História Pierrette - Colar de Pérolas são Inspiradores!

"Eu devo estar na casa do Coringa, ou esconderijo ou seja lá o que for... Se eu pegar aquele merda do Julian eu acabo com ele!"

Tentei levantar da cama, mas logo voltei e sentei: tudo começou a girar. "O que estava acontecendo?" já era uma pergunta que não tinha o menor sentido ser feita, mas ainda me questionava. Será que Gordon estava me procurando? Não era pra eu estar toda quebrada assim, não foi um trator que passou por mim, só um idiota que bateu em mim, mas que também saiu ferido.

Respirei fundo e coloquei as "botas-jato", me aproximei da janela e, impedindo que continuasse com meu plano de fuga, uma alegre e bonita garota entra no quarto, carregando uma bandeja prateada com torradas e chá. Olhos azuis e marias-chiquinhas louras, um vestido curto e vermelho com cinto preto marcando a fina cintura, me impediu de fugir assustando-me com sua cantoria.

-- Onde a mocinha pensa que vai?! -- disse a garota, deixando a bandeja cair no chão, me pegando pela cintura e me colocando na cama -- O Pudinzinho não vai gostar nem um pouco de saber que seu brinquedinho está querendo fugir.

-- Que brinquedinho?! -- pergunto, tentando impedir que ela tirasse minhas botas. Nem preciso dizer que fracassei na tentativa.

-- Um que vale milhões de dólares! Você é a herdeira de Rubens Meneses, não é?!

-- Ele não vai se importar! -- disse com um nó na garganta. A garota, dando uma forte gargalhada, joga na minha cara um jornal que ela tirou sabe-se lá de onde. Em letras garrafais, dizia que a jovem herdeira do dono de uma famosa joalheria estava desaparecida. A recompensa era exorbitante (Eu esqueci quanto era, sorry).

-- E o que o "Pudinzinho" vai fazer?! Vai me entregar e receber a recompensa?! -- a garota parou de rir e me deu um tapa na cara.

-- Só eu posso chamá-lo de "Pudinzinho", para você é Príncipe Palhaço do Crime!

-- Nossa! Que cansativo, vou chamá-lo de Coringa e pronto! -- cuspi na cara dela. Com isso, de tanta raiva, ela pegou uma marreta (que também surgiu do nada). Ela pulou na cama e ia me esmagar, porém, não sei como, uma fumaça rosada apareceu e Sofia surgiu entre mim e a palhacinha, empurrando-a contra a parede, alguns quadros caíram.

-- Cai fora, Arlequina! Não pode me enfrentar! -- e sussurrando pra mim -- Vai, ponha as botas e suma daqui!

-- Pra onde eu vou?! -- peguei no braço dela.

-- Vá até Bárbara, não sei se Lucas conseguiu conversar com ela.

-- Como você fez isso?! Tem poderes?!

-- Só estou mais acostumada a viajar em histórias do que você. A imaginação não é mais tão estranha para mim, agora vá! Eu cuido dessa palhacinha! -- e foi pra cima da Arlequina. Sofia bateu na cara dela e Arlequina virou a marreta e acertou minha amiga, que veio parar do meu lado, enquanto eu vestia minhas botas devagar para assistir a briga -- Vai logo, não é brincadeira! -- e voa pra cima da Arlequina, apagando-a, quando a envolve numa névoa esverdeada -- Avisei tanto pra ficar longe dele!

-- Como é que é?!

-- Vamos, depois explico! Ela vai acordar daqui a pouco! -- e saímos voando pela janela. Sobrevoando Gotham, vimos o sinal do Batman no céu. Esperava que ele não estivesse me caçando.

Alguns minutos depois, fomos parar numa esquina, na frente de um prédio de tijolos com três andares. Subimos por uma escadinha e Sofia chamou no interfone:

-- Por favor, Bárbara! Sei que é difícil de confiar em mim, mas o Coringa está atrás da minha irmã. Precisa nos ajudar! -- a porta se abriu e subimos até o segundo andar.

-- Sabia que um dia ia acabar voltando. -- disse uma jovem ruiva, numa cadeira de rodas.

-- Oi Babs, tudo bem?! Essa é Rafaela. -- disse Sofia, enquanto entrávamos. Sentamos no sofá, Bárbara fechou a porta e ficou na nossa frente, ao lado de uma mesinha de centro.

-- A mina de ouro! Sabia que todos os criminosos de Gotham estão atrás de você?!

-- Agora eu suponho isso, mas é só pela recompensa?!

-- Pra muitas pessoas dinheiro é tudo. Bom, vou pesquisar pra saber se não tem mais nada, mais alguma coisa, Sofia?!

-- Qualquer coisa, proteção! Batman tem que saber que não importa o que aconteça não somos criminosos.

-- Muito bem. -- Bárbara começou a brincar com um lindo colar de pérolas em seu pescoço. Um lindo colar que chamou muito minha atenção.

-- Vai ser recompensada se nos ajudar!

-- Eu sei que vou, sempre cumpriu suas promessas. -- disse Bárbara. Espero que estejam tão confusos quanto eu estava.

-- Onde fica o banheiro?! -- perguntei.

-- Por ali, -- Bárbara apontou pra um corredor -- no fim do corredor, última porta à direita.

Sai e, meio apressada, fui andando pelo corredor e lembrando da conversa com Julian. Querendo ou não eu precisava salvar esse lugar em nome de muitos que vão sofrer se Batman desaparecer. Entrei no banheiro e, abrindo a torneira molhei meu rosto, olhei pro espelho e fiz minha escolha. Os fãs de Batman vão me entender. Não traí minha amiga, tentei salvar todos aqui.

Lembrei do lindo colar e, de repente um colar de pérolas surgiu no meu pescoço.

A minha vontade devia ser a chave pra minha imaginação funcionar. Ela vai me ajudar a impressionar o Coringa, fazer a amizade do vilão e do mocinho. É isso que vou fazer.

Decidida, peguei firme no colar e desejei com todo meu coração encontrar o Coringa. Eu ia conseguir! E consegui...

Quando dei por mim, estava num telhado com Batman e Coringa olhando para mim. Os olhos deles estavam arregalados e ao meu redor várias pérolas me cercavam.

-- Rafaela?! -- disseram ao mesmo tempo.