Jungkook acordou e ficou lembrando-se da vídeo chamada que teve na noite passada. Taehyung ainda lhe surpreende, o garoto sabe como deixá-lo com um sorriso no rosto. Ele levanta preguiçoso e vai ao banheiro onde toma uma ducha fria para despertar seus sentidos que parece terem ficado na cama aconchegante.
Domingo não é dia de trabalhar então o garoto resolve ir passear no parque ali perto. Ele leva sua câmera e aproveita o lindo dia para bater algumas fotos da paisagem. Jungkook adora fotografar árvores, crianças, idosos ou qualquer coisa que tenha algum significado para ele.
O garoto passa algumas horas da sua manhã de descanso caminhando e fotografando. Alguns esquilos em uma árvore onde a copa alta e verde parece ser um lugar atrativo para eles terem seu lar, pássaros coloridos pegando insetos no ar, crianças brincando em um mini-carrossel. Para ele tudo que tem vida é mais belo e fornece uma aura espetacular para suas fotos.
Um casal passa de mãos dadas e o castanho olha aquilo já querendo que Taehyung volte logo. Ele sabe que o loiro jamais andaria com ele assim na rua, provavelmente diria que é coisa de bicha ou tipo isso, mas mesmo assim ele quer a presença de Taehyung junto a si. Um suspiro profundo sai de sua boca que deixa um semi sorriso escapar dos lábios que sentem a falta da boca do outro.
A manhã passou e seu estômago já reclama pela falta de comida. Jungkoook resolve almoçar fora e vai até o café que costuma frequentar com o outro. Bons momentos eles viveram ali e o castanho pede o costumeiro café com biscoitos que ele tanto ama. A mesa de canto que eles usam está vaga então é nela mesma que o garoto senta e começa a consumir o que pediu.
O liquido quente e escuro do café tirado na hora desce pela sua garganta e ativa seus sentidos. Ele saboreia aquilo como se fosse um néctar dos deuses e resolve ver como ficaram as fotos que tirou. A câmera é ligada e o castanho olha imagem após imagem. Tudo perfeito. A última foto é a do casal que passeava de mãos dadas e sorria enquanto acariciavam um o rosto do outro. A mulher parecia realmente feliz e o homem tinha um brilho no olhar que o fez novamente sentir falta do outro.
Jungkook levanta e vai ao caixa pagar a conta. Ele sente o celular vibrar assim que sai do lugar e uma nova mensagem é exibida na tela.
[Hoje 10:30] Bom dia Kookie, dormiu bem por que eu sonhei com você a noite toda gemendo pra mim.
O castanho lê a mensagem de Taehyung e sacode a cabeça. Ele sabe que o namorado é um tanto pervertido então só coloca o aparelho de volta no bolso e segue para casa. O restante do dia passa tranquilo e Jungkook aproveita para ler um pouco e dormir, ele tem trabalhado demais e o cansaço já reflete em seu corpo. O domingo termina e mais uma semana vai começar. Antes de deitar Jungkook pega o celular e lê novamente a mensagem de Taehyung.
[Hoje 23:43] Boa noite Taehyung, espero que durma bem essa noite.
Mensagem lida 23:43
[Hoje 23:44] Pode deixar vou dormir como um anjo.
Mensagem lida 23:44
[Hoje 23:44] Como um anjo você jamais vai dormir, isso é uma coisa que você não é.
Mensagem lida 23:45
[Hoje 23:45] Nossa... agora magoei :/
Mensagem lida 23:45
[Hoje 23:45] Magoado...você? Nossa nunca imaginei que fosse tão sensível.
Mensagem lida 23:46
[Hoje 23:46] Sou um ser humano, lembra?
Mensagem lida 23:47
[Hoje 23:47] É verdade... as vezes esqueço disso :)
Mensagem lida 23:47
[Hoje 23:49] Estou com saudade e isso não é coisa de viado é só um sentimento de quem gosta do outro.
Mensagem lida 23:49
[Hoje 23:49] Também estou.
Mensagem lida 23:49
[Hoje 23:50] Volta logo, boa noite. Beijos, kookie.
Mensagem lida 23:55
Jungkook desliga o aparelho e vira para o lado vendo a cama vazia. Ele agarra o travesseiro que o outro costuma usar. O cheiro de Taehyung ainda está na fronha mesmo que ele lave o lençol milhares de vezes. Os olhos dele pesam que em minutos adormece.
Inicia a semana para o fotógrafo que segue sua rotina. Muitas fotos, inúmeras revelações e no final do dia uma troca ou outra de mensagens com Taehyung. O loiro diz que voltará em breve, talvez em uma semana se tudo correr bem, mas sempre desvia da pergunta de onde está. Os dias passam e eles seguem entre conversas aleatórias e até algumas mensagens carinhosas.
À noite quando o castanho está em seu apartamento ele recebe uma ligação de sua família. A mãe dele não está bem de saúde e pede que Jungkook vá passar um final de semana com ela. Ele estava guardando essa visita para quando Taehyung voltasse, enfim ele teria coragem para apresentar seu namorado a ela e quem sabe receber a benção da matriarca para seu relacionamento.
O garoto promete que irá até lá na próxima folga e desliga. Ele entra no banho e pensa no que sua mãe tem. A senhora Jeon sempre teve uma saúde de ferro e agora liga para se queixar que está doente deixando o garoto muito preocupado. Ele sai do Box e seca o corpo ficando só de cueca e vai para a sala assistir TV. As horas passam e o celular vibra mostrando uma mensagem de Taehyung.
O loiro pergunta como foi seu dia e eles tem uma breve conversa. Após isso Jungkook segue para o quarto e vê a sacola de com seus brinquedinhos. Desde aquela noite em que ele e Taehyung fizeram sexo pela vídeo chamada o garoto parou de usar os tais itens mágicos. Talvez pela vergonha que sentiu ou pelo simples fato que tem estado muito cansado do trabalho.
Então ele pega a sacola e vê o rabo de coelho, havia se esquecido disso. O plug fofinho e felpudo o faz sentir uma fisgada em seu membro. Jungkook não fez a chuca, coisa que fazia seguido quando brincava com aquelas coisas, mas mesmo assim sente uma vontade incontrolável de se proporcionar prazer. Ele necessita relaxar e se Taehyung estivesse aqui lhe faria um oral forte deixando assim que as preocupações ficassem para a manhã seguinte.
Em um suspiro e um aperto do plug na mão o pequeno botão que tem ali escondido pelos fios brancos da pelúcia toca a pele da mão do castanho o fazendo lembrar-se que aquilo além de ser um objeto delicioso de sentir em seu corpo também é um vibrador. Como ele pôde ter se esquecido disso?
Jungkook levanta e deixa na cama o pequeno rabo branco e o tubo de lubrificante seguindo para o banheiro. Ele faz uma breve limpeza em seu interior e volta para o quarto. Ao passar pela porta apaga a luz e acende a do abajur ao lado da cama. O garoto está nu e se ajeita com as costas na cabeceira da cama, coloca um travesseiro em baixo do quadril para erguê-lo um pouco e facilitar o manuseio do plug e depois de passar o lubrificante, nele e no metal aquecido pela fricção, ele introduz o objeto em si.
Lentamente a sensação do pequeno objeto dentro de seu corpo lhe provoca um arrepio e Jungkook o desliza um pouco em um vaivém leve. Os olhos fechados e a boca sendo mordiscada pelos dentes deixam gemidos baixos serem ouvidos apenas por ele. O dedo desliza no pequeno botão que faz o objeto começar a vibrar.
O corpo dele arrepia ao sentir aquilo mexer inesperadamente dentro de si. O plug vibra causando uma mistura de sensações e tesão no garoto que ergue o quadril e aperta com mais força a boca entre os dentes. Aquilo era ainda mais excitante do que o pênis de borracha roxo ou a simples sensação de preenchimento que o plug lhe causava.
Jungkook empurra mais um pouco o rabo de coelho para dentro de si e puxa de volta em um vaivém delicioso. Como ele poderia descrever o que sente entre um gemido e outro que intensificavam a cada estocada que dava em seu corpo com o plug vibrante até que esse atinge sua próstata... não tem como. O garoto geme alto e leva uma das mãos a boca mordendo a lateral da mesma tentando abafar o som alto e revira os olhos tamanha era a sensação de prazer que aquele pequeno objeto lhe causava.
A mão abafava a boca, mas o som do aparelho dentro de si e a vibração que esse causava fazia o quarto de Jungkook parecer um local obsceno. As estocadas com a mão agora trêmula pelo tesão que intensificava só mostrava que o prazer estava perto de chegar ao seu ápice. O garoto tenta acelerar o movimento não conseguindo mais aguentar e larga o rabo de coelho que agora vibra sozinho dentro dele. As pernas que tremelicam mostrando o quanto aquilo era prazeroso arrepiam e erguem o quadril dele apertando as nádegas e deixando a sensação de penetração mais forte.
Um gemido a mais e Jungkook sente as fisgadas aumentarem em seu pênis, o abdômen contrai e ele ferozmente se masturba deixando o liquido espesso sair em jatos fortes dentro de segundos. O garoto chegou ao ápice entre espasmos do corpo e com a face totalmente contorcida. Ele goza mais a cada vibração sentindo a força faltar não só nas pernas que tremem pelo esforço em erguer o corpo como na mão que masturba o pênis dolorido e melecado.
Os gemidos são lugar ao som de sua respiração descompassada e ao batimento acelerado de seu coração que parece ser ouvido pelo prédio todo de tanto que pulsa forte em seu peito. Com um pouco de esforço nos braços trêmulos ele procura botão do objeto peludo e desliga o mesmo deixando assim seu corpo inteiro relaxar na cama.
Os olhos antes fechados e a boca levemente aberta agora se invertem deixando Jungkook a fitar o teto branco do aposento. Aos poucos a respiração dele volta ao normal e o garoto recupera suas forças puxando o rabo de coelho de dentro de si. O pequeno vibrador em formato fofo é colocado de lado e o corpo virado deixa o suor escorrer pelo pescoço até o peito. Cansado e agora fodido por ele mesmo Jungkook fecha os olhos novamente após desligar o abajur e se deixa adormecer sem pensar em mais nada naquela noite.
Amanhece o dia e Jungkook toma um banho rápido por que não ouviu o celular tocar. Ele veste qualquer roupa e antes de sair vê o felpudo amigo ao lado da cama. O garoto o guarda na gaveta de cuecas e sai correndo para o estúdio onde terá um dia cheio.
O final da tarde desponta e mais um dia se encerra. Jungkook sente o corpo dolorido, talvez da nova experiência da noite passada ou simplesmente por que está cansado do dia de trabalho árduo. Ele e alguns colegas vão à cafeteria perto de sua casa para tomar algo e jogar conversa fora. Ainda bem que lá eles vendem não só cafés e chãs mas também algumas coisas mais fortes e de teor alcoólico elevado.
Alguns deles são casados e outros ainda permanecem solteiros. Todos falam muito sobre o trabalho e os relacionamentos, Mike está entre eles e senta próximo a Jungkook.
− Como vai Jungkook?
− Estou bem só um pouco cansado.
− Tem noticias do Tae? Soube que ele viajou.
−Sim ele ainda não voltou, está bem só não sei onde foi.
− Não? Achei que ele tinha te dito que o... – Mike para de falar e abaixa a cabeça fitando as mãos. – Bom se ele não te disse eu que não vou me meter nisso.
− Como assim? O que você sabe que eu não sei?
Mike pede que o garoto deixe pra lá e diz que falou demais, ele nunca se meteu nos assuntos de Taehyung e não vai começar agora. O garoto sai se despedindo dele e pega o celular ligando para o namorado vir buscá-lo. Jungkook fica curioso e depois de mais algumas rodadas de cerveja e vodka resolve ir para casa. O dia foi cansativo e ele é fraco para bebidas então o melhor é seguir para seu lar e assistir TV, talvez usar um brinquedinho ou simplesmente dormir mais cedo.
Ao chegar em casa Jungkook vai direto tomar um banho e depois faz algo para comer. Ele tinha visto na revista de programação da TV a cabo que passaria o documentário Tales by Light, sobre vários fotógrafos e seus processos criativos. Esse era um programa interessante sobre sua profissão e não mais um momento de putaria gay que o garoto vinha assitindo com frequência ultimamente.
Ele pegou seu macarrão instantâneo e sentou confortavelmente em frente a TV. O especial começou e Jungkook assistiu aos 23 minutos quase sem piscar. A imagem do fundo do mar o fez lembrar-se de Taehyung explicando sobre suas peculiaridades nas noites em que eles conversavam até quase amanhecer. Ele só respirava fundo e voltava a se concentrar nas cenas que apareciam encantando seus olhos.
Ao final do documentário o garoto teve mais certeza que escolheu a profissão certa. Ele amava fotografar e sabia que um dia chegaria a ter algo dele sendo mostrado em um especial tão bom quanto este. O controle remoto foi acionado desligando a televisão e Jungkook foi deitar pensando em tudo que assistiu e tentando se imaginar no lugar daqueles profissionais. O jovem fotógrafo adormeceu rápido deixando-se embalar pelo sonho de ser um profissional reconhecido.
Uma semana a mais e as ligações de Taehyung tornaram a ficar escassas. O loiro já não ligava tantas vezes como antes e Jungkook ainda não sabia onde ele estava. Normalmente após o trabalho ele passava na cafeteria tomava um Latte Macchiato e seguia para casa depois de caminhar pelo parque ali perto e registrar as imagens de final de tarde.
Ele estava aumentando sua coleção de fotos visando selecionar as melhores para montar seu portfólio. Ao chegar no apartamento ele toma um banho relaxante e senta em frente à TV assistindo qualquer coisa ou simplesmente deixa o aparelho ligado para ter o som de alguma coisa lhe fazendo companhia.
Nesse tempo que Taehyung esta fora ele sente a solidão tomar conta de sua vida. A mãe ligava ora pedindo que ele fosse visitá-la ora dizendo estar bem e não querendo atrapalhar o trabalho do filho o dispensando da tal visita. Jungkook sempre esperava que o loiro ligasse para ele e assim eles conversavam por algum tempo. Algumas vezes a vídeo chamada era acionada por Taehyung que pedia para Jungkook se masturbar para ele enquanto esse repetia o ato e eles sentiam a distancia ficar menor.
Nesta noite Jungkook repetiu a rotina de costume e após seu banho foi para a sala esperar a ligação de Taehyung assistindo TV. O garoto estava ansioso e nervoso, afinal já faz dois meses, quase três na verdade, que o namorado tinha ido viajar e ele ainda não respondia para onde, sempre desconversando ou dizendo que precisava desligar quando Jungkook o indagava. Em mais uma noite de espera o castanho assistia um programa desses onde as mulheres acusam os maridos de traição onde uma delas disse que o primeiro sinal era de mentir.
Os maridos mentiam que viajavam quando na verdade não tinham saído de seu estado e às vezes nem de suas cidades. Eles estavam na casa de suas amantes onde tinham famílias paralelas as suas. Jungkook assistia aquilo e seu estômago embrulhava. Não era casado com o loiro, mas o fato dele não dizer para onde viajou já estava o cansando.
Na propaganda Jungkook levantou e foi em direção de seu quarto, ele tinha deixado seu celular carregando lá e assim que o pegou para ver se tinha algo de Taehyung não resistiu e tocou na tela iniciando a ligação. O som de chamada o fez sentir uma leve dor na boca do estômago que percorreu seu corpo como se aquilo fosse algo proibido. Ele se sentia uma amante ligando para saber onde o seu homem estava. O toque foi longo e Taehyung não atendeu.
Onde estaria o loiro, fazendo o que e com quem afinal já era a sexta vez que Jungkook ouvia a chamada sem ser atendido. Ele respirou fundo e quando foi desligar uma voz respondeu.
− Alô.
Jungkook sentiu vontade de desligar, mas agora era tarde, alguém já tinha falado do outro lado então ele resolveu continuar.
− Alô
− Quem fala?
− Taehyung, é você?
O garoto não reconheceu aquela voz e perguntou quem era para ter certeza.
− Não, ele saiu. Quem é?
− Ah tudo bem, ele deve ter esquecido o celular.
− Na verdade ele não levou por que estava carregando, quer deixar recado? Quem fala?
Jungkook achou estranho Taehyung ter deixado seu celular carregando e saído sem ele, o loiro não saia de casa nem pra ir à esquina sem levar junto seu precioso telefone. Aquela voz era masculina e não parava de perguntar quem era, será que o outro tinha apagado seu nome deixando só o numero aparecendo?
− Alô... Você ainda está ai? Quer deixar recado ou dizer seu nome pra que o Tae ligue de volta?
Tae. Aquilo soou tão intimo que Jungkook fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Nem mesmo ele chamava Taehyung assim, quem seria esse homem que tanto perguntava seu nome e que agora se mostrava tão intimo de seu namorado? Ele não quis questionar afinal não sabia se o outro tinha ido visitar algum parente.
− Não tud... - fora interrompido pela voz do outro lado da ligação.
− Espera só um momento acho que ele está chegando. Amor... É você?
Jungkook congelou ao ouvir nitidamente a pessoa dizer amor. Como assim, ele pensou enquanto tentava controlar a tontura que sentia... Amor? Ele não chama Taehyung por apelidos carinhosos por que o loiro lhe disse que não gosta dessas coisas, nunca se quer o chamou de Tae e ouvir aquela voz masculina chamar por Amor o fez tremer.
Ele respira com dificuldade, seu peito começou a doer e seu coração parecia pular dentro do peito querendo sair pela boca quando o homem repetiu o apelido amoroso sem obter resposta. Uma voz foi se aproximando dele e sem ter coragem de ouvir a voz de Taehyung responder alguma coisa ele desligou.
Taehyung foi viajar a mais de dois meses sem dizer em momento nenhum para onde. Por mais que ele tivesse perguntado de todas as formas possíveis e imagináveis o loiro sempre desconversava e não respondia. Agora que ele teve coragem para ligar outro homem, que não era seu namorado, atende o celular que ele nunca tira do bolso e ainda por cima o chama de Amor quando este chega... Isso tudo é surreal demais para ele.
Jungkook está paralisado, congelado, perplexo demais para conseguir entender o que está acontecendo.
O garoto larga o aparelho no sofá e se recosta sentindo a cabeça girar. Milhares de pensamentos passam em sua cabeça e ele ouve a TV ligada onde as mulheres brigam com os maridos traidores. Seria isso que estava acontecendo com ele? Taehyung mentiu o tempo todo quando na verdade ele tem outro? Esse outro, que seria o principal, pelo jeito também não sabe de sua existência e nem mesmo sabe seu nome que não deve ter aparecido no visor do celular porque perguntou seu nome diversas vezes.
Jungkook levanta e vai até a sala onde a TV está ligada. Ele para olhando a cena deprimente das mulheres brigando aos puxões de cabelo e não consegue ter reação nenhuma. Seu olhar está na tela grande a sua frente, mas sua cabeça está longe ouvindo aquela voz dizer Amor diversas vezes como se fosse uma gravação.
O garoto desliga a TV e volta para o quarto. Ele senta na beirada da cama e deixa seu corpo escorregar caindo nos pés da mesma e então chora. O choro sai forte e desesperado, sem que nem mesmo ele saiba por que. Jungkook chora igual a uma criança que perdeu seu pirulito para outro ou que teve um brinquedo roubado, o sentimento que ele tem por Taehyung não se compara a isso, mas mesmo assim é essa sensação que tem. Ele sente como se fosse um grande idiota que deixou sua vida se afundar nessa loucura de relacionamento com um homem que agora parece ser casado provavelmente o tornando um amante.
As lagrimas escorrem de seus olhos e a dor no peito só faz aumentar. Aos poucos ele vai deitando no chão e se encolhe como se fosse um recém-nascido que precisa de aconchego. O corpo em posição fetal abraçado pelas pernas mostra que ele nunca deixou de ser aquele garoto de Busan que veio para a cidade grande, em outro país, tentar crescer na carreira que escolheu e se deixou encantar demais pelas novidades dali.
Um homem acabou com sua vida amorosa com uma menina linda e inteligente, que poderia vir a ser a nora que sua mãe tanto queria o fazendo provar de algo que jamais imaginou. Jungkook sentia como se o mundo estivesse se abrindo abaixo de seus pés sem entender o que estava acontecendo. O máximo que ele conseguia pensar era que aquela voz masculina chamou Taehyung de Amor.
O garoto ficou assim sentindo-se um lixo até adormecer.
Na manhã seguinte ele acorda com muita dor de cabeça e no corpo. Acabou dormindo no chão. Então ele rola o corpo até alcançar o aparelho celular que tinha ficado na tomada e liga o mesmo. A espera de uma ligação ou uma mensagem dando satisfação sobre o tal homem que atendeu seu celular não aparece no visor.
Na verdade nada relacionado a Taehyung aparece no visor. Jungkook suspira e percebe que foi um tolo por acreditar em Taehyung, o garoto sempre lhe disse que não se apegava e agora ele entende por que. Ele tem outra pessoa, uma mais importante senão a única que tem importância em sua vida por que pra esse homem parece que as regras de Taehyung não se aplicam.
A palavra dita alta e em bom tom ecoa nos ouvidos de Jungkook o magoando cada vez mais e fazendo seu peito doer forte quando se lembra dela sendo proferida: Amor. Quer apelido mais carinhoso e intimo que esse... Ele jamais poderia chamar Taehyung assim até por que não se sente tão intimo do outro a ponto de ter direito a um apelido entre eles. Eles fodem às vezes (mentira nem isso ele fez direito ainda) e conversam coisas legais mais parece ser só isso. Nem mesmo um apelido para si Taehyung tinha criado, ele o chamava como Mary antigamente só mudou o tom para um mais devasso.
O garoto levanta e vai ao banheiro lavar o rosto e quem sabe até tomar um banho. Ele precisa pensar e nada melhor que debaixo do chuveiro para fazer isso. Depois de sua higiene matinal e um longo banho onde a água morna em nada o confortou Jungkook sai tendo uma decisão tomada e firme ele segue para cumpri-la.
O castanho vai até o estúdio e pede um afastamento por doença na família, ele não sabia se isso existia aqui mais mesmo assim pede ao chefe. Diz que sua mãe está muito adoentada, é uma senhora de idade e não tem quem a cuide. O homem no mesmo instante o libera dando como se fossem férias antecipadas e diz que ele não precisa se preocupar seu emprego estará esperando por ele. Um mês esse é o tempo que Jungkook terá para ficar longe e tentar esquecer Taehyung ou então voltar e resolver tudo isso.
Jungkook caminha lentamente pela rua com as mãos nos bolsos da calça jeans apertada que costuma usar. Ele suspira fundo e observa às pessoas que passam ao seu lado, elas parecem feliz com seus respectivos namorados e namoradas ao lado. Algumas dessas pessoas têm filhos ou até andam sós, mas tem a expressão de que são realizadas assim.
Jungkook ainda não se imaginava casando com Taehyung, ele acha que ter um relacionamento de namoro com o loiro já é bastante difícil então casar era uma coisa quase impossível. Taehyung é um espírito livre ou era até ele saber que esse lugar já estava ocupado por aquele homem que o chamou de amor.
Ele suspira novamente, provavelmente essa palavra nunca mais vai sair de seus ouvidos e o som da voz do outro vai ecoar eternamente sem seu peito doendo cada vez que ele lembra.
Ele chega em seu apartamento, vai direto para o quarto, pega a mala e começa a colocar suas roupas ali dentro. Na gaveta de cuecas ele vê o plug e resolve deixá-lo exatamente ali, largado como ele está se sentindo no momento. Vai até o estúdio que tem em casa e guarda as coisas que acha mais importante dentro do armário e o tranca. Ele pega algumas de suas câmeras mais caras, as que têm maior significado sentimental e coloca dentro da bolsa acolchoada, lentes e cartões de memória extra caso queira tirar mais fotos do que cabe nelas e fecha a mesma colocando a tira larga no ombro. Tudo arrumado, parado na porta o garoto olha para o lugar onde dividiu momentos com o loiro e onde achou que era feliz com ele.
Dramático? Pode ser que ele esteja sendo um pouco. A sensação de tristeza o invade novamente e quando vai fechar a porta sem deixar cair mais nenhuma lágrima seu celular vibra no bolso da calça. Uma mensagem de Taehyung. Jungkook coloca o aparelho de volta no bolso e não lê o que o loiro mandou. Na verdade o que ele teria como desculpa para lhe dar agora não importa mais sua decisão está tomada e nada vai fazer com que volte atrás.
A porta fecha e Jungkook desce indo para o táxi que o levará até o aeroporto. Quando a mãe ligou pela primeira vez ele comprou uma passagem com data em aberto caso o namorado voltasse antes dele viajar assim podendo levá-lo junto como estava planejando. Nesta manhã, depois do banho e de decidir ir para Busan, ele marcou a data para aquela tarde no primeiro voo que tivesse lugar.
O táxi passa pelas ruas lentamente acompanhando o fluxo de trânsito intenso daquele horário. Ao passar em frente à cafeteria aonde eles iam seguido, Jungkook vê alguns colegas que estão de folga bebendo e conversando, com certeza ele vai sentir falta dessa rotina pós-trabalho. Ali também era o local em que ele e Taehyung iam para curar a ressaca depois de algumas horas na balada e muitas garrafas de bebidas estranhas que ele provou junto do outro.
Jungkook não sabe se deveria ficar e confrontar Taehyung, ele não sabe se deveria se dar ao trabalho de ouvir mais mentiras do loiro que sempre acabava o convencendo que o que ele dizia era a verdade. Quem sabe estivesse sendo precipitado. Ele pega o celular e olha a luz piscante avisando da mensagem não lida e sem abrir o chat só aperta em “apagar mensagem”.
Pronto, a decisão de ir ver sua mãe estava tomada e como disse nada iria fazê-lo mudar de ideia. O táxi segue rumo ao aeroporto sem que ele tivesse lido o que Taehyung disse.
“Kookie estou chegando à tarde, espero que esteja em casa tenho que te contar uma coisa muito importante. Estou com saudade meu biscoito.”
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