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História Perfect Mistakes - Capítulo 52 - Rebecca


Escrita por: whoishoran

Notas do Autor


Oi, amores!!! Tudo bem bom com vocês? Véspera da véspera da véspera de Natal e aqui estamos nós, finalmente. Para variar, me perdi um pouco com o tempo, o mundo ficou meio bagunçado, minha cabeça virou de ponta cabeça, tive ideias e, claro, PM teve que aparecer antes do queridíssimo Natal. Me dei conta que, acho eu, é a primeira vez que estou postando durante das férias dezembro/janeiro. Eu sempre paro... Mas, fim da história e última temporada, tem que ser mesmo especial e eu não faria diferente <3 Como é que vocês estão? Aproveitando o verão? Eu tô reaprendendo a dormir 13 horas por noite e a sair durante a semana porque, valeu escola, os livros de matemática e química simplesmente me fizeram esquecer como é viver a vida tranquilamente nos últimos meses HAHAHAHA.

Foi tão gostosinho escrever sobre a Rebecca. Antigamente, eram capítulos que sempre me deixavam pesada e um pouco monótoma demais. Mas não sei se a menina das covinhas amadureceu demais, se Londres está mais pacífica comparada a temporada passada, mas fiquei muito bem após terminar a edição de hoje :) Mesmo! Acho que a Becky cresceu de uma maneira bem significativa e espero bastante que você gostem, notem e acompanhem isso conosco <3

Here we go?!

PS: QUE DIFICIL FOI ESCOLHER A MÚSICA DE HOJE, AI MEU DEUS, MAS É SUCESSO, PROMISE :)

LEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEETS

Capítulo 52 - Capítulo 52 - Rebecca


Fanfic / Fanfiction Perfect Mistakes - Capítulo 52 - Rebecca

(Trilha sonora - Abertura ♪ The Great Escape – Boys Like Girls / Wild Horses - Birdy)

 Sentou-se ao lado dela apressadamente. Ao invés de precisar forçar um sorriso para cada um deles apenas fez o ato, porém com feição cansada porque, isso ao menos, não conseguiria esconder ou mentir sobre.

- Ei, você – Harry disse e fechou o cardápio que cobria seus olhos, segundos antes, e sorriu para a irmã também.

- Ei – suspirou pesado e sentiu o estômago roncar. De fato, não havia sido uma má ideia encontrar com eles em pleno domingo à noite.

- Vou fazer nossos pedidos – Louis levantou-se de prontidão, antes mesmo que alguém pudesse dizer o que iria comer, sem parecer se importar. Ele era uma verdadeira inconstância. Não parecia mais a bomba-relógio de anos antes, para Rebecca, mas, ainda assim, também não era o menino que tinha como sobrenome seu primeiro amor.

É, ele ainda, apesar de tudo, continuava alguém de mudanças e, claro, confuso.

- Então... – rompeu o silêncio e encarou Nicole, que estava ao seu lado, e depois Hazza. – O que me contam de novo? – reparou que os dois trocaram olhares rapidamente e, ao mesmo tempo, desviaram em direção a janela.

Becky teve vontade de rir.

Era exatamente como nos tempos antigos.

- Menos de quatro meses para receber meu diploma – Harry animou-se de um segundo para o outro e disse com orgulho aquela novidade. Rebecca escondeu o sorriso e arregalou os olhos.

- Isso é ótimo – disse, realmente, contente. Perguntou-se o que diabos estava acontecendo com si mesma já que, dias antes, o que mais queria era distância de cada um. E, agora, vinha tendo uma gigantesca vontade de sentar-se, simplesmente, e ouvir um pouquinho sobre a vida destes.

- Dois hambúrgueres com bacon, queijo e bastante cebola... – outra voz surgiu, fazendo-a a seguir o olhar adiante e encontrar com Louis, que já tinha os olhos em Hazza e Nikki. – Um X-frango com maionese... – virou-se para ela, mas Becky nem teve tempo de tomar atitudes, já que ele se tornou a sentar-se. – E um hambúrguer grande normal – brincou com as próprias sobrancelhas, referindo-se a si mesmo. – Espero que o gosto de vocês não tenha mudado muito...  

- Não se preocupe – Harry forçou um sorriso e os dois trocaram um cumprimento. Rebecca encarou o irmão e percebeu, claramente, as enormes olheiras, juntamente com uma feição exausta e, não tendo certeza, mas, um pouco, triste.

- Bem... – Lou retomou a voz, o que era algo novo para ela, já que, antigamente, ele estava quase sempre em silêncio. – Eu preciso de um emprego, pessoal. Qualquer coisa. Sério. Eu estou dentro de qualquer coisa mesmo – a sensação que Becky sentia era que todas aquelas palavras eram ditas na sua direção e para o seu conhecimento. Em disfarce, somente passou a mão pela nuca e encarou a janela, torcendo para que ele parasse com aquilo ou que, simplesmente, estivesse bem louca e tudo fosse um mal-entendido.

- Minha nossa... – Nicole coçou os olhos. – Olhe para nós. Falando sobre emprego, término de faculdade e... – a moça arregalou os olhos. – Só... Nossa.

- Nem me fale – Harry resmungou e se ajeitou na cadeira. Rebecca encarou os três. Era simplesmente uma droga todos eles estarem seguindo caminhos tão diferentes quando, um dia, tinham planos de ir para o mesmo.

Por um momento, sentiu vontade de chorar e abraça-los fortemente. E, então, teve vontade de rir.

Aquilo era ridículo.

E os hambúrgueres já estavam na mesa quando deu-se por si.

(...)

- Ok, gente. Vamos repassar... – tirou os olhos da margem do pequeno caderno que tinha nas mãos cheio de anotações, encarou a mulher, que chamava de chefe, e procurou prestar atenção. – A capa da edição de setembro já está pronta. Temos pautas que precisam ser digitas para ontem... – ela brincou e apontou para o pessoal da redação. – Quero ajustes urgentes da diagramação...

- Estamos cuidando disso – uma assistente, juntamente com algumas pessoas que eram responsáveis por aquela parte, disse em uníssimo de algum canto da mesa de reunião. – Falta o quadro de peças-chaves do guarda roupa...

- Anotado! – Blue, homossexual assumido, de cabelos coloridos, próximo aos quarenta anos e com uma conta bancária muito grande, respondeu do seu jeito escandaloso fazendo todos rirem, inclusive Becky.

Como amava aquele lugar.

- E as edições do ensaio fotográfico – quase todos, então, viraram-se para ela. Ao invés de ficar com vergonha por tamanha cobrança e exposição, como a antiga Rebecca faria, aos dezoito anos, ela simplesmente levantou-se e ergueu a voz.

- As últimas fotos foram tiradas na sexta e no sábado de manhã... – contou relendo as próprias anotações. – Começaremos a edição hoje e talvez amanhã à tarde já estejam finalizadas.

- Ótimo! – a mulher disse sorrindo. Ela era alta, loira e, de algum jeito, com filhos, marido e problemas, administrava uma das maiores revistas de moda de Londres. – Não deixem os últimos ajustes para quarta, pessoal. Só o que não der tempo mesmo... Quinta feira, mandem tudo para a editora, como sempre – deu uma piscadela e todos começaram a se arrumar para se retirar da reunião.

- Tenho um comunicado! – uma voz do fundo da sala ecoou e todos olharam naquela direção. – Nosso motoboy, Ben, infelizmente teve uma proposta de trabalho em Oxford – a moça baixinha dizia como se estivesse decepcionada. – Estou apenas dizendo agora porque ele me alertou ontem. Hoje será seu último dia, então precisamos de alguém novo...

Bufou sozinha.

O motoboy praticamente trabalhava com ela, na maior parte do tempo, e a ausência de um, principalmente um experimente, era sinônimo de estresse.

- O quanto antes – Blue resmungou pensativo. – Tentarei procurar alguém essa semana. E, se alguém tiver conhecidos, chame-os para vir aqui.

Rebecca ouviu aquelas palavras e ficou alguns segundos processando-as, enquanto organizava seus papéis e suas canetas. Negou com a cabeça e repetiu para si mesma um não, que a revista não estava atrás de motoboys e que ela não conhecia ninguém que estaria interessado.

Saiu da sala repetindo aquilo centenas e centenas de vezes. Virou o primeiro corredor e seu coração relaxou assim que viu a enorme janela envidraçada, que tinha vista para o centro comercial de Londres, e todas aquelas mesas que pertencia a alguém que fazia toda a diferença nas centenas de páginas da revista fashion mensal.

Andou alguns metros até chegar à sua mesa, logo mais. Largou as coisas que tinha nas mãos e agradeceu por cada um poder ter seu próprio espaço, coberto de paredes baixas e fracas, mas que ainda assim impediam algum xereta.

Deu dois cliques na tela do computador, porém, antes que pudesse começar as edições da foto, sentiu o celular vibrar. Atendeu-o sem encarar quem lhe ligava apenas por estar distraída demais com o trabalho que tinha de fazer.

- Alô?

- Você está ocupada? – a voz debochada de Nicole ecoou do outro lado e Becky sorriu sozinha por um momento. Foi bom perceber que sua antiga melhor amiga estava voltando, lentamente, a fazer parte de sua vida.

Não conseguia vê-la. Mas sabia bem que a loira provavelmente estava esparramada no sofá velho da mais nova casa dos garotos. Seus cabelos, sem dúvidas, estariam embaraçados, mas ela ainda seria linda e, extremamente, despreocupada com o mundo.

- Erm... – pensou em desligar. Pensou até em pegar um trem e sumir para não encarar o passado. – Não... – mas quem disse que sua cabeça não estava mudando e ela começava a ter coragem de rever aquela terra de fantasmas? – Alguma coisa aconteceu?

- Certo, vamos fingir por um momento que continuamos a nos conhecer muito bem porque eu realmente to precisando desabafar com alguém, como fazia com você, e preciso mesmo de uma ajuda – fez uma pausa e Rebecca só pode segurar a risada. – Pode ser?

- Pode – concordou. – Me conta.

- Hum... – ouviu ela soltar a respiração. – Posso entrar para o seu clube “Odeio O Harry”? – e, então, no meio daquele desespero para deixar a iluminação e o contraste de uma fotografia perfeito, Rebecca permitiu que a antiga Rebecca voltasse e, assim, gargalhou. E, rapidamente, permitiu-se sorrir ainda mais ao ouvir a risada de Nikki.

Alguém tramando o destino, de algum jeito, havia acertado em cheio quanto a colocar, ao menos, Nicole de volta em sua vida.

- Ele é meu irmão. Tentei pertencer a esse clube por quatro anos e, quando eu estava começando a ser aceita, percebi que isso não é possível. Mas, de vez em quando, ou melhor, na maior parte do tempo, finjo ser um membro – deu de ombros e ouviu ela rir ainda mais. – O que houve? – perguntou mais baixo e mordeu um lápis, espantando a curiosidade.

- Talvez... – mais uma vez Nicole respirou fundo e Rebecca percebeu que o horário de piadas havia acabado porque ela parecia séria e chateada. – Talvez eu esteja fazendo algo bem errado com a minha vida e com a vida de outras pessoas e nisso Harry tem razão mesmo, mas, no resto, eu juro que não estou sendo orgulhosa, ele está um saco.

- Certo... – disse à ela qualquer coisa apenas para que continuasse.

- E o problema principal é que ele... Anda com a ideia mais do que tosca de tentar voltar a participar da minha vida, como antes. E o pior é que é a ideia mais idiota que ele já teve, dentre todas as outras, e eu estou constantemente o mandando ir embora, mentalmente e no físico também. Mas eu, também, estou em uma procura louca para voltar a conhece-lo do mesmo jeito que eu costumava fazer – contou e ficou em um tremendo de um silêncio.

Ah, que silêncio mais comprometido e gritante.

Rebecca passou as mãos pelos olhos e tirou estes um momento da tela do computador. Respirou fundo e tentou pensar no que dizer. Nos últimos tempos, andava tão concentrada em cursos, trabalho e carreira que pouco sabia sobre vida, amor e, obviamente, conselhos.

Sentiu uma baita de uma saudade de quando tinha algo sábio para dizer o tempo inteiro. Agora, quando precisava de conselhos, recorria à Miranda, apenas e, verdade verdadeira, nos últimos anos, ninguém havia recorrido a Becky por ajuda.

- Bem... – rompeu o silêncio. Se ao menos Nicole soubesse que ela estava, praticamente, na mesma situação a respeito de Louis nem haveria desabafado. – Você já deve ter percebido que na situação que estamos... Qualquer coisa que dizemos um para o outro já é algo seríssimo, certo?

- Certo – concordou do outro lado.

- Nikki, hum... – desejava ter a mesma intimidade que tinha com ela antes, para falar o que pensava logo de uma vez. – Dê uma chance a ele. Você mesma me disse que o perdoaria... Então, faça isso!

- Você sabe como ele funciona, Becky. Harry é a pessoa mais temperamental que conheço e... Nossa – podia ver ela claramente revirar os olhos como costumava fazer ao falar sobre ele.

Algumas coisas simplesmente não mudavam e nem mesmo um telefone poderia esconder tais fatos.

- Primeiro, o que ele disse sobre o que você está fazendo de errado? Digo... Ele está mesmo certo sobre isso? – quis saber curiosamente para entender melhor a situação.

- Hum... – pareceu pensar. – Está. Mas ele se intrometeu! E aí começou a falar um monte de bobagens sobre a minha vida sendo que ele nem me conhece direito mais, entende?

- Mas, Nikki, por um grande momento, quase sua vida inteira, praticamente, ele soube tudo sobre você. O que são quatro anos perto de dezoito? – questionou e o silêncio entregou que ela havia parado para pensar.

- O que eu faço, Becky? – perguntou depois de alguns segundos. Rebecca lembrou de quantas vezes ela fizera aquela pergunta para Nicole. E, agora, notou que quem precisava de uma resposta pronta era ela, a Nikki, de anos e anos antes.

Respirou fundo.

- Nós conhecemos o Harry. Eu sei que você gostaria de não conhecer, mas você o conhece. E o mesmo ele com você. Enfim, ele gosta de falar e não parar até dar um belo de um sermão. Então, sabe de uma coisa, deixa ele falar. Deixa ele ir falando e falando e falando, até ele acabar – sugeriu a ela. – Porque assim que ele acabar, Nikki, ele só vai oferecer ajuda. Aí, tenta entrar em um acordo. Pede para ele ficar calado, mas não distante, sei lá, é com vocês isso.

- Hum... – ela fez um barulho estranho com a boca e Rebecca quase pensou que tinha pisado na bola. – Beleza – concordou. – Vou pensar sobre isso.

- Vou querer saber como foi depois – brincou e elas riram fraco.

- Mas... E você? Como está? – quis saber e Becky deu de ombros, sabendo que ela não veria.

- Normal – respondeu a primeira coisa que veio em sua cabeça. – Nada demais, na verdade.

- E o Louis? –Rebecca encostou com forças as costas da cadeira confortável ao ouvir a pergunta.

- Não tem nada sobre ele – respondeu tentando não soar grossa. – Por quê? Aconteceu alguma coisa por aí?

- Não, nada não. Só queria saber se vocês dois... Ah, você sabe. Mas pelo jeito... Esquece – Becky respirou fundo e perguntou-se se Nicole havia mudado a respeito de tentar bancar cupido com os dois. – De qualquer jeito, obrigada pela ajuda. Depois te conto, se algo acontecer.

- Ok – despediram-se e desligaram.

(...)

Adentrou em casa sentindo o corpo pesar.

A primeira coisa que procurou fazer foi largar todas as tralhas que estava carregando e subir correndo para o segundo andar à procura de tomar banho.

Assim que o fez, colocou uma roupa quente e despencou no sofá. Bufou sozinha e passou a mão pelos olhos.

Tudo bem, era segunda-feira. Essa parte era compreensível a respeito de ela não ter planos nenhum. Mas, por um momento, perguntou-se porque sua vida inteira girava em torno apenas de trabalho.

Lhe deu uma vontade repentina de ligar para aqueles que antes possuíam sempre uma boa ideia na cabeça sobre como matar o tempo. Mas, agora, depois que as palavras de Nicole, do dia anterior, ecoaram na sua cabeça, pode perceber que, de fato, eles faziam parte da vida adulta e brincar com o relógio e o tédio não eram mais uma opção.

Términos de faculdade, procura de empregos, cansados na maior parte do tempo e, obviamente, em caminhos opostos.

Nunca saberia dizer se era apenas uma semana nostálgica, como aquelas que costumava ter de vez em quando, ou se toda a saudade que havia mandando ir embora durante os últimos anos estava batendo contra a sua porta, a questão era que, naquela segunda chuvosa de Setembro, ela estava sentindo a maior falta de quando tinha os melhores amigos há poucos metros de distância quase cem por cento do tempo.

Foi interrompida com o telefone fixo tocando. Esticou o braço até o aparelho e o atendeu rapidamente.

- Alô?

- Oi, Becky – ouviu a voz do pai do outro lado da linha.

- Hey, pai... – sorriu fraco sozinha e diminuiu o volume da televisão que havia ligado há pouco tempo. – Tudo bem por aí? – o coração murchou ao ouvir a respiração dele no telefone.

Era como se estivesse em Brighton novamente. Parecia até que mar, praia, pedras como areia e gaivotas estavam logo ali.

- Sim, normal. E com você? Como anda o trabalho? – quis saber como sempre. Rebecca gostava daquilo. Incrivelmente, assim que ela se mudou de vez para Londres, o pai havia se aproximado muito mais e a relação entre eles só havia crescido, apesar da distância.

- Uma correria – revirou os olhos e eles riram fraco. – Estamos fazendo os últimos ajustes para a próxima edição e daqui a pouco começam os preparativos para as festas de fim de ano... – fez uma pausa. – E Brighton? Delegacia muito parada?

- Do mesmo jeito de sempre... – contou. – Estou de folga hoje e amanhã também para fazer coisas de gente de meia idade... – brincou, mas Rebecca arqueou a sobrancelha, mesmo que ele não pudesse ver, estranhando.

- O que está havendo, pai? Você tem pouco mais de cinquenta anos, não fale assim... – disse mais baixo e pensativa.

O coração saiu do limbo e apertou-se.

- Ah, Rebecca... – ele pareceu respirar fundo, deixando-a mais preocupada. – Só estou indo no médico, fazendo alguns exames, entende? Preciso começar a cuidar do colesterol, da pressão, do coração velho, todas essas coisas...

- Uhum – concordou respirando com dificuldade. Bagunçou os cabelos pensando sobre aquilo e quase derramou lágrimas, mas segurou-se.

- E o Harry? Vocês andam se falando? – quis saber repentinamente mudando de assunto.

- Erm... Estamos indo devagar, sabe disso – falou séria. – Mas... Acho que estamos indo em direção a um bom caminho.

- Fico mais do que feliz com isso – quase podia vê-lo sorrir a sua frente. – Sinto muita falta de ver vocês dois juntos, afinal, vocês sempre foram bem mais do que apenas irmãos. Você e Hazza eram melhores amigos e isso me deixava mais do que feliz.

- É... Eu também estou começando a sentir muita falta disso – permitiu-se dizer o que estava entalado há três semanas na sua boca.

As palavras ecoaram de volta em sua cabeça e, rapidamente, Rebecca sentiu-se tonta. Era tanta coisa presa e sentimentos tão renegados dos últimos anos que a sensação de expor, mesmo uma pequenina parte deles, era péssima.

- Pai, preciso desligar ok?

- Sem problemas – concordou. – Se cuida.

- Depois me fala sobre essas consultas médicas e os exames, está bem?

- Pode deixar – fez uma pausa. – Até mais, querida.

- Até – assim que clicou no botão de fim de chamada, sentiu a boca seca.

Desde que se conhecia por gente, conhecia o trabalho do pai. Sabia os perigos que ele corria todas as manhãs ao ajustar o símbolo de delegado no uniforme verde da polícia de Brighton. Conhecia as ruas perigosas que ele frequentava e temia a arma que ele carregava no bolso direito e traseiro.

Sabia disso.

Sabia que as despedidas antes do colégio, hora ou outra, poderiam ser um adeus já que ele trabalhava com criminosos. Conhecia os próprios riscos de ter uma família, ainda mais desfigurada, mas, mesmo assim, conhecia muito bem o pai e, como Harry, sabia que, se tinha algo errado, ele não deixava barato.

Por isso mesmo, não tinha medo de atender um telefonema com a notícia que o xerife da pequena cidade praiana havia sofrido um acidente. Mas, pela primeira vez, ao ouvir deste que a boa saúde começava a falar mais alto, perguntou-se o que diabos poderia significar a ausência do pai.

- Droga... – coçou os olhos.

Pensou em Harry.

Pensou no Harry que era seu irmão e não no garoto que havia sumido por meses e que a irritava mais do que tudo, às vezes. Pensou no seu Hazza, no seu molengo, no bobo que sempre quebrava a porta de casa por ser apressado ou naquele que a deixava trancada para fora por pura diversão.

Notou, após tanto tempo, que ele tinha razão!

Dividiam a mesma data de aniversário, várias características físicas e psicológicas, muitas memórias e, por último, o sangue, o nome, os pais, Brighton e, em parte, a vida. 

Ele é meu irmão. Tentei pertencer a esse clube por quatro anos e quando eu estava começando a ser aceita, percebi que isso não é possível.

Suas próprias palavras fizeram sentindo.

Não havia como odiá-lo. Nunca, nem naquele momento, nem quatro anos antes, nem quatro anos depois, nunca acharia real motivo para cortar qualquer tipo de relação com ele.

Simplesmente, não havia como.

Poderia fazer isso com Louis, que era o que queria. E, se fosse necessário, até conseguiria fazer com Nicole, caso houvesse motivo. Mas com Harry... Era impossível.

Só impossível.

Alcançou o celular rapidamente e mandou uma mensagem para ele sem pensar duas vezes.

Almoço amanhã?

                                               Xx Becky

Não demorou um minuto e ele respondeu um “lógicoooooo” animado, fazendo Rebecca sorrir.

E ela sorriu com Harry.

Pela primeira vez desde antes mesmo do que chamavam de confusão ter acontecido.

(...)

 - Como você anda? – quis saber colocando as mãos no bolso em seguida. Becky o encarou pelo canto dos olhos e deu de ombros.

Caminhavam pelo Hyde Park e aquele lugar mais do que lhe lembrava a época difícil quando os quatro moraram em Londres, as custas de Will. Ela sempre caminhava por lá com Liam e não só por estar com Harry, mas por tudo, sentia a todo instante um soco de nostalgia contra o corpo.

- Bem – finalmente respondeu sem muita empolgação. – Pensando mais do que o normal sobre... Todos nós.

- Eu também, sabe – confessou. – Fico me perguntando como eu tinha cabeça para concertar as coisas tão rápido e simplesmente deixar tudo nos conformes.

- Talvez as coisas sejam bem mais fáceis quando se tem dezoito anos, mesmo que a gente ache que é o fim do mundo... – arregalou os olhos e percebeu que ele riu fraco.

- Fiquei feliz por você me procurar, Becky. Pensei que ia demorar muito mais – a princípio, Rebecca ficou sem palavras. Pensou sobre as dele e, depois, em quais diria de volta.

- O papai me ligou e começou a falar sobre um papo de médico e exames e cuidar da própria saúde e... – parou de falar ao ver que o irmão a encarou.

Ele estava tão diferente.

E isso era tudo. Talvez, mais do que a culpa por tê-lo culpado também por tanto tempo, era a curiosidade. A curiosidade que Nicole também parecia lutar com. A curiosidade de entender aquele rapaz a sua frente, porque, afinal, quem ele era?

Seus olhos praticamente imploravam por longas noites tranquilas de sono. Seu cabelo estava bem mais ralo e, ainda assim, negro e liso. Seus lábios estavam rachados e secos graças ao clima da grande Londres. Sua pele clara demostrava início de uma barba quase imperceptível e Becky sentia que cada vez mais ele perdia a feição fofa de criança, para um homem de trabalhos.

Droga, como queria abraçá-lo forte e chorar em seu ombro por tudo o que aconteceu.

- Ele me contou sobre isso – disse acordando-a de pensamentos. – Achei bom, sabe... Ele deve ficar de olho nessas coisas porque é sempre importante, querendo ou não. Além do mais...

- Você não... – parou de andar e o olhou bem nos olhos.

Lembrou-se de quando era mais nova e invejava aquelas pupilas e retinas verdes esmeraldas. Afinal, era a única da turma com olhos normais e sem graça. Mas, agora, convenceu-se que era bom eles, ao menos, terem alguma diferença. E, ainda mais, poderia haver mais aquilo que tinha sentido falta.

Fato, notava cada vez mais as pequenas coisas que havia esquecido-se quanto ao irmão e que, simplesmente, o tornavam tão especial e único.

 - Você não chegou a pensar sobre o que isso pode significar, Harry?

- Erm... Do que está falando? – estranhou. – Ele só tem cinquenta e quatro anos, Becky.

- Minha nossa... – afastou-se perplexa. Era assustador como os dois, Harry e pai, eram exatamente iguais em alguma coisa. Pensou quando eles eram mais novos e sempre causavam brigas infinitas e que, talvez, nunca chegaram a terminar mesmo. Talvez, pensava agora, o motivo fosse aquele, as poucas diferenças.

- Minha nossa eu. O papai sempre foi bom da saúde. Não se preocupa não. Ele está fazendo isso só por precaução... – deu de ombros e Rebecca sentiu vontade de ir embora.

Ficaram em silêncio.

- Você quer ouvir mais uma vez que eu estou aqui, se qualquer coisa acontecer, e quer ouvir de novo minhas desculpas sobre algo que aconteceu há anos? – ele protestou, porém baixo.

Becky tirou os olhos da grama molhada, dos tênis e o olhou de relance enquanto contornavam o pequeno lago com gansos e patos. Se o costumava conhecer bem, ele ficava estressado e levemente sem paciência por um simples motivo, com nome e real: Nicole.

Lembrou-se da conversa que havia tido com ela e logo entendeu que ele também precisava de ajuda a respeito do assunto. Porém, antes de tomar iniciativa, continuou o olhando com os cantos dos olhos, repetindo as palavras dele mentalmente.

- Não disse isso em nenhum momento, Harry, disse? – provocou e ele revirou os olhos. – E, a propósito, você sabe bem que ela odeia que se intrometem em seus assuntos pessoais... – o garoto pareceu engasgar com a própria saliva.

- Olha aqui... – ele ia começar, mas Rebecca não permitiu.

- Olha você – disse séria, escondendo o sorriso por vencer a discussão logo de cara, e os dois pararam de andar. – Para variar, eu fui a última saber que o casal que nunca foi casal tentou se acertar, mas já vamos chegar nesse assunto. E, escuta aqui, só porque eu estou em silêncio não significa que estou brava com você e quero mais desculpas suas. Harry, eu te chamei para virmos aqui! Eu estou te dando uma chance! Agora, eu que preciso repetir de novo que é para você ter paciência? – falou rápido tudo o que pensava e ele pareceu se surpreender com a agilidade dela.

- O que diabos aconteceu com aquela garota que guardava tudo para si mesma e saía chorando dos lugares? – ele questionou e Becky abaixou a cabeça, envergonhada e um tanto triste.

- Ela cresceu – deu de ombros a ele.

- Estou orgulhoso de você – Hazza alcançou seu queixo e fez os dois se olharem. – Você tem voz, Becky. Você finalmente levantou a cabeça para o mundo.

Ele sorriu e Rebecca sorriu junto.

As palavras dele nunca soaram tão bem.

- Vá falar com ela, Hazza. Mas deixe-a falar também, tá? Nicole precisa de espaço. Mais do que qualquer um de nós, talvez... – voltaram a andar.

- Você não faz ideia do que ela está fazendo com a própria vida, Becky...

- Não quero saber também, Harry. Não de você. Porque, se cabe alguém me contar, esse alguém é ela – falou o que pensava. – E, se você já tratou de invadir a privacidade dela, então, ao menos, faça alguma coisa para ajudá-la ao invés de ficar julgando-a.

- Como se ela quisesse a minha ajuda! – protestou bravo fazendo Rebecca levantar os olhos. Notava também que haviam coisas nele que nunca mudariam mesmo. – Que seja, nisso eu ainda vou dar um jeito.

- Uhum – resmungou e foram interrompidos em seguida pelo celular dele tocando.

- Alô? Oi... Sim... Estamos na saída próxima ao lago. Beleza... Tá, um minuto... – ele afastou o celular do ouvido e a olhou. – Pode me dar uma carona até a faculdade?

- Precisamos sair agora, então – disse de braços cruzados.

- Tá... – ele parecia pensar no que diria a seguir. E, como se Becky pudesse adivinhar, já conhecia as próximas palavras do irmão. – Lou está aqui na esquina e também precisa de carona...

- Harry, eu trabalho! Não sou motorista! – protestou sem paciência e observou que o irmão segurou o riso quanto a mudança repentina de temperamento dela.

- Por favor – disse e pareceu olhar sob os ombros dela. Rebecca virou-se e, adentrando o portão do Hyde Park, lá estava ele. Vestia jeans, Vans surrados, como costumava, e um suéter azul marinho. A barba não estava feita e isso o deixava com cara de bem mais velho.

De adulto.

E que adulto bonito.

- Você não conhece os limites... – disse decepcionada a ele, não sentindo-se mal ao vê-lo, logo mais, de cabeça baixa. – Sério.

- Você anda pensando em nós. Em todos nós... Não dê uma chance só para mim e Nikki, Becky. Dê a nós todos – disse rígido, mas parou de falar assim que Louis chegou.

- E aí? – Rebecca o olhou dos pés à cabeça e depois para Harry.

- Eu tenho horário – resmungou, alcançou a chave do carro antes que pudessem falar algo e começou a andar.

 (...)

- Você sabe que é a melhor irmã do mundo, não sabe? – Harry começou a dizer assim que passaram a se aproximar do campus da Universidade de Londres.

- Não vem com papo, Harry – respondeu seca e curta.

- Bem, você sabe disso. E é por isso que eu pago a pizza amanhã, beleza? – ele tirou o cinto e Rebecca estacionou o carro rapidamente. – Já que você anda falando com Nicole, convença-a a faltar no trabalho, pode ser?

- Minha nossa. Sou sua irmã, sua motorista e sua ponte para Nicole. Quer o que mais? Que eu seja seu banco? – protestou e destravou a porta. Ouviu os dois rirem e, logo em seguida, Louis desceu do carro.

- Não seria má ideia... – Hazza deu uma piscadela e Becky escondeu o sorriso. Ele não tinha jeito. – Hoje foi muito legal, Becky. Muito mesmo. Digo... É bom te ver com frequência.

- Tenho hora... – desviou o olhar segurando as lágrimas e abaixou a cabeça. – E vou esperar por essa tal pizza.

- Isso aí! – comemorou animado. – Fechado, então – saiu do carro, em seguida, e, quando Rebecca estava pronta para sorrir, também contente por aquela tarde, foi interrompida de seu momento de felicidade por um segundo corpo adentrar o carro, no lugar do irmão.

Bem ao seu lado.

- Hey – Lou disse casualmente.

- Hey – respondeu por pura educação e ligou o automóvel.

Droga, como queria que ele fosse embora.

Como queria!

- Não sei exatamente onde você trabalha, mas... – ele sabia sim e Becky o odiou ainda mais por fingir que não se lembrava das inúmeras vezes que ele fora até a revista visita-la. De qualquer forma, no fundo, era até melhor daquele jeito. – Tem como me deixar próximo a Camden Town?

- Erm... – deu partida no carro e começou a direcioná-los para longe da faculdade de Harry. – Sim, deixo sim.

- Valeu – olhou de relance ele se acomodar melhor no banco e depois encarar a janela.

Pensava que seria ruim aquele silêncio horripilante, mas, na verdade, não fora. Pelo contrário, por um momento Rebecca até se esquecera quem era aquele rapaz ao seu lado e o que ele significava. Além de que, tratou de agradecer por ele não estar puxando assunto.

- Alô? – atendeu assim que pararam em um semáforo demorado.

- Becky? É a Molly.

- Oi... – disse sem dar grande importância a uma das estagiárias da revista.

- Tivemos um pequeno probleminha. Todas as coisas que usamos para o editorial desse mês e para os últimos retoques ficaram lá no estúdio... – começou a contar devagar. – Você sabe como é, várias vezes deixamos as coisas para trazer depois e, no final, com a correria, ninguém vai buscar.

- Uhum – concordou. – Sei sim.

- Bem, quase todos que estiveram lá conosco não estão mais aqui, já que hoje é o dia que todo mundo corre por Londres atrás dos últimos detalhes. Eu também não posso sair daqui agora porque estou ajudando Blue com a entrevista para o possível novo motoboy. Então, ele perguntou se tem como você passar lá, agora, pegar tudo e trazer... O estúdio fecha daqui quinze minutos e precisamos das coisas aqui, hoje. O quanto antes, na verdade – disse rápido demais dessa vez.

- Oh... – repassou suas palavras mentalmente e coçou a tatuagem nas costas. – Tá, eu passo sim.

- Ele agradece – desligaram em seguida e Rebecca largou o aparelho no painel, assustando Louis. Só, então, com isso, ela lembrou-se que não estava sozinha.

- Espero que seu compromisso não tenha hora marcada – disse baixo para ele e Lou ajeitou-se estranhando, encarando-a um tanto quanto preocupado.

- Tá tudo bem? – quis saber também baixo e os dois calaram-se, segurando inclusive a respiração

- Yep – disse sem pensar de uma vez e acelerou o carro. E

Ela tinha tantas coisas para fazer. Era seu último dia para editar as fotos e, com a cabeça a mil na vida pessoal, não tinha feito nem metade do trabalho. E, agora, precisava recolher todas as coisas do estúdio, deixar na revista, dar carona alguém que não queria e finalizar o próprio trabalho.

- Hum... Você precisa de ajuda? – Lou quis saber, curiosamente e ainda preocupado.

- Erm... – tirou a chave da ignição assim que chegaram no local, cerca de dez minutos depois, e o encarou. Lembrou-se do editorial que fizera ali e de como haviam caixas cheias de coisas espalhadas pelo estúdio. Queria tanto ser ágil e forte para tirar tudo dali sem a ajuda dele... – Camden Town é muito importante?

- Só ia gastar meu tempo por lá – deu de ombros.

- Certo, vamos então... – saiu do carro e o sentiu na sua cola. Apressou-se com a secretária do local e explicou o que havia acontecido. Rapidamente, ela permitiu que os dois adentrassem. – Me ajuda a pegar essas coisas... – começou a alcançar as caixas.

- Para que tudo isso...? – ele quis saber resmungando.

- Sem perguntas sobre minha vida.... – cantarolou e, vendo que já tinha coisas suficientes na mão, saiu do estúdio levando a primeira leva de objetos até o carro.

Quando estava pronta para voltar a dentro, avistou Louis saindo com tudo nas mãos. Ele nem parecia ter dificuldade, pelo contrário, levava tranquilamente. O rapaz deixou tudo no porta-malas e, até, fechou-o quando terminou. Virando-se para ela, em seguida, com um sorriso tímido e divertido no rosto.

- Próxima parada? – brincou, mas não houve risadas. Becky desviou-se dele e adentrou o automóvel novamente. – Então... – Lou começou a dizer e ligou o rádio, como se estivesse amando aquela situação. – Você vai agir como uma criança de dez anos e brincar de Vaca Amarela comigo ou vai agir como uma adulta, já que é uma, e ser ao menos educada?

- Vaca Amarela? Sério mesmo isso? – virou a cabeça para manobrar o carro e começou a dirigir em direção a revista.

- Oras, estou falando alguma mentira? – brincou e Becky segurou a risada. – Vamos fazer assim, uma pergunta em troca de outra. O que acha?

- Não tenho perguntas para você... – disse séria e o olhou de relance.

- Ótimo, eu pergunto e você responde – Louis sorriu vitorioso ao ver que Rebecca ficou sem saída.

E o sentimento de ódio e raiva por ele aumentaram ainda mais.

Mas, droga de droga, o sorriso dele era bonito demais, ele era bonito demais e ele era só tudo de mais.

-  O que está havendo? Tipo, parece que houve uma mudança de planos no seu trabalho... – começou tranquilamente, enquanto ela tornava-se mais e mais tensa.  

- Esqueceram essas coisas naquele estúdio. Eu preciso levar para a revista, só isso.

- Hum... E isso te deixa estressada porque...?

- Não é isso que está me deixando estressada – virou-se para ele e o olhou bem séria, esperando que ele pegasse a indireta.

Mordeu os lábios e os dois não romperam o contato visual.

- Entendi essa – ele disse e riu fraco.

Rebecca foi obrigada a desviar o olhar porque não aguentaria encarar aquele sorriso tímido que só ele tinha, no canto dos lábios. Nem os cabelos levemente bagunçados, muito menos os lábios carnudos e rosados.

Ela só não conseguia.

Chegou ao escritório da revista rapidamente. Percebeu pelo olhar dele sob o prédio que aquele local não lhe era estranho.

E nunca poderia ser mesmo.

Haviam se encontrado lá tantas vezes no tamanho caos que tinham vivido um dia. E, apesar da revista ser o maior de seus portos seguros atuais, pensar e estar de novo com Louis ali era, sem dúvidas, dolorido o bastante para deixa-la nervosa.

- Só vou descarregar o carro, pode esperar aqui... – disse baixo, torcendo para que ele obedecesse.

- Eu te ajudo a levar tudo – saiu do automóvel antes que Becky pudesse dizer algo.

- Er... – não seja teimoso!

- Eu disse que vou ajudar – abriu o porta-malas e começou a retirar todas aquelas caixas, deixando Rebecca sem saída.

Droga.

Saíram do estacionamento

Droga.

Esperaram o elevador.

Droga.

Entraram no elevador.

Droga.

E chegaram.

- Oi, Jude – Rebecca disse a uma das secretárias tentando agir bem naturalmente.  

- Ei, Becks – a moça respondeu simpaticamente. – Chegou isso aqui para você enquanto você estava fora. E Blue disse que assim que chegasse com as coisas era para deixar lá na sala 20.

- Ok. Obrigada – virou-se para Louis que encarava tudo surpreso.

Ela permanecia trabalhando apenas em um dos quatro andarem da revista porque os outros três eram apenas para conferências, festas e a impressão das edições. O andar era todo claro, moderno e envidraçado. Fotos de modelos famosas que já haviam posado para eles estampavam as paredes e pessoas de todos os tipos de estilos trabalhavam por ali.

- Certo, a questão é a seguinte... – interrompeu o momento de avaliação dele antes que piorasse. – Você... – apontou para ele. – Vai levar isso aqui para mim até a minha mesa... – entregou-lhe as coisas que haviam chegado do correio ainda sem saber o que era. – E vai ficar lá, ouviu? Vai agir naturalmente e não vai falar com ninguém até eu chegar.

- Er... – ele parecia sem palavras, o que era ótimo.

- Estou falando sério, Louis! Sério mesmo. Isso aqui não é brincadeira. É o meu trabalho – disse baixo e, incrivelmente, Lou pareceu entender. – É a terceira mesa a direita.

- Beleza – ele concordou e foi se afastando.

Rebecca o encarou. Vendo se ele estava indo para o lugar certo. E, quando o fez, soltou a respiração.

Perguntou-se onde estava com a cabeça para levar a pessoa que queria mais distância até seu trabalho.

Só podia estar atrás de encrenca. 

- Eu vou pagar por tudo isso... – resmungou para si mesma enquanto levava tudo adiante.

(...)

- Alguém veio até aqui? – perguntou de prontidão assim que sentou-se à sua cadeira.

Procurou Louis com os olhos e arrependeu-se por fazê-lo tão naturalmente.

Ele brincava com um bloquinho de papel, para cima e para baixo, como se tivesse metade da idade que tinha, e havia roubado a cadeira de alguém porque estava mais do que confortável em uma, grudado a sua mesa.

- Aquela Jude lá... – contou e a encarou. – Disse para você mandar as fotos para a editora.

- Beleza – concordou e deu dois cliques no mouse esperando o computador ligar. Percebeu de relance que ele se aproximou para ver o que ela iria fazer. – Erm... Algum problema?

- Nenhum – negou e continuou com o bloquinho colorido. Becky desviou os olhos dele para o objeto.

- Para com isso – tirou o papel das mãos dele fazendo Louis rir.

- Ok, mamãe – provocou ainda risonho.

- Afinal, tem uma estação de metrô aqui do lado, ok? Sinta-se à vontade – disse e começou a exportar todas as fotos que faltavam editar para o photoshop.

- Quando eu precisar, irei até lá. Pode deixar – disse deixando-a ainda mais irritada.

- Estou falando sério... – cantarolou sem tirar os olhos das fotos.

- Eu também – Lou reclinou na cadeira e olhou a mesa dela. Havia post it grudados por toda parte. Recados e correspondências espalhados pelo pequeno mural da parede. E, na mesa, um MacBook grande e novo, juntamente com várias canetas coloridas e anotações com a letra dela, da qual ele havia sentindo tanta falta. – Você ainda desenha?

A pergunta lhe pegou desprevenida.

Não desenhava há muito tempo, de verdade. Talvez mais do que muito. E, às vezes, sentia-se mal por isso. Sentia-se ruim por dedicar tanto do seu tempo apenas ao trabalho e não para as coisas que costumava a gostar.

- Lou, eu preciso trabalhar... – passou a mão pelos olhos e o encarou.

Os dois estranharam seu tom de voz tão singelo.  

Tão natural.

Pela primeira vez, ela agiu como a antiga Becky. Com a voz calma e fazendo uso de seu apelido. E aquilo a levou a muitas e muitas memórias.

Aquilo era a garota que costumava ser.

Aquilo era o que eles costumavam ser.

E doeu pensar que só costumavam e que não eram mais.

- Ok. Vou calar a boca – ele concordou com a cabeça e olhou para frente. – Mas posso ficar aqui?

- Erm...

- Não tenho para onde ir, sabe? E não quero... – sabia o que ele diria. O único lugar que lhe restava envolvia drogas, era óbvio e nada novo. E, Rebecca, com seu coração levemente mole, preferia ficar em silêncio com ele ao ter a notícia que entraria em overdose brevemente.

- Você ainda me deixa sem saídas – resmungou e voltou-se para o computador, sem ter tempo de vê-lo sorrir levemente. Torceu, então, para que ele se interessasse por outra coisa sem ser ela. A princípio, procurou dedicar toda a sua atenção para as edições das fotos. Mas, rapidamente, pegou si mesma olhando-o pelo canto dos olhos, curiosa o suficiente para ver o que ele estava fazendo.

Louis estava distraído com a mesa dela. Olhando suas fotos que estavam impressas e soltas por ali, depois ele leu suas anotações importantes e, por último, o rapaz olhou para o que ela estava fazendo. E, com isso, Rebecca voltou a prestar no que era importante.

Ainda que seus olhos se preocupassem em cortar as bordas das fotografias ou concertar alguma falha na iluminação ou em alguma mancha da modelo ou, até mesmo, em adicionar outro tipo de coloração, sentiu os dedos formigarem.

Mesmo que estivesse sem inspiração, sua vontade era de arrancar uma folha de papel de algum lugar, alcançar um lápis bem apontado e começar a desenhar a primeira coisa que aparecesse a sua frente.

Queria desenhar qualquer coisa.

- Do outro jeito estava melhor, caso esteja na dúvida... – ouviu uma voz que pareceu vir do além, minutos depois. Já fazia alguns instantes que alternava a iluminação da foto sem parar.

Becky arqueou a sobrancelha e o olhou.

- Você acha? – lambeu os lábios e manteve o olhar.

- Yep – concordou e aproximou mais a cadeira da dela. – Com esse efeito ai... O rosto dela fica muito branco.

- Mas dá destaque as roupas, o que é a ideia – deu de ombros, perguntando-se onde ele queria chegar.

- Sim. Mas você quer que as pessoas que leem a revista se inspirem em um zumbi? – sugeriu e Rebecca realmente se segurou para simplesmente não gargalhar bem na cara dela.

Antes que pudessem continuar o que quer que fossem aquilo, foram interrompidos por uma voz forçada, estridente e exagerada.

- Becks! Vim agradecê-la pessoalmente por ter pego todas aquelas tralhas e por ter deixado de volta aqui! – Rebecca levantou os olhos e deu de cara com Blue, a sua frente.

- Ah, não foi nada... – sorriu divertida. – Sério, não teve problema mesmo.

- Ótimo. Você não imagina como aqui foi a maior correria! E, o pior de tudo, não conseguimos motoboy... – ouvir aquelas palavras fizeram Becky levantar-se de prontidão.

- Er... Nossa – falou baixo e tentou fazer um sinal para que Blue simplesmente calasse a boca, mas falhou.

- Eu e Molly, que estávamos cuidando disso, estamos pirando! Essa revista simplesmente não funciona sem um mensageiro... – brincou e ela forçou uma risada.

- Estão à procura de motoboy? – Louis levantou-se interrompendo e interferindo-se.

Droga!

Torceu mentalmente para que ele ficasse mais do que bravo com ela. Torceu fortemente para que ele derrubasse tudo e saísse pela porta bem nervoso. Torceu para que ele se importasse com aquela bobeira e nunca mais a perdoasse. Torceu para que o antigo Louis aparecesse para, quem sabe, deixa-la em paz.

- Estamos sim, meu rapaz... – Blue tirou os olhos e o encarou de cima a baixo. – Por que o senhor não me é estranho...?

- Então, a revista que você trabalha está à procura de motoboys... – repetiu à Rebecca, ignorando o comentário dele. Lou virou-se para Becky e esta, assim que percebeu o olhar dele, o admirou também. – Interessante isso, não? – tentou procurar qualquer sinal de raiva nele ou bravura, mas, na verdade, ele parecia se divertir e, até, estar contente com a situação.

- Eu nunca poderia esquecer esse maxilar e esses olhos! – Blue protestou, interrompendo-os. – Você sempre aparecia aqui, antigamente! Becks, você ainda era estagiária, não era? Estou me lembrando, estou me lembrando... De fato, jamais poderia me esquecer de suas visitas, senhor... – parou de falar exageradamente, mas ainda fazendo Rebecca e Louis corarem. – Quando a senhorita ia me contar que ainda tinha contato com esse seu superamigo, dona Rebecca?

- Contaria se eu tivesse contato com ele... – os dois se olharam novamente, após seu comentário baixo. Como Becky odiou-se! O deveria ter deixado na universidade de Harry ou dirigido até Camden Town porque, naquele instante, ela sabia exatamente o que iria acontecer. Ela conhecia Blue, ela conhecia, querendo ou não, Louis e conhecia o lugar que trabalhava.

Droga!

E, se suas apostas estivessem certas, sabia mais do que ninguém que sua vida ia virar de cabeça para baixo. Do mesmo jeito que o próprio Lou costumava fazer com ela.

- Eu sou o Louis... – o rapaz tomou partido e esticou a mão até Blue, que permitiu que seus olhos brilhassem de prazer. – Gostaria de saber mais sobre vocês estarem contratando para o cargo de motoboy.

- Rebecca, você me deve algumas por não me avisar que tinha um conhecido! – Blue brincou e voltou-se para Lou. – Sabe dirigir moto?

- Er... – ele pareceu estar sem atitudes.

- Não, ele não sabe – Becky interferiu-se de uma vez, cansada daquilo. – Nem ao menos sabe dirigir um carro – o olhou com raiva, dizendo a Louis aquelas palavras. – Desculpe, Blue. Foi por isso que não te falei nada. Ele pode ser um boy mas sem o moto – prensou um lábio contra o outro e o encarou de novo. Não conseguia compreender sua feição, mas esperava que ele estivesse bravo.

Afinal, a última coisa que precisava era ter Louis, o Louis! trabalhando por ali.

- Oh... – Blue pareceu decepcionado.

- Eu conheço Londres inteira! – Lou foi mais rápido e defendeu-se também. – Morei aqui nos últimos quatro anos e, acredite em mim, conheço todas as estações de metrô, então posso usá-lo. E, se for muito necessário moto ou algum carro, trato disso rapidamente. Ou... A Rebecca pode me ensinar!

- Vocês são próximos mesmo, então? – Becky apoiou o braço na parede baixa de sua mesa e encarou qualquer outro lugar menos a direção dos dois.

- Somos – Louis assentiu fazendo Rebecca fuzila-lo com os olhos. Ele só podia estar de brincadeira! Onde estava o antigo garoto que não tomava atitude nenhuma a respeito de nada? Naquele momento, mais do que antes, sentiu falta dele. – Sou melhor amigo do irmão dela, então não temos problema nenhum de comunicação. Como disse, ela pode me ensinar a dirigir, não é mesmo? – viraram-se para ela e Becky fingiu que não havia ouvido, permanecendo muda.

- A questão é a seguinte, garoto... – Blue começou a dizer, um pouco mais sério dessa vez. – Apesar de eu achar que você deveria investir na carreira de modelo, conosco, principalmente, nós estamos precisando mesmo de um motoboy, já que metade de nossas entregas tem de serem feitas bem depressa. Logo, faremos o seguinte acordo... – fez uma pausa e Rebecca torceu para que Blue o mandasse ir embora. – Você ficará conosco. Como um estagiário... Digo, estará conosco provisoriamente até acharmos alguém.

- Certo – ele parecia mais do que animado, enquanto Becky só queria jogar-se pela janela.

- Blue... – tentou impedir, mas, claramente, já havia um contrato a ser firmado ali.

- Vai ser nosso... Metrôboy. E, se acharmos que fez tudo direitinho, o contratamos como fixo. E aí, damos um jeito sobre a moto ou o carro – Blue o olho de cima a baixo. – Venha comigo. Vamos tratar sobre salário e dias de folga – o homem começou a andar rebolando e Louis, feliz e contente, já estava pronto para acompanha-lo, porém foi impedido bruscamente.

Rebecca alcançou a blusa dele e o segurou forte com as unhas. Abaixou a cabeça e respirou fundo, mantendo a calma.

- Rebecca... – ele disse bem baixo e, nunca poderia responder, mas alguma coisa ali só a fez ficar ainda mais raivosa, deixando-a sem forças para continuar com a discussão que estava pronta a iniciar.

- Quer saber?! Vai logo. Eu vou matar você depois... – disse e o largou.

Sentou-se bufando na cadeira.

Não podia acreditar.

Não podia mesmo! Como, simplesmente como, conseguiria conviver com alguém que havia partido seu coração drasticamente? Como aguentaria vê-lo o tempo inteiro?

Conhecia a beleza dele, conhecia seu charme e seu jeito. Droga! Não suportaria ver todos paparicando o mais novo ali. Não queria isso.

Ele estava invadindo sua vida, seu trabalho e sua privacidade.

Desistiu de editar qualquer foto que fosse ou senão ficaria horrível, devido ao seu humor, e reclinou na cadeira com raiva. Bebeu goles e goles de água tentando se acalmar e cruzou os braços, esperando quando ele chegasse.

Não demorou mais de dez minutos.

- Eu consegui esse... Estágio! – Louis apareceu com um sorriso de orelha a orelha. – Eu. Consegui. Esse. Estágio.

E, então, foi tudo. A conquista. A situação. A beleza dele por estar tão feliz. O passado. O presente. E, logo, o futuro também.

- Nossa! – começou ironicamente sem aguentar. Agradeceu por passar já das seis e estarem praticamente sozinhos ali porque, naquele instante, ele ouviria. – Quer meus parabéns?! Quer um abraço?! Quer... Quer algum prêmio por isso?

- Qual é o problema? – perguntou baixo e confuso.

- Qual o problema? Estou mesmo ouvindo isso?! – protestou perplexa. – Você simplesmente não ouviu o que eu te falei no carro, duas semanas atrás?

- Ouvi. E, na verdade, fico bem feliz em ver que estava certo. Não pode mesmo me evitar para sempre, Becky... – continuou no tom baixo e Rebecca sentiu vontade de chorar.

- Não me chame assim – pediu fraco e com a voz tremida. – Não aja como se fôssemos amigos e companheiros de trabalho.

- Bem, agora seremos.

- Não entre na minha vida, Louis! – disse alto o bastante para fazê-lo recuar para trás.

- Arm... – ele pareceu pensar nas futuras palavras. – Ficar se forçando a me odiar não vai ajudar em nada, Rebecca. Porque nas últimas horas você não fez isso e foi um dia muito bom, você sabe.

Silêncio.

- Para de agir como uma criança – Lou pediu sério.

- Para de ser esse fantasma ambulante, Louis. Para de fingir que está tudo bem.

- Eu tô tentando mudar as coisas... Já parou para perceber isso? – devolveu com forças as palavras e os dois se calaram novamente.

Por um longo período.

- Eu não odeio você... – Rebecca confessou, com a garganta coçando, e estranhou as próprias palavras. – Eu acho – corrigiu-se.

- Isso é um começo – ele aproximou-se e mordeu o lábio inferior.

- Eu odeio o que você fez – ela deu um passo para trás e o olho nos olhos.

- Então, esquece o que eu fiz! Esquece que me conhece! Porque é o que eu estou fazendo: esquecendo! – fez uma pausa. – Vamos começar de novo. Fique feliz por eu deixar em primeiro plano o tráfico e estar vindo para um lugar que pode me ajudar. Vamos agir, primeiro, como estranhos. E, depois, a gente se torna amigos – fez uma pausa. – Vamos nos dar uma chance! A nós quatro, principalmente.

- Arg... – olhou para a janela e pensou sozinha.

Ele era seu mocinho do filme. Ele havia sido seu primeiro e único amor. Ele havia partido seu coração de todas as formas, mas antes, o havia concertado da melhor maneira. Ele havia sido, primeiro, tudo e depois nada. E, agora, uma verdadeira incógnita.

Chegou à conclusão que, no final, todos estavam na mesma situação. Ela não poderia culpar eternamente Harry. Ela não poderia manter-se distante por causa da distância de Nicole. E, de fato, ela não poderia odiar Louis. E, este tinha razão, ela era adulta, ela tinha sua própria voz e havia levantado a cabeça para o mundo, como o irmão dissera, então, consequentemente, ela precisava agir como tal.

E, talvez, bem talvez, estava ali o início.

Estava ali a sua linha de partida, aquela que já havia passado várias e várias vezes por cima.

Virou lentamente a cabeça para ele e o olhou.

Admirou seu cabelo, seus lábios, sua barba, sua pele, seus olhos, seus ombros, sua altura, suas roupas e tudo.

- Bem... Hum... – Louis esticou a mão. – Oi. Eu sou o Louis. O novo Metroboy – Becky começou a rir. Riu fraco, mas riu. E, logo, ele juntou-se a ela.

- Becky – apertou a mão dela e ela sentiu um pequeno choque ao sentir a palma dele tão quente. – Vamos agir profissionalmente, ok? Aqui é meu trabalho, Louis. E eu não posso mesmo me dar mal – começou a andar. Alcançou todas as suas coisas e a chave do carro, pronta para ir embora.

- Tá, fique tranquila... – ele garantiu com um leve sorriso nos lábios.

- Oito horas amanhã – disse bem séria. – E use uma roupa boa.

- Como?

- Nada de trapos, Louis!

(...)

Saiu do banho secando o cabelo com a própria toalha. Permitiu que seu corpo caísse na cama e, com isso, sentiu os olhos irem fechando lentamente. Porém, não se permitiu dormir tão rápido.

A princípio, pensou. Mesmo que ideia de uma segunda chance não fosse nada ruim, seu coração, ao pensar em tudo, se contorcia e ela tinha vontade de chorar.

Deu-se por vencida e, como se fizessem aquilo todas as noites, mandou uma mensagem a Nicole. Pediu a ela o que Harry havia pedido, mas em outras palavras. Na verdade, questionou se havia problema ela faltar no trabalho. E, por último, contou que talvez a palavra esquece e o nome Louis não andariam mais juntas.

Largou o celular no criado-mudo e, logo, deu de cara com o porta-retrato de moldura retro e preta. Admirou a foto. Era ela junto ao pessoal da revista que tomava conta dos editoriais fotográficos.

Gostava de pensar naquele momento.

Gostava de pensar naquelas pessoas como suas amigas. Mas, naquele instante, sentiu que queria ver novos rostos naquele retrato. Sentiu que queria ver feições antigas, mas, agora, levemente, desconhecidas.

Abriu a última gaveta do móvel e alcançou a foto que havia guardado ali há pouco mais de duas semanas. Encarou os rostos felizes e contentes dos quatro deitados na praia de Brighton, agora tão distante.

Retirou a fotografia da moldura, não porque aquelas pessoas não lhe eram mais importantes, bem pelo contrário, eram e muito, mas porque, novamente, queria ver outra coisa ali.

Incerta, mas decidida, colocou a foto toda amassada e antiga de Harry, Nicole, Louis e ela no lugar. Respirou fundo e passou o polegar pelo papel especial.

Mordeu o lábio e segurou as lágrimas.

Eu acho que você devia se dar uma chance, Becky...

As palavras de Miranda ecoaram na sua cabeça.

Era um tanto quanto óbvio que se esta e o pai pudessem ver o que ela estava fazendo sentiriam orgulho.

Se, do dia para noite, vocês quatro se reuniram novamente, pare e pense. Muitas coisas ainda podem acontecer...

E, ao pensar em como sua vida havia mudado nas últimas semanas, só tinha vontade de levantar-se e aplaudir as palavras de Mira. Porque, percebeu naquele instante, que ela não podia estar mais do que certa.

E, também notou, que seja lá o que estivesse para acontecer, ela já estava pronta para enfrentar.

Mesmo que isso envolvesse lágrimas...

Ou sorrisos.

(...)

Continuou a batucar os dedos fortemente da bancada da recepção e sentiu a tatuagem antiga coçar nas costas.

Droga!

Onde diabos havia se metido e o que diabos estava fazendo?

Lambeu os lábios, acabando com o gloss labial e alcançou o celular rápido, pronta para ligar para o número desconhecido, mas que agora seria seu maior parceiro em correrias.

Mordeu as bochechas, bagunçou os cabelos e encarou o relógio pela milionésima vez. Quando estava pronta para discar a sequência numérica, já pensando em todas as palavras rudes e formais que diria sem demandas assim que a ligação começasse, sentiu um cafuné na cabeça.

- Er...

- Bom dia – não sabia exatamente o que fazer.

Se deveria pegar o café que ia em sua direção, se dizia as palavras e a bronca ensaiadas em sua cabeça ali, ao vivo, se virava as costas, se bufava ou se o admirava.

Sem querer, odiando-se por fazê-lo, optou pela última opção.

Não havia mesmo trapos. Ele provavelmente havia roubado uma camisa de Harry porque aquela ali branca, que trajava, definitivamente não era de seu guarda-roupa. Os primeiros botões estavam abertos e seus cabelos estavam arrumados e, ainda assim, bagunçados. Ele cheirava a sabonete neutro e não havia fugido das calças jeans, mas aquelas eram jeitosas e limpas. A barba não estava feita, mas ajeitada e regular. Seus olhos estavam claros e bem descansados. Nos pés, óbvio, o Vans porque, sem eles, não seria ele.

Mas ele estava lindo. Mais que isso até.

E Rebecca sabia.

Ou sabia ainda menos como aquela presença, lhe oferecendo um café do Costa, lhe causaria arrepios e suspiros diariamente.

- Eu disse para estar aqui as oito – pegou o café, sorriu sem aguentar e virou as costas.

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


SERIA ISTO UM SURGIMENTO DE UM VESTÍGIO APAGADO E MACHUCADO DE TECKYBOO?! ai meu deusssssssssss <3 eu não estou colocando pilha, mas, claramente, até o coração da nova Becky deu uma aquecida com esse café e com esse mais novo companheiro de trabalho né? HAHAHAHAHAA! Quero muito saber o que vocês acharam! Dessa nova rotina, dessa reaproximação do Harold com a irmã, da Nikki desabafando e do Lou bem na espreita, esperando a melhor oportunidade, para se juntar também... ME FALEM TUDINHOOOOOO! Bom? Ruim? Péssimo? Perfeito? Me contem, me contem por favorrrrrr!


Antes de dizer sobre Natal e blá blá, queria muito conversar com vocês... Andei muito confusa, ultimamente haha. Vou abrir meu coração agora, sério. Não é novidade como eu estou instável por aqui, falo que vou postar e não apareço e, não vou mentir, minha animação quanto a fic e ao site diminuíram bastante. A falta de tempo também aumentou e outras prioridades apareceram. Eu poderia dizer muito bem que a culpa é de Brighton e eu que eu não aguento escrever sobre lá sem cair em um mar nostálgico quanto ao meu intercâmbio, mas seria mentira porque PM nem está mais em Brighton hahaha. Eu não sei exatamente o que está acontecendo aqui dentro de mim e, de verdade, comecei uma nova história (perfect mistakes está terminada há quase um ano haha eu só ando editando e re-editando os capítulos na hora de postar) e, até mesmo ai, algo que eu estava mais que animada para fazer, eu ando meio bleh... Meus bloqueios, ao invés de durarem dias ou madrugadas como antes, duram meses e me questiono demais e demais sobre personagens, entendem? Talvez não, mas é complicado isso e, querendo ou não, este ano eu sai muito desse mundo interno de PM, de fics e de histórias, e fui viver o mundo externo porque, nossa, depois de muito muito tempo, ele estava sendo bom e vibrante para mim, sabem? O que estou fazendo aqui, basicamente, é uma exposição e uma explicação honesta do que andou acontecendo comigo e do porquê de eu estar descompromissada com a fic agora. Eu não vou desistir, apesar de pensar muito sobre isso haha, mas eu devo a todo mundo, a mim e, mais ainda, a Rebecca, Harry, Louis e Nicole um final. Um final de verdade! Estou fazendo isso, pessoal. Nós estamos e espero contar com todos vocês aqui nesse caminho meio difícil de percorrer HAHAHA.

Não me garanto da próxima vez que vier e nem de datas. Pós Ano Novo? Semana que vem? Nesse meio termo, é mais provável! E juro que me esforçarei para não deixar mais ninguém esperando pelos nossos quatro, juro mesmo! E, como presente de Natal, de 2017 e tudo, já digo que a próxima narração é da queridíssima Nicole <3 Loira mais linda e problemática que conhecemos! Alguém animado? Alguma teoria sobre o que vai rolar com ela? Não se esqueçam de falar sobre vocês, é claro, e sobre tudo que estão achando :)

Desejo a todos um Natal incrível, um peru muito bonito e gostoso, presentes, sobremesas maravilhosas e um início de verão inesquecível porque, ei, todos os verões possuem uma história, eu aposto! Obrigada por tudo pessoal, mesmo, e desculpa toda essa baguncinha interna minha. Estou concertando-a aos poucos, mesmo! Vocês são demais, de verdade!

Muita pizza, muita diversão, aproveitem a vida e as férias e nos vemos por aiiiiiiii

FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUI
xX Luh :)


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