Poderia ter um salário melhor, noite mais bem dormidas, mas seu rosto meigo não havia saído do lugar e ela ainda tinha grandes quedas, quase infinitas, por boas histórias aventureiras e com finais felizes. Mais que isso, seu coração médico ainda sabia fazer muito mais do que bons curativos.

- Tudo bem com você? – perguntou educadamente assim que se sentaram na lanchonete do hospital.

- Nos conformes – Mira deu de ombros e bebericou o café quente. – Mas você não faz ideia de quanto eu amo assim que o verão vai embora! Deus, essa cidade fica bem mais agradável...

- E não é que Londres é exatamente o oposto? – Rebecca revirou os olhos. – A revista começa a pirar a cada início de uma nova estação correndo atrás de editorias, modelos, matérias e nossa...

- Bem, ao menos, o bolso cresce, não é? – brincou e elas riram novamente. – O que me conta hoje? Duas semanas atrás paramos no rapaz do café...

- Oh... – forçou uma risada. Se ao menos Miranda soubesse o que ela tinha para contar, após quatro anos, nem teria se sentado. – Na verdade, eu tenho algo meio... Sério para te dizer.

- Ah, é mesmo? Aconteceu alguma coisa? – seu rosto fechou-se por um momento e Rebecca soube que isso foi consequência da sua própria reação. – O que houve, Becky?

 - Eu não sei que seria tão complicado falar em voz alta... – brincou e riu nervosamente. – Advinha quem apareceu, Mira? – abriu o pacote de açúcar, fugindo de seu olhar. Mandou as lágrimas para bem longe e manteve a cabeça baixa.

- Liam?! – protestou surpresa, mas assim que viu a feição de Rebecca notou que não era nada daquilo e, com toda certeza, a gravidade era ainda maior. – V-você só pode estar brincando... – gaguejou perplexa.

- Eu gostaria, Mira – levantou os olhos e Miranda notou a quantidade de água presente neles.

- Ah meu deus! – pôs as mãos sobre os lábios e ficou por um grande momento em total choque. – Ah meu deus, Rebecca!

- Er... – foi interrompida antes que tivesse tempo.

- O que... Como... Er... É possível?!

- Harry finalmente pôs a cabeça para funcionar – deu de ombros, com mais raiva dessa vez. – E é obvio que eu fui a última a saber, mas, sim, os dois apareceram. Três, na verdade. Como se... Arg... Eu não sei.

- Eu. Não. Posso. Acreditar. Nisso – disse pausadamente ainda perplexa. – Becky! Como tudo isso? Como Nicole e Harry estão? Como... Como ele está? Conversaram?!

 Rebecca lambeu os lábios e ficou alguns instantes em silêncio. Notou que os olhos de Mira, que raramente pediam por algo, quase imploravam por uma resposta.

- Eu não sei de todos os detalhes, na verdade, eu meio que estou procurando manter distância... – contou a última parte mais baixo.

- Por quê?! – notou que Miranda tinha os olhos cheios d’agua também e suas mãos tremiam.

Mesmo que Rebecca não quisesse aceitar, sabia que ela tinha seus motivos. O garoto que praticamente criara não dava as caras desde que tudo acontecera, até onde sabia, portanto, era claro que ela queria saber absolutamente tudo.

Mas só havia um problema.

- Medo, Mira – disse com dor nas palavras. – Eu tenho medo de tudo isso. Medo de me machucar, poxa... – fez uma breve pausa e respirou fundo. – E, de verdade, eu deveria me sentir culpada por manter a distância? – olhou-a a nos olhos e, depois de longuíssimos segundos, Miranda negou com a cabeça.

 

- Então... – quebrou o silêncio. – Quantos anos com o loirinho?

- Eu realmente não vou e não preciso falar sobre isso – Nicole respondeu curta e grosseira. – Já não basta o Harry...

- Você ficou brava com ele, não é? – quis saber. Os dois estavam sentados em cima do grande cesto de lixo que ficava encostado na parede traseira da casa, no quintal, e ambos com cigarro entre os dedos.

- Ele ainda faz o típico cara estúpido... – resmungou e Lou arqueou a sobrancelha. – Nem comece, Lou.

- Vocês não acabaram de um jeito muito legal, não é? – perguntou mais baixo, desejando fortemente que Nikki voltasse a confiar nele, para que, assim, pudesse se abrir mais facilmente também.

- Eu pedi para não começar... – resmungou com fumaça entre os dentes.

- Qual é...?- provocou-a empurrando-a para o lado e riu fracamente.

- Sei lá... – Nicole deu de ombros e ajeitou a própria roupa escura. – Ele pediu para eu esperar ele. Acredita nisso? – ela abriu os braços demonstrando o choque e depois fez um sinal negativo com a cabeça. – Pior... Acredita que eu esperei ele? Digo, inconsciente eu esperei bastante. Malditos quatro anos e quando a merda começa a ficar pior ele aparece.

- Isso pode ser um sinal – sugeriu juntamente e recebeu uma sobrancelha arqueada de Nikki em seguida.

- Acha mesmo que acredito em sinais, Lou? – falou o óbvio debochadamente. – Eu realmente me animei e topo nós quatro novamente. Mas eu e ele? Pode esquecer. E, a propósito, nem tente o cúpido.

- Não faço esse tipo – revirou os olhos com uma careta fazendo-a rir.

Havia sentindo falta daquilo. Domingos frios, cigarros, conversas idiotas e Nicole. Tudo junto, é claro.  

- Você é o que menos falou. Sobre tudo que aconteceu nos últimos tempos com você... – foi a vez de ela romper o silêncio e o fazer pensar sozinho.

Ele sempre fora um cara de poucas palavras e que esperava os outros perguntaram para responder. E, naquele momento, então, perguntou-se mentalmente se gostaria de contar as encrencas que havia enfrentado.

Não encontrou uma resposta, como de costume.

- Não há nada que valha seu tempo... – disse baixo e ela o olhou sério. – Erm... Bem... Veremos... Não vou à Brighton desde o incidente.

- Isso é sério?!

- Yep – concordou decepcionado consigo mesmo.

Não era dias e nem meses, era de anos que estavam falando. E ele não frequentava a cidade natal há quatro. Aquilo o atormentava mais do que o normal e, ao mesmo tempo, de uma maneira curiosa, o deixava distante do passado, algo que ele havia gostado.

- Enfim, você deve imaginar que não ando trabalhando... Não é fácil conseguir emprego aqui, deve saber disso também. Digo, Brighton se você apontar para que bairro mora e para a que escola estuda, facinho algum lugar te contrato. Aqui eles querem currículo, experiência e...

- Tudo – Nicole completou a frase bufando. – Sei como é. Não é à toa que estou onde estou.

- Exato – concordou. – Eu não tinha por onde começar, sabe? Eu só fiquei com a roupa no corpo e com poucas notas no bolso. Me sobrou o óbvio.

- As boas e velhas drogas – Nicole entendeu e os dois trocaram sorrisos malandros. – Você podia ter voltado para Brighton, Lou. Você podia... Ter dado um jeito.

- Com quem, Nikki? Sozinho?! E dar um jeito em quê, afinal? Em mim? Sem chance – protestou. – Eu tive cabeça, não podia voltar para lá. Nossos nomes estavam na polícia e eu sabia que não era má ideia sumir no mundo. Foi isso que fiz – deu de ombros.

Não sabia dizer se se orgulhava das decisões que havia tomado na vida. Verdade verdadeira, na época, não havia tido muita escolha senão aquela para tomar.

Foram interrompidos por um celular tocando.

- Eu preciso ir, daqui há pouco – Nicole disse e apagou o cigarro.

- A propósito, quem diabos é Victor, Nicole? – perguntou.

- Como é?! – ela parecia perplexa com a informação.

- Foi o nome que você disse quando batemos na sua porta... – relembrou e cruzou os braços. – Hein...? – cobrou a resposta, mas notou que ela revirou os olhos como uma adolescente emburrada.

Louis riu. Não havia mudado nado.

- Acredite em mim, você não quer saber – ela riu fraco e Louis perguntou-se quantas coisas ela também escondia. – Aliás... – Nikki mediu as palavras antes de pronunciá-las e Louis notou sua cautela. – Você teve alguém durante esse tempo todo?

- Hum – fez um barulho estranho com a boca, surpreso com a direção da conversa e com a objetividade dela. – Nada muito sério – confessou e pensou melhor sobre sua pergunta.

- Oh...

- Onde quer chegar, Nikki? – estranhou e ela tragou indiferentemente.

- Não sei – respondeu com um bico. – Eu tenho a sensação que nenhum de nós quatro teve algo muito concreto nos últimos tempos.

- Por quê?

- Porque antes de nos separarmos nós nunca havíamos tido algo concreto também. Acho que mal sabemos o que ter algo assim...

- Mas e o que éramos?

- Esse é o ponto – Nicole jogou o cigarro fora e cruzou os braços, fazendo Louis olhá-la pelo canto dos olhos. – A gente só se conhecia.

- Uou – Louis encostou a cabeça na parede e respirou fundo. Ela ainda sabia fazer belas analises sobre a situação por inteiro e, mais ainda, ela acertava. – Por acaso você fez cursos de psicologias?

- Por favor, Tomlinson...

- Cala a boca, Nikki – empurrou-a novamente e ela devolveu-lhe o golpe risonha.

 (...)

- Vai se cuidar? – sentiu os braços dele ao redor de seus ombros.

- Vou sim. E você? – virou-se sorrindo fraco para sua feição um tanto quanto envelhecida. Preocupava-se mais do que aparentava com ele.

- Sempre me cuido – brincou e eles riram fraco. – Qualquer coisa, me ligue está bem? Se for necessário faço esses 77 quilômetros virarem 20.

- Obrigada, pai – riu novamente com a brincadeira e se afastou dele antes de entrar no trem. – Daqui quinze dias estou aqui, novamente.

- Estarei esperando – beijou sua cabeça.

- Pai?

- Hum? – o encarou pensativa e respirou fundo. Odiava sua versão passada que havia escondido quase a vida inteira do homem e, agora, sofria as consequências. Tomou o folego mais uma vez e deu-se por vencida.

- Eu... Eu meio que... Eu e o Harry... Nós... Nos encontramos, sabe? E conversamos de verdade – disse de uma vez e notou, ao mesmo tempo que, além do delegado Styles recuar para trás, ele também tinha água nos olhos..

- Vocês estão se falando?!

- Bem pouco – deu de ombros. – Mas... De acordo com ele, isso é bom.

- Isso é mais do que bom, Becky! – disse feliz e orgulhoso. Por um momento, Rebecca deu-se conta o quanto aquilo significava para Des. Percebeu como ele ficara, de fato, feliz por aquela notícia, mais do que qualquer outra nos últimos tempo, algo que, consequentemente, colocou Rebecca um pouco para baixo. – Posso esperar vocês dois daqui duas semanas?

- Oh... Vamos com calma – riu fraco. – Estamos indo devagar.

- Certo – assentiu e ela viu que ele continha a felicidade e a empolgação de uma criança. – Me ligue quando chegar em Londres.

- Pode deixar – concordou com a cabeça. Abraçou-o fortemente e foi se afastando. – Tchau, pai.

- Tchau, querida – assim que adentrou o trem e encontrou seu lugar, sentiu o celular vibrar.

Harry na tela causou-lhe reviradas nos olhos. Parecia até mesmo piada a quantidade de coincidências que vinham acontecendo recentemente.

Era difícil de dizer o que incomodava mais e o que era mais chocante. O nome do irmão de volta salvo no celular ou a ligação.

 Pensou algumas vezes antes de atender. Deixou-o tocar várias vezes, torcendo para que desistisse, até, finalmente, cansar-se do toque a acabar por clicar no botão para aceitar a chamada.

A bufadas.  

- Alô?

- Ei, Becky – a voz dele ecoou, um tanto quanto animada.

- Ei – respondeu totalmente ao contrário.

- Afinal, queremos saber, em qual estação você vai chegar, hum?

- Harry, eu disse que não precisava de carona! Sei me virar, ok? – protestou meio nervosa.

- Oh... Nós só queríamos ajudar – o tom da voz era tão clara e conhecida, novamente, que era como se pudesse vê-lo na sua frente, com os olhos verdes escuros e com uma feição de cachorro perdido.

- Devíamos ir com calma, não acha? – sugeriu o mais óbvio, esperando que ele compreendesse.

- Oras, para quê? Ai a semana começa e tenho certeza que você vai dar mil e umas desculpas usando seu trabalho para não nos ver! – protestou contra suas palavras fazendo Rebecca revirar os olhos e suspirar pesado novamente.  

- Você quer que as coisas sejam boas e naturais ou forçadas e chatas? – perguntou devagar e calmamente. Pôde ouvir ele respirar fundo do outro lado da linha.

- Me dá uma chance, Becky. Por favor – pediu fraco e Rebecca encostou a cabeça na janela do trem, agora em movimento e a toda velocidade, pensando naquelas palavras.

Droga, eram irmãos e, agora, isso estava mais do que claro.

A presença dele de volta a sua vida demonstrava que não era fácil virar as costas e fingir que nunca nada havia acontecido. Tinham o mesmo sangue, o mesmo nome e, por pouco, quase a mesma aparência.

- Vou chegar na Vitoria Station – falou de uma vez.

- Yay! – comemorou fazendo-a esconder o sorriso. – Minha nossa, foi viagem grande, hein?

- Harry.

- Espera... – uma pausa longa e um tanto quanto tensa mostrou a Becky que ele iria chegar em um ponto delicado. – Você foi para Brighton, não foi? – ele nem precisava perguntar, a afirmação já indicava que Harry não era burro para entender a situação.

Ficaram em silêncio.

- Você vai na estação ou não? – questionou, mudando de assunto.

- Estarei lá – respondeu. – E mais uma coisinha...

- O que é?

- De acordo com Louis, todas as coisas que ele tem está em um depósito... – revirou os olhos já sabendo que teria de fazer um favor. – Precisamos de um carro, Becky.

- Pode esquecer, Harry. Nem pensar, pode esquecer agora! – disse rápido e de uma vez.

- Qual é? Se não emprestar o carro, será obrigada a nos ajudar com as caixas do Tomlinson no metrô, então... – bufou sozinha, passou a mão pelo rosto e suspirou pesado.

- Vou chegar em menos de uma hora – falou séria. – Harry, estou cansada. Estou de verdade. Precisam fazer isso hoje? Não pode ser amanhã, não?

- Hum... – ele pareceu pensar. – Tá, fechado. Sem fugir, Rebecca. Estaremos esperando você amanhã a tarde e pouco me importa a hora que você acaba de trabalhar.

- Tá... – deu-se por vencida e desligou sem pensar melhor.

Havia mudado de opinião a respeito de muitas coisas, mas, fato, o coração ainda era mole.

 

 

Estava odiando Harry naquele momento por não ter arranjado nada para eles fazerem a noite. Isso praticamente o obrigava a ir em um lugar que não queria, ver coisa que não devia e fazer coisas que odiava.

Virou algumas esquinas e procurou andar como se não quisesse nada. Cobriu o rosto com o capuz e acendeu um cigarro, como era de costume.

Assim que avistou a parede de tijolos que costumava fazer parte de quase todas as suas noites, desacelerou o paço. Observou algumas pessoas por perto, fumando ou traficando, e sentiu as mãos esfriarem.

Em seguida, a avistou.

Estava como sempre, porque, se havia alguém, em todo o mundo, que nunca mudava, ali estava. Com os cabelos morenos soltos e um tanto quanto bagunçados, de olhos com maquiagem borradas apagando o tom claro azul de suas pupilas, com as roupas ainda pretas, rasgadas, apertadas e curtas.

- Olha quem apareceu... – deixou de falar com quem quer que fosse e o encarou maliciosa.

- Ei, você – resmungou desanimado.

- Por que sumiu por tanto tempo? – questionou apalpando seu peitoral.

- Erm... Minha família voltou a cidade – deu de ombros, mentindo. Encostou-a com força na parede e encarou seu rosto cansado e manchado de encrencas.

- Ah, certo. Agora que você tem uma caminha para dormir cai fora, hum? – ela mordeu o lábio inferior e Louis sentiu ela segurar com força sua roupa, em forma de raiva.

- Penélope, não começa. Nunca fomos sérios – revirou os olhos.

- Essa parte eu sei, Tomlinson. Você tem suas pessoas e eu tenho as minha, okay – empurrou-o forte, mudando as posições, deixando-o entre ela e a parede. – Mas você sabe que eu odeio quando você desparece, principalmente, com minhas encomendas.

E cada vez mais ele percebia o quanto o mundo das drogas, ou o que quer que fosse, era grande e tornava-se mais e mais uma bola de neve.

- Você sentiu minha falta, não é? – provocou e entrelaçou os dedos em seu cabelo embaraçado. – Pode confessar, não tem problema – seus lábios roçaram e ele sentiu um momento de fraqueza dela.

Era daquele jeito que gostava, os piores e mais valentões, na palma da sua mão. Penélope era viciada, mas traficava tanto quanto eles. E Louis gostava de sua casa, onde podia dormir e descansar. Apenas. Ela gostava de seu corpo e de seus produtos. Apenas.  

- Você sabe que, independentemente, de onde você for eu vou continuar comprando, não é? – ela disse encarando seus olhos bem de perto.

Preferiu ficar em silêncio ao invés de pensar naquela pergunta, afinal, pouco sabia para onde iria e, principalmente, com quem e fazer o quê. Portanto, puxou seus cabelos mais forte fazendo-a arfar e gemer e, depois, a beijou provocativamente.

- Onde está...? – ela questionou afastando-se um pouco. Lou não respondeu mais uma vez e, logo, Penélope começou a apalpar seus bolsos e seus braços. – Onde está?!

- Calminha aí, viciada – mudou-os de posição mais uma vez e distanciou-se sério. Colocou a mão no bolso traseiro e lhe entregou o pacotinho com pó branco. – Aqui.

- Valeu – afastou-se totalmente dele e foi tratar de usar logo o conteúdo.

- Ei, isso ai tem preço! – protestou indo atrás dela.

- Por acaso eu tenho cara de banco? – gritou de volta.

- De tudo, menos disso – falou ironicamente e parou de andar ao ver que ela fez igual. – Penny, estou falando sério.

- Feliz agora? – jogou um bolinho de notas em sua direção e Louis sorriu sozinho. – Não some, ok?

- Vou pensar no seu caso – começou a caminhar, sorrindo malandramente, virou as costas e se foi.

Aquela era sua vida.

(...)

Estacionou o carro na calçada da casa. Buzinou alto esperando que um deles ouvisse e tirou o cinto de segurança em seguida.

Coçou os olhos, ainda se sentindo sonolenta devido à noite mal dormida e o trabalho estressante. Além de ser atormentada por milhares de modelos e estagiários, a conversa com Mirada, já há vinte quatro anos de distância, ainda estava batucando em sua cabeça.

- Eu acho que você devia se dar uma chance, Becky... – ela dizia. – Digo, durante todos esses anos você não se aproximou de mais ninguém por causa deles. E, agora, eles estão aí. Isso não deveria ser bom para você? Amigos novamente, quem sabe...

- Nem termine, Mira. Amigos sim, mas, eu e Louis, somos um caso perdido.

- Não tenha tanta certeza. Aliás, não tenha certeza de nada. Se do dia para noite, vocês quatro, minha nossa, se reuniram, novamente, pare e pense. Muitas coisas ainda podem acontecer...

E, podiam mesmo, Rebecca sabia disso.

- Bom dia, raio de sol! – ouviu a voz de Harry e, em seguida, viu-se descendo do carro.

Ele parecia bem, trajava bermuda e um casaco fino. Em seguida, a sua cola, vinha Louis. Ele tratou de apagar o cigarro que tragava, rapidamente, e, logo, enxugou as mãos, provavelmente, suadas na bermuda que usava também.

- Onde está a Nikki? – questionou de uma vez, sentindo falta de mais uma presença feminina.

Lou a olhou de cima abaixo. Ela usava uma legging preta, tênis de correr e uma blusa branca, indicando que, definitivamente, havia tido tempo para parar em casa. Os cabelos estavam presos em um rabo frouxo e ela pouco parecia com a antiga garota que costumava ser.

- Passamos para buscar ela no caminho – Hazza aproximou-se dando de ombros, deixando Rebecca surpresa com a informação. – E aí? Posso dirigir? – quis saber animadamente e risonho.  

- Não – negou e adentrou o carro revirando os olhos. Esperou que eles se acomodassem, encarou o irmão ao seu lado e Louis pelo retrovisor.

- Uou, isso aqui é de primeira – Harry passou a mão pelo painel e Lou segurou a risada.

Ele encostou as costas no banco e observou os dois. Sentiu um pequeno deja vu ao estar no banco traseiro e assisti-los a discutir. Distraindo-se, observou depois o automóvel. O banco era de couro e possuía algumas coisas largadas pelo chão, incluindo câmeras, cartões de memórias e pedaços de revistas. A frente, papéis dobrados, chaves de casa e o celular dela.

Aquilo era tão Rebecca!

Ele alcançou uma das câmeras que estava largada por ali e, não sendo muito idiota, conseguiu liga-la. Clicou no botão para ver as fotos e elas logo apareceram.

Haviam várias de modelos desconhecidas que, provavelmente, iriam aparecer em uma das inúmeras páginas da revista. Mas, em seguida, ela começou a aparecer nas fotos. A primeira ria em volta de outras pessoas sorridentes. Na seguinte, todos faziam feições sérias. Então, caretas. Depois sorrisos e, por último, se abraçavam.

Estaria chutando, mas tinha quase certeza que eram seus amigos do trabalho. Rindo, brincando e unidos. E ela estava ali no meio. Becky estava ali graças a sua personalidade, seu talento e sua iniciativa de começar tudo de novo.

Ah... Novamente... Rebecca.

De algum jeito, sentiu orgulho dela.

- Para que tantas câmeras? – Harry questionou após olhar o banco de trás e Louis, no susto, largou o equipamento novamente no chão. – Minha nossa, mas é só uma foto, não é?

- Não é uma foto, Harry – respondeu procurando manter a calma. – É bem mais do que isso. É arte – disse séria e Hazza fez uma careta para Louis.

- Olha ela ali – Lou apontou para frente e Becky encostou o carro na calçada. Em seguida, Nicole desencostou-se da parede de seu prédio e adentrou o carro. – Hey.

- Hey – ela respondeu e sorriu. Parecia cansada, porém bem.

Nikki finalmente parecia bem.

Rebecca sentiu uma sensação ruim e, por isso, esperou alguns segundos antes de dar partida. Sentiu o olhar do irmão sobre ela e, naquele momento, não pensou duas vezes antes de olhá-lo também.

- Oh... – Harry pareceu entender qual era o problema.

- O que houve? – Nicole questionou e procurou ajuda de Louis. Ele já havia encostado na janela e abaixado a cabeça.

- Nós... – Lou mediu as palavras. – Nós quatro em um carro, novamente – explicou bem baixo.

- Oh... – Nikki repetiu a reação de Hazza.

- Alguém... – Becky virou-se para trás de um jeito que podia ver os três. – Alguém tem alguma coisa a dizer que possa causar uma discussão? Porque não acho uma boa ideia ela acontecer enquanto eu estiver dirigindo.

Os quatro se olharam.

A tensão pareceu aumentar por um momento.

- Qual é? Nós quatro em um carro novamente. Vamos ver isso como uma coisa boa – Nicole disse, sem soar grossa, ainda como positivista da turma. Ela sorriu e percebeu que todos amenizaram as preocupações também. – Somos nós quatro, isso que importa.

Rebecca virou-se para frente escondendo o sorriso, ligou o rádio e tentou se manter calma. Quase que automático, sem perceber, procurou os olhos de Louis no retrovisor e estes já estavam à sua espera.

Lou viu que ela desviou rapidamente e isso o fez conter o riso.

O carro deu partida, indicando movimento, mas ele notou que algumas coisas jamais poderiam sair do lugar.

(...)

- Vocês podem esperar aqui, eu e Harry damos um jeito em tudo – Louis disse um segundo antes de descer do automóvel. Percebeu a presença do melhor amigo em alguns instantes e, de relance, viu Nicole pular para o banco da frente.

- Você mantém suas coisas aqui? – Hazza quis saber enquanto caminhavam pela rua em direção ao prédio baixo que era um depósito, próximo a Clapham Common.

- Yep – assentiu. Aquele também era o lugar que aproveitara para dormir, cladestinamente, quando não havia escapatórias.

- E como você paga, hum?

- Acredite em mim, isso não pesa na minha vida – deu de ombros fazendo Harry rir. Cumprimentaram a mulher da recepção e, logo, receberam a chave do pequeno galpão. – Valeu – agradeceram a moça e começaram a caminhar.

- Louis.

- Hum? – estranhou seu tom enquanto viravam alguns corredores estreitos e escuros.

- Agora que vamos morar juntos... E acho que Nicole vai se juntar conosco em breve, por que não aproveita para sair das drogas e procurar um emprego? – sugeriu e, no mesmo instante, chegaram a porta.

Lou, enquanto tentava abri-la, pensou em suas palavras. Agachou-se no chão, destravou a fechadura e subiu a porta, dando de cara com uma sessão de caixas que lhe pertenciam. Em meio aos pensamentos turbulentos de um pedido quase impossível, desejou que sua vida fosse simples e organizada como aquele depósito.

Soltou o ar bem devagar e tentou repetir a si mesmo que a pouca quantidade de coisas não estava sendo retirada dali à toa. É claro que não. Ele estava tendo a chance que sempre havia precisado e, respirou novamente, só tinha que agarrá-la com muita força.

- Pode ficar tranquilo, Harry – deu-se por vencido ao começar a responder e sentiu-se com dezesseis anos novamente, quando o melhor amigo fazia tais pedidos. – Não vou deixar ninguém bater na nossa porta e nos incomodar... – os dois passaram a empurrar todas as coisas para fora daquele cubículo de quatro paredes cinzas enquanto Louis firmava a promessa.

- Essa não é a questão, cara. Quer ficar nessa para sempre? – questionou e eles, pela primeira vez, começaram a falar sério.

- Não – negou baixo e a resposta, junto ao carregamento de uma caixa, causou uma troca de olhares entre os rapazes – E caso esteja se perguntando, isso era tudo o que tinha no flat, mas que eu não tive onde deixar nesse tempo todo.

- Ah, certo – concordou e arregaçou as mangas. – Mas, então... Você é melhor que isso, Lou. Bem melhor mesmo. Podemos ir atrás de algum emprego juntos. Ou, sei lá, dinheiro também.

- Uhum – resmungou e os dois se olharam novamente. – Obrigado. Por tudo isso que você está fazendo.

- Parceiros no crime – brincou e eles riram juntos.

 

- Então... Vocês vão todos morar juntos? – Rebecca quebrou o silêncio fazendo Nicole virar-se para ela.

- Não tenho muita escolha – deu de ombros. – E isso pode ser bom, eu acho... Londres é uma cidade cara e já que, no fundo, eles não são completos estranhos, já me acostumei com a ideia...

- Entendo – assentiu. – Você esteve em Londres o tempo inteiro? – por um momento, interessou-se pela vida da garota que costumava ser sua melhor amiga.

- Bem, Bristol como eu disse... – começou a contar. – Fui despachada lá e fiquei um bom tempo pela região. Então, surgiu a ideia de voltar para Brighton, mas a dispensei rapidamente. E, por fim, Londres. Tentar, quem sabe, a vida – contou e Becky ficou encarando-a por um tempo.

Como aquela moça poderia ser a mesma Nicole de anos e anos antes? Como aquela mulher, magra, bonita naturalmente, mas cheia de maquiagem e totalmente cansada, poderia ser a mesma Nikki que um dia havia sido fonte de animação e coragem de todos?

Ao mesmo tempo que clamava por uma breve resposta, sabia que todas as dúvidas seriam respondidas depois de muito tempo e, provavelmente, excesso de lágrimas e histórias de dias e noites difíceis.

- Mas... E você? – Nikki perguntou de volta.

- Só... Londres – respondeu.

- É um bom lugar para se esconder, não é?

- Demais – riram fraco juntas. – Olha... – sentiu uma repentina vontade de tê-la por perto novamente. Mais do que Harry e muito mais do que Louis, sentiu que precisava reconhecer Nicole. – Mesmo que você já tenha se acostumado com a ideia, morar com eles, acredito eu, que não vai ser fácil. Harry enche o saco na maior parte do tempo e... Louis... – agradeceu por ver ela assentir, poupando-a de continuar a falar de alguém que não queria, e sorriu fraco. – Me ligue, se precisar de uma presença feminina.

Nicole a encarou e Becky sentiu seus olhos brilharem. Logo, o começo de um sorriso começou a nascer em seus lábios ressecados.

- Obrigada – agradeceu e Rebecca aumentou ainda mais o sorriso, sem certezas do que aquilo poderia significar.

(...)

Era meio engraçado, estranho e incomodo vê-la dirigir.

Ela costumava sempre estar no passageiro, ao lado de Harry, e ver as posições trocadas lhe incomodava e lhe dava a sensação de querer pegar cada um dos dois, fazê-los sentar no lugar de sempre e deixar tudo nos padrões.

Mas não poderia.

Obviamente.

E, em parte, agradecia por isso. Afinal, não podia negar, era bonito vê-la no volante. Era cômico sua mania de sempre se ajeitar, toda vez que parava no farol vermelho, de sempre mudar a estação do rádio quando os comerciais começavam, de repreender o irmão por estar mexendo em algo que não lhe pertencia e, quase extraordinariamente, era enlouquecedor como ela estava adulto e deixava, sem medo, isso claro a cada segundo.

- Pare aqui, por favor. Vamos comer alguma coisa antes de chegar em casa. Estou faminto... – Harry resmungou.

- Também, né? Ninguém compra nada naquela casa... – Nicole revirou os olhos e Louis percebeu que Rebecca segurou a risada, como se não se permitisse estar feliz ao lado deles.

Droga!

- Vou lá, rapidinho – Hazza saltou do carro sem demandas, adentrou a lanchonete em poucos instantes, sobrando apenas os três dentro do automóvel.

- Já venho também... – o celular de Nicole, causando tumulto no banco, tocou e ela não perdeu tempo em abrir a porta do passageiro e os deixar à sós.

Lou pensou.

Pensou, pensou e pensou. Até, convencido o bastante, abrir a porta do carro, igualmente, deixando Rebecca mais do que confusa.

- Mas... – parou de falar ao perceber que ele só havia feito aquilo para sentar-se ao seu lado, no banco da frente. Becky mordeu o lábio e tentou concentrar sua atenção na senhora de terceira idade que tentava atravessar a rua antes dos carros chegarem ao farol.

- Seu carro é bem legal, sabe... – Louis começou tranquilamente, mas com a voz trêmula. – Bem sua cara – aproveitou sua chance e olhou bem o painel. Haviam CDs largados, cartões de memórias e cabos. Mas, ainda assim, tudo devidamente desorganizado.

- Obrigada, eu acho – disse passando a mão pela cabeça e torcendo para que ele fosse embora rápido ou que Harry chegasse com a comida o quanto depressa.

- Hum... – tentou ter coragem para falar e perguntou-se porquê sentia tanto medo de falar algo errado enquanto, perto a ela, já sentia-se por completo um erro. – Você foi para Brighton então? – Rebecca o olhou surpresa. – Harry comentou – deu de ombros e ela pareceu entender, após, provavelmente, xingar o irmão mentalmente. – Legal que você tem o costume de ir para lá, ainda...

Bem diferente de você, pensou sozinha e tentou falar alguma coisa que acabasse o assunto.

- Duas vezes ao mês, na verdade – corrigiu e se arrependeu. Louis, em contrapartida, arregalou os olhos e sorriu fraco.

Parecia piada estarem lado a lado, no mesmo carro, conversando sozinhos.

- Uau. Seu pai deve gostar bastante disso... – continuou sorrindo, pensando que deveria ter o mesmo costume de visitar quem gostava e não via há anos.

- Por que isso importa para você? – protestou tristemente e os dois se encararam pela primeira vez.

Olhos castanhos em direção a olhos azuis. Tentativas de uma boa conversa contra alguém que não queria nada disso. Uma formada, madura, crescida e um traficante, sem caminho e sem escolhas.

Era mais do que piada.

Era quase impossível.

Não havia mais uma desenhista sonhadora de dezesseis anos e, muito menos, um malandro no auge da adolescente que clamava por reciprocidade e carinho. Não existia almas sincronizadas e apaixonadas. Restava, apenas, pouco menos de nostalgias trágicas e simbólicas de dias que, uma vez, foram validos a pena.

- Por que me culpa tanto? – questionou baixo e triste.

- Eu... – Rebecca, ainda insegura e temerosa quando se tratava de Louis, abaixou a cabeça e encarou o volante. – Eu não culpo você. Porque sei, de verdade, que você também foi vítima. Mas você também... – parou de falar porque não queria, e pensava não merecer, lembrar-se de tudo.

Me quebrou, ambos pensaram.

- E parece que você está sendo todo simpático e prestativo para tentar concertar algo que aconteceu há quatro anos – fez uma pausa e Louis suspirou pesado, bagunçando ainda mais os cabelos em seguida. – E eu não posso deixar isso acontecer. Não comigo, pelo menos.

- Mas você não pode me evitar para sempre – deveria haver um jeito, Lou pensava. Tinha de haver uma maneira de ela quebrar esse limite entre eles e convidá-lo para seu novo o mundo. Deveria haver um meio de encontrar a antiga garota que o chamava de melhor amigo e, se dependesse dele, a encontraria!

- Quem disse que não posso? – mas talvez, Louis notou, ela não pudesse permitir essa busca.

Abriram os dois as bocas para falar, mas Harry já havia voltado e Nicole fazia o caminho de volta com a maquiagem dos olhos toda borrada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


BA DUM TSSSSSSS! Ai ai ai ai! O casal fábrica de barbante, que só enrola e enrola, IS BACK! Vamos ver quais serão as próximas desaventuras em série desses dois, ou melhor, quatro hahaha, certo? Me digam o que acharam! Bom? Ruim? Péssimo? Perfeito? (QUE SAUDADES DISSO AQUI SOCORRO).

Altas revelações ai, pessoal, convenhamos. Teve Niall, teve Miranda, teve TOMLINSON NA PEGAÇÃO CLÁSSICA, Harry bravinho AIIIIIIII QUERO SABER TUDO O QUE VOCÊS ACHARAM MESMO MESMO E MESMO. Me contem sobre vocês também, como está tudo indo e, claro, o que estão achando sobre tudo :) Vocês sabem que eu adorarei saber e, tentarei, mesmo, responder em breveeeee!

Mais uma vez, eu peço desculpas por tudo, gente! Novamente, em duas semanas eu volto a todo vapor e, claro, vocês já devem imaginar os icones do próximo capítulo, não? Já adianto que vamos ter tretinhas do casal que demorou para se assumir casal <3 Alguém tá com saudades de Hikki? ESPERO MUITO QUE SIM.

SUCESSO PARA TODOS VOCÊS LINDOS AMANHÃ NO ENEM E PARA QUEM NÃO VAI FAZER, POR FAVOR, DORME MUITO POR TODOS NÓS HAHAHA.

Aproveitem a vidaaaaaa, comam muita pizza e nos vemos muito muito muito em breve! Obrigada por absolutamente tudo, por me procurarem e por não me deixarem desistir dessa partezinha mais amor na minha vida <3 Amo vocês!


FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUI
Xx Luh :)


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