História Pirlimpimpim - (L)ongos abraços com braços curtinhos

PIR  L(ongos abraços com braços curtinhos) IMPIMPIM

— O que você sabem fazer? — perguntou enquanto desenhava uma fada numa folha de sulfite que pouco a pouco ficava menos branca e ganhava tons verdes, azuis e rosados.

— Sabemos realizar desejos. — sentou-se sobre a caixinha de giz de cera que o garoto de cabelos negros usava — Parece bobinho falando assim, mas são esses desejos que tornam o seu dia mais feliz. Por isso usamos muito amor em toda a mágica que fazemos. É o amor que torna os pedidos especiais, tanto o que você sente ao pedir, como o que eu lhe dou ao realizá-lo.

— Então, vocês usam amor para fazer as pessoas se sentirem felizes? — tinha parte da língua para fora, mostrando seu grande esforço em fazer aquele desenho.

— Sim, nós usamos amor para fazer mais amor. Por isso nossa magia se regenera. Ela dá origem a si mesma, como um ciclo. — pegou a varinha e começou a desenhar no ar com a purpurina que saía da mesma — Se eu te der um abraço, você vai querer outro abraço, seja meu ou de outra pessoa. Você vai saber o quanto abraçar é bom, querendo mais um toda vez que abraçar alguém. Isso se torna um ciclo, porque cada pessoa que você abraçar sentirá o mesmo.

— Você é muito pequenininho para eu te abraçar, Jimin. — parou de desenhar, prestando atenção no desenho que Jimin fizera no ar. Curiosamente, no desenho, Yoongi também tinha asinhas, como uma fada.

— Está duvidando do poder dos meus abraços, Min Yoongi? — cruzou os bracinhos, fazendo o desenhos desaparecer.

— Não, é que… Você não tem como dar a volta com os seus bracinhos, eu sou muito grande para eles. — fez um bico.

— Não seja por isso. — balançando a varinha no ar mais uma vez, Yoongi foi envolto no pó de pirlimpimpim.

— Isso faz cócegas. — riu envergonhado, coçando o nariz.

Num instante, viu-se de pé sobre seu desenho de giz de cera — mas havia algo de estranho. O desenho parecia uma enorme pintura; a folha de papel agora era maior que o próprio garoto. Foi então surpreendido pelos curtos bracinhos de sua fada apertando-o. Agora ele e Jimin pareciam ter a mesma altura.

— Está convencido dos abraços agora, gigante? — disse, soltando a miniatura de Yoongi.

Agora ele entendia o que Jimin havia feito. O garoto estava pequeno como a sua fadinha. Os giz de cera eram quase de sua altura — e pareciam tremendamente pesados. O quarto agora parecia infinito, comparado à sensação de sufoco e enclausuramento que lhe fazia sentir todos os dias. Foi até a borda da mesa e olhou para baixo. A pequena mesa, que lhe batia na cintura nos dias comuns, agora tinha a altura de um enorme arranha céu.

— Tem como a gente ir para lá? — apontou para a cama em que dormia todos os dias.

— Claro! — abraçou Yoongi mais uma vez e o levou, batendo com esforço as asinhas que agora sustentavam muito mais do que de costume.

Ao pousarem sobre a cama, o pequeno Min cambaleou de leve. A maciez do colchão parecia muito maior do que de noite, quando ele se deitava para dormir. Começou a pular, dando algumas piruetas não intencionais no ar. Começou a rir; o quarto parecia muitas vezes mais interessante e divertido daquela dimensão.

Puxou Jimin para pular com ele. Tomando cuidado com as pequenas asas azuis, os dois começaram a saltitar no colchão, indo e voltando sobre o lençol branco. Jogaram-se sobre o enorme travesseiro e nele afundaram como pedras na água.

Yoongi soltou um suspiro cansado, mas feliz. Fazia muito tempo que o garoto não ria daquele jeito intenso.

— Jimin, as fadinhas das histórias tem cada uma um poder especial. Todas sabem fazer mágica, mas cada uma tem uma coisa que sabe fazer melhor. Qual o seu poder especial?

O Park sorriu de lado. Passou muito tempo no mundo das fadas atrás dessa mesma resposta, indeciso sobre o que gostaria de aprender a fazer melhor com a sua mágica. Aquele finalmente seria o momento de mostrar o que tanto esforçou-se em aprender.