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História Perigosas Lembranças - Quem sou eu, quem é ele


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bom, o primeiro capítulo propriamente dito da história. Espero que gostem.

Enfim, divirtam-se!

Capítulo 2 - Quem sou eu, quem é ele


Fanfic / Fanfiction Perigosas Lembranças - Quem sou eu, quem é ele

Escuridão. Era tudo o que conseguia distinguir. As pálpebras estavam pesadas e ela não conseguia abri-las. Um cansaço, uma letargia tomava conta de seu corpo.

Silêncio. Não escutou nenhum ruído a princípio, mas, pouco a pouco, o som de uma voz alcançava seus ouvidos. As palavras ininteligíveis formavam estruturas reconhecíveis:

-... tem que acordar, Letícia. Eu... não suporto te ver assim.

Uma voz masculina.

-Nunca me perdoarei se você...

O som de um choro interrompeu a frase, deixando-a incompleta.

Súbito, uma luminosidade entrou no seu campo de visão. Os olhos queriam enxergar além.

- Juro que...

Sua consciência estava quase à tona. Um arquejo involuntário que soltou fez a voz se calar.

- Letícia...

A inflexão era um misto de surpresa e expectativa. Ela estava mais consciente, embora não conseguisse sair do estado letárgico. Mexeu os lábios, mas não conseguiu emitir som. Sentiu pela primeira vez o contato de sua mão com alguma coisa, outra mão, forte... a de um homem. O perfume dele, cítrico, invadiu suas narinas.

- Não, por favor... não se esforce. Não tente falar nada, nem se mexer – havia na voz uma mescla de alegria, ansiedade e preocupação – Vou chamar a enfermeira. Eu... eu já volto, Letícia, juro que só me afasto por um momento.

A mão quente e forte largou a sua; escutou passos que corriam se afastarem, apenas permaneceu a fragrância no ar. Sentiu-se desamparada, era alguém que parecia se importar e não estava mais ali. Só que... não conseguiu reconhecer o dono da voz. Estranho.

E ele citou um nome. Letícia. Era o seu? Não conseguia associar. Ela se chamava... Como se chamava mesmo?

Uma forte dor de cabeça a fez arquejar outra vez. Passos se aproximavam; talvez fosse o homem com a enfermeira. Mas ela... começava a afundar de novo naquele estado letárgico, inconsciente, embora sua vontade quisesse flutuar.

A última coisa do qual teve consciência foi da mão forte tocando em seu ombro e o som abafado da voz proferindo o repetitivo nome:

- Letícia...

- 0 –

Sua consciência voltou. E de vez, por fim. Abriu os olhos lentamente imersos na escuridão e a luz os invadiu. A primeira coisa que viu foi um teto branco com uma lâmpada fluorescente.

Havia uma superfície macia debaixo de seu corpo: lençóis e colchão. Aos poucos, tomou ciência do lugar em que estava. Um quarto. Escutou um barulho de um bip. Olhou para sua esquerda, havia um aparelho, um desses que serviam para detectar os batimentos cardíacos.

Então estava num hospital.

Sentiu um incômodo na mão direita, virou a cabeça e viu que era uma agulha presa em um de seus dedos, talvez para conduzir algum medicamento em sua corrente sanguínea. O movimento repentino com a cabeça lhe causou dor no pescoço; gemeu baixinho. Uma voz masculina se pronunciou:

- Letícia!

Com a metade do corpo inclinado para a frente por causa da parte superior erguida da cama, vislumbrou o homem branco que a chamou; estava sentado numa poltrona do outro lado a pouca distância de frente para ela. O cabelo liso e castanho bem cortado; o cavanhaque e bigode da mesma cor; a expressão ansiosa no rosto e o corpo inclinado para a frente. Ele se levantou de imediato, foi até ela, posicionou-se à sua direita, inclinou metade do corpo e estendeu o braço em direção ao dela; deteve-se, como se temesse tocá-la.

- Você... você está bem? – perguntou com a expressão incrédula e o movimento hesitante.

- Eu... eu... – ela se sentou devagar e apenas o olhou, com a mente confusa tentando associar a imagem do homem

- Meu Deus! Você acordou! – ele abriu um largo sorriso e tomou sua mão, a que estava livre da agulha. Ela se incomodou pela dor no braço, mas reprimiu um gemido, porém, ele percebeu sua reação e a soltou de imediato com expressão culpada – Perdão... está doendo?

- Está... na verdade, dói em várias partes.

- Por Deus, Letícia, você então nem deveria ter se mexido! – disse num tom firme, mas baixo e preocupado. Inclinou-se sobre ela e ajudou-a a se ajeitar – Deite-se que eu vou chamar o médico para te examinar.

Ela não protestou, sua mente estava confusa e cheia de perguntas, mas o cansaço e a dor no corpo reclamaram sua atenção.

- Assim, com cuidado – Letícia o olhava confusa, mas detectava uma nota de carinho e preocupação na voz dele, assim como uma intensidade no olhar. Ela desviou o rosto – Volto logo. Tudo bem?

Apenas assentiu com movimentos curtos sem olhá-lo até notar que se afastou. Quando ficou sozinha, percebe que não reconhecia o homem e... ele a chamava de Letícia. Não associava o nome a si própria; uma onda de pânico a invadia, mas tentava se controlar.

No quarto, havia somente ela como paciente. E apesar de ser um quarto de hospital, o recinto era amplo e arejado, com os móveis de um bom gosto à primeira vista e bem conservados – poltrona, sofá de dois lugares, uma mesa pequena, televisão, um armário e uma cadeira ao lado da cama. Talvez fosse num hospital particular dos melhores.

Sua cabeça voltou a questão que não desejava encarar: seu nome era Letícia?

Engoliu em seco. Como é seu rosto? Não se lembrava do próprio rosto. Não, não, recusava-se a acreditar no óbvio, talvez fosse apenas um momento de confusão. Logo se lembraria de si mesma... e do homem que estava ao seu lado.

Cinco minutos depois que lhe pareceram eternos, o tal sujeito voltou com um senhor calvo e de entradas grisalhas todo vestido de branco, um estetoscópio no pescoço e uma maleta; atrás de ambos, a enfermeira.

- Bom dia, dorminhoca – cumprimentou o sujeito vestido de branco num tom brincalhão, obviamente o médico. Ele abriu um sorriso – Então nossa bela adormecida resolveu acordar, hein? Não sabe como afligiu a todos, especialmente esse moço aqui.

Indicou com a cabeça o tal homem sem se voltar para ele. Letícia ignorou o comentário do médico bem como o olhar intenso e terno do “moço.” Sentou-se mais uma vez.

- Calma. – o médico se adiantou até ela assim como a enfermeira ao vê-la gemer pelo esforço. Ambos a ampararam de cada lado. O homem fez menção de se aproximar, mas desistiu – Não é prudente se mexer muito sem um exame. Você sofreu várias contusões.

- Doutor... – começou ela

- Meu nome é Rafael. – fê-la se deitar de novo e indicou com o movimento da cabeça a enfermeira, uma jovem loira – E essa é a Solange que vai cuidar de você.

- Doutor Rafael, eu tenho que lhe falar... eu...

- Sh... tranquila.... Daqui a pouco, vamos conversar. Preciso agora fazer uns exames em você para ver se está tudo bem, Solange vai me ajudar.

- Eu....

- Tranquila.

Não protestou mais, porém, dirigiu um olhar inquieto para o homem atrás de Rafael. Se o médico, pretendia lhe examinar, significava que talvez fosse tirar sua roupa – uma espécie de camisola branca sem nenhum detalhe, própria de hospital – ou pelo menos revelar partes de seu corpo. E não tinha ideia de sua relação com o estranho.

- Eu... eu vou esperar lá fora – ele avisou constrangido como se adivinhasse seus pensamentos – Me chamem quando terminarem.

- Pode deixar. Não se preocupe que vamos cuidar dela direitinho – Rafael o olhou e sorriu encorajador.

O homem apenas assentiu e saiu, não sem antes dirigir um olhar intenso a ela. A moça desviou o seu e estremeceu com desconforto. Chegou a pensar que ele fosse um parente, talvez um primo ou irmão, ou mesmo um tio, embora não aparentasse ter mais do que trinta anos. Porém, o modo como a fitava deixava dúvidas; não queria pensar a respeito, sua mente já estava tomada por uma onda de pânico que tentava controlar.

O médico e a enfermeira a examinaram bastante. De vez em quando, Rafael lhe dirigia palavras sobre se estava doendo alguma parte do corpo e ela ora confirmava e ora negava. Ao constatarem que não havia perigo, fizeram-na se sentar. Sua cabeça foi a parte mais examinada, mas não sentia nenhuma dor, pelo menos não aparente.

- Vamos realizar exames profundos, principalmente em sua cabeça que foi a parte mais afetada – anunciou Rafael após terminar os exames – Mas posso adiantar que a princípio, tudo parece bem.

- Doutor... eu não consigo me lembrar de quem eu sou! – exclamou por fim. Tanto o médico como a enfermeira trocaram um olhar – Eu... eu não consigo me lembrar do meu próprio nome, nem do meu próprio rosto... e não sei quem é esse homem que estava aqui!

- Acalme-se, não é motivo de pânico. Às vezes, isso é normal acontecer... pode ser apenas uma questão de horas... – o médico começou a falar, mas se interrompeu quando ela tomou sua mão com evidente nervosismo

- Doutor Rafael, como eu me chamo? Eu... escutei aquele cara me chamar de Letícia. É esse o meu nome?

- Sim, mas peço que se acalme, Letícia, que responderei todas as suas perguntas... todas que eu tiver conhecimento – abriu um sorriso encorajador e se sentou na cadeira – Promete ser uma boa menina e se tranquilizar?

- Sim... – hesitou, mas se acalmou – O senhor pode me dizer meu nome completo?

- Você se chama Letícia Velmont Fontes Guerra.

Ela tentou processar a informação, mas não lhe soava familiar. O único que lhe ocorreu é que o sobrenome não era comum, soava importante.

- E... quem é esse homem que estava aqui? – indagou após uma pausa e com a respiração presa – Como se chama?

O médico trocou outro olhar com a enfermeira, o que não passou despercebido por Letícia. Como se ele temesse assustá-la com a resposta.

- Letícia, tenha calma. Acho melhor esperarmos para ver se sua memória volta ainda hoje. Como eu ia dizendo, pode ser apenas questão de horas. Apenas um choque inicial...

- Me responde, por favor, doutor. – imprimiu uma nota imperativa na voz – Quem é ele?

- Ele se chama Ricardo Fontes Guerra. – o médico declarou num tom calmo e paciente, mas a fitava com cuidado – Seu marido. 


Notas Finais


Bom, e aí qual será a reação da Letícia?

Nas fotos do design assim como na capa, o ator argentino Marcelo Córdoba e a atriz brasileira Débora Nascimento

Curtiram? Se sim, por favor, não deixem de comentar.

Até a próxima.


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