História Professional Relationship - Capítulo 33

Castiel

Traguei mais um pouco do cigarro, soltando a fumaça pelo nariz.

Encarava aquele teto como se fosse a coisa mais interessante no mundo. Mesmo tendo-se passado quatro dias, parecia que o momento estava vivo em mim. Depois que ela se fora, eu havia tirado um cochilo. E, aparentemente,  minha mente resolveu brincar comigo.

Acabei por sonhar -ou relembrar- a minha noite com Debby. Ainda era possível sentir as unhas dela me arranhando.

Estiquei o pescoço,  apoiando a minha mão ali. As marcas das mordidas dela não sairiam tão cedo.

Neguei com a cabeça freneticamente,  voltando o cigarro à boca. Queria ficar chapado e esquecer que Debby -e o seu corpo gostoso- estavam a apenas alguns passos atrás da minha porta.

-Castiel!- me chamou, me fazendo desencostar da cadeira. -Você está tão chapado que ficou surdo?

-O que foi, Dakota?

-Eu estou te chamando a minutos, mas parece que o teto é mais interessante do que eu.

-Você parece uma mulher dando piti.-revirei os olhos. -O que quer?

-Vim saber se descobriu algo sobre sua secretária.

-Ah, isso.-terminei o cigarro. -Nada de importante.

-Toda informação,  por menor que seja, é importante.-sentou-se na cadeira à minha frente. -Então?  O que descobriu com a sua mãe?

-Minha mãe não quis me dizer muita coisa.-dei de ombros. -Mas aquela reação que ela teve…

-Do que está falando?

-Quando você me pediu para “interrogar” minha mãe,  ela ficou meio tensa com o assunto. -suspirei. -Ela rapidamente desviou, dizendo que queria conhecer minha secretária nova. Quando chegamos aqui, ela surtou.

-Sua mãe atacou sua secretária?

-Tentou…- apertei a ponte do nariz. -Ela apontou para Debby e disse que era para ela estar morta.- o loiro arregalou os olhos, ainda mais interessado. -E, depois, gritou o nome de Yuno Nagashaghi.

-Então sua mãe a confundiu com Yuno?

-Isso não é o mais importante.- cruzei as mãos abaixo do queixo. -Minha mãe sabe como Yuno Nagashaghi morreu. E provavelmente quem a matou.

-Nós dois sabemos que sua mãe não vai falar. Nos resta descobrir por conta própria. - anotou algo no celular. -Algo mais?

-Você quer saber da parte onde Debby foi sequestrada ou da parte onde ela foi estuprada? Ah, já sei! Que tal a parte em que ela é dependente de comprimidos para depressão, TOC e síndrome do pânico?

-Caralho… Isso tudo em poucos dias? Você é muito bom mesmo.

-Você parece estar se divertindo com isso.-quase fiz uma expressão incrédula.

-Só parece que os meus serviços estão sendo desnecessários, já que você descobriu tudo isso.-deu de ombros. -Ela está bem?

-Eu não sei. Ela está agindo normalmente.- soltei um riso fraco. -Normal até demais para alguém que matou um cara. Ela parece uma mafiosa, até…

-Espera… Ela matou um cara? Quem?

-Foi o cara que sequestrou ela. Dimitry Bianucci, se não me engano.-recordei. -Foi a sangue frio. Execução,  com direito a cremação improvisada.

-Então além de gostosa, ela é violenta, uh?-riu. -Imagina na cama...

-Selvagem e atrevida. Muito maliciosa…. Exigente. -divaguei.

-Por que diz isso?-me encarou. -Vocês dois…

-Essas marcas no meu pescoço foram feitas à quatro dias, estão começando a clarear agora.

-Porra! De todos os caras no mundo, ela deu justamente pra você?!

-Você fala como se fosse um insulto.- revirei os olhos.

-É um puta desperdício! - se levantou da cadeira. -Cacete...

-Ela está livre, se quiser.

-Eu sei que você não é de se apegar, mas não vai querer repetir a dose?

-O meu relacionamento com ela é estritamente profissional. -o encarei. -Não preciso de mais uma me enchendo o saco.

-Não acho que ela seja desse tipo.-estalou a língua. -Bom,  acho que devo investigar o tipo de relacionamento que sua mãe tinha com Yuno. Sinto que isso está longe de uma resposta concreta.

-Me mantenha informado. -me voltei para a tela do computador.

-Digo o mesmo. - e saiu.

Mas não fechou a porta corretamente.

Demorou alguns segundos,  e eu ouvi o barulho de alguém caindo no chão.

Me levantei e fui até a porta. Pela fresta, consegui ver Debby no chão,  enquanto Dake a olhava.

-Oh, mil perdões! - ele estendeu a mão para ela. Quando ele a ergueu, ela começou a arrumar as roupas.-Se machucou?

-Não,  estou b…-o olhou, parando de falar por um momento.-Bem…

-Ah, que bom.-suspirou, meio aliviado. -Desculpe ter te derrubado. Estava distraído.

-Não,  que isso. Eu que o diga.-sorriu. -Eu… Nunca te vi por aqui...

-Não frequento muito aqui… -deu de ombros. Esse desgraçado!-Mas acho que acabei de achar um motivo para isso.

-Ora…- ela riu baixo. -Eu sou…

-Debby Williams, a nova secretária.

-Como você…

-Eu sei de tudo.-Modesto? Nem um pouco.

-Nem é convencido.- ela arqueou uma sobrancelha.

-Só um pouco. -ele olhou o relógio no pulso. -Bom, eu tenho de ir. Há muita coisa que eu preciso fazer.-colocou as mãos nos bolsos. -Gostei de conversar com você,  senhorita. Quem sabe não saímos para tomar um café?

-Adoraria.

-Perfeito.-Deu uma piscadela. -Nos vemos.

-Ei, eu sequer sei o seu nome!

-Olhe para o cartão em suas mãos.

Quando caralhos ele colocou aquilo na mão dela?!

Dake saiu de fininho, com o sorriso presunçoso no rosto.

Ele foi… Rápido.

Cantou ela na primeira oportunidade que teve. E ela sequer hesitou em se esquivar.

Debby encarava o cartão em mãos com um sorriso no rosto.

Estalei a língua,  meio alterado. É claro,  eu estava com ciúmes. De novo.

Cheguei por trás dela.

-Terminou o que te pedi?- vi ela dar um pulo de susto, se virando na minha direção em seguida.

-Eu estava…Sala de arquivos-apontou para a mesa e para a porta da sala de arquivos ao mesmo tempo. Embolava as palavras, parecendo confusa.

-Não importa mais.-bufei. -Quero um café na minha mesa em cinco minutos.

-Sim, senhor Collins. -me encarou de cima a baixo, abrindo um sorrisinho irônico.

A menção do meu nome proferido por aqueles lábios…

Me virei e sai andando.

Aquela expressão… Tão segura, irônica. Me remeteu à ela, gemendo na minha cama.

Senti minhas calças ficarem mais apertadas. Oh, cacete.

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-E você realmente teve a audácia de aparecer aqui.

Eu o encarava com a minha pior expressão.

Minha vontade de sacar a arma e dar um tiro bem no meio da fuça dele.

-Que amor por mim, meu neto.

-Ora, cale-se.-rosnei,  batendo a palma contra a mesa. -Se não tem nada a dizer,  se retire.

-Você é um idiota! - se sentou. -É  incrível como você não se livrou daquela garota ali fora.

-Você realmente veio me encher o saco por causa da minha secretária? -arqueei as sobrancelhas. -Não tenho tempo para isso, velhote. Por que não vai jogar bingo ou xadrez ao invés de me amolar?

-Vá se foder.-mostrou o dedo do meio.-Estou aqui para defender-nos de uma possível ameaça.

-Que ameaça?

-Aquela garota não é o que diz ser!

-O que quer dizer com isso?-franzi o cenho.

-Abra seus olhos, moleque! -exclamou, batendo na mesa. -Note a semelhança!

-Escute aqui,  seu velhote! Você está fazendo um alvoroço por nada! Se quer confusão, vá para um bar, se embebede e arrume uma briga! Mas não aqui dentro! -falei tudo num fôlego só.  

-Se não quer me dar ouvidos,  então veja com seus próprios olhos! -agarrou meu pulso, me puxando para fora da sala.

Por mais que eu tentasse, ele apertava mais.

Provavelmente era só adrenalina.

Estava pronto para dar um soco ou um chute nele - o que parecesse mais viável.

Mas ele estancou no lugar.

Consegui me soltar e olhei para onde ele olhava. E ele parecia assustado.

-Alexander.

-Arlette...

Os dois mais velhos se encaravam.

Uma mistura de medo e ao mesmo tempo ternura. Mas, acima de tudo… Ódio.

Encarei minha secretária,  num olhar cúmplice. E ela concordou.

Aquilo não daria em boa coisa.