História Professional Relationship - Capítulo 16

Angely

Suspirei,  riscando mais uma das opções do jornal.

Era tão difícil encontrar uma banda que não tocasse um rock pesado?

-Acalme-se, Angely. Se não você pode surtar novamente-brinquei comigo mesma.

Aquela recaída não me fez bem. Não faria para qualquer um, na realidade.

E, por causa dela, estou há duas horas andando pelo centro de Amoris sob o efeito de antidepressivos que aumentam a minha alegria.

Ninguém merece!

Mesmo estando curiosa sobre o fato de a mãe do meu chefe saber algo sobre a morte da minha mãe,  preferi me concentrar em encontrar uma maldita banda para a festa de Arlette. Mas todas as bandas que encontrei ou estão com a agenda cheia ou são adolescentes que só sabem tocar rock.

Ainda analisando as minhas duas últimas opções,  acabei esbarrando em alguém e quase levei um tombo para trás.

-Ah, mil perdões. -ele disse.

-Tudo bem.-sorri e levantei a cabeça,  olhando para a pessoa que esbarrou em mim. Arqueei as sobrancelhas.  -Você não é Patrick Rogers, da faculdade?

-Sim, sou.- ele assentiu, sorrindo. -E você é Debby Williams, a nova Yuno Nagashaghi.

-Eu não diria que sou a “nova” ela.- dei de ombros. -Afinal, de onde tirou isso?

-Saiu no jornal da faculdade. -arregalei os olhos. “Quem é o maluco que sairia especulando algo do gênero?”-me questionei mentalmente. -Mas não acho que seja uma mentira.

-E por que acha isso?- indaguei.

-Você realmente se parece com ela.- coçou a nuca, nervoso. -Em tudo, basicamente.

-Ora, ora… Você é um fã, afinal.-acusei.

-Culpado.-levantou a mão,  sorrindo. -Mas não tenho o que discutir. Só estou nessa do Curso de Ídolos por causa dela

“Eu também.”-pensei.

-Entendo.- ri de leve. -Todos temos nossas inspirações.

-Sinceramente,  não achei que fosse chegar tão longe.- jogou a cabeça para o lado. -Afinal, sou só um vocalista de banda de garagem.

-Você canta bem.-afirmei. Até que parei para pensar. -Espera! Você tem uma banda?

-Tenho sim.- assentiu.-De vez em quando, tocamos num barzinho perto da minha casa. Somos uma banda meio alternativa. Tocamos de tudo um pouco.

“É perfeito!”-abri um sorriso com o pensamento.

-Sabe… Eu acho que podemos nos ajudar. -falei.

-O que sugere? - me olhou.

-Estão livres esse sábado? -indaguei.

-Terei de ver com todos.-mordeu o lábio.  -Na realidade, eu estava indo até eles. Por que você não vem comigo e me explica tudo no caminho?

-Acho uma ótima ideia.- concordei.

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-Vocês são perfeitos!- aplaudi, assim que eles pararam de tocar.

-Obrigado- Charles, o baterista, sorriu, meio envergonhado.

Apesar de serem uma banda de garagem, eram quase profissionais. Me impressiono que ninguém virou empresário deles ainda.

-Então…-comecei. - Vocês topam?

-A grana é boa?- o guitarrista indagou, expelindo a fumaça do cigarro para um canto qualquer.

-Erick!-Patrick o repreendeu.  -Mais respeito!

-Não se preocupe,  Patrick…-sorri. -Estou acostumada com esse tipo de comportamento.-ajeitei meus cachos, dirigindo meu olhar ao que fumava. -Sim, “a grana” é boa.

-Mas tudo tem condições. -O tecladista, David, comentou.

-O que seria dessa vida sem as condições,  querido?- arqueei uma sobrancelha.  Abri minha bolsa e retirei uma folha de lá. -Aqui está. - entreguei à Patrick. Cruzei meus braços,  vendo os outros se aproximarem.

-São boas…- Patrick deu de ombros.  -O que vocês acham?-indagou aos outros.

-Não curto muito gravatas.-Erick expeliu mais fumaça.

-Qual é,  Erick!- David disse. -Você viu o quanto vamos ganhar? Dá pra conseguir lançar o nosso CD!

-Sem dúvidas,  é uma grande chance.- comentei. Olhei o relógio em meu pulso.  -Não irei colocar pressão em vocês, porém terei de ir agora.- peguei o celular na bolsa, discando um número rapidamente. -Me liguem quando tiverem uma resposta.-percebi que Patrick iria falar algo. -Meu número está no fim da folha. Vocês têm até às oito horas da manhã de amanhã. - sorri, colocando o celular no ouvido. -Nos vemos mais tarde, Patrick.-dei uma piscadela para todos e sai andando rapidamente,  com destino à doze quadras dali, a floricultura.

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Abri a porta do meu apartamento, sentindo o chão gelado sob meus pés cansados.

Havia tirado os saltos dentro do elevador, que estava estranhamente vazio. Às vezes acho que só eu moro nesse prédio.

Os acontecimentos do dia ainda rondavam a minha cabeça.  Por mais que eu tentasse evitar esse momento o dia inteiro, uma hora ele iria acontecer.

Retirei todas as joias e as guardei nos seus devidos lugares.

Suspirei, indo ao banheiro, querendo tomar um belo banho.

A água trouxe uma certa sensação de alívio.  Era como se lavasse todas as coisas ruins. Uma pena que eu não pudesse lavar as más lembranças também.  

Quando acabei, voltei ao quarto, indo direto ao closet. Fui pegando roupas aleatoriamente e, quando percebi, estava usando um short cintura alta de cor preta,  regata branca, com um nó pequeno na frente, um moletom cinza, meias ⅞ pretas e sneakers pretos. Voltei ao banheiro e arrumei meus cabelo no melhor coque que consegui. Passei um lápis de olho rosa, rímel e um gloss. Suspirei, sabendo que a minha canseira não me permitiria fazer melhor do que aquilo.

Peguei o celular, vendo que faltavam apenas vinte minutos para as aulas começarem. Peguei minha mochila e saí. Mesmo com meu estômago roncando,  só iria comer quando chegasse no campus.

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Eu só queria uma vitamina de morango e banana. Mas acabei no meio de uma bagunça sem fim!

Pincéis e tintas -que estavam fechadas, graças a Deus- de um lado, papéis do outro, um microfone de gravador  contra a minha boca e um peso enorme sobre o meu corpo.

E se não pudesse ficar pior, eu estava quase surda pelo fato de que Rosalya e Alexy gritavam, juntos.

Suspirei. Gostaria que pelo menos um dia da minha vida fosse monótono,  mas sabia que isso não aconteceria nem em sonhos.

Aos poucos, o peso saiu de cima de mim, mas permaneci deitada, olhando o teto, quase sem piscar.

-Eu falei pra você ir mais devagar, Peggy.-uma voz feminina quem disse.

-Nunca se deve perder uma oportunidade. -provavelmente essa era a tal Peggy.

-E-Eu acho que você m-matou e-ela...-mesmo dizendo baixo, consegui ouvir essa fala. A voz era delicada e macia, como de uma criança.

-E, de bônus,  espalhou todos os meus textos e as coisas da Violette.-era outra voz, também fina, mas com picos de autoridade exalando a cada palavra. -Você tem de maneirar nas suas maluquices de correr atrás das pessoas.

-Desculpem, ok?- era a tal Peggy novamente. -Admito, exagerei.

-Não é para nós que você deve desculpas.-alertaram.

-Você ainda está viva?-vi uma cabeça se colocar acima da minha.

-Estou.-falei, simplesmente.

-E pretende ficar deitada até quando?- indagou.

-Preciso de ajuda para levantar. -disse, estendendo a mão. Rapidamente,  ela me ajudou.

-Minha coisa baixa.- senti Elli me esmagar num abraço.-Você deveria parar de esbarrar nas pessoas.

-Elliott… Já senti peso demais contra o meu corpo por um dia.- falei, entrecortado. Ele me soltou. -Eu não esbarrei em ninguém.

-Na verdade, fui eu.- todos olhamos na direção da voz.

Ela tinha cabelos curtos e roxos. Grandes olhos azuis e sardas nas bochechas e nariz. Usava um vestido verde musgo, de mangas compridas, babados e com um gorro atrás; um pequeno crachá do lado esquerdo do busto, e um cinto marrom com detalhes dourados. Os tênis All-Star eram da mesma cor do vestido e as meias que se sobrepunham eles eram mais claras. Ela estava com um microfone na mão esquerda e o fio conectado a ele levava até o grande gravador que estava pendurado no ombro dela através de uma alça marrom.

“Então era ela que estava quase empurrando o microfone pela minha goela abaixo”-pensei.

-E você é…?-arqueei a sobrancelha.

-Peggy Pontier, do jornal da faculdade e do blog “As Vidas de Amoris”-respondeu.

-Foi você quem publicou o artigo sobre eu ser a “nova” Yuno Nagashaghi? -sorri.

-Garanto que pesquisei muito antes de publicá-lo.-deu uma piscadela.

-Ora, Peggy. Você fez isso sem a autorização dela e ainda me arrastou junto.-a garota ao lado dela bufou.

O cabelo ruivo era arrumado em uma trança despojada e lateral e ela tinha olhos verdes. O colar chocker era roxo, assim como a camiseta de mangas curtas, que tinha um desenho de algo que não compreendi muito bem. Ela usava uma blusa de mangas compridas-com três listras pretas- e verdes por baixo da camiseta. O short tinha detalhes bufantes nas pontas, assim como as botas de tamanho médio. E, para terminar, ela usava uma meia calça listrada em roxo e preto e tinha uma grande câmera profissional pendurada em seu pescoço.

-Eu faço de tudo por uma boa notícia. -Peggy exclamou, fazendo a ruiva revirar os olhos.

-Não ligue pra ela.-sorriu. -Sou Íris Chermont,  fotógrafa do jornal e futura fotógrafa das celebridades.

-É um prazer conhecer vocês duas.- falei,  com um sorriso no rosto.

-Uh, c-com l-licença…-ouvi aquela mesma voz infantil. Olhei para baixo e vi uma menina ajoelhada na frente das minhas pernas. Percebendo o meu olhar, ela corou fortemente.-A-Alguns dos meus p-pincéis estão a-atrás de você…

-Ah, desculpe.-desviei e ela foi até os pincéis,  pegando todos rapidamente e se levantando.

Ela era tão fofinha!

Os cabelos curtos e violeta, com algumas trancinhas demonstravam isso ainda mais. Os olhos castanhos tinham um brilho igualmente infantil. O vestido que ela usava era meio bufante, até o meio das coxas. Tinha a cor cinza em grande parte de sua extensão,  tirando os pequenos babados nas pontas do vestido e na gola em V. Uma outra parte era exibida devido a esse corte, um tecido branco, com listras mais escuras. Aparecia na barra também,  onde havia outro corte em formato de V, bem ao centro. As meias ⅞ eram cinzas e as botas eram pretas e de couro,  assim como as luvas sem dedos. Ela carregava uma grande pasta verde, onde folhas de papel quase caiam.

-So cute!*- juntei ambas as mãos na bochecha esquerda e sorri abertamente, elevando o corpo na ponta dos pés. Ela levou um pequeno susto com a minha atitude e correu para atrás de uma outra garota.

Essa última tinha grandes cabelos castanhos, presos com duas presilhas de cada lado da cabeça.  Os grandes olhos azuis claro olharam surpresos para a garota escondida atrás de si. Ela trajava uma camisa de mangas ¾ e babados na barra de cor azul claro. A saia branca era meio colada e com uma pequena fenda do lado esquerdo. Os saltos anabela eram da mesma cor da camisa e ela tinha um pequeno laço amarrado no pescoço. Além de as mãos estarem lotadas de folhas de papel, juntas numa grande pilha.

-Acalme-se, Vio.-ela pediu para a mais baixa. -Bom, acho que também devo me apresentar.  Sou Melody Lafaiete.-sorriu rapidamente. -Faço letras. E essa atrás de mim…

-Sou V-Violette La Marc. - ela deu um sorriso discreto, mas suas bochechas estavam fortemente coradas.

-Prazer em conhecê-las também. -retribui o sorriso.

-Peço que nos perdoe por te derrubar.-Peggy disse.

-Apesar de o motivo ter sido você. - Íris tossiu, recebendo uma olhada feia da jornalista.

-Não briguem, por favor. -pedi. -Eu perdôo vocês. -suspirei. -Como oferta de paz, por que não sentam conosco na hora do intervalo?-sugeri.-Isso, é claro, se os outros concordarem. -olhei para trás e todos assentiram.

-Acho uma ótima ideia.-Peggy comemorou.

-Perfeito.-sorri. O sinal apitou. -Nós vemos no intervalo, então-acenei, me despedindo e segui Kim.

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Bebi três grandes goles de água.  Estava completamente suada. O moletom que eu cheguei usando, agora, estava amarrado na minha cintura e meu cabelo estava um horror.

Acenei aos outros, indo ao meu armário pegar minha mochila.

Iria encontrar Rosalya, Leigh e Alexy no estacionamento. Havia combinado com eles na hora do intervalo. Queria pedir umas dicas sobre vestidos. Suspirei, fechando o armário.  Assim que me virei, fui encurralada. Tomei um susto.

-Mas que porra…-não terminei a frase. -Que susto, Patrick!

-Desculpe, era a minha intenção. -ele sorriu. Revirei os olhos.

-Aconteceu algo?-estranhei.

-Ah, as coisas de sempre, né- deu de ombros. -Mas eles aceitaram.

-Espera… O quê? -arregalei os olhos.

-Eles aceitaram tocar sábado. - sorriu.

-Inacreditável…-me encostei nos armários. -Eu acho que vou ter uma crise de asma de tanta emoção.

-Não morra na minha frente, por favor.-brincou. -Mas foi tudo graças a mim.

-Então você é um verdadeiro Senhor Incrível? - sorri de escárnio.  

-Talvez.- riu.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, até eu sentir minhas bochechas esquentarem e tossi, disfarçando.

-Certo.-falei, ajeitando a mochila no ombro. -Bem, acho que podemos ajeitar os detalhes amanhã.  Que h…-ele me interrompeu.

-Podemos almoçar.-sugeriu.

-Pode ser… Aí vocês aproveitam aproveitam e conhecem o local, já que tenho de ir lá mesmo.-sorrio.-Então,  amanhã às onze e meia?

-Sim, tudo bem pra mim.- concordou.

-Ok, marcado. - assenti. Me desgrudei dos armários em direção ao estacionamento.

Desci as escadas devagar e vi uma albina com um olhar malicioso para mim.

-Demorou por quê? - me perguntou.

-Estava conversando com uma pessoa.- cruzei os braços.

-Sei… “Conversando”- fez aspas com os dedos.

-Largue a mão,  sua tonta-revirei os olhos.

-Você não vai escapar da próxima vez. -semicerrou os olhos. -Por que nos chamou aqui?

-A festa de Arlette é sábado e eu tenho de levá-la a algum lugar e decidir o que vou vestir.- suspirei.-Queria uma dica sobre o que usar… Estou sem ideia alguma. Então,  o que sugerem?

-Tons pastéis-Leigh

-Glitter!-Alexy.

-Bordados e transparência.-Rosalya.

Os três disseram ao mesmo tempo. Quase bati em minha própria testa.

-Não escute esses dois, querida. -Rosalya me abraçou de lado.-Bordados e transparência está super na moda.

-Assim como o glitter!-Alexy me agarrou do outro lado. Os dois iniciaram uma discussão e eu comecei a ser puxada de um lado a outro. Maldito o momento em que fui pedir uma opinião.

Olhei para Leigh,  pedindo por ajuda e ele simplesmente riu.

-Vocês não podem unir as três ideias em uma coisa só? -imediatamente, os dois pararam de discutir.

-Sabe que é uma ótima ideia?-Rosalya deu pulinhos, batendo palmas freneticamente.

-Ok! Então já podem me soltar.-falei. Ambos se afastaram. -Pois bem, irei levar Arlette ao shopping no sábado,  para um dia perfeito de compras e embelezamentos. A festa começa às 19h30min. Vocês têm até quinze minutos antes. Topam o desafio?

-Com certeza!-Exclamaram.

-Certo. Rosalya, Alexy e Leigh, deixo esse desafio para vocês.-dei uma piscadela.

-Não vamos decepcioná-la.-Alexy sorriu, confiante.

-Sei que não. -correspondi ao sorriso.

Logo, a albina e o azulado entraram numa conversa animada sobre quais tecidos utilizar.

-Teremos muito trabalho pela frente.- Leigh negou com a cabeça,  sorrindo ao ver os outros dois, empolgados.

Suspirei aliviada e abri um sorriso de satisfação.

São momentos assim que me fazem gostar ainda mais dessa nova vida.