História Por acaso - Capítulo seis.

Assim que a partida terminou, caminhei até a mureta que divide a arquibancada do campo e esperei que Roman viesse me cumprimentar. Depois que todo o time agradeceu aos torcedores e os jogadores foram para o vestiário, Bürki me encontrou na mureta e antes de me cumprimentar deu sua blusa para a mulher que estava ao meu lado

-O que achou do jogo, Julie? – Roman deu um beijo estralado na minha bochecha.

-Entediante, o joguinho chato. - Seguro o riso e dou um forte abraço no meu primo.

-Eu sei que você gostou, sua chata. – Bürki retribui o abraço.

      Reviro os olhos e dou um soco de leve em Roman, ele já estava indo para o vestiário, quando eu percebo a torcida fazendo movimentos estranhos, eu chamo a atenção dele e aponto para a torcida, logo vários cartazes são levantados pela torcida e formam a frase: Alles Gute zum Geburtstag Roman. Bürki não esperava por essa demonstração por parte da torcida e rapidamente se emocionou. Toda a torcida e os jogadores começaram a cantar feliz aniversário para o goleiro, que já não se agüentava mais em lágrimas. Sem demora pego meu celular e começo a gravar tudo. Logo um bolo é levado pelo técnico do time, Tuchel, o goleiro assoprou as velas, logo depois de fazer um pedido, ele distribui os pedaços de bolo entre os jogadores e alguns torcedores inclusive para mim. Coloco meu celular no bolso e começou a comer meu pedaço de bolo, vejo Durm se aproximando de meu primo com as mãos atrás do corpo e um sorriso travesso, já imagino o que ele vai fazer e pego rapidamente meu celular, Roman está desprevenido e Erik aproveita e acerta a cabeça dele, antes que Bürki possa pensar em algo, os outros jogadores o bombardeia com ovos, farinha e cerveja. Depois de toda a bagunça que eles fizeram em campo, eles agradecem a presença de seus torcedores e os jogadores e vão para o vestiário. Em quanto isso, eu fui para o estacionamento do estádio e fiquei esperando por Roman.

     Alguns longos minutos depois, Bürki e Durm aparecem juntos.

-Oi Julie, o que achou do jogo? – Erik me cumprimenta com um beijo na bochecha.

-Preferia ter ficado em casa vendo filme. - Seguro o riso, Erik dar as costas para mim e se vira para o meu primo.

-Diga Roman, ela fala isso para nos contrariar né? – Durm olha para mim de relance e volta a atenção para o meu primo.

-Penso a mesma coisa. – Roman olha para mim por cima do ombro do amigo.

-Há há, sem graça vocês. – Cruzo os braços, mas logo abro um sorriso.

      Depois de mais alguns minutos conversando, nos despedimos e cada um vai para sua casa. Já dentro do carro, eu liguei o rádio do carro e comecei a cantar uma música que passava. Bürki não demorou muito e começou a cantar comigo animadamente. Assim que  chegamos na casa do Roman, estava tudo escuro e silencioso.

-Pensei que a Nastassja já estaria em casa. – Roman estaciona o carro e olha para mim um pouco chateado.

-Sabe que ela está ocupada. - Digo tirando o cinto.

-Mesmo assim, podia pelo menos me ligar. -  Bürki sai do carro e solta o ar preso nos pulmões.

-Para de drama, sabe que ela tem responsabilidades. – Rapidamente saio do carro e acompanho meu primo.

            Bürki dá de ombros e me lança um olhar triste, ele caminha em direção a entrada principal e eu rapidamente paro na frente dele.

-Que foi? – Roman me olha confusa e tenta passar por mim.

-Eu esqueci de lhe falar, ontem eu vi algo lá no fundo da casa, você tem que ver. - Pego na mão do meu primo e o puxo até o fundo da casa. Sempre fui péssima com desculpas e mentiras, sinceramente espero que ele não tenha desconfiado de nada.

-Não tem nada aqui. – Bürki procura na parede, no chão e não encontra nada.

-Deve ter saído, desculpa, pode entrar agora. – Abro a porta dos fundos e dou espaço para ele passar.

       Roman me olha engraçado e logo começa a rir, ao entrar pela porta dos fundos, ele entra pela cozinha e sobe as escadas indo para o seu quarto tomar um banho e tentar tirar os resquícios de ovos, farinhas e cerveja que estava ainda impregnados neles.

    Sorrio satisfeita com o feito que conseguir fazer. Vou para a sala e me junto com os amigos e alguns parentes de Roman, todos estamos escondidos e com as luzes apagadas. Ficamos em silêncio a espera dele.

-Julie? HEY JULIE? Cadê você, sua louca? – A voz de Roman via da cozinha e ficava cada vez mais perto.

    Assim que ele aparece na sala, alguém acende a luz e nesse momento todos ali presentes gritam: SURPRESA.

-Que susto, galera. - Roman coloca mão no coração e abre um enorme sorriso.

-Feliz aniversário meu amor. – Nastassja sai de trás do sofá e caminha em direção a seu namorado e o envolve em um abraço apertado.

                Depois de todos cumprimentarem e desejar felicidades para Bürki, eu ligo o som e deixo uma música eletrônica dominar o ambiente, não é o meu gosto musical, mas a festa é do Roman mesmo. A casa está lotada, com amigos de time do Roman, amigos de fora do time, alguns parentes e as esposas e namoradas dos seus amigos. Vou para a mesa de bebidas e encontro com Erik também pegando bebida.

-Hey Durm, me dá esse copo ai do seu lado, por favor. - Digo dando uma cutucada no loiro.

-O que é isso? -  Erik me entrega um copo e depois ergue o seu com um liquido laranja.

-É uma bebida de frutas sem álcool. – Respondo em quanto encho meu copo com suco.

-Muito bom. -  Durm olha para o seu copo e logo vira todo o liquido em sua boca.

              Dou uma piscadinha para o loiro antes de sair de perto da mesa de bebidas e vou em direção aos pais de Roman que estão sentados no sofá.

-Tia, que bom que conseguiram vir. - Sento ao lado da mãe de Roman.

-Sua mãe também está vindo, ela ficou presa no transito. - A mãe do Bürki e irmã da minha mãe, são apenas as duas de irmãs.

-É serio? – Fico toda animada, fazia tempo que não via meus pais.

           -É sim. - Responde minha tia.

              Depois de algum tempo, meus pais finalmente chegam na festa e sem demora eu praticamente me joga no colo do meu pai e o encho de beijos e depois faço a mesma coisa com a minha mãe. Meus pais perguntam aonde está o aniversariante e eu aponto na direção dele, que está todo animado com a festa e  está cumprimentando todos e conversava com todos.

-Tenho que lhe apresentar o pessoal. - Pego nas mãos dos meus pais e os puxo em direção ao pessoal.

-Mas nem são seus amigos, filha. - Minha mãe fica sem graça e tenta me fazer parar de andar.

-Alguns eu conheço, mas são boas pessoas, tem que conhecer todos. – Sorrio para os meus pais.

             Já estava preste a deixar meus pais loucos, de tanto fazer andá-los e apresentar os amigos de time do meu primo. Deixei o Durm por último, minha mãe rapidamente simpatizou com todos, meu pai, é mais reservado e falava poucas coisas, mas percebi que ele olhou de maneira muito dura para o Erik, e acho que ele percebeu isso também. Assim que termino de apresentar todo, deixo meus pais livres para fazerem o que quiserem e me sento ao lado de um cara desconhecido.

             Nastassja traz o bolo com uma vela em forma de bola de futebol e todos começam a cantar parabéns para o goleiro, novamente. Assim que Bürki ver o bolo se aproximando, ele começa a bater palmas e sorrir ainda mais.

-Opa! Mais bolo. -  Roman passa língua nos lábios e se aproxima do bolo.

             Quando param de cantar parabéns, ele fecha os olhos e em seguida assopra as velas, com a ajuda da namorada para cortar o bolo inteiro e não destruir todo o bolo, ele corta o primeiro pedaço e coloca num prato.

-E o primeiro pedaço de bolo, vai para quem? – Marcel, amigo do time de Roman, levanta a mão se oferecendo para receber o primeiro pedaço.

-Vai para mim mesmo, por que eu sou muito especial. - Roman passa o dedo na cobertura e em seguida leva a boca.

-Não vale, cara. – Ginter, outro companheiro de time, resmunga e ergue os braços para protestar.

-Então vai para essa gata ao meu lado. - Bürki entrega o pedaço de bolo para sua namorada e recebe um selinho em troca.

            A festa durou até tarde e depois ficou apenas Durm, Roman, Nastassja e eu acordados. Os pais de Bürki e os meus já foram dormir.

-Abre os presentes amor. -  Nastassja aponta para os presentes no canto da sala.

        Roman praticamente se joga em cima dos presentes e de forma afobada, o goleiro abre todos os presentes, rasgando as embalagens sem nenhuma dó.

-Quem lhe deu isso? - Durm segura uma cueca com certo nojo e logo joga na direção do Bürki.

-Que presente estranho. – Começo a gargalhar.

-Parece aquelas cuecas dos velhos dos anos 50. - Nastassja pega a cueca e analisa.

-Com certeza foi só para sacanear. - Bürki sorrir e toma a cueca da mão da namorada e coloca junto com os outros presentes já abertos.

-Olha, esse presente é o melhor. - Seguro uma caixa ainda embrulhada, eu sei muito bem o que tem dentro dessa caixa, mas não disse para meu primo de quem era o presente, apenas resolvi deixar ele ver o magnífico presente que recebeu.

            Roman tirou cinco embrulhos da caixa numa velocidade incrível, até ela fica apenas uma caixinha bem pequena e dentro ter um prendedor de roupa.

-Será que alguém me deu um presente que não seja sacaneado? - Roman gargalha ao segurar o prendedor de roupa no dedo.

-Acho difícil. -  Nastassja sorrir e beija a bochecha do namorado.

         Nastassja pegou mais cerveja e ficamos conversando sentados no chão da sala até tarde. Acabamos pegando no sono na sala mesmo. Roman dormiu abraçado com Nastassja eu dormir no sofá e Durm sentado na poltrona.

No dia seguinte:

           Tomamos café juntos, entre muita conversa e risos. Meus pais e os de Roman saíram juntos pelas ruas de Dortmund. Durm foi embora para sua casa e Roman e Nastassja foram dar um passeio também. Eu fiquei em casa arrumando a minha mala, já que a noite voltaria para Leipzig.

              Na hora do almoço, todos nos reúnimos novamente e como uma família feliz trocamos piadas e conversas animadas.

            No fim do dia, foi o momento das despedidas,  levei meus pais e os pais de Roman para o aeroporto e depois fui pegar o meu trem. Não contei para o Durm que estava voltando para Leipzig e nem sentia que faria diferença para ele.

-Vou sentir sua falta, louquinha. – Bürki me abraça.

-Pode me visitar sempre que quiser. - Retribui o abraço.

-Eu irei, sem dúvida. - Roman beija a minha bochecha e assim que nos separamos, pego minha mala e caminho na direção do trem.

                     A viagem de volta para a minha casa foi bastante tranqüila. Assim que cheguei em casa, o cheiro de mofo estava instalado nos comodos, isso que dar deixar a casa fechado por dias, mas logo abrir todas as janelas e o cheiro deu uma amenizada. Guardei minha mala, na verdade, simplesmente joguei no canto do meu quarto, depois fui tomar um banho, em seguida fiz um café e me sentei na varanda e fiquei vendo o movimento. A rua está calma e vazia. Depois de algum tempo, volto para dentro da minha casa e vou direto para cama.

No dia seguinte:
                  A rotina já recomeçou bastante cedo, vestir meu uniforme de garçonete e as 6 horas em ponto, já estou anotando e entregando os pedidos dos clientes da lanchonete. Quando deu a hora do almoço, fui para o meu outro trabalho, também de garçonete, mas dessa vez de um restaurante. No fim da tarde, novamente voltei para a lanchonete e depois ás 21 horas da noite, voltei para a minha casa, eu estou exausta, mas a compensação vem todo mês e no meu caso, vem em dobro.

            Várias semanas se passaram e a minha rotina é sempre a mesma, do emprego para casa, da casa para o emprego. Hoje é feriado em toda a Alemanha, mesmo sabendo que é o dia que mais trabalho, tentei pegar uma folga, mas não conseguir convencer meu chefe e teve que ir trabalhar toltamente contrariada.

-Qual o seu pedido, senhor? – Estou olhando para meu bolo de notas, em quanto anoto o número da mesa.

-Não sei, o que acha que devemos pedir Bürki?

          Levanto a cabeça e abro um enorme sorriso ao ver meu primo, Durm e a Nastassja sentados a mês e me olhando, cada um com um sorriso no rosto..

-Que surpresa, vieram jogar aqui? - Pergunto em quanto abraço meus amigos.

-Não, viemos lhe ver na verdade. – Nastassja olha para o Erik e depois para mim, fico sem entender o que ela quis insinuar, mas resolvo ignorar.

-Que honra, pena que eu não conseguir folga hoje, vou trabalhar o dia todo. – Reviro os olhos e coloco o bloco de notas no meu bolso e a caneta atrás da orelha.

-Quando é a sua hora de almoço? -  Bürki está em pé ao meu lado.

-De 12 ás 14. - Respondo em quanto limpa a mesa.

-Estaremos lhe esperando do lado de fora da lanchonete. – Nastassja balança meus ombros como se quisesse me animar.

              A manhã passou rapidamente. E como dito por Nastassja, os três estão me esperando perto da porta de entrada da lanchonete. Fico chateada por não ter como me trocar e ter que sair com a roupa de garçonete, que consiste eu uma saia acima do joelho e uma blusa de manga curta na cor bege, por sorte o avental é removível, o sapato também é de cor bege e sem graça, meus cabelos estão num coque com uma rede o envolvendo.

-Nos indica um lugar bom para almoçar? -  Durm aparece ao meu lado, me tirando dos meus devaneios sobre minha roupa horrível.

-Sigam-me. - Entrelaço meu braço no de Durm, de maneira brincalhona e com um sorriso no rosto caminhamos em direção ao restaurante.

            Andamos por uns 12 minutos, com Nastassja e Roman de mãos dadas, trocando leves carícias e Durm e eu com os braços entrelaçados fazendo piadas sobre tudo. Almoçamos juntos, se divertimos juntos, mas logo deu a hora em que eu contive que voltar para o trabalho.

       Erik me acompanhou até a lanchonete e para se despedir me deu um rápido selinho, abro um enorme sorriso e dou um beliscão no loiro, que me indaga porque fiz isso, eu respondi que queria ter certeza que não era um sonho, depois de mais um rápido selinho eu volto para a lanchonete. Queria tanto voltar logo para casa e reencontrar meus amigos, que a parte da tarde demorou muito tempo para passar. Assim que fui liberada do trabalho, deixei o avental na cozinha, tirei a toca e soltei meus cabelos, dei uma leve batida na minha roupa para dar uma leve amenizada em minha aparência.

                  Encontrei  meus amigos sentados na calçada conversando sobre alguma coisa engraçada, fomos andando até a minha casa. Assim que chegamos na minha casa e antes que eu abra a porta, eu olho para os três e espero que me dêem tolta atenção antes de falar.

-É bem simples, muito diferente da casa de vocês. - Destranco a porta e entro em seguida.

-Não se preocupe com isso. – Erik entra em seguida e logo RFoman e Nastassja também.

       Depois de apresentar minha humilde casa e acomodar meus visitantes no pequeno quarto de hospedes e o loiro na sala, vou tomar um banho e me livrar de toda a sujeira e vestir uma roupa mais confortável e bonita. Depois Nastassja e eu fizemos a comida e depois que  todos se alimentaram, colocamos Roman e Erik, a contra-gosto, para lavarem a louça. Depois resolvemos ver um filme, ficamos vários minutos discutindo qual filme deveríamos ver, já que cada um queria escolher um filme diferente acabamos indo por sorteio e colocamos Esquadrão Classe A.

  No dia seguinte:

           Ao acordar, troquei de roupa, fiz minha higiene matinal, já estava indo preparar o café da manha, quando alguém bateu na porta da minha casa, ao abrir a porta de casa, me deparo com uma revista jogada no chão, me abaixo e ao pegar a revista. Me deparo com uma pequena matéria sobre mim:

   “ O jogador do Borussia Dortmund, Erik Durm, foi visto nas ruas de Leipzig passeando com sua empregada, mas parece que são bem íntimos. Será como que o futebolista paga os serviços da empregada?”