PI R(ealizador de sonhos) LIMPIMPIM
Despertou lentamente, esfregando os olhos ao sentir a claridade lhe atingir os olhos que abriram devagar. Espreguiçou-se, manhoso como um gatinho. Sentia que tinha dormido a melhor noite de sono dos últimos meses — todos os meses que ele já não contava mais desde que sua mãe não o colocava para dormir.
— Bom dia! — disse ao garoto que acordava.
— Bom dia. Que horas são? — sentou-se lentamente na cama, os cabelos bagunçados e os olhos ainda se adaptando à luz do sol que atravessava as cortinas brancas.
— São sete horas e treze minutos. Está com fome? — a voz perguntou ao garoto que descia da cama.
— Quero… — parou de repente, colocando os sapatos — Espera aí, quem tá falando? — olhou ao redor.
O quarto estava vazio, como de costume. Havia apenas ele ali. Olhou para a própria cama, levantou os lençóis bagunçados. Abaixou-se, a fim de olhar debaixo da mobília. Não havia nada que pudesse falar além dele ali. Achou que os remédios estavam ficando fortes demais.
— Sou eu!
Ainda sem saber para onde olhar, viu aquele mesmo pó brilhante surgir entre as flores que moravam num vaso ao lado de sua cama — um dos poucos resquícios de vida aos quais ele ainda tinha acesso naquele lugar inanimado que chama de seu quarto. Aproximou-se, curioso como a criança que às vezes lembrava-se de ser — imaginativo, pequeno e explorador, não um pequeno adulto que tinha de viver sozinho e cuidar de si mesmo como ele costuma sentir-se.
— Ai! Acho que escolhi uma florzinha muito pequena para dormir. — a pequena fada cor-de-rosa, de asinhas azuis, surgiu entre as pétalas brancas, esticando seus braços como quem acabara de acordar.
Yoongi começou a piscar repetidas vezes. Esfregou os olhos. Estava sonhando outra vez? Ou os remédios estavam fazendo ele ter alucinações? Como poderia haver uma fada dormindo no seu vasinho de flores; uma fada igual à estrelinha que ele alcançara em seu sonho.
— Bom dia! Tudo bem? — a fada não tinha mais de quinze centímetros de altura, e voava até ele, sorrindo — Está com fome?
— Quem… Quem é você? — sem perceber, já estendia a mão, para que aquela estranha criatura com asinhas pousasse.
— Eu sou Jimin! Park Jimin! — sorriu mais largo, espremendo os olhos já miúdos — Sou a sua fadinha! Tudo que você precisar eu estarei aqui para ajudar! — fez um sinal de continência, ainda mostrando os pequenos dentes entre os lábios e evidenciando as bochechas rosadas.
Aquilo ainda parecia muito confuso, mas para uma criança, acreditar em fadas não seria difícil. Ainda mantinha o coração corajoso e esperançoso que tinha, mesmo que o escondesse a maior parte do tempo, agindo como o adulto que ainda não era.
— Está com fome, Yoongi? — levantou-se, voando outra vez.
O garoto apenas sentou-se na cama, tentando organizar as informações. Colocou o dedo indicador sobre o queixo, apoiando um dos cotovelos sobre a palma da mão.
— Acho que sim, eu não comi ontem…. — disse, olhando para baixo — Está vazio. — fez um bico triste, colocando as mãozinhas sobre o estômago.
— E o que você quer comer?
Pensou um pouco, ainda com as pequenas mãos sobre a barriga.
— Não sei… Ontem eu senti cheirinho de hambúrguer, acho que alguém lá fora estava comendo. — apontou para a janela, indicando a rua.
— Então vai querer um hambúrguer? — colocou as mãos nos quadris, batendo as asinhas azuis.
— Sim! — ficou animado de repente, sorrindo e lambendo os lábios — Mas sem queijo! Não posso comer queijo. Tem lactose.
— Ah, certo. — riu baixo — Então, feche os olhos, Yoonie. Posso te chamar assim?
— Pode sim. — acenou, fechando os olhinhos.
— Agora, imagine o hambúrguer que você quer comer. Pense em tudo que você quer nele. Pensou?
— Pensei sim. Nha, isso está me dando mais fome, Jimin-ah! — fez uma careta triste ainda com os olhos fechados.
— Tudo bem, apenas mantenha os olhos fechados! — como era sua primeira vez como fadinha de uma criança, passou alguns segundos cutucando sua cabeça, tentando lembrar onde havia guardado a varinha mágica.
Deu um pequeno salto no ar ao recordar-se, e logo a puxou de dentro de um dos bolsos de sua blusa. Respirou fundo. Seria seu primeiro pedido a realizar, e ele precisava de muita concentração.
— Agora, finja que tem um hambúrguer como esse nas suas mãos e você vai comê-lo. — observou Yoongi, ainda confuso, fingir pegar o lanche com as mãozinhas — Conte comigo até três, e então morda o hambúrguer com toda a sua fome! — riu.
— Um. — disseram em uníssono — Dois, três! — Yoongi balançava as perninhas, animado com algo que não sabia dizer.
Abocanhou, faminto, o hambúrguer que acabara de surgir entre suas mãos. Abriu os olhos, arregalando-os assustado. Realmente estava mastigando o seu desejado hambúrguer, com o mesmo cheirinho que sentira antes, exatamente como ele imaginou. Olhou para Jimin, que ainda voava em frente à ele.
— Como você fez isso? — ainda mastigava, deliciando-se com o sonhado lanche.
Jimin sorriu, inclinando a cabeça. Aquela era uma pergunta difícil de responder. As fadinhas tinham uma fonte de onde vinha sua mágica, com certeza, mas algo tinha de alimentar essa fonte — e esse algo sempre parecia clichê.
— Com muito amor.
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