1. Spirit Fanfics >
  2. Perigosas Lembranças >
  3. Suas dúvidas

História Perigosas Lembranças - Suas dúvidas


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bom, mais um capítulo. Finalmente, consegui colocar a cena quente que tanto queria e lhes mencionei.

Divirtam-se!

Capítulo 15 - Suas dúvidas


Fanfic / Fanfiction Perigosas Lembranças - Suas dúvidas

A residência dos Velmont se localizava no bairro Ipiranga, a pouca distância do Parque da Independência. Era magnífica, mas menor em tamanho, estrutura e terreno do que a que vivia com Ricardo. Mesmo assim, ao se deparar com a habitação, Letícia experimentou uma sensação familiar e saudosista.

Seus pais a esperavam diante da mansão com uma comitiva de empregados. Todos sorriam acolhedores, Letícia imediatamente sentiu empatia por eles.

- Olá, minha princesinha! – Luciana foi a primeira a acolher a filha nos braços – Que bom que veio visitar sua antiga morada.

- Oi de novo, mãe – Letícia se afastou para fitar seu rosto. Virou-se para Marcos e também o abraçou – Oi, pai.

- Oi, querida. Que bom que veio nos visitar. - ele emulou um sorriso quase imperceptível – Sentimos sua falta

- Mas, pai, ontem mesmo nos vimos na festa… e nem faz uma semana que voltei a morar com o Ricardo.

- Ah, mas seu pai, querida, ultimamente tem estado assim… muito sentimental e mais apegado a você.

- Tenho razão, não é? – o semblante seu anuviou – Depois de quase perder minha filha…

- Ai, ai, ai! Pelo amor de Deus, Marcos! Não vamos começar com baixo astral – Luciana ergueu o braço para o alto – Já passou. Nossa filha está aqui inteirinha… e bem à nossa frente.

- É, você está certa. - ele deu de ombros – Venha, querida, vamos te apresentar de novo às pessoas que trabalham para nós e que te viram crescer.

Marcos pegou na mão da filha e apresentou um por um. A maioria lhe cumprimentou com evidente afeição, outros foram mais reservados, mas em nenhum Letícia detectou qualquer tipo de hostilidade ou frieza. Uma atitude bem diferente dos empregados que tinha na própria mansão. Por mais educados e solícitos que fossem, grande parte se mantinha distante e um ou outro não conseguia disfarçar certa antipatia – como Glória, Anselmo e Larissa. O contraste era bem gritante com os serviçais da casa de seus pais.

- Minha menina, que bom que você está bem! - uma senhora clara, baixa e rechonchuda, de cabelos castanhos e encaracolados, presos num coque abraçou Letícia com força; depois a soltou, encarando-a e derramando copiosas lágrimas – Não sabe como morri de aflição enquanto esteve internada naquele hospital!

- Eu… - Letícia a encarou confusa, tentando se lembrar de quem era

- Sou eu, Júlia, sua antiga babá e agora governanta desta casa. - colocou as mãos da moça em seu rosto – Não consegue mesmo se lembrar de mim?

- Não, desculpe.

- Calma, mulher. Assim vai assustá-la. - um senhor moreno ao lado de Júlia, com traços que lembravam um índio lhe estendeu a mão e depois a puxou num calmo abraço. Desencostou e fitou-a com carinho. Letícia sentiu imediata afeição pelo simpático homem, assim como pela senhora que foi sua babá – Sou Onofre, o mordomo. Ou melhor, tio Onofre para você, minha criança. Estamos muito felizes por vê-la bem.

- É bom... é bom revê-los – achou estranho dizer “Prazer em conhecê-los” àquelas pessoas que a conheciam e que claramente lhe tinham carinho

Além de sua babá e o mordomo, havia a cozinheira Zefa, quase tão amorosa e calorosa quanto Júlia; Antônio, o atual motorista, a quem já conhecia e Lúcio, seu pai, o antigo, que era aposentado há dois anos, mas ainda vivia na casa junto com o filho e que contou levá-la todos os dias para a escola ou outros passeios quando criança e adolescente ou mesmo depois de adulta algumas vezes, antes de ela se casar; o jardineiro, os vigias da casa; o copeiro; mais três empregadas e duas cozinheiras; e um rapaz da idade de Letícia – Alan, filho de Júlia e Onofre – com quem brincou algumas vezes quando criança. Enfim, todos a receberam com sincero carinho e felicidade, de tal forma, que Letícia quase se arrependeu de ter escolhido voltar a morar com o marido.

Depois dos calorosos cumprimentos, todos os empregados voltaram aos seus afazeres; Letícia combinou de conversar mais tarde com eles, queria escutar histórias sobre sua vida. Marcos e Luciana mostraram as dependências exteriores e interiores da casa, relataram um evento particular de cada canto, algumas travessuras de Letícia e até as de Sérgio.

Letícia gostou de ver cada cômodo da residência, mas quando chegou em seu antigo quarto, uma emoção sem precedentes a inundou. Embora não viesse nenhuma recordação, sentiu-se de volta a alguma época distante, da qual intuía ter sido muito feliz. O recinto permanecia intacto; alternava as cores branca e amarela em suas paredes e móveis; tocou em cada parte e procurou sentir cada cheiro, sob os olhares atentos de seus pais.

Havia cinco porta-retratos numa cômoda:  um quando criança com os pais e o irmão; outro, na adolescência, em que estava sozinha, num vestido de debutante; a terceira, ainda adolescente com um Sérgio mais adulto, muito mais lindo e o corpo musculoso; e em duas, mais adulta – na primeira, junto com Cláudia e, na segunda, abraçada com Laura.

Estranhou não haver nenhuma com Ricardo, em que aparecesse com ela, com Sérgio ou os três, tal como ele possuía as que lhe havia mostrado. Nem havia alguma em que aparecesse sozinho, dessas que se presenteiam a namorada, para que se admire na ausência. Nenhuma, fosse mais antiga ou atual. Meio esquisito, considerando a importância que teve em sua infância e que em algum momento haviam se relacionado antes de se casar, por mais que o namoro houvesse sido breve. Porém, não questionou seus pais a respeito.

- Vocês têm mais fotos além daquelas que me mostraram no hospital? – indagou-lhes

Percebeu uma rápida troca de olhares antes de Luciana lhe responder:

- Claro, filha, temos bastante ainda. Vários álbuns ao longo de sua vida.

- Quando criança e mesmo adolescente, você adorava aparecer nas fotos. - Marcos sorria – Você até pensava em ser modelo.

- E continuo gostando?

- Não… nem tanto. - Marcos suspirou – Depois… que Sérgio morreu, você começou a achar tudo uma bobagem e só tirava alguma foto, se insistissem bastante. Dizia que o tempo que se perde em tirar uma foto, você deixa de viver o momento. E é algo único que não volta mais… assim como as pessoas.

Ela sentiu um aperto. Cada vez mais constatava o quanto a morte do irmão havia afetado não apenas a vida de seus pais como a sua própria e ainda afetava. Por outro lado, recordou-se da conversa com Ricardo em seu primeiro dia na mansão ao analisar os retratos da sala e das palavras dele quando lhe questionou sobre a única foto de sua lua de mel: 

 

— Você não me mostrou fotos da nossa lua-de-mel lá no hospital.

— Só deu para tirar esta... e mesmo assim porque eu insisti.

— Por quê? Eu não gostava de aparecer em fotos?

— Não era isso. Mas você dizia que o tempo que se perde para tirar fotos você pode aproveitar para vivenciar o momento 

 

Então havia lhe dito a verdade sobre um aspecto do caráter dela. Ficou aliviada.

- Quer ver essas fotos? - perguntou-lhe a mãe, não sem antes dirigir um olhar reprovador a Marcos por evocar um momento triste.

- Sim, gostaria.

Contudo, tiveram que deixar para mais tarde; Júlia lhes chamou para o almoço. Não haviam percebido como o tempo voou enquanto faziam aquela peregrinação entre recordações e conversas.

A comida de Zefa realmente era deliciosa! Letícia achou que superava a de sua cozinheira na mansão com Ricardo, talvez pelo carinho e empenho com que a amável senhora lhe preparou ou talvez pela impressão de afeição e acolhida por todos ali.

Após a refeição, Letícia e Luciana foram para sala enquanto Marcos fez questão de buscar os outros álbuns que ainda não haviam mostrado para a filha.

A mãe lhe falou sobre trivialidades e Letícia não a interrompeu. Queria abordar as questões que lhe interessavam com o pai presente e depois que visse as outras fotografias de sua vida.

Marcos desceu com, pelo menos, cinco álbuns volumosos. Sentou-se ao lado da filha e colocou-os sobre a mesinha no centro da sala. Uma foto saiu de um deles e deslizou pelo tapete aos pés de Letícia. Ela se abaixou para pegar o retrato e analisou-o em poucos segundos.

Era uma fotografia dela mais jovem, talvez com dezessete ou dezoito anos. Estava ao lado de um rapaz loiro e bastante alto. Os dois se vestiam à moda antiga – ela num vestido de alças, rodado, branco com bolinhas vermelhas e o cabelo solto com uma fita branca no alto; ele, de jaqueta preta, topete e óculos escuros. Estavam num ambiente como o de uma discoteca ou festa. O que mais chamou a atenção de Letícia era a forma como estava com o rapaz; abraçados com os rostos encostados pelas bochechas e virados para uma pose; sorriam. Pareciam bastante íntimos… um casal.

- Quem é esse? - mostrou a foto para a mãe – E onde…?

- Ah, nossa! Nem me lembrava que ainda tínhamos essa foto – sua mãe arrancou violentamente o retrato de suas mãos para espanto de Letícia. E a virou como se quisesse escondê-la de sua vista.

- Mãe, quem é esse? - insistiu ela não sem antes flagrar uma troca de olhares nervosos entre seus pais

- Não sei, filha. - exibiu um sorriso tão falso quanto suas palavras – Acho que… alguém da época de seu colégio. Você tinha tantos colegas, tantos amigos… era tão popular que não dá para se lembrar de todos.

Letícia estreitou os olhos. Por que justamente as pessoas mais próximas insistiam em mentir e ocultar-lhe fatos? Ricardo e seus pais? Antes que teimasse em perguntar sobre o rapaz da foto, o pai lhe respondeu:

- Aqui, querida, têm mais fotos como esta – estendeu-lhe um álbum – Foi uma festa que fizemos para você no seu aniversário de dezoito anos.

- Uma festa muito bonita por sinal – Luciana recobrou seu domínio – Você não queria, mas eu fiz questão. Afinal, assim como não é todo dia que uma filha faz quinze anos, também não é todo dia que faz dezoito.

- Foi um custo para te convencer – o pai sorriu divertido

- Você aceitou com a condição de que fosse do seu jeito. Pediu uma festa temática nos moldes dos anos sessenta, com roupas, maquiagem, música e tudo – suspirou – Eu adorei a ideia e não teve como negar.

 A mãe lhe mostrou as fotos e explicava sobre algumas pessoas e as circunstâncias. Não havia quase nenhuma fotografia em que ela aparecia, talvez pelo fato de não mais gostar de tirar, conforme lhe explicaram. Reparou em três espaços vazios, um deles equivalia ao tamanho do retrato caído. Percebeu claramente o nervosismo dos pais em tentar distraí-la do incidente. Mas não adiantava, apenas reforçou sua certeza de que eles retiravam fotos dos álbuns para lhe mostrar, porém, dessa vez, um lhes escapou sem que pudessem evitar.

Ela viu os outros álbuns, mas sua mente não estava muito focada, fosse pelo incidente com a foto, fosse por um dos motivos de estar ali.

- Isso é tudo? Há mais? - perguntou-lhes.

- Sim… é tudo – respondeu Marcos.

E de novo detectou uma nota de falsidade na voz. Letícia suspirou. Estava cansada de tal atitude. Por fim, resolveu expor suas inquietações:

- Pai, mãe… preciso lhes fazer algumas perguntas e quero que me respondam com sinceridade.

- Claro, filha – disse Luciana rapidamente

- Não, mãe. Eu quero que me respondam com a verdade. Estou cansada de mentiras! - desabafou.

- Querida, nós não…

- Sim, vocês mentem, me escondem segredos, disfarçam… mas eu percebo tudo.

- Que isso, minha filha! - Luciana parecia escandalizada. – Você está confundindo as coisas. É.. é a sua amnésia.

- O que quer saber? - cortou Marcos. A esposa lhe lançou um olhar de advertência, mas ele deu de ombros e sorriu resignado – Nossa filha pode estar desmemoriada, mas não perdeu sua inteligência e nem sua percepção.

- Fico feliz por saber disso, pai – não evitou a ironia – Em primeiro lugar... por que vocês mentem ou me escondem fatos? E até tiram fotografias dos álbuns que me mostram. Eu noto os espaços vazios… e agorinha vocês ficaram nervosos por causa dessa foto que caiu de um deles.

- Fazemos para o seu bem, querida – admitiu Marcos – Queremos poupá-la de lembranças desagradáveis.

- Então… o rapaz da foto é alguma lembrança desagradável? - mais uma vez a troca de olhares nervosos – Quem é ele?

- Ninguém que mereça que você se recorde – interveio Luciana antes que o marido abrisse a boca – Não deve mais importar para sua vida.

- Mas, mãe, eu quero saber, eu…

- Letícia, vamos tentar responder suas perguntas o quanto acharmos que você tem que saber. - Luciana foi contundente – Chame isso de superproteção de pais, mas é o que faremos para seu próprio bem. - suspirou – Se você tiver que se lembrar, vai ser com sua própria memória. Tem ido nas sessões de neurologia, não é? - Letícia assentiu com expressão aborrecida – Pois que descubra naturalmente o que não lhe dissermos.

- É, filha… não concordo, mas é o melhor - retrucou o pai com expressão resignada quando a filha lhe pediu apoio com o olhar.

- Está bem – disse Letícia após um suspiro conformado – Talvez essa que vou perguntar, vocês não me respondam… mas talvez pela reação de vocês nem precise.

- O que é? - Luciana a fitou com expressão desconfiada

- Eu fui estuprada ou sofri algum tipo de abuso? – olhou-os com firmeza

- Deus te livre e guarde, minha filha! - exclamou Luciana horrorizada com a sugestão. Marcos também pareceu confuso e surpreso. Ela soube de imediato que lhe diziam a verdade – De onde você tirou essa ideia?

- Bom… sempre que faço alguma pergunta a respeito da minha vida amorosa, vocês não parecem confortáveis em me contar.

- É o que te dissemos, querida – replicou Luciana – Você era muito focada nos estudos e no trabalho, não teve ninguém em especial e…

- E eu não acredito, mãe – interrompeu Letícia bruscamente – Sinto muito, mas vocês não me convenceram – notou suas expressões desconfortáveis – Está bem, já vi que sobre meu passado amoroso antes de conhecer Ricardo, vocês não vão me dizer. Posso supor que tem a ver com alguma decepção amorosa… talvez com o rapaz da foto. - como ambos não negassem, nem confirmassem, ela não insistiu. Quem cala, consente. - Pode deixar que vou recorrer à memória.

- Filhinha, vê se entende…

- Tudo bem, mãe, tudo bem… - levantou a palma num gesto que encerrava o assunto. Suspirou mais uma vez como se preparasse para os próximos questionamentos – Agora o que eu quero saber é sobre o Ricardo. - o casal se entreolhou, Marcos, principalmente, parecia desconfortável – E disso não abro mão, vocês vão ter que me contar, não importa o que for.

- Pergunte. - retrucou Marcos com expressão decidida.

- O que eu queria saber era… - engoliu em seco. De repente, perdeu a coragem como se temesse a resposta –… se o Ricardo me traía?

Ambos relaxaram. Letícia começou a experimentar alívio, embora não de todo.

- Até onde eu saiba, não – admitiu seu pai – Nesse ponto, não tenho nada a reclamar de seu… marido. - a palavra lhe saiu quase com desprezo – Ele te respeitava, não te traiu, pelo menos, não escutamos ou vimos nada... e nunca levantou a mão para você. Sob esse aspecto, não foi um cretino como o pai dele.

- Marcos… - o tom de Luciana era cauteloso

- Por que você detesta tanto o Ricardo, pai? - tornou Letícia.

- Ele lhe falou isso? - o maxilar do homem se apertou

- Não, eu percebi… desde o hospital. Mamãe me disse que era apenas um aborrecimento passageiro e o Ricardo falou que era apenas uma antipatia. Mas eu notei que é mais do que isso – fitou o pai que não lhe negou – Por quê?

- Tenho minhas razões… – Marcos desviou o rosto –... e prefiro não discuti-las

- Ricardo me disse que você nunca o aprovou por ele ser dez anos mais velho do que eu e por não ter estado ao meu lado quando o Sérgio morreu – insistia Letícia, porém, Marcos permanecia calado – Mas disse que principalmente por ele ser o filho de Otávio Fontes Guerra. É isso mesmo, pai? - notou a mão de seu pai que se fechou num punho apertado – Só por causa disso?

- Se é o que seu marido diz, não há motivo para eu negar – foi sua resposta dúbia sem se voltar para a filha.

Letícia o encarou frustrada, mas antes que continuasse, sua mãe a interpelou:

- Por que está questionando a fidelidade de seu marido, filha? Por acaso você suspeita de alguém na vida dele?

- Foi na festa de ontem. Uma tal Patrícia Andrade… e escutei uma conversa entre duas mulheres no banheiro.

E lhes relatou os dois eventos. Marcos permaneceu impassível, quanto a Luciana caiu na gargalhada.

- Mãe, não acho nenhuma graça – replicou Letícia aborrecida.

- Desculpe… querida. Mas é que… que… - ela teve que tapar o rosto para se conter – Que bonitinho, filhinha, você está com ciúmes de seu marido!

- Er… não é bem isso… eu… - ela ficou vermelha e desviou o rosto

- Não precisa fingir para nós, meu bem, principalmente para mim… - Luciana emulava um largo sorriso – Significa que você está se apaixonando por Ricardo.

- É… acho que sim – admitiu e olhou para ambos. Notou o desconforto de Marcos – Por isso que eu preciso saber se posso confiar nele antes de voltar a... ser uma esposa para ele.

- O quê? - Marcos elevou o tom, assustando a ambas – Eu escutei bem?

- Eu… - Letícia o olhou confusa

- Aquele desgraçado está te pressionando para ter relações com ele? - seu pai a pegou pelos ombros, o olhar era furioso

- N… não, pai… não é nada disso – os olhos de Letícia se arregalaram.

- Marcos, você está assustando nossa filha – Luciana disse entredentes – Acalme-se.

- Me acalmar? Depois do que escutei? – mesmo assim, soltou os ombros de Letícia – Como ele se atreve a exigir isso dela?

- Papai, ele não está me exigindo nada… ele… nem tocou no assunto. Sei que Ricardo me deseja, mas tem se portado como um cavalheiro comigo.  - abaixou o rosto. Não era um assunto que quisesse discutir com seu pai. – Mas eu… sinto essa necessidade.

- E qual o problema, Marcos? - Luciana se voltou para o esposo com um sorriso forçado – Eles são casados, é natural que ocorra mais cedo ou mais tarde

- Você ainda me pergunta? Nossa filha está com amnésia! É esse o problema! - Marcos encarava Luciana com ar exasperado – Pelo amor de Deus, mulher, é quase como se ela fosse uma criança sendo abusada por um adulto! Isso eu não vou tolerar! Ele nos garantiu que a respeitaria!

- Marcos, deixe Letícia e eu a sós para conversarmos – sua esposa lhe dirigiu um olhar de advertência e um tom imperioso

- De maneira nenhuma! Não vou permitir que você fique sozinha com ela, defendendo aquele miserável e incentivando essa pouca-vergonha! Essa canalhada!

- Chega, Marcos! - Luciana gritou assustando tanto pai e filha. - Nossa filha está passando por uma fase difícil, tentando se adaptar e você não está ajudando em nada! Letícia pode estar com amnésia, mas é adulta e sabe bem o que faz. Você mesmo disse que ela não perdeu sua inteligência. E se é da vontade dela se acertar com o marido, não sou eu, você ou qualquer outra pessoa que vai interferir – Luciana suspirou para se controlar e abaixar o tom – Me deixe sozinha com nossa filha se é demais para você lhe falar sobre esse assunto.

Letícia engoliu em seco e nada disse. Viu a face do pai ficar lívida. Não foi sua intenção ir ali provocar um desentendimento entre seus pais. Sentiu-se culpada.

- Faça como você quiser – Marcos se levantou do sofá – Você tem razão. É demais para mim sim… e continuar com essa farsa. Com licença que vou adiantar alguns assuntos da empresa.

E saiu a passos rápidos. Luciana soltou um suspiro.

- Pai! Pai! - Letícia o chamou, mas ele não voltou – Pai!

- Deixe, filha, deixe.

- Mas, mãe, não podemos deixá-lo assim!

-  Quando seu pai se zanga, não adianta tentar acalmá-lo. Tem que esperar ele mesmo botar a cabeça no lugar.

- Eu… eu não queria ter provocado essa situação. Vocês brigarem por minha causa.

- Meu bem, não se preocupe. Seu pai tem andado estressado ultimamente.

- Não é só isso, mãe. Ele… ele odeia meu marido!  Como pode ser isso? - balançou a cabeça para os lados – Tem algo errado aí. Não pode ser só por causa do pai do Ricardo ou mesmo por causa do Sérgio.

- Filha, seu pai não vai ser nem o primeiro, nem o último homem a detestar o genro por causa de besteira – Luciana desdenhava a ideia – É coisa de homem. Como dizem, testosterona demais. Não dê uma importância exagerada.

Letícia a observou calada. A mãe parecia mais segura do que dizia, porém, não a convenceu.

- Vamos voltar ao assunto que te interessa… - sorriu-lhe – Você veio aqui porque tem dúvidas sobre a fidelidade de Ricardo, não é?

- É – ela suspirou. Nem sabia se valia a pena tocar no assunto depois da reação do pai – Pelo que te contei.

- Querida, não tenha a menor dúvida sobre o quanto seu marido lhe é fiel. - Luciana a fitava sem hesitação e tranquilidade – Se há dois homens que eu atestaria fidelidade seriam seu pai e o Ricardo.

- Então por que ele mentiu sobre a relação com a Patrícia? Por que não disse que foram namorados e que terminaram antes de se casar comigo?

- Querida, vou te explicar o que sei sobre a relação dele com essa... mulher. – Luciana quase disse a última palavra com desprezo. - Foi o que escutei de algumas amigas que conhecem gente próxima aos dois. Pelo que disseram, eles são amigos desde o tempo de faculdade. Como te contei, Ricardo estudou Administração em Princeton e foi lá que conheceu essa Patrícia.

- Ela… é daqui?

- De Campinas, eu acho… não me lembro bem. Sei que ela é de uma família de fazendeiros, mas antes de ir para a universidade morou muito tempo na casa dos tios para estudar na capital. Os Andrade, uns amores de pessoa – ela sorriu. Depois, voltou a ficar séria – Ela cursou Moda, mas parece que fez algumas matérias em Administração com Ricardo. Não sei exatamente os detalhes, mas desde essa época Patrícia era apaixonada por ele, mas Ricardo a via mais como uma amiga… talvez uma amizade colorida. Só que ele nunca a assumiu como namorada.

- Mas a mulher do banheiro disse…

- Não leve em conta nada do que disse essa mulher! – cortou Luciana – Patrícia é quem vivia dizendo que eram namorados, espalhando para quem quisesse escutar, como já fosse sua dona e com casamento garantido – balançou a cabeça com expressão zombeteira – Pobre coitada! Era uma iludida! Hum… e ainda é. Mas Ricardo nunca confirmou que eram namorados. Pelo menos, ele nunca fez uma declaração aberta toda vez que algum colunista ou fofoqueiro questionava sobre a relação deles. E olhe que ele costumava admitir publicamente se e com quem estava se relacionando, mesmo que fosse a décima ou a vigésima namorada – Luciana encarou a filha com firmeza – Ele teve muitas namoradas e alguns casos também, mas isso não significa que ele fosse infiel, pelo menos acredito que não na maior parte de seus relacionamentos. Eu te disse isso.

- Sim, mas…

- Jamais se soube de ele circular com mais de uma mulher por aí. - Luciana a interrompeu – Ele não era como o pai dele que não se importava em andar com várias e que estava sempre metido em escândalos desse tipo… e nem mesmo respeitou a esposa.

- E quanto a Patrícia?

- É o que te expliquei. - suspirou como se não quisesse se repetir – Ricardo teve um caso de dois meses com ela antes de namorar com você. Circulavam por aí e foram flagrados várias vezes aos beijos em lugares públicos, mas ele nunca declarou que fossem namorados. Estava mais com ela porque… - súbito, Luciana se interrompeu como se desse conta de que havia falado demais.

- Porque…?

- Porque… na época você não estava interessada – concluiu repentinamente – Vocês tinham voltado a ser grandes amigos, fazia três anos… mas Ricardo queria bem mais, sempre quis desde que a reencontrou – Luciana sorriu – Nossa! Ele era completamente apaixonado por você… se notava a léguas. - olhou a filha com significativa malícia – E ainda é.

- E... o que fez eu começar a me interessar por Ricardo? - indagou após breve pausa. Escutar sobre a intensidade do sentimento do marido a aqueceu – Foi por ele se envolver com a Patrícia?

- Creio que sim – Luciana não parecia segura do que falava. Apenas nessa hora, Letícia detectou sua hesitação – Querida, eu acho que quem deveria lhe esclarecer mais sobre essa história é o seu marido.

- Mãe, eu… não sei se devo perguntar a ele, vou morrer de vergonha.

- Filhinha…

- E depois… não sei se ele vai querer me explicar. - Suspirou – Ricardo parece que se incomoda se lhe faço muitas perguntas a respeito do meu passado ou mesmo do passado dele.

- Ele não teve uma vida fácil… e deve ser doloroso tocar em certos assuntos. Quanto a falar sobre você…

- Sei, sei… Ele é da mesma posição que vocês.  -ela revirou os olhos – Me proteger de algum assunto que considere desagradável eu me lembrar. Aposto que até vocês combinaram. Foi o que papai quis dizer com “continuar a farsa”, não é? - Luciana abriu a boca para protestar, mas Letícia se antecipou – Tudo bem, não negue. Não concordo com a postura de vocês, mas, pelo menos, agora sei que não era paranoia minha.

- Minha filha, tenha certeza de uma coisa: nós todos a amamos e queremos que você se sinta feliz e protegida. Não fique magoada se exageramos. - Letícia assentiu a contragosto – E Ricardo te ama como um louco. Ele faria qualquer coisa por você – Luciana pareceu meditar em alguma ideia, uma bem sombria que lhe fez fechar o rosto – Até coisas reprováveis.

Letícia a fitou intrigada. As palavras da mãe tinham um peso forte e certo. Sentiu um aperto ao escutá-la. Não, era apenas um exagero tal declaração. Luciana se deu conta do que havia dito e sorriu-lhe nervosa.

- Filhinha… não se preocupe com essa Patrícia Andrade. Ela não passa de uma mulher com pouca dignidade em perseguir um homem que não a quer e está casado – torceu a boca com desprezo. - Não demonstre insegurança ou ciúmes se ela se aproximar de Ricardo. Não lhe dê o gostinho, mostre o quanto você é superior.

- Não sei se tenho esse sangue frio – suspirou – Mas você está certa. Não quero privar Ricardo de suas amizades… mesmo que não me agrade que seja uma ex.

- Isso. E o mesmo lhe digo sobre as outras… essa tal Cristina, por exemplo – a mãe fez expressão pensativa – Tenho quase certeza de que deve ser Cristina Ribas. Se me lembro bem, é a única Cristina com que Ricardo teve um caso e que frequenta nosso meio. – sorriu – É uma recalcada com certeza. Todos sabem que a família está na ruína, mas insistem em manter um padrão que não conseguem.

- A outra mulher com quem ela falava se chamava Mônica.

- Ah, então é ela mesma. Essas duas são inseparáveis, mas falsas – ria – Duas víboras que mordem a cauda uma da outra e de quem estiver por perto.

- Não me agrada entrosar com esse tipo de pessoa. E sem memória, me sinto insegura para isso.

- Minha princesinha, você tira de letra, você sempre teve resposta para pessoas assim e sem perder a classe – colocou as mãos sobre o rosto da filha – Querida, não deixe que intrigas e inveja a separem de Ricardo. E não leve também em conta o que seu pai disse. Repito para você que seu marido a ama e faria tudo por você. Dê uma chance a ele… e a você principalmente. Você merece. Quero que encontre paz e seja feliz.

Havia uma emoção incontida na voz da mãe que comoveu Letícia. Ela assentiu. Mais do que nunca estava decidida a se entregar a Ricardo, mesmo que aos poucos. E com o beijo de mais cedo e a promessa de uma conversa mais tarde, suas reservas começavam a cair.

- Você tem razão, mãe. É o que vou fazer.

- Ótimo! - Luciana bateu palmas como uma criança. Letícia riu – E me conte detalhes do que acontecer entre vocês, está bem?

Letícia riu mais e balançou a cabeça. Luciana estava sendo novamente ela mesma, mais uma colega de escola do que uma mãe. Até pensou em lhe contar sobre o beijo com Ricardo, mas ainda não queria compartilhar tal intimidade.

O resto da tarde transcorreu agradável. Conversou outros assuntos com a mãe e, em seguida, foi escutar histórias de sua infância e juventude com os empregados que lhe viram crescer e trocar algumas ideias com o moço que foi seu companheiro de infância. Ele também já era casado, mas de vez em quando visitava os pais e, por sorte, veio no mesmo dia que Letícia. Notou, porém, que eles hesitavam ao relatar certos fatos, como se houvessem sido instruídos. Meus pais, pensou ela, porém, não os pressionou porque se interessou mais em escutar bons momentos de sua vida.

Quando chegou o fim da tarde, despediu-se dos pais. A essa altura, Marcos havia saído do escritório e parecia mais tranquilo, embora o rosto ainda demonstrasse algum aborrecimento. Com certeza, Luciana e ele conversaram enquanto esteve com as outras pessoas da casa. Ele não tocou no assunto de seu relacionamento com Ricardo e nem ela o pressionou a lhe dizer se havia, de fato, mais motivos para odiá-lo. Seu pai apenas se limitou a se desculpar por sua súbita explosão de raiva, alegando estresse nos negócios. Letícia aceitou a explicação, ainda que não fosse verdade, pelo menos não toda. Tomou a limusine e foi-se.

No caminho de volta, pensava na visita aos pais, sobretudo na atitude de Marcos. Porém, o que mais vinha em sua mente de uma maneira insistente era a fotografia abraçada com o rapaz loiro.

Quem seria ele? Um namorado da adolescência? Alguém com quem teve uma grande desilusão amorosa? Pelo visto sim, pela maneira como seus pais se referiram a ele como sendo “lembrança desagradável” ou “Ninguém que mereça que você se recorde”

Mal teve tempo de apreciar suas feições pela rapidez com que a mãe tomou o retrato de suas mãos. Seja quem fosse, devia tê-la magoado bastante para seus pais se recusarem a falar a respeito. Aborrecia-se, porém, com essa atitude, unicamente movida por superproteção. Pelo menos, admitiam que lhe escondiam fatos. E era um alívio saber que nunca foi estuprada ou sofreu abuso, como receou.

Sorriu por confirmar que seu marido lhe era fiel. Teve certeza de que a mãe não lhe mentiu. Contudo, precisava esclarecer com Ricardo sobre a tal Patrícia.

Só de imaginar ter que introduzir o assunto, o rosto lhe queimava; ele se daria conta de seus ciúmes. E mais vermelha ficou ao se recordar que falariam sobre o beijo. Não, não estava arrependida, mas morta de vergonha por ter sido ela quem deu o primeiro passo, avançando no marido. Cobriu o rosto com as mãos e riu consigo mesma.

Quem mandou ele lhe provocar daquele jeito? O safado sabia o quanto a afetava, o quanto era lindo e gostoso… e ainda fez aquele joguinho. A culpa era dele!

O sol começava a se pôr quando Letícia chegou. Era provável que Ricardo já se encontrasse em casa e esperando-a para uma conversa. O estômago fervilhou e o coração bateu só de imaginar aqueles olhos penetrantes e intensos, o sorriso torto e malicioso, a boca sensual… e que estava louca para beijar de novo. Ai! Tomara que não bancasse de novo a louca, a adolescente com os hormônios à flor da pele!

Ao entrar na casa, encontrou Glória na sala. Como sempre, muito profissional, fria e distante… com aquele sorriso falso. Tão diferente de Júlia, sua antiga babá e atual governanta da casa dos pais.

- Glória, Ricardo já chegou?

- Sim, dona Letícia. Faz pouco tempo, ele disse que estaria no escritório revisando alguns documentos da empresa.

Letícia olhou na direção em que se localizava o cômodo. Pensou em ir para lá, porém, mudou de ideia

- Me faz um favor?

- Sim, senhora. Diga.

- Se por acaso ele sair, avise-o que cheguei, mas que… fui me banhar e trocar de roupa e que só descerei para o jantar.

- Como quiser… senhora.

Letícia subiu. Estava sendo covarde, mas precisava se preparar antes. Ricardo a entenderia com certeza. E teriam muito tempo depois do jantar para conversarem.

Quando começou a percorrer o corredor do andar do quarto, parou. De repente, lhe veio uma ideia. Ela ainda não havia visto o quarto em que Ricardo dormia e no qual lhe informou que compartilhavam antes do seu acidente. Além disso, queria confirmar se foi no banheiro do cômodo que se passou o momento da primeira lembrança que teve, o do sexo entre eles. No do seu quarto, sabia que não, pelo pouco que vislumbrou da recordação.

Olhou para baixo da escadaria se o marido vinha. Nada.  Apressou os passos em direção ao recinto, o último do corredor. As mãos tremiam e o coração batia. Tinha que ser rápida ou ficaria bastante constrangida se, por acaso, ele entrasse no quarto e a visse lá... O que pensaria dela?

Volte sua louca, uma parte de si a alertava. Amanhã você verifica quando ele estiver na empresa.

Tarde demais. A vontade e a curiosidade eram irresistíveis. Seus passos já a guiavam para lá.

Postou-se diante da porta e colocou a mão na maçaneta. Deu uma última olhada pelo corredor se Ricardo vinha ou escutava seus passos subindo a escadaria. Como nenhum ruído se produzia, deu um suspiro e abriu a porta calmamente, sem fazer barulho.

O quarto era mais amplo que o em que dormia, talvez quase o dobro; impressionou-se, posto que considerava o seu bastante espaçoso. O cômodo se estendia como um longo corredor, contíguo ao de fora. Percorreu-o lentamente enquanto observava ao redor.

Era todo branco tal como o resto da casa; o teto possuía luminárias circulares por todas as partes, mas no centro havia um grande lustre antigo; quadros em várias partes; um grande tapete; havia um pequeno e estreito móvel, uma mescla entre sofá e cama; em frente, uma gigantesca televisão plasma; mais ao fundo, uma mini escada de três degraus conduzia a um segundo espaço onde ficavam duas poltronas perto das janelas; entre a escadinha e as poltronas, uma mesinha com abajur; finalmente, do lado oposto, a cama de casal.

Letícia sentiu um calor ao se imaginar ali com Ricardo em várias noites… fazendo amor. Engoliu em seco e afastou o pensamento lascivo. Localizou uma porta à esquerda da cama, devia ser o banheiro. Antes que desse um passo em direção ao cômodo, a porta deste se abriu subitamente.

O coração deu um pulo, colocou a mão no peito, sufocou um grito que quase saiu. Era Ricardo? Mas Glória disse que estava lá embaixo! Mal teve tempo de se recuperar do susto e refletir sobre a questão, porque seu corpo se retesou e o ar quase lhe faltou.

Sim, era seu marido. E saiu completamente nu, estava no banho, posto que caminhava com uma toalha na cabeça enxugando-a. Ele atravessou o quarto sem se dar conta de sua presença, a pouca distância dela. Mesmo de perfil, dava para ver parte de sua anatomia.

Ah, meu Deus! Ah, meu Deus!

Ela não sabia o que fazer. Se permanecia ou se voltava. Com a primeira opção, ele logo a descobriria ali; coma segunda, os sons de seus sapatos produziriam ruído e ele a descobriria de qualquer jeito. Sem saber o que fazer, ficou petrificada no lugar.

Ricardo lhe deu as costas, tirou a toalha da cabeça, postou-se de frente para a cama e começou a enxugar o peito. Letícia arfou e o calor a inundou; vislumbrou as costas e a bunda do marido, os músculos de suas pernas e braços. Ele era glorioso! Imagine de frente! Mesmo em pânico, não podia evitar a emoção em vê-lo daquela forma.

Ricardo deslizou a toalha pelas costas, enxugou-a lentamente como se apreciasse o contato, respirava com genuíno prazer; sem perceber, Letícia ficou hipnotizada, seu marido exalava sensualidade nesse simples ato. Ele desceu para as pernas e envolveu-as num ritmo calmo e cadenciado, Letícia mordeu levemente os lábios, por um momento esquecida de sua situação.

Mas quando Ricardo subiu e enxugou suas partes genitais, ela inadvertidamente sussurrou um “Ai, meu Deus!” sem perceber num murmúrio, mas suficiente alto, já que Ricardo virou a cabeça para trás e a viu. Ele se assustou com sua presença e virou o corpo todo, dando um passo para trás.

- Letícia!?

- Ai, meu Deus! - gritou ao ser surpreendida e, ao mesmo tempo, vê-lo completamente nu de frente.

Bateu as costas na parede e a mão no abajur da mesinha, derrubando-o. O objeto quase caiu, vislumbrou com o canto do olho seu marido fazer um movimento para se aproximar e impedir, mas ela se antecipou e segurou a tempo. Colocou o abajur com cuidado na mesma posição e voltou-se rapidamente para Ricardo, porém, com o rosto virado e a mão tampando qualquer brecha de visão. Não sabia se ele tinha se coberto ou se enrolado na toalha.

– Desculpa… desculpa… foi sem querer.  – disse antes que ele lhe falasse qualquer coisa – Eu… não sabia que você estava aqui. A Glória me disse… - interrompeu-se e seu corpo se virou em direção ao lado em que estava a saída. Um pé pisou num degrau da escadinha – Eu… eu preciso ir.

Desceu apressada os três degraus.

- Letícia, espere! - chamou Ricardo – Letícia!

Mas ela já estava próxima da porta, abriu-a e fechou-a com estrondo. Correu até seu quarto e trancou-se lá.

De duas coisas estava certa: não desceria mais para o jantar e, muito menos, conversaria com Ricardo. Pelo menos não no resto daquele dia. 


Notas Finais


A foto acima é mais ou menos como seria o quarto do casal e que por enquanto apenas Ricardo ocupa.

E aí? O que acharam dessa cena final? Me deu até calor só de imaginar e também escrever, rsrsrs... Na verdade, tinha programado para acontecer antes do beijo, mas como sabia que estavam ansiosas para que eles finalmente se beijassem, achei melhor mudar a ordem.

Bem, as coisas entre eles tendem a esquentar mais daqui para frente. No máximo daqui a quatro capítulos rola a primeira cena de amor, acho que até menos do que isso, mas não vou precisar exatamente para não deixá-las ansiosas. Mas beijos e carícias quentes vão ter até lá, com certeza.

Quanto a Laura, sim, ela já vai aparecer. Se não for no próximo capítulo, no outro depois.

E sei também que esse fim de semana tá longo, hein? Já dura uns seis ou sete capítulos, mas o tempo na história também vai correr mais rápido e também saltar daqui a pouco.

Enfim, mandem reviews. E até a próxima.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...