-- Abre logo essa porta! -- gritou Lucas.
-- Ah! Eu tenho que achar a porcaria da chave, não consigo abrir a porta sem ela! -- disse Sofia que, vendo a nossa impaciência, virou a bolsa de cabeça pra baixo e fez cair tudo que estava nela no chão -- Achei! Vamos logo, entrem antes que ele nos pegue!
Entramos o mais rápido que pudemos, sentamos no sofá mais próximo, que por sinal era muito confortável e marrom que é uma cor que me acalma, estranho, né?! Enfim, estávamos com meio metro de língua pra fora. Ainda bem que tudo estava acalmando e...
-- CARACA! Do que a gente tava correndo?! -- disse Lucy, cruzando os braços e pedindo um copo d'água.
-- Vem não que você tava com tanto medo que correu junto! -- disse Sofia trazendo o copo.
-- Eu estava com um mal pressentimento! Aquela moça, aquela risada... -- dizia, até ser interrompida por Lucas, que levantou e começou a esbravejar. Acho que perceberam que esse era, quer dizer, é seu costume.
-- Isso é mais loucura do que estou acostumado! Vocês vão acabar me enlouquecendo! O que é estranho?! Uma mensagem através de uma rosa? Queria saber se na verdade não estou é tendo um sonho! -- mal terminava seu discurso, Sofia belisca seu braço -- AAIII!!!!
-- Viu, não está sonhando! Agora precisamos falar um pouco sobre o ocorrido. -- disse Sofia.
-- O que se tem pra falar?! Só que -- disse Lucy, começando a enumerar nos dedos -- uma moça nos avisou, fugimos e... e... não tenho mais ideia do que dizer.
-- Então não diga mais nada! -- disse Lucas e, pigarreando, continuou -- Estamos correndo perigo de vida, isso segundo vocês, então, o que fazemos quando ficamos nesse estado? -- ficou um momento esperando resposta, mas nenhuma de nós respondeu. Olhou para o teto, cruzou os braços e olhou fixo para uma HQ que estava na mesa de centro.
-- Eu ainda acho que é coisa da nossa cabeça! -- disse Lucy.
-- Acha isso porque é uma chata! -- disse Sofia, irritada mas também parecia estar com esperança de sabe-se lá o que.
-- Gente, não é sensato sair correndo de uma praça, só porque uma desconhecida disse que alguém quer nos matar! É ridículo, isso sim! -- rebate Lucy, levando o copo à cozinha.
-- Sei, e o fato dela se parecer com nossa querida Rafaela? -- disse Sofia, piscando para mim -- Claro que mais velha, mas isso já não é uma coincidência e tanto?!
-- Que coincidência mais tosca, e daí que nossa amiga tem... epa! peraí!!!! -- disse Lucas, que logo virou para mim -- Você nunca contou que tinha uma irmã que é atriz e que aceitou dinheiro da Sofia para essa pegadinha.
-- Isso é porque eu não tenho irmã. -- disse com a melhor cara de tédio que pude fazer. Com a confusão que continuou aproveitei para ver a casa. É, eu sou a garota que fica brisando. A sala era bonita, com quadros de paisagens na parede, chão de madeira, móveis em estilo colonial. O que mais chamava a atenção era uma estante cheia de livros, com quatro portas entalhadas de videiras. Lembro que morria de curiosidade pra saber o que tinha dentro daquilo.
-- Rafaela?! Terra chamando você! Para de ficar moscando! -- disse Lucas dando risada que, novidade, fora acompanhado pelas meninas.
-- Oiii! Já voltei! Não tenho irmã e não quero mais falar disso! Querendo ou não fizemos o que a desconhecida disse, portando não importa mais discutir.
-- Não importa mais discutir?! E como é que vamos viver sem ter com quem discutir?! Minha vida não terá sentido se não tiver com quem brigar! -- disse Sofia que, depois de um suspiro dramático, continua com o mesmo tom teatral -- O que você tanto olha pra'quela estante?! Só é uma estante antiga, sabe, meus pais gostam dessa velharia, ainda mais se tem algo místico por trás.
-- Algo místico? -- pergunto, mais curiosa do que antes.
-- Sim, eles acreditam nessas coisas. Acho que puxei isso deles.
-- Percebe-se... -- sussurra Lucy -- Tem alguma coisa pra gente comer?
-- Tem sim, alguns biscoitos num pote em cima da geladeira. Pega lá que tô com preguiça de ir! -- disse Sofia. Lucy foi pegar os biscoitos resmungando.
-- Tem alguma lenda envolvendo essa estante?! -- pergunta Lucas.
-- Até tem, mas acho que não vão querer saber. -- disse Sofia, pegando um biscoito do pote que Lucy acabara de colocar na mesinha de centro de vidro e madeira.
-- Caramba, conta logo! É melhor do que ficar aqui só discutindo sem fazer nada! -- disse, cada vez sem me aguentar... Acho que a curiosidade mata mesmo e estava quase me matando.
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