História Professional Relationship - Capítulo 12

Angely

Eu sorria bobamente, quase gargalhando.

 “-Quem sabe nós não poderíamos sair um dia?- Nathaniel se ofereceu. Arqueei uma sobrancelha, olhando-o.

‘Ele pensa que vou cair nesse joguinho dele?’-pensei. ‘Nem que me paguem!’

-Sei o que você quer.-abri um sorriso, convencida. -Desculpe, mas terei de recusar. - deixei-o estático. Os outros, mais atrás, se seguravam para não rir. -Se tem uma coisa que eu não estou procurando, esta coisa é um novo relacionamento.- olhei para meu anelar direito. Ele ainda estava marcado do último anel de noivado que eu havia usado. -Depois de mais falhas no quesito “amor perfeito” do que se pode contar, isso está fora de cogitação.- desviei o olhar, lembrando-me de cada um de meus pretendentes. Principalmente do último. Cada palavra, cada ação. A falsidade de todos eles. -E, aparentemente, um mafioso não seria uma boa aposta. - dei de ombros. -Você é um cara legal, mas não vamos ultrapassar os limites, tudo bem?

-A-Ah... Sim.- ele gaguejou, ainda estático.

-Ótimo.- sorri, rindo internamente  da feição dele. -Foi um ótimo almoço, como já dissemos, mas tenho de voltar ao meu posto, antes que o meu chefe...- arqueei as sobrancelhas, olhando para o ruivo. -Diga que eu fico vagabundeando por aí. Não que ele não o faça.- reprimi um riso, com a ponta dos dedos sobre a boca. -Até alguma hora, rapazes. E não se esqueçam de me dizer as suas respostas sobre Arlette.- virei-me e adentrei no prédio.”

Aquele cara pensa que é quem?

Eu sabia quais as verdadeiras atitudes dele.

Ser gentil, tentar se aproximar e então “comer e jogar fora”.

Eu já vi esse filme!

-Do que você ri, sua retardada?- Elliott indagou.

-Só algo que aconteceu mais cedo.- sorri para ele. -Nada demais.

-Sei.- semicerrou os olhos.

-Ai meu deus!-Rosalya exclamou, correndo na minha direção. -Olha só você!

Olhei-me. Um moletom laranja, calças pretas e tênis Vans da mesma cor, além de um gorro na cabeça. 

-Rosalya... Eu estou normal.-sorri nervosa, enquanto ela me girava.

-Você se veste tão “fashion”.- analisava o tecido do meu moletom. -Parece que você tem um consultor de moda pessoal.

-Não exagere, ok?- ri dela. -Acho que eu não deveria deixar você me ver de manhã, então...

-Por quê?- me olhou confusa. Oh, merda. Por quê abri a boca?

-Ela trabalha de secretária de manhã.- Elliott se intrometeu e eu olhei-o de olhos arregalados.

-Ah! Incrível!- ela bateu palminhas. -Qualquer dia desses, eu vou te produzir, com certeza. Deu uma piscadela, sorrindo.

-Desculpem a demora.- ouvimos a voz de Kim. -Aconteceram umas paradas aí e eu tive de resolver, nada extremo.

-Pois bem, vamos então.- falei. -Estão esperando por nós.- ela assentiu. -Nos vemos mais tarde, queridos.- mandei beijos pelo ar.

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-Olá a todos.- Samantha disse. -Pois bem, vou ser direta.- ela pegou uma prancheta. -Sei que é só o terceiro dia, mas vou lhes pedir algo.- juntou ambas as mãos. -Como já disse e vou ressaltar, vocês estão sob constante observação e teste.- falou. -Por isso, vamos fazer algo que exigirá um pouco mais de vocês hoje. -bateu a caneta contra a prancheta, levemente. -Quero analisar a potência vocal de cada um, o quão longe e alto conseguem ir.- sorriu. -Certo?- todos assentimos. -Perfeito, quem quer começar?

Ambre, a loira com cara de puta, se ofereceu.

Entrou na cabine e Samantha designou uma música para ela.

Ambre tem uma boa voz, mas ela ainda desafinava muitas vezes, tentando - e falhando- realizar falsetes.

-Pode parar.- Samantha pediu. Ambre saiu, olhando para Samantha com uma cara nada boa.

-Por que me pediu pra parar?- colocou ambas as mãos na cintura. “Céus, como a voz dela é anasalada.”-pensei.

-Apenas estou fazendo minhas observações.- anotou algumas coisas na prancheta. -Debby, vá você, agora.

-O-Ok.- caminhei em direção à cabine. Ambre me fuzilou com o olhar e fez questão de trombar comigo no caminho, utilizando o ombro.

“Não a conheço direito, mas, sem dúvidas, já a odeio.”- pensei, enquanto colocava os fones de ouvido.

Fazendo um sinal positivo para Samantha, respirei fundo, me preparando.

Um leve coro ecoou nos meus ouvidos e eu rapidamente sorri, já sabendo que música era.

I came here tonight to get you out of my mind / (Eu vim aqui esta noite para te tirar da minha cabeça)

I'm gonna take what I find, uh oh, yeah / (Vou pegar o que eu encontrar, uh oh, yeah)

So open the box, don't need no key I'm unlocked / (Então abra a caixa, não precisa de chave, estou destrancada)

And I won't tell you to stop, uh oh, yeah / (E não vou te falar para parar, uh oh, yeah)

Lambi os lábios, dando uma mordida no inferior no final.

Hey boy / (Ei garoto)

I don't need to know where you've been / (Eu não preciso saber onde você esteve)

All I need to know is you / (Só preciso conhecer você)

And no need for talking / (E não precisa de conversa)

Hey boy / (Ei garoto)

So don't even tell me your name / (Então, nem me diga seu nome)

All I need to know is whose place / (Só preciso saber na casa de quem)

And let's get walkin' / (E vamos andando)

Fechei meus olhos.

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Ooh ooh ooh ooh

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Alonguei as notas, sem fazer esforço algum.

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Ooh ooh ooh ooh

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Abaixei duas oitavas, voltando ao meu tom normal de voz.

It's true what you heard, I am a freak, I'm disturbed / (O que você ouviu é verdade, sou uma aberração, estou perturbada)

So come on and give me your worst, uh oh, yeah / (Então venha e me mostre seu pior lado, uh oh, yeah)

We're moving faster than slow / (Estamos indo mais rápido do que devagar)

If you don't know where to go / (Se você não sabe aonde tem que ir)

I'll finish off on my own, uh oh, yeah / (Eu terminarei por conta própria, uh oh, yeah)

Sorri abertamente, colocando as pontas dos dedos, segurando os headphones.

Hey boy / (Ei garoto)

I don't need to know where you've been / (Eu não preciso saber onde você esteve)

All I need to know is you / (Só preciso conhecer você)

And no need for talking / (E não precisa de conversa)

Hey boy / (Ei garoto)

So don't even tell me your name / (Então, nem me diga seu nome)

All I need to know is whose place / (Só preciso saber na casa de quem)

And let's get walkin' / (E vamos andando)

Alonguei umas poucas vezes, fechando os olhos.

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Ooh ooh ooh ooh

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Instintivamente, meus quadris se moviam no ritmo da música.

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Ooh ooh ooh ooh

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Comecei a balançar o corpo, não me importando que os outros estavam vendo a minha loucura.

I think you already know my name / (Acho que você já sabe meu nome)

I think you already know my name / (Acho que você já sabe meu nome)

Alonguei a última palavra, sorrindo.

Hey! Ha!

Alright! / (Tudo bem!)

Say! / (Diga!)

Ri de leve.
 

I think you already know my name / (Acho que você já sabe meu nome)

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Fazendo uma leve pausa, quase que instantânea, alonguei a primeira palavra.

Ooh ooh ooh ooh (Hey, hey,say) / (diga!)

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Eu estava em êxtase puro, sentindo aquela música, vibrando com ela.

All I wanna do is love your body / (Tudo que quero fazer é amar seu corpo)

Ooh ooh ooh ooh (say, say, hey) / (diga, diga, hey)

Tonight's your lucky night, I know you want it / (Esta noite é sua noite de sorte, eu sei que você quer)

Ooh ooh ooh ooh

Encerrei e respire fundo, recuperando o fôlego. Olhei para o vidro e vi diversas pessoas me olhando. Algumas sorriam, outras estavam de boca aberta, surpresas.

Sorri nervosa, retirando os fones de ouvido.

Logo que saí, Kim me abraçou.

-Foi bem, Debby.- Samantha me dirigiu um leve sorriso.  

-O-Obrigada.- ri, enquanto Kim ainda me apertava.

Ela me soltou e eu pude respirar.

-Incrível.- Kim dizia. Sorri para ela.

-Não acho que foi tanto.- olhei na direção da voz anasalada.

-Você seria?- Kim indagou, analisando a loira.

-Sou Ambre Beaumont.- ela sorriu. “Víbora...”- meu subconsciente apitou. -E, como já notaram, sou eu quem vai ganhar isso.

-Excesso de confiança te leva ao fracasso.- Kim comentou, me fazendo rir.

-Continuem com seus risinhos.- olhou para as unhas pontudas e pintadas de rosa. -Vamos ver quem vai rir quando eu estiver lá no topo, vencendo.

-Olhe só, não temos tempo para ouvir babaquices de pessoas com complexo de superioridade.- olhei-a. -Um par de peitos siliconados não te faz melhor cantora.- apontei para ela. -O que conta é o talento e como você o utiliza.-semicerrei os olhos. -Então, se não tiver mais nada a declarar, peço para que se retire do meu lado, por favor.

-Argh!- ela bufou, batendo o pé no chão e andando para o outro lado da sala.

-Uou, guria.- Kim chamou minha atenção. -Você sabe ser cruel quando quer.

-Foi apenas a verdade. -Sorri para ela.

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-Quero que você use isto.- Rosalya me entregou uma capa, que provavelmente continha um vestido.

-O quê?- eu estava meio confusa.

-Eu, Alexy e Leigh fizemos ele na aula hoje.- ela suspirou. -Deu um pouco de trabalho, mas eu acho que vai servir.

-Como e quando você tirou as minhas medidas?- olhei-a, assustada.

-Posso ser discreta quando quero.- deu uma piscadela. -Me diz que vai usá-lo amanhã...

-Amanhã?- encarei-a. -Como assim? Por quê eu?

-Você tem os traços e o corpo perfeito.- ela divagava. -Com as nossas roupas em você, faremos sucesso rapidinho.

-Então você pretende me usar para fazer o marketing das suas peças de roupas?- sorri sacana.

-E não paramos por aí.- ela bateu palminhas. -O seu já está quase pronto, Kim.

-Pretendem mesmo se promover usando a nós como modelos?- Kim arqueou uma sobrancelha.

-O curso de ídolos é perfeito para testes, principalmente vocês duas. E o Elliott não fica de fora.- ela abriu um sorriso enorme. -Vocês topam?

-Depois de todo esse rebuliço, acho que não tem como recusar.- ri da cara de felicidade dela.

-Obrigada.- pulou em cima de mim, quase me derrubando. -Eu vou querer ver como você ficou nele.

-Te mando uma foto.- dei uma piscadela para ela. -Queridos, vou indo. Tenho preparativos para arrumar e poucos dias para resolver.-sorri. -Beijos a todos.

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Uma boa noite de sono era tudo o que eu precisava. Eu sorria, em frente ao espelho.

O vestido era preto. Ia até o joelho e era colado ao corpo, com um cinto marcando a cintura.

Para complementá-lo, optei por um salto peep toe bege e preto; acessórios em dourado e preto; e uma bolsa preta;

Preferi deixar os cabelos soltos e a maquiagem, leve.

Suspirei, alisando aquele vestido em meu corpo.

Ah, aqueles três eram sensacionais.

Ironicamente, me senti bem usando aquela roupa.

Olhei no relógio, notando que já eram sete horas.

“Hora de trabalhar.”- pensei, pegando as chaves de casa.

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-Exatamente, senhor.- sorri, anotando tudo em meu caderno.

-"Quantas pessoas irão comparecer?"- ele indagou ao outro lado da linha.

-Cinquenta pessoas, para o próximo sábado.- falei.

-"O salão estará disponível sim."- o homem disse.

-Perfeito. Na sexta feira eu irei aparecer no local por volta desse horário. Algum problema?- perguntei.

-"Sem problema algum."-ele respondeu.

-Que bom.- sorri mais uma vez. -Ok, então está marcado. Obrigada.- me despedi e desliguei o telefone.

Assinalei um “X” no quadradinho que faltava.

Decoração, ok; Convidados confirmados, ok; Buffet, ok; Fotógrafo, ok;

“E o salão está ok.”- pensei, olhando o caderno.

Eu havia conseguido aquilo em um dia. Acho que eu deveria investir nesse ramo de planejar eventos.

Olhei o relógio, percebendo que meu horário de almoço estava para acabar. E eu sequer tinha comido algo.

Mordi o lábio inferior. Não havia nenhuma loja de conveniência ali por perto.

Vasculhei minha bolsa, em busca de algo para comer e acabei encontrando um saquinho.

“Sopa Instantânea.”-li a embalagem.

-Bom, é melhor do que nada.- dei de ombros, seguindo para a copa.

Peguei uma caneca, colocando um pouco de água e colocando no microondas.

Enquanto esperava, resolvi ensaiar.

“-Quero que vocês escutem esses clássicos e ensaiem.- Samantha dizia. -Na nossa próxima aula, iremos estudar os artistas que são ícones até hoje.”

Coloquei os fones de ouvido e dei “play” na música.

Segundos depois, sem pensar, comecei a cantar, fechando os olhos e balançando o corpo.

Vi que o microondas desligou, sinalizando que a caneca com água já tinha esquentado.

Com calma e para não queimar minha mão, peguei a caneca, colocando sobre a pia. Abri o sachê e joguei o conteúdo dentro da caneca, misturando com uma colher.

Provei aquilo e vi estava gostoso.

Sorrindo e ainda cantando, voltei para a minha “sala”.

Ouvi alguns murmúrios e olhei em volta, não encontrando ninguém. Dei de ombros, colocando a minha caneca na mesa e voltando a cantar e balançar o corpo.

Ainda ouvia murmúrios. Pareciam três pessoas discutindo.

“Devo de estar ouvindo coisas mesmo. É como dizem ‘Você coloca o fone e começa a escutar alguém te chamando ou conversando.’”- pensei.

Mas ainda assim... Sei que tem gente aqui.

Eu estava de costas para a entrada quando ouvi um pigarro e levei um susto, parando de cantar instantaneamente e quase derrubando minha caneca.

“Esse pigarro é dele.”-pensei, ficando com raiva.

Me virei bruscamente, pronta para dar uma boa bronca no meu querido chefe, quando notei que ele não estava sozinho ali.

Havia um casal também.

O homem era alto, com cabelos escuros e olhos cinzas. Extremamente parecido com meu chefe. Usava um terno risca-giz cinza, com a gravata de mesmo tom. A expressão era neutra, quase amigável.

E a mulher, tinha cabelos vermelhos e olhos castanho-avermelhados. O vestido lápis em tom de azul royal contrastava com sua pele. Com certeza, era uma roupa de grife. Os saltos altos também eram de marca, além das grandes joias que ela portava em seus dedos, pulsos, pescoço e orelhas. O olhar penetrante e com uma mistura de surpresa e melancolia era dirigido a mim.

Entrei em pânico e travei no lugar.

Meu chefe intercalava seu olhar entre mim e a mulher ao seu lado.

“Só digo uma coisa... Deu merda.”- pensei, tendo um arrepio passando pela minha espinha.