História Perigosa - Gravidez?

Quando eu parei para me alto examinar, percebi algo que me fez pular e sair do sofá, Aldo me encarou com ar de preocupação
- Oque foi?
Eu literalmente parei no tempo, coloquei minha mão na cabeça que estava pulsando
- Que data é hoje?
Disse sem encara-lo, perplexa
- Dia 17, por que?
Nesse momento, fui até a mesa e peguei minha bolsa vermelha, lá estavam todas as minhas coisas, assim que dei de cara com um pacote cheio de absorventes, sem ao menos serem tocados, engoli seco
- Preciso ir a uma farmácia, agora
Ele se levantou
- Eu te levo
Eu neguei com a cabeça
- Você não pode dirigir nesse estado, deixa eu te levar
Acabei por aceitando, a gente saiu da minha casa, ele abriu a porta do carro para mim -oque me deixou um pouco intrigada- e fomos até uma farmácia que havia lá no moro mesmo, no caminho até lá, começou a chover e eu observei as gotas de água batendo contra a janela, ele ligou o ar-condicionado e, em minutos estávamos na frente da pequena farmácia
- Quer dinheiro pra comprar oque seja lá que for?
Eu neguei com a cabeça gentilmente e sai do carro
- Tenho dinheiro comigo
Disse antes de fechar a porta
- Te espero aqui
Ele disse e eu entrei no local, coloquei minhas mãos em meus cotovelos me abraçando, e fui até a moça que estava atendendo
- Você tem... ãhm, testes de gravidez?
Ela sorriu e pegou o pacote e me deu, eu paguei pelo objeto e sorri para ela
- Aqui tem algum banheiro?
Ela fez que sim com a cabeça e me levou até o local, eu entrei, tranquei e li as instruções atrás, fiz tudo certinho e esperei o resultado.
Minutos depois lá estava, duas linhas retas cor-de-rosa que mudariam minha vida por completo.
Mostrei para a mulher, ela sorriu de novo deixando um belo sorriso cheio de dentes aparecer, e colocou a mão em meu ombro
- Parabéns, está grávida
Eu respirei fundo e olhei para cima, pisquei várias vezes para controlar as lágrimas que insistiram em descer. Agradeci a mulher e sai do local, entrei no carro e não disse uma palavra, e torci para que ele não me perguntasse nada. Oque não aconteceu
- tudo bem?
Ele me perguntou
- Não, era só uma tontura idiota. Já vai passar, obrigada
Ele sorriu para mim e eu me encostei na porta do carro, enxuguei uma lágrima que desceu em meu rosto com as costas da mão, ele não percebeu, que bom.

Chegando em casa, eu joguei minha bolsa num canto, sentei no sofá e Tomás apareceu, com seus cabelos desalinhados e seu rosto com leves marcas do lençol, estava dormindo
- Desculpa se te acordei
Disse quase chorando, e ele veio até mim, me abraçou e perguntou com calma
- Oque houve, pequena?
E eu desabei, de novo. Nunca tinha ficado tão chorona como nessa última semana
- Aconteceu...uma...coisa
Falei aos soluços
- Me conte, estou aqui
Respirei fundo
- Quero que não conte isso para ninguém, entendeu Tomás, ninguém pode saber disso, principalmente Fernando
Ele me deu um beijo na testa
- Sabe que eu nunca contaria
- estou grávida. Do Fernando
Disse sem pensar e ele me soltou para me encarar
- Grávida? Oh meu Deus... oque pretende fazer?
Ele enxugou minhas lágrimas
- Eu não posso te contar, vai por mim, é para seu próprio bem

Enquanto isso...

- Fernando, já chega cara. Você está numa pior
Omar disse olhando seu amigo jogado no chão, com uma garrafa de whisky na mão, quase desorientado
- N-não ! Me deixa em paz! EU QUERO A LETÍCIA, A LETY, A MINHA LETY, OUVIU? MINHA
Omar olhou com medo da reação dele, que passou de bêbado desprezível para irritado e agressivo.
Omar pegou o celular e ligou para Letícia, ela atendeu depois de muita insistência

Na casa de Letícia...

Ela chorava desesperadamente, e quando ouviu seu telefone insistindo para ela atender, a mesma se levantou e viu o nome "Omar" se recompôs e atendeu
-...Alô? 
Me esforçei para disfarçar o choro
- Alô, Letícia? Por favor me escuta... o Fernando...
- Não quero saber dele, Omar
- Eu sei, mas, ele está bêbado, agressivo e não apara de se meter em brigas.
Nesse momento meu coração ficou apertado só de pensar em Fernando machucado, mas resolvi não ceder.
- E o que eu tenho haver com isso? 

- Ele está chamando seu nome, não para de chamar seu nome, eu estou entrando em desespero, não sei o que fazer com ele. Ele está machucado e vulnerável, por favor Letícia vem até aqui

Eu queria poder dizer não, eu queria não me importar, mas eu me importo, e muito. Me levantei rapidamente e peguei novamente minha bolsa junto com a chave do meu carro
- onde ele está?
 Falei já caminhando em direção à porta da frente, Tomás estava em seu quarto eu pedi anteriormente para me deixar um tempo sozinha, para pensar sobre a gravidez um pouco mais calmamente, então acredito que ele não irá perceber que eu, sai até porque não iria demorar muito. Omar me disse o endereço e eu fui com meu carro até o mesmo, era um bar pequeno que demorou cerca de 15 minutos até chegar lá. A chuva já estava para acabar, haviam apenas algumas nuvens que cercavam o local, e quando eu estacionei o carro, me deparei com uma cena deprimente. Fernando estava deitado na rua com um sangramento em sua testa, e estava abraçado a uma garrafa de whisky já vazia, revirei meus olhos e respirei fundo, fui até o local e me agachei para vê-lo mais de perto.
- Fernando, pode me ouvir?
Ele abriu seus olhos e me olhou, piscou duas vezes e abriu um sorriso sem dentes e suas covinhas ficaram à mostra - o que me fez amolecer um pouco, mas me segurei-
- Lety? meu amor é você ?
Eu mordi meus lábios e passei a mão em sua cabeça ajeitando seus cabelos rebeldes, observei o sangramento e notei que tinha um formato diferente, provavelmente tinha sido espancado com algo. O que me fez ficar um pouco tocada e com vontade de chorar, não queria só imaginar ele brigando novamente
- Sim sou eu
Sorrir de lado eu ajudei a se levantar, coloquei a garrafa longe do mesmo e o seu braço em cima de meus ombros, o que o ajudou a andar, Fomos até o meu carro e eu coloquei no assento, ele não parava de se mexer e de falar bobagem, o que me irritou de princípio mas resolvi ignorar.
- Volta para mim eu te amo tanto Letícia!
Sei que ele não estava falando sério até porque já estava bêbado. Mas resolvi voltar a minha atenção à direção
- Só fica quieto Fernando, por favor
Ele me obedeceu e passamos o resto da viagem calados, eu levei até a minha casa, lá eu o ajudei a tomar banho -mas não entrei no banheiro, mesmo ele insistindo- e coloquei curativos no mesmo, de algo para ele beber que tinha aprendido com minha mãe, era uma espécie de chá para curar ressaca. Tempos depois do mesmo já estava sóbrio.
- Letícia, o que eu te disse antes não deixa de ser verdade...
 ele insistiu em falar isso, mas resolvi mudar de assunto
- Você já está sóbrio, deveria voltar para sua mulher. Ela deve estar preocupada contigo.
Ele revirou os olhos e sorriu para mim
- aquela lá só liga para o poder ela não me ama de verdade.
Senti umandor em meu peito novamente, mas não deixei ele me deixar emotiva como nos últimos tempos. Não denovo.
- Então por que ficou com ela?
Resolvi não parecer muito curiosa e sim casual, o que deu certo
- eu não sei Letícia, às vezes eu faço besteira e só paro para pensar nas consequências depois de já ter feito. Aí já é tarde demais
Ele coçou sua nuca e eu olhei para o chão
- deveria procurar ajuda médica.
Ele gargalhou e olhou para mim
- Acha mesmo que eu vou ao médico ?sem essa.
Ótimo ele voltou a ser o mesmo babaca de sempre.
- Por favor sai da minha casa você não me faz bem.
Ele se levantou e colocou as mãos em meu rosto me obrigando a encará-lo
- porra Letícia ! eu te amo porque não quer acreditar? Volta pra mim por favor
Não deixei as emoções me consumirei E retirei as mãos dele de meu rosto
-  Não encosta em mim, vai embora por favor, me escuta pelo menos uma vez.
 ele ficou agressivo e virou as costas para mim
- o que quer que eu faça? Heim? eu faço qualquer coisa ! eu faço qualquer coisa Letícia! por favor, me diz
- Vai embora Fernando!
Eu gritei, e apontei para porta com meu dedo indicador.
- Ok eu vou embora, mas não pense que isso acabou, eu te amo.
Ele foi embora e quando me certifiquei que ele tinha fechado a porta sussurrei para mim mesma "eu também te amo"