Sydney, Austrália. Maio de 2017.
Traga-me para baixo no Brooklyn se eu perder minha vida
LUKE
Margot caminhou até os pufs e se sentou como se não tivesse acabado de lançar uma bomba nas nossas mãos. Ela continuou com aquele sorriso de quem ia aprontar, e eu sinceramente estava ficando nervoso. Essa garota anda causando tantos efeitos diferentes em mim, que às vezes acho que estou enlouquecendo.
E o pior de tudo, é que ela parece gostar.
— Ok, vamos ao que interessa. — Margot cruzou as pernas me fazendo automaticamente olhar pra elas. — Vocês realmente querem dar quase tudo de si pra conseguir ir pra Londres? Pra conseguir realizar o sonho de vocês?
— Claro que queremos! — gritamos todos juntos ao mesmo tempo. Eu estava me sentindo em um daqueles clubes secretos, armando o próximo plano pra conseguir alguma coisa.
Margot continuou, convicta.
— Então estejam prontos. — ela disse séria, mas eu podia ver seu sorriso de canto. Margot também estava ansiosa e eu sei que a adrenalina também a instigava. — Luke, o papel principal é o teu. Você vai ter que ser esperto e rápido.
— Explique-se, Margôzinha. — eu disse, começando a ficar ansioso. Os garotos acenaram com a cabeça pra que ela continuasse.
— O plano é o seguinte: O Luke vai sacar metade de uma boa quantia de dinheiro no banco, pro caso de o pai dele cancelar seus cartões. Mas antes disso, precisamos ser estratégicos. Luke vai inventar que vai precisar dormir na casa do Calum ou um de vocês porque precisam revisar alguns trabalhos da faculdade, despistando o pai dele. Eu posso ajudar também.
Porra, essa era uma ideia muito boa.
— Essa ideia parece foda. Continue. — Ashton disse com os olhos vidrados na garota de cabelos curtos.
— O Luke só vai tirar o dinheiro quando estiver no aeroporto no dia seguinte com vocês, no banco de lá mesmo. Enquanto isso, eu vou estar em casa fingindo agir como se nada tivesse acontecido e confirmar que você estava na casa do Calum, por exemplo, caso ele pergunte. Vamos revisar, ok?
— Ok. — dissemos juntos outra vez.
Ela se levantou como se fosse uma professora ensinando aos alunos o que fazer. E eu não pude deixar de imaginar besteiras na minha cabeça pervertida. Estou evitando tanto pensar que vou ter de ficar longe da Margot, está sendo foda tentar não pensar nisso o máximo que eu posso.
— Primeiro. Luke arruma uma mala pequena quando seus pais não estiverem em casa, e decida com qual dos garotos você vai dormir.
Mike deu um tapa no meu ombro imitando um gay.
— Ai, Lukey! Você vai dormir na minha casa, não é docinho?
Revirei os olhos tentando não rir.
— Vou dormir na casa do Ashton, é menos provável que aconteça trapalhadas como na casa de algumas pessoas — estreitei os olhos na direção do Mike — com uma franja loira caída no rosto.
Mike me mostrou o dedo do meio e Margot bateu palmas chamando nossa atenção.
— Certo, Luke vai dormir na casa do Ashton. Não esqueçam de comprar as passagens o mais rápido possível. Segundo. Ao chegarem no aeroporto, Luke saca o dinheiro. E vocês garotos, fiquem atentos para o caso de o pai do Luke mandar os seguranças da casa pra espionar vocês.
— Ele seria bem capaz disso mesmo. — Concordei, me sentindo mais ansioso ainda. Eu não queria admitir mas estava com medo de essa porra toda dar errado, e mais uma vez meu pai conseguir acabar com meu sonho. Com nosso sonho.
Mas apesar de tudo, eu estava confiante que tudo daria certo. Eu estava confiando na Margot.
— Enquanto vocês ficam de olho, Luke vai sacar o dinheiro. Quando tudo estiver terminado e o pai do Luke talvez perceber que uma parte do dinheiro foi retirado, vocês já estarão à caminho de Londres. E aí?
Alguns segundos de silêncio preencheram a sala. Até que Ashton grita bem alto em comemoração.
— Inferno, sim! Esse é o melhor plano do momento. Temos que comprar as passagens agora.
— Cara, estou me sentindo em um daqueles filmes de Missão Impossível. Que irado! — Mike sorriu como uma criança.
Calum concordou, sorridente.
— A diferença é que essa missão vai ser possível.
— YEAH! — gritamos alto, e mesmo com medo eu estava me sentindo feliz. Como se finalmente as portas dos meus sonhos estivessem se abrindo, e dessa vez iríamos passar por elas.
Margot estava com um sorriso orgulhoso no rosto, observando a nossa cena. Calum parou com as brincadeiras e perguntou algo de importância que estávamos esquecendo.
— Mas e se o pai do Luke mandar as autoridades atrás de nós?
Como sempre, Margot já tinha a resposta na ponta da língua.
— As autoridades não poderiam ir atrás de vocês porque vocês não são mais menores de idade, não infringiram nenhuma lei e muito menos pegaram dinheiro ilegal. O dinheiro era do Luke, a única coisa ruim será que ele vai sacar dinheiro sem o consentimento dos pais.
— E se mesmo assim ele puder mandar as autoridades?
Margot suspirou impaciente.
— Não sabemos. É tudo ou nada.
Olhei para os garotos e eles tinham o mesmo olhar de que poderíamos nos foder pra caralho, ou até sermos presos em alguma hipótese. Porém nosso sonho era muito mais importante do que o medo, não poderíamos parar agora por causa disso. Niall Horan não mandou aquela mensagem no Twitter pra nada.
— Certo. — eu tomei a palavra. — Aceitamos o plano, é tudo que temos. Mas... e quanto à você, Margot? Meu pai vai culpá-la de ser cúmplice quando descobrir que fugimos pra Londres.
A encarei com verdadeira preocupação e um pouco de tristeza, eu não queria que nada de ruim acontecesse com ela. Eu largaria tudo pra protegê-la de qualquer coisa que meu pai pudesse fazer, e eu sei que seria mandá-la de volta pro Brasil. E isso eu não suportaria. Fico assustado em como eu mudei de uns meses pra cá, se eu continuasse sendo aquele Luke que a Margot conheceu eu estaria pouco me fodendo se algo de ruim pudesse acontecer à ela.
Mas agora é diferente, tudo é diferente. O que eu sinto pela Margot não é apenas atração, é mais do que isso mesmo que ainda não saibamos a resposta. A ideia de vê-la sofrer vai me fazer sofrer também, e ela sempre me salvou de tanta confusão. Eu não podia abandoná-la sozinha em meio ao problema causado por mim mesmo.
— Luke, eu não importo agora. O que importa é que vocês consigam chegar em Londres bem e que realizem o sonho de vocês. — ela abriu um sorriso decidido, mas eu pude ver um pouco de tristeza ali. E isso me doeu. — Não se preocupem comigo.
— Você não pode nos dizer pra não nos preocuparmos! — Mike falou agitado.
— Você é parte de nós agora. — Ashton.
— Tudo que acontecer de ruim com você seremos responsáveis, e a gente não vai te deixar sozinha se algo acontecer. — Calum.
E então eu reuni coragem pra dizer o que eu queria dizer.
— Não vamos te deixar sozinha. Eu não vou te deixar sozinha, você me ajudou muito em cada confusão que eu me meti. Se algo acontecer com você, largamos tudo. Eu largo tudo e venho te salvar.
Ela me encarou mais intensamente com os olhos marejados, parecia estar surpresa e não saber o que dizer. Sustentei meu olhar com o dela, como se de repente existissem apenas nós dois nessa garagem. Maldita hora que eu fico com vontade de chorar feito um maricas.
— Vocês não podem me fazer chorar, eu que tenho que ser a mais velha daqui, a que coloca vocês nos eixos quando posso. — ela limpou uma lágrima que escapou dos seus olhos e meu coração se partiu em pedaços nesse momento. — Vai ficar tudo bem, nada vai dar errado. Eu sei me cuidar. Vocês tem que focar no sonho de ambos agora, eu ainda quero estar na platéia dos shows de vocês cantando e gritando feito uma maluca.
E ela desabou em lágrimas, o que não era tão comum de acontecer. Todos corremos para abraçá-la, eu tomei a frente abraçando a maior parte do seu corpo. Eu queria poder grudá-la em mim e nunca mais soltar, levá-la comigo pra Londres e pra onde for. Proteger ela de qualquer coisa ruim, de tudo.
— Você é importante pra nós, Margot. — todos dissemos juntos, sem sair de perto dela.
— E é todos unidos pra tudo, um dia você nos coloca nos eixos e no outro somos nós. — Ashton colocou o braço ao redor do seu pescoço, sempre conseguindo acalmar qualquer situação.
— Vocês são uns amores. — Margot nos abraçou novamente. — Vocês fazem parte da minha vida também, e eu faria de tudo pra vê-los bem. Eu amo vocês.
Michael abriu os braços.
— Ah, mas essa garota marrenta e fofinha está merecendo um group hug!
E ficamos nos abraçando sem se importar se estávamos sendo muito gays. Uma lágrima ou outra escapava dos meus olhos e eu inutilmente tentava esconder, estava sendo um momento com muitas emoções pra todos nós.
Acabamos o abraço e começamos a rir. Meu olhar encontrou os olhos negros da Margot e meu sorriso foi maior. Eu queria girar ela no meu colo como uma criança, essa garota desperta desejos e sentimentos que pra mim continuam sendo novidade. Continuam sendo assustadores e às vezes me sinto meio gay por me sentir assim.
— Vai dar tudo certo, meus meninos. — Margot disse confiante.
Ashton estendeu a mão indicando pra juntarmos as nossas com a dele. Juntamos nossas mãos uma por cima da outra, e Ashton gritou confiante em alto e bom som, como um leão feliz.
— RUMO À 5 SECONDS OF SUMMER!
— YEAAAAAH!!! — jogamos nossas mãos pro ar em um grito de vitória.
Encarei a Margot enquanto ela dava socos de brincadeira no ombro do Mike, com aquele sorriso que tanto me fazia bem e me deixava mais louco por ela. Ficar longe dela não está nos meus planos, não importa os riscos. Chega de perder, agora é hora de ganhar.
Continuei observando ela sorrir mais, como se estivesse em câmera lenta, o som da sua risada preenchendo o ambiente. Meu coração bateu mais forte.
Eu já sabia o que tinha que fazer.
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