“Eu quero respirar,
Eu odeio essa noite.
Eu quero acordar,
Eu odeio estar em um sonho.
Trancado em mim,
Eu estou morto.
Não quero ficar sozinho,
Eu só quero ser seu.
Por que está tão escuro aqui sem você?
É perigoso o quão destruído eu estou.
Me salve, eu não consigo me segurar,
Eu não consigo.
Escute a batida do meu coração,
Ele está lhe chamando por vontade própria.
Nessa imensa escuridão, você brilha tanto.
Me dê as suas mãos, me salve.
Eu preciso do seu amor antes que eu caia.
Me dê as suas mãos, me salve.
Hoje à noite, a lua está brilhando mais do que o normal,
É como um quarto vago na minha memória.
Essa noite lunática me engole.
Por favor, me salve esta noite.
Apenas você pode me salvar dessa loucura infantil nessa noite.
Eu sabia que você era meu salvador,
Uma parte de mim.
E somente as suas mãos encobrem a minha tristeza.
O melhor de mim,
Eu só tenho você.
Por favor, erga sua voz para me fazer rir novamente,
Vamos lá.
Escute a batida do meu coração,
Ele está lhe chamando por vontade própria.
Nessa imensa escuridão, você brilha tanto.
Me dê as suas mãos, me salve.
Eu preciso do seu amor antes que eu caia.
Me dê as suas mãos, me salve.
Obrigado por me deixar ser eu mesmo,
Por me fazer ser capaz de voar,
Por ter me dado asas,
Por me endireitar,
Por me acordar quando eu estava sendo sufocado,
Por me acordar de um sonho, que era tudo que eu estava vivendo.
Sempre que eu penso em você,
O sol está brilhando.
Então, eu jogo fora a minha tristeza.
Obrigado por sermos ‘nós’.
Me dê as suas mãos, me salve.
Eu preciso do seu amor antes que eu caia. ”
– Ô, Jin! Será que você pode ir mais devagar, por favor! – Reclamou Hoseok, pela milésima vez.
– Não. – Respondeu o mais velho, de forma simples.
– A gente vai morrer na próxima curva desse jeito. – Hoseok lançou um olhar cortante para o Kim. No banco de trás, Jimin permanecia imóvel e assustado.
– Ótimo, é o que eu quero. – Seokjin nem mesmo se ocupava em tentar encarar o mais novo.
– Ei! Se quer morrer, morre sozinho, não quando eu e Jimin estivermos com você.
– Captei seu recado, já. – O jornalista bufou de irritação.
– Jin, para o carro. – Havia seriedade na voz do Jung, mas ele foi ignorado. – Kim Seokjin! Pare o carro.
– Não.
– Jin, para!
Mesmo contra sua vontade, o mais velho reduziu a velocidade até parar na beira da estrada, encarou o Jung, enquanto cruzava seus braços.
– Feliz? – Perguntou, ironicamente.
– Não. Só vou ficar feliz quando você parar com essa birra toda. Namjoon não é o único cara do mundo, ok? Isso vai passar. – Hoseok manteve firmeza em sua voz.
– Não, Hoseok! – Jin socou o volante. – Namjoon não é como nenhum outro cara, entenda isso!
– Por quê? Só porque ele é bonitão, tem dinheiro, fama e é seu rapper favorito? – O Jung só percebeu que quase havia descrito o próprio namorado depois de soltar suas palavras.
– Quem é você pra falar isso? E não, não é só por causa disso. Namjoon me entendia, sempre me apoiava em tudo, ele é completamente maduro, inteligente e mente aberta, diferente de mim, eu...
– Jin, você também é ótimo! Pare de sentir pena de si mesmo!
– Eu sou só um idiota. – A voz do jornalista saiu baixa demais, enquanto ele encostava a cabeça no volante e tentava não chorar, como havia feito nas últimas noites.
– Acha que foi uma péssima ideia ter te chamado pra vir com a gente? Achei que você devia sair e se distrair um pouco, desculpe, hyung. – Jimin parecia envergonhado agora.
– Não, Jimin. Tá tudo bem. – O Kim lhe lançou um sorriso forçado.
– Tá bom, troca comigo. – Disse Hoseok. – Deixa que eu dirijo, enquanto você descansa.
Seokjin fez como o mais novo disse e se jogou no banco do passageiro, enxugando uma lágrima ou outra que insistiam em descer. Talvez o melhor amigo tivesse razão, não devia pensar tanto naquilo, mas não podia evitar, além da dor de perder Namjoon, ainda mantinha em si o sentimento de culpa e vergonha por tudo que havia causado. Sabia que iria levar um bom tempo para que tudo aquilo passasse.
O restante do caminho se seguiu de forma calma, Seokjin até mesmo se permitiu adormecer, já que não dormia direito há umas boas noites. Hoseok dirigia tranquilamente, se sentia um pouco mais leve com tudo agora, umas saudades de Jisoo ali e uma preocupação com o namorado acolá, mas as coisas poderiam estar piores. Do banco de trás, Jimin se sentia apreensivo, suas mãos suavam e ele não parava de passar uma na outra.
Depois de conferir o endereço dado pelo Park mais algumas vezes, Hoseok finalmente estacionou perto de uma casa chique e bonita demais. Olhou para o melhor amigo cochilando no banco ao lado e achou que seria melhor deixá-lo ali mesmo. Saiu do carro, porém, Jimin permaneceu imóvel.
– Jimin? – Hoseok abriu a porta de trás e encarou o amigo. – Vamos.
– Estou nervoso. – Explicou o Park. – E se.… você fosse na frente, ou...
– Jimin, o namorado é seu, não meu.
– Ele não é meu namorado, Hoseok! Não mais... esse é o problema. – Jimin fez uma careta e saiu do carro.
– Relaxa, vai dar tudo certo. – Disse o Jung, enquanto caminhavam até a entrada da casa.
– E se eles desconfiarem que eu namorei o filho deles por mais de um ano? – O Park não parava de pensar nas inúmeras possibilidades de tudo dar errado.
– Só se você deixar muito obvio, Jimin. Diga apenas que também é estudante de música e que eram amigos, por isso está preocupado com ele. – Hoseok tocou a campainha.
– Eu ainda não estava pronto! – Jimin dava pequenos pulos de nervosismo.
– Agora já era, apenas... – A porta foi aberta por uma empregada que lhes olhou de forma confusa.
– Bom dia, quem são vocês? – Perguntou a mulher.
– Colegas e amigos do Jungkook. – Respondeu Hoseok. – É aqui que ele mora, né? A gente veio visitar ele.
– Esperem um instante.
– Tudo bem. – O Jung sorriu e a mulher simplesmente voltou a fechar a porta em sua cara. Deve ter levado quase vinte minutos até que alguém voltasse a atendê-los, tempo mais do que suficiente para Jimin quase ter um ataque.
– Olá. – Cumprimentou uma mulher bem vestida que lembrava o Jeon mais novo. – Quem são vocês?
– Jung Hoseok. – Ele estendeu sua mão para cumprimentar a mulher e riu internamente de suas próximas palavras. – Amigo do Jungkook.
– Park Jimin. – Sua mão foi estendida timidamente. – Amigo e colega de faculdade dele. Nós... ficamos preocupados com ele, faz tempo que ele não aparece na universidade e.… eu não consegui manter muito contato.
– Ah, Jungkook teve alguns problemas de saúde. Não se preocupem, nada demais. – Ela sorriu forçadamente. – Ele vai ficar bem, agradeço a preocupação de vocês.
– Mas... ele está aí? – Jimin tentou olhar por cima do ombro da anfitriã, mas ela se moveu, impedindo sua visão.
– Ah, não. Ele não está aqui, sinto muito.
– Então... onde ele está? – Jimin começou a se sentir nervoso demais com aquela situação. – Eu não posso ver ele?
– Ah, eu sinto muito. Ele não pode receber nenhuma visita, é bom que entenda isso, ele está em um momento delicado, mas logo ficará bem. – Um novo sorriso forçado.
– Mas... – O Park se conteve, iria acabar falando demais. – Eu... diga a ele que Park Jimin veio visitá-lo e que... eu estou preocupado com ele.
– Claro! Eu direi! Não se preocupe tanto, eu estou cuidando do meu filho, é claro que ele vai ficar bem logo.
– Ah, sim. Claro. – Dessa vez, foi Jimin a soltar um sorriso forçado. – De qualquer forma, obrigado.
– Eu que agradeço. – Um sorriso irônico pairava no rosto da mulher. – Até mais, então.
Antes que pudessem falar algo mais, ela já havia fechado a porta. Jimin sentiu seu coração apertar, havia feito toda aquela viagem apenas para ficar ainda mais nervoso com a atual situação do Jeon. Sentia uma pontada de tristeza em seu peito, mas sabia que não devia se arrepender, afinal, Jungkook também tinha culpa naquilo.
– O que será que aconteceu com ele? – Encarou o melhor amigo.
– Jimin! – Hoseok lhe abraçou, notando as lágrimas começarem a molhar o rosto do menor. – Não chore, tá bem? Você ouviu a mãe dele, ele está sendo cuidado, vai ficar tudo bem.
– E se...
– Não tem nenhum “se”, Jimin. Vamos nos acalmar e esperar a poeira baixar, tá bem? Com o tempo, tudo vai se resolver.
Pela janela, com uma pequena parte da cortina puxada, Jungkook observava o antigo companheiro, sentindo seu peito apertar enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. Atrás dele, sua mãe lhe encarava com uma expressão raivosa.
– Quem são eles? – Perguntou a mulher, de forma fria.
– Jung Hoseok e Park Jimin. – O garoto respondeu de forma simples, não queria deixar transparecer todos os sentimentos que nutria pelo garoto fofo e amável que estava lá fora.
– Por que não quis vê-los?
– Ainda não me sinto pronto pra isso. – Jungkook evitava encará-la.
– Qual o seu tipo de relação com o tal Park Jimin? – Quis saber a mulher e o Jeon sentiu um arrepio subir por toda a sua espinha.
– Somos amigos. Na verdade, somos mais do que isso. – Jungkook encheu seus pulmões e os esvaziou. – Somos... melhores amigos.
Um mês já havia se passado desde que Jin havia terminado com Namjoon, agora, ele havia aceitado o convite para ser apresentador de um programa musical e estava prestes a estrear, Namjoon também trabalhava em seu novo álbum, assim, seguiam suas vidas normalmente.
Jimin se esforçava na dança cada vez mais, ficava até mesmo após as aulas, recebendo a ajuda de Taemin para que pudesse melhorar mais e mais, agora, começava a achar a presença do professor muito amigável. Suas notas iam bem e ele estava começando a se preparar para uma apresentação na universidade, no natal. Frequentemente ia a casa de Hoseok, afinal, gostavam da companhia um do outro e gostava também de seus gatos.
Aos poucos, Taehyung finalmente havia começado a retornar a mídia, fazendo rápidas aparições e interagindo mais com os fãs pelas redes sociais, afinal, ele ainda tinha uma carreira para zelar. Hoseok se sentia feliz ao ver o namorado se recuperando aos poucos, sorria ao lembrar das várias vezes que Taehyung o havia feito passar horas em seu estúdio, enquanto o observava trabalhar, o mais novo afirmava que só sua presença já melhorava muito o clima de tudo e era bastante inspiradora.
Naquele dia, Taehyung faria sua primeira apresentação, depois de seu hiatus, junto com artistas como Jisoo, Jackson, Mark, Bambam, Yugyeom, I.M e outros. Naturalmente, estava nervoso, mas havia convencido Hoseok a ir e ficar na primeira fila, não que tivesse sido algo difícil, o namorado havia adorado o convite.
De seu lugar em meio aos outros fãs, Hoseok aguardava ansiosamente a apresentação do mais novo, que seria a penúltima da noite, antes de Jisoo, a grande estrela da noite. Pensou em como sua vida havia mudado tanto depois de conhecer Taehyung, passou de um garoto bobo e solitário para alguém que namora e conhece todos os seus ídolos favoritos.
Enquanto assistia à apresentação de Yugyeom com Bambam, Mark e Jackson, sentia seu peito acelerar, gostava muito dos quatro, especialmente do mais novo deles, mesmo que Taehyung se irritasse com aquilo, achava o cantor uma pessoa muito legal e agradável, não podia evitar.
Hoseok se sentiu ainda mais emocionado quando Yugyeom se aproximou dos fãs e o reconheceu, pegando em sua mão e sorrindo largamente. Por um momento, o Jung se sentiu envergonhado, mas logo esqueceu daquilo e voltou a gritar o nome do cantor. Não importava o quando Taehyung odiasse Yugyeom, ele nunca conseguiria sentir o mesmo pelo garoto.
Finalmente, chegou a hora que Hoseok e vários outros fãs tanto esperavam, o retorno de V aos palcos. Os gritos se tornaram ensurdecedores antes mesmo do cantor entrar para a apresentação, o que fez um arrepio correr pelas costas de Taehyung. Entrou no palco, as luzes ainda estavam todas apagadas, sentiu a atmosfera de se estar ali novamente, com diversas pessoas gritando seu nome.
Quando a luz forte atingiu seu rosto, involuntariamente fechou os olhos. Lembrou que não devia fazer aquilo, abriu-os novamente e sorriu, o sorriso que os fãs tanto esperavam. Cumprimentou-os brevemente com um “boa noite”, enquanto se curvava. Estava evitando encará-los melhor, nem mesmo sabia o porquê.
Já em sua primeira música, entrou no tempo errado, riu para disfarçar e depois acompanhou o ritmo certo. Os fãs não paravam de gritar seu nome, a luz forte atingia seu rosto, o palco parecia pequeno demais, sentiu seu corpo amolecer, parecia muito difícil fazer suas próprias coreografias.
Foi quando ele finalmente resolveu encarar seus fãs, foi quando correu o olhar pela primeira fileira, parando no único garoto que estava visível em meio a tantas garotas. Mesmo estando meio escuro, pôde notar o sorriso de Hoseok, enquanto ele lhe acenava e gritava seu nome. Lembrou de todas as vezes antes em que o garoto havia lhe contado empolgado sobre ir em seus shows, ou melhor, havia contado a Jennie, e de como Taehyung sempre lhe procurava entre os fãs, nunca o encontrando ao certo.
Agora, Hoseok estava ali, na primeira fila, com seu sorriso tão iluminado. Taehyung havia conseguido tudo o que queria, havia tornado seu melhor amigo, por quem foi apaixonado por anos mesmo sem nunca ter visto, em seu namorado. Então, por que não estava completamente feliz com isso? Ele sabia a resposta, mesmo que tivesse conseguido o que queria, não havia sido da forma mais honesta. Hoseok estava ao seu lado agora graças a uma mentira. E era essa mentira que sustentava o relacionamento dos dois.
Lembrou de como havia planejado tudo, depois da vontade louca de ver o mais velho, depois de concluir que não conseguia mais viver sem poder vê-lo ou tocá-lo, e não podia dizer que era V, Taehyung se assegurou que Hoseok iria para seu trabalho aquele dia, de que os elevadores estavam quebrados e de que usariam a escada na mesma hora. Taehyung acertou Hoseok de propósito, Taehyung o fez rolar escada abaixo de propósito, Taehyung ficou lá até ele acordar de propósito, Taehyung só o convidou para almoçar porque sabia exatamente quem ele era. Por todo o tempo em que se conheceram até começarem a namorar e até mesmo antes disso, Taehyung esteve simplesmente atuando, fingindo-se de desconhecido, quando sabia mais sobre Hoseok do que qualquer outra pessoa.
Depois de ser atingido por tantas lembranças e constatações, o cantor sentiu-se tonto. Sua voz foi silenciada, apesar da música continuar tocando. Tentou encontrar Hoseok na multidão mais uma vez, em vão. Sua vista embaçada não o permitia enxergar nada com clareza. Sentiu seu corpo amolecer e sua vista escurecer, por fim, sentiu seu corpo indo de encontro ao chão. Depois, não sentiu mais nada.
Imediatamente, um verdadeiro alvoroço se iniciou em meios aos fãs, alguns gritavam, outros choravam, se esperneavam e empurravam uns aos outros. Hoseok sentiu que estava vendo um filme passando por sua cabeça, mas aquilo era completamente real, ele havia visto Taehyung desmaiar bem na sua frente, com seus próprios olhos. Sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto, enquanto o cantor inconsciente era tirado do palco rapidamente.
Sem pensar duas vezes, Hoseok acompanhou a leva de fãs que se empurravam para sair do local apertado demais para tanta gente. Quando conseguiu sair, já estava completamente cansado e suado, as lágrimas não paravam de descer e seu coração parecia prestes a explodir de tão apertado que estava. Junto aos outros desconhecidos, ele observou apreensivo a chegada da ambulância ao local. Suas mãos estavam tremiam sem parar.
As pessoas se aglomeravam e se batiam para observar a saída da ambulância, Hoseok tentava passar em meio a todos e se aproximar mais, mas parecia impossível. No processo de tentar se aproximar da saída por onde a ambulância passaria de volta, acabou acertando algumas pessoas também. Sentiu uma garota lhe empurrar para longe, repleta de raiva.
– Tenha mais cuidado, seu imbecil! – Esbravejou a garota, mas foi ignorada por Hoseok, que a empurrou para o lado. – Eu estou falando com você!
– Não sei se percebeu, mas todo mundo tá se matando aqui! – Disse o Jung, sem paciência nenhuma.
– São as fãs dele que estão preocupadas! Você nem deveria estar aqui!
– Só pra você saber, eu sou o na... – Hoseok se interrompeu. – Também sou um fã dele.
– Tá, mas você é só um garoto, tem inúmeras garotas que são fãs de verdade aqui. – A garota acertou o cotovelo nas costelas do garoto.
– Tá dizendo que não sou um fã de verdade só por ser um garoto!? – O Jung já havia perdido completamente seu controle diante de toda aquela situação. – Pois saiba que...
Hoseok ia continuar a expressar sua raiva, mas foi interrompido pelo vibrar do celular em seu bolso. Pegou o aparelho rapidamente e viu a foto de Taehyung na tela, se afastando rapidamente da multidão de fãs. Suas mãos tremiam enquanto se apressava em atender a ligação.
– Amor? – Sua voz também estava tão trêmula quanto suas mãos.
– Hoseok? – Aquela não era a voz de seu namorado. – É o Yugyeom, desculpe. Nós acabamos encontrando o celular do Tae e eu fui votado como o mais apropriado pra te ligar.
– Ele tá bem!? – Hoseok pareceu não ter ouvido nada depois do nome Yugyeom.
– Não sabemos, ele ainda está desacordado. – Suspirou o mais novo. – Vá até a saída do lado esquerdo, eu e Bambam vamos passar lá pra te pegar e te deixar no hospital, tá bom?
– Tá bom! Eu tô indo! – O Jung encerrou a ligação e correu o mais rápido que podia, esperando por alguns minutos até notar o carro branco se aproximar e o vidro ser baixado. – Oi!
– Entra aí. – Disse Bambam, destravando a porta que logo foi puxada pelo Jung, entrando apressadamente.
– Ele ainda está inconsciente, a ambulância já estava saindo quando viemos pra cá. – Informou Yugyeom, olhando para trás e estendendo sua mão para o mais velho.
– Obrigado, Yugyeom! – Hoseok apertou sua mão.
– Não precisa agradecer, Hoseok. – O mais novo sorriu. – Eu realmente gosto de você e do Tae.
– Cof cof. – Bambam fingiu tossir, enquanto se concentrava na estrada.
– Eu também te amo, amor. – Yugyeom riu, esquecendo da gravidade da atual situação.
– Assim tá melhor. – O rapper olhou para o Jung pelo espelho do carro. – Mas não é momento pra isso.
– Tem razão. – Disse o mais novo, retomando sua pose anterior.
Continuaram dirigindo até avistar a ambulância e começarem a segui-la, o que foi um pouco difícil já que a velocidade dela era bem maior. Por fim, chegaram até o hospital e se entreolharam, pensando no que fariam agora.
– Aqui. – Yugyeom pegou um boné e uma máscara e estendeu para Hoseok. – Vamos usar os três, é melhor.
Hoseok fez como o mais novo havia dito e logo os três saíram do carro, com os rostos cobertos. O fluxo de fãs ali já estava grande e eles nem notavam que eram Yugyeom e Bambam que passavam por eles, se acotovelando. Até mesmo a polícia já estava ali para tentar conter o grande número de pessoas. Depois de algum tempo, finalmente o mais novo dos três conseguiu se aproximar do policial e de um segurança do hospital.
– Somos amigos do cantor V. – Disse.
– É o que todos estão dizendo. – Respondeu o policial, impaciente. Hoseok observava a tudo com um aperto no peito, enquanto a ansiedade tomava conta dele.
– Mas eu realmente sou. – Yugyeom puxou sua máscara e encarou o homem. – Pode me reconhecer?
– Você é um dos colegas cantores dele ou algo assim, né? – O policial parecia confuso.
– Sim! Ele é! – Respondeu o segurança, recebendo um olhar desconfiado do policial. – Eu tenho uma filha adolescente, vivo comprando coisas deles pra ela.
– Obrigado! – Yugyeom sorriu. – Nós podemos passar?
– Nós quem? – Perguntou o policial.
– Nós três. – O cantor estava começando a ficar nervoso, até ouvir alguém gritar seu nome no meio da multidão, que foi o estopim. – Por favor, os fãs nos reconheceram, isso pode ficar pior ainda! Deixa a gente entrar! Desculpe se eu fui grosso.
– Tá bom! Tá bom! – Cuidadosamente, o policial abriu espaço para que os três passassem. Hoseok ainda sentiu alguém puxar sua camisa antes de entrar.
– Eu ajudo vocês. – Se ofereceu o segurança, apontando para um longo corredor. – Por aqui.
– Obrigado, senhor. – Sorriu Yugyeom.
– Ah, não é nada demais. – O homem suspirou, enquanto continuavam a caminhar. – Se não for pedir demais, será que posso pegar um autógrafo ou foto de vocês pra minha filha?
– Ah. – Bambam e Yugyeom começaram a se entreolhar.
– Diga onde o Taehyung está antes. – Pediu Hoseok, segurando os ombros do mais velho. – Por favor, é urgente!
– É aquela sala. – O segurança apontou e Hoseok correu até o local, deixando o casal de idols para trás.
Entrou no quarto de hospital e notou Taehyung ainda desacordado, enquanto três médicos o examinavam. Suspirou e se aproximou, com certo receio. Queria tocar no namorado, só para sentir sua temperatura agradável de sempre, mas não era a hora mais apropriada para isso.
– Quem é esse garoto? – Hoseok demorou algum tempo até processar que era a ele que o médico se referia.
– Eu sou o.… melhor amigo dele. – As pernas do Jung tremiam um pouco, devido ao nervosismo.
– Isso não.... – Começou o médico, mas foi interrompido.
– Hoseok! – O gerente de Taehyung se aproximou, batendo no ombro do estudante. – Que bom que está aqui, fique aí enquanto eu faço algumas ligações pra família dele.
– Tudo bem. – O garoto suspirou e se aproximou mais da cama, se sentindo aliviado por os médicos não o olharem mais da mesma forma desconfiada de antes. – Vocês já sabem o que aconteceu com ele?
– Aparentemente, é estresse, sobrecarga e falta de cuidados físicos. Ele estava se alimentando e dormindo direito? – Lhe perguntou um dos médicos, enquanto inseria alguma substância ao soro do cantor.
– Mais ou menos. – A verdade era que Hoseok acreditava que ele estivesse, sim. Parecia ter se enganado. – Então, ele vai ficar bem logo, certo?
– Talvez ele só precise de um descanso. De qualquer forma, vamos fazer mais exames pra ter certeza. Preciso de algum familiar pra assinar esses termos de responsabilidade.
– Eles já estão chegando. – Informou o gerente do cantor, voltando a entrar no quarto. – Vocês podem ir apressando algo?
– Já estamos fazendo o que está ao nosso alcance. – O médico soltou as palavras com raiva e saiu do quarto.
– E aí, Hoseok? – O Jung se surpreendeu com o casal de idols, Bambam e Yugyeom, entrando no quarto.
– Não é nada muito grave.
– Isso é ótimo. – Suspirou Yugyeom. – Toma o celular dele. Temos que ir agora, antes que isso aqui se torne mais problemático ainda.
– Muito, muito obrigado, aos dois. – Hoseok se curvou para agradecer.
– Não precisa de tudo isso, é isso que os amigos fazem. – O cantor sorriu, deixando também um sorriso alegre no rosto do estudante e indo embora junto com o namorado. O Jung voltou a encarar o Kim.
– Hoseok, fique com ele. Se precisar de algo, eu vou estar aqui fora. – O Jung sentiu o tom de ordem na voz do gerente, mas não se importou muito, afinal, estava lhe mandado fazer algo que já era sua vontade inicial.
– Tudo bem. – O estudante observou o homem sair do quarto e, aos poucos, o restante dos médicos e enfermeiros, se viu sozinho com Taehyung, finalmente. Sua mão deslizou pelos cabelos macios do mais novo, expondo sua testa e depositando um beijo terno ali. – O que está acontecendo com você, Taehyung? Por que não tem se cuidado? Está me deixando preocupado demais, eu não aguento te ver desse jeito, amor. Olha só pra você agora, não é assim que eu quero te ver, Tae, eu quero o seu bem. – Hoseok secou uma lágrima e voltou a acariciar os cabelos do namorado. – Por favor, me diga o que está se passando na sua cabecinha, Taehyung, me conte a verdade, seja ela qual for, eu preciso saber o que tem mexido tanto com você. Eu te amo, não quero te perder, mas sinto que é exatamente isso que está acontecendo aos poucos. Não me abandone, Taehyung, por favor, fique comigo. Podemos resolver juntos o que está te atormentando, só me deixe te ajudar.
– Taehyung! – Hoseok se assustou, retirando sua mão rapidamente do cabelo do mais novo e suspirando ao ver que era Namjoon que havia acabado de entrar no quarto. – Como ele está, Hoseok?
– O médico disse que pode ser estresse e cansaço, mas ele precisa fazer outros exames pra concluir melhor, você precisa assinar logo os termos pra que façam isso o quanto antes. – O Jung já havia voltado a acariciar os cabelos do namorado.
– Ok! – Namjoon voltou até o corredor, procurando por um médico, assim que achou um, começaram a tratar do assunto.
Hoseok voltou a encarar o rosto do cantor, ele parecia calmo, apesar de tudo. Sua mão deslizou do cabelo para o rosto de Taehyung, acariciando sua bochecha. Olhou para a porta do quarto, queria conferir se não havia ninguém por perto, se inclinou e beijou os lábios do mais novo, tentou prolongar o toque pelo maior tempo seguro que pudesse, mesmo que os lábios do Kim não estivessem tão quentes e molhados como antes, ainda eram seus lábios.
Afastou-se, mas continuou observando o rosto do cantor, mantendo uma pequena distância entre os dois. Suspirou e apoiou sua testa na do mais novo, manteve-as unidas daquela forma por um bom tempo, enquanto suas duas mãos seguravam o rosto de Taehyung, com seus polegares acariciando suas bochechas.
– Meu filho! – O Jung voltou a se assustar e se afastou do mais novo. Sentiu suas bochechas corarem, enquanto observava a mãe do garoto se aproximar e beijar a testa onde Hoseok esteve fazendo contato antes.
– Me.… me desculpe. – Sua voz saiu mais baixa que o planejado.
– Ora, não se desculpe! Só tenho a te agradecer por ter ficado aqui com ele. – A mulher se aproximou mais e segurou as mãos de Hoseok. – O que os médicos disseram sobre ele?
– Pode ser só cansaço e estresse, vão fazer alguns exames pra conferir. Namjoon hyung foi assinar as permissões, não devem demorar muito pra fazerem.
– Ah, obrigada! Você estava com ele quando isso aconteceu?
– Mais ou menos. – O estudante coçou a nuca. – Eu estava assistindo ao show junto com os outros fãs.
– Ah, que bom. Me sinto mais reconfortada quando você está com ele. – Hoseok soltou um sorriso bobo.
– A vó dele não vem? – Quis saber o mais novo.
– Não. Ela está com alguns problemas de saúde e esse não é o lugar mais adequado pra ela.
– Entendo. – Um sorriso forçado escapou dos lábios de ambos.
– Com licença. – Ouviram a voz do mesmo médico de antes. – Esperem lá fora por um instante, ok?
– Ok. – Disse a mulher, empurrando o Jung para fora, onde Namjoon já estava. Ficaram os três sentados juntos enquanto esperavam.
– Aquele médico de odeia, eu acho. – Hoseok quebrou o silêncio.
– Ninguém te odeia, Hoseok. – Respondeu sua sogra, gentilmente.
– Na verdade, ele deve estar aborrecido com todo esse movimento no hospital. – Concluiu Namjoon.
– É verdade. – Disse sua mãe. – Tem muitas pessoas causando tumulto lá fora, eu quase não consigo entrar.
– Um bando de abutres. – Namjoon bateu na própria perna. – Por isso eu odeio jornalistas, são apenas um bando de abutres carniceiros esperando a desgraça alheia pra lucrarem em cima. – Hoseok encarou o mais velho. – Ah, claro, o Jin não é assim. Por favor, não diga a ele que eu falei isso.
– Eu nem tava pensando nele. – Rebateu Hoseok. – E por que essa preocupação? Vocês já voltaram?
– Você tinha terminado com o Jin, Namjoon? – Sua mãe se meteu na conversa.
– O quê? – O rapper pareceu perdido por alguns segundos. – Não! É só algo temporário, mãe! – Namjoon suspirou. – Ou é o que eu espero, pelo menos.
– O foco agora é o Taehyung. – Disse Hoseok.
– Tem razão. – Concordou a mulher.
Os três continuaram sentados, esperando, até Rap Monster começar a notar alguns comportamentos estranhos por parte de pessoas que passavam ali, repetidas vezes. Por fim, resolveu se trancar no banheiro para não gerar ainda mais tumulto no hospital, fazendo com que Hoseok e Naeun ficassem sozinhos.
– Você realmente gosta dele, né? – Perguntou a mulher, olhando gentilmente para o garoto.
– Eu? – Hoseok a encarou, confuso.
– Claro. – Ela riu.
– Ah, sim, eu gosto. – O estudante esfregava uma mão na outra, nervosamente, enquanto evitava encarar a mais velha. – Ele é meu primeiro namorado e me ensinou a dirigir também.
– Que fofo. Então, os dois são primeiros namorados um do outro.
– O quê? – O Jung se arrependeu de sua reação na mesma hora. – Ah, quer dizer...
– Você não é o primeiro namorado dele? – Ela pareceu ficar mais séria.
– Não. – Respondeu o estudante, depois de hesitar por algum tempo. Sabia que talvez Taehyung não fosse gostar do que estava fazendo, mas também não entendia porque ele havia escondido sobre seu primeiro namoro.
– Com quem ele namorou? – Hoseok não estava afim de contrariá-la.
– Yugyeom. – Respondeu, timidamente.
– O cantor?
– Sim.
– Por quanto tempo?
– Uns dez meses, eu acho.
– E quanto tempo faz isso? Quantos anos eles tinham? – Os olhos de Naeun se arregalavam de surpresa cada vez mais.
– Faz mais de três anos. Taehyung devia ter uns dezessete e o Yug quinze.
– Meu Deus! Eu nunca deixaria duas crianças namorarem, por isso ele não me contou. Mas ele vai ver só, quando ele acordar...
– Você vai dizer que fui eu quem contei? – Quis saber o Jung.
– Eu digo que foi o Namjoon, eles são cúmplices em todas as idiotices que fazem.
– Família de Kim Taehyung. – Foram interrompidos pela voz do médico, que encarou a mulher depois. – Preciso falar com a senhora.
– Tudo bem. – Naeun se levantou.
– Posso ver ele? – Perguntou Hoseok.
– Pode. – Respondeu o médico, com indiferença.
Hoseok entrou no quarto e se aproximou da cama onde seu namorado estava, deslizou sua mão pelo cobertor até que ela chegasse a de Taehyung e a apertasse, entrelaçando os dedos dos dois. Com a outra mão, afastou os cabelos que cobriam a testa do Kim e deixou um beijo ali, ignorando o olhar de estranhamento da enfermeira que guardava algumas coisas antes de sair do local.
– Hoseok. – Ouviu a voz de Naeun. – O médico disse que ele não tem nada grave, só está com um grande desgaste físico, vai continuar dormindo por algum tempo, graças aos efeitos dos remédios. Mas o gerente dele falou comigo e temos que tirá-lo daqui.
– Do jeito que ele tá agora?
– Sim. Vamos por outra saída, só temos que esperar um carro especial da empresa chegar.
– Ah, sim. – Hoseok voltou a apertar a mão do namorado.
– Eu queria aproveitar pra te pedir um favor. Não posso deixar minha mãe só, pode me ajudar a cuidar dele? Só até que ele acorde e se sinta um pouco melhor.
– Claro, nem precisa pedir. – O Jung sorriu.
– Obrigada. – A mulher se aproximou do filho e Hoseok soltou sua mão, se afastando para dar privacidade aos dois.
O estudante estava entretido demais, observando Naeun repetir palavras de conforto para o filho, enquanto beijava sua testa. Hoseok lembrou da proposta de Taehyung sobre serem pais de uma criança, a ideia sempre lhe pareceu estranha demais, nunca desejou ter um filho que não fossem os de quatro patas, mas alguma coisa em seu coração o fez pensar que ser pai junto com o Kim talvez não fosse algo tão ruim assim.
Continuava concentrado em observar a cena a sua frente, mas, de repente, sua atenção foi desviada até o corredor do hospital, ou melhor, as vozes que vinham de lá.
– Não, você não pode ver ele! – Reconheceu a voz irritada de Namjoon.
– Eu posso, Namjoon! Gosto dele tanto quanto você, eu vou ver o Tae! – A voz de uma garota fez o Jung arregalar os olhos.
– Ele está com o Hoseok, namorado dele, se você aparecer lá, vai estragar tudo!
Ao ouvir seu nome na conversa, o Jung não aguentou mais e foi até o corredor, encontrando-o vazio. Dentro da pequena despensa do hospital, Namjoon e Jennie se espremiam, com o coração acelerado, torcendo para que não tivessem sido vistos ou ouvidos por Hoseok.
– Viu o que você causou!? – Namjoon despejou as palavras, carregado de raiva.
– Por que ele não pode saber de mim? E desde quando o Tae tem um namorado?
Namjoon suspirou e levou as duas mãos até a cabeça, se sentindo frustrado com o irmão mais novo. Enquanto isso, Hoseok continuava observando o movimento das pessoas no corredor. Então, esse era o segredo de Taehyung? Ele tinha um caso com uma garota? Estava mesmo traindo o Jung?
Hoseok sentiu seu peito apertar.
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