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História Poison - Lembranças 1


Escrita por: G_yumei

Capítulo 2 - Lembranças 1


Fanfic / Fanfiction Poison - Lembranças 1

 

Fui andando pelo corredor devagar observando a mobília de madeira preta, o piso era caramelo claro e as paredes brancas combinavam com as persianas douradas e brancas, dava para perceber que o local tinha sido reconstruído e que não tinha sua identidade original, mas fizeram o máximo que podiam, o castelo parecia antigo com um toque de realeza, a única coisa que me deixava desconfortável, eram aqueles quadros nas paredes com umas pessoas de olhares inexpressivos, apenas me encarando, eles foram colocados ali para dar a impressão de que um dia eles foram importantes. 

 

Andei por toda a área da recepção, li uma placa em vermelho que dizia “Em caso de incêndio todas as portas se abrirão” , depois a esquerda subimos as escadas enorme que faziam uma curva para a direita em caracol ouvindo o barulho do salto elegante da Srta Dê. A escada ficava quase no meio do corredor que tinha portas para todos os lados. Seguimos para a esquerda.

-Aqui pode ser o seu quarto- Ela parou na última porta do corredor, abriu a porta e esperou eu entrar ,ela parecia menos simpática

-Fique á vontade para arrumá-lo como quiser, mas não se esqueça de descer na minha sala quando acabar, quero te dar o documento com as regras da instituição,

Sim senhorita Gierszal? - Senti um choque quando ela falou alto, seu rosto parecia sério   agora


Eu assenti e ela fechou a porta saindo.


Observei o quarto ali sozinha, tinha um espaço razoável para um retângulo, assim que entrei vi uma penteadeira encostada na parede da direita, conjunto do guarda roupas de madeira preto, que ficava ao lado da porta de entrada na minha esquerda, na outra parede de frente a penteadeira havia uma janela, ao lado uma beliche que terminava num banheiro. Fui até a janela e olhei lá fora, a vista era nada menos que uma floresta que parecia não ter fim graças a neblina.

As lembranças começaram a vir à tona.

Vez ou outra eu gostava de sair escondido com a “Mi”, minha vizinha que adorava falar besteiras e não suportava a minha opinião quando eu dizia que não queria alguma coisa, ela simplesmente me obrigava a aceitar, e por mais que eu tentasse me afastar e ficar sozinha em casa, ela sempre surgia. Mas eu gostava quando ela aparecia em casa sem ao menos pedir para entrar e me tirava do tédio. Nossas mães eram grandes amigas, então eu era meio que obrigada a aguentar.

Havia um local passando pela floresta perto de casa que dava num enorme rio, sentávamos ali as noites, os amigos de Mi faziam uma fogueira e ficavam zuando, dançando, cantando e bebendo até não aguentarem mais, vez ou outra alguns se "perdiam" na floresta.

Mi namorava um punk que ficava filosofando sobre suas revoltas, e as vezes um primo dele que não morava na cidade aparecia nas sociais.

Quando Alan aparecia, conseguia me fazer esquecer todo o resto, eu não era apaixonada por ele, pois a paixão vem quando acreditamos que a pessoa é perfeita e ele tinha seus inúmeros problemas, mas escondia em cada trago que dava no cigarro, mas eu me sentia a vontade com ele. Afinal, todos temos nossos monstros escondidos, eles nos obrigam a preencher o vazio que tem dentro de nós como podemos. 

Nós conversávamos bastante, ele me entendia muito bem e era uma pessoa que não ligava para o que os outros pensavam, ele simplesmente reagia sem pensar, mas apesar de tudo de um jeito engraçado que fazia a gente rir a noite toda. Ele sempre estava com uma jaqueta, sendo de couro ou jeans, não importava o calor, sempre me falava da sua banda de rock na outra cidade. Me lembro dos seus olhos azuis me olhando de cima para baixo com um desejo insaciável quando eu estava ajoelhada sobre ele. 

 

E enfim numa manhã eu acordei e havia uma mensagem no meu celular - Seu primo contava que ele tinha sofrido um acidente e não tinha resistido.

Depois disso eu raramente aparecia, me afastei aos poucos sem querer e nunca mais vi Mi ou os outros. Eu fiquei off por algum tempo, longe de mim mesma, eu não conseguia pensar em coisas boas ou até FAZER  coisas boas, tudo era ruim e eu só sabia disso depois que minha mãe vinha conversar comigo. 

Minha única saída de casa era direto para o hospital, eu até já tive que suportar cadeiras eletricas, e depois disso muitas lembranças que eu sabia que tinha não eram mais tão claras como antes, tudo parecia meio apagado, como se um borrão tivesse sido passado no meu cérebro. 

Meus problemas psicológicos iam e vinham. Mas não conseguimos nos esconder muito tempo de nós mesmos afinal.

[...]


Me assustei quando escutei um barulho na porta, era alguém batendo desesperadamente, fui até lá abri e me deparei com um sujeito que parecia agitado e envergonhado -Trouxe sua mala, senhorita?

Pisquei acordando -Ah, é Gierszal -Peguei as malas - Obrigada.

O sujeito se virou sem dizer nada e saiu às pressas, suas calças estavam curtas, como se fizesse anos que não trocava, era xadrez e vermelha, até me fez dar um risinho.

Abri a mala e espalhei tudo, não tinha trazido tantas roupas, o que fazia peso nas minhas malas eram meus livros, nada de bagunça, só o necessário.

 

Ouvi alguém na porta outra vez, achei que era o mesmo cara engraçado, mas não tinha mais o que ele fazer ali. Abri a porta e olhei o corredor vazio, nada. Fechei e esperei.

Quando olhei para baixo vi uma sombra passando embaixo da porta de um lado para o outro, abri depressa e vi uma moça magra e baixa com um vestido preto,  ela estava descalça, seus olhos eram negros e um pouco distantes

-Olá?

Ela não respondeu, seus olhos eram negros e fundos o bastante para me fazer arrepiar, ela não piscava, e sua pele era tão pálida quanto a neblina lá fora. Ela se virou devagar e seguiu pelo corredor, fechei a porta devagar atrás de mim e fui caminhando logo atrás dela passando por outros quartos.


A moça virou a direita pela mesma escada que eu tinha subido, acelerei o passo mas quando virei a esquina e olhei para baixo ela já tinha sumido, não havia nada mais que os degraus a baixo.


Ouvi uma voz falando alto de dentro de um quarto atrás de mim, quando virei uma garota de cabelos loiros e liso, ela vestia um shortinho e seu nariz era tão pequeno que havia me dado inveja. Ela abria a porta do seu quarto falando no celular, então parou de falar e me olhou de cima a baixo, levantou uma sobrancelha 

-Está perdida? Não vai encontrar o caminho de volta se ficar olhando pro meu rosto, sua esquisita.

Baixei os olhos, lembrei da ultima vez que arrumei briga com uma patricinha na escola, eu quis dar uma resposta e depois tudo viraria briga , de novo. Mas fiquei na minha, afinal todos ali eram malucos e não valia a pena fazer inimigos, eu só desejava estar longe dali, na minha casa.


Ela voltou a falar no celular e saiu desfilando pelo corredor.

 

...

 

Cheguei na secretaria, embora eu gostasse de ficar sozinha, aquele silêncio estava me irritando, ainda estava cedo, todos ainda deveriam estar acordando.

Vi uma mesa assim que entrei, sobre ela vários papéis e um abajur detalhado com a luz fraca. Ouvi o som dos passos da Srta Dê e me virei.


-Ótimo, vejo que já encontrou minha sala - Ela andou para atrás da mesa e pegou algumas folhas grampeadas que estavam na gaveta - Aqui estão as regras básicas, você pode descansar por hoje e começar amanhã, certo?

Eu assenti e dei uma olhada na folha.


1°- Primeira aula às 7:00h AM (Se houver atraso, é melhor ir direto para a a diretoria)
2°- É proibido sair do campus

*Não pareciam tratar as pessoas aqui como loucos, e sim como crianças (pensei)


{~~~}

 



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