Castiel
A empurrei contra a parede, dando chupões em seu pescoço. Os gemidos eram a prova de que ela estava gostando.
-A porta a-ainda está aberta…- falou, arranhando meu coro cabeludo. -Alguém pode pegar a gente, ah!
Apertei um de seus seios, ainda por cima da camisa.
Ela revirou os olhos, em prazer.
-Ninguém vai entrar aqui.- respondi, atento a tentar subir sua saia.
-Até porque eu já estou aqui dentro.- ouvi dizerem.
Travei no mesmo instante, me afastando dela.
Olhei na direção da voz e engoli em seco.
-Cacete…-falei baixo.
-Por favor, não parem. O show estava ótimo.- minha mãe cruzou os braços, sorrindo ironicamente. Dirigiu um olhar de desprezo à mulher ao meu lado. -Achei que tivesse passado da fase de pegar bruacas, filho.
-Como é?- tive de segurá - la para não avançar contra a minha mãe.
-Querida, se olhe no espelho.-minha mãe a interrompeu. -Você tem dois minutos para ir até sua sala e arrumar suas coisas.
-Está me demitindo?- indagou, cética.
-Você não limpa os ouvidos?- minha mãe revirou os olhos. -Some, vadia.
-Humpf.- bufou, andando até a porta.
-Mãe, não precisava ser rude com ela…- coloquei as mãos nos bolsos.
-Cale-se, moleque. Você sequer sabe o nome dela.- minha mãe se serviu de um copo de whisky.
-É Kamilly.-sorri.
-Meu nome é Ginger, seu babaca!- e bateu a porta.
-É claro que sabe.- minha mãe riu.
-O que faz aqui?- perguntei.
-Vim te chamar para ir a um lugar.- contornou a boca do copo com o indicador.
-Seu marido não pode ir com você?- estranhei. Meu pai a acompanhava como se fosse uma sombra.
-O seu pai está me substituindo numa reunião.- seu olhar ficou vago por alguns segundos.
-E você não está lá porque tem de ir nesse outro lugar?- minha pergunta fora retórica.
-Prioridades…-deu de ombros. -Vai vir comigo?
-Nós dois sabemos que você não veio me chamar para ir com você, e sim obrigar.- eu disse.
-Você me conhece tão bem.- riu, terminando o whisky em um gole só. -Sugiro que troque essa roupa.
-Qual o problema com ela?- olhei para o terno em meu corpo, vendo se havia algo errado.
-Só troque.-jogou uma sacola em mim. -Você tem cinco minutos.- e saiu andando.
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-Você me trouxe para o último lugar que eu desejaria estar agora.- comentei, assim que pude ver todas aquelas pessoas. -Você é uma péssima mãe.
-Cale-se.-revirou os olhos, adentrando o lugar.
Música alta, conversa, risos, gritaria e muita -muita- gente amontoada. Aquilo estava parecendo uma boate em plena luz do dia. Só faltam as bebidas e luzes neon.
-Valérie?!- gritaram. Me virei na direção do grito, vendo uma mulher morena chegando perto da minha mãe.
-Um rosto conhecido, finalmente.- as duas se abraçaram. -Quanto tempo, Samantha.
-Vocês sempre foram melosas demais.- outra voz, uma com ar irônico. Uma loira se juntos as duas.
-Você quem sempre foi fresca, Adélaide.- a morena revirou os olhos, gargalhando em seguida.
Observei as três, completamente felizes por se verem.
Ótimo, reencontros.
Espera um momento… Se aquela loira está aqui, então significa…
-Ah, Cassy!- e um vulto loiro se grudou no meu braço. Olhei-a, com nojo.
-Ambre… Menos escândalo.- a mãe dela a olhou mortalmente.
-Eu só estava com saudades do Castiel, mamãe.- fez um bico.
Ainda assim, modos.- e virou-se. -Soube que a ‘safra’ do ano foi boa.
-E como foi.-a morena falou.
-Qual sua avaliação dos candidatos? - minha mãe indagou.
-Safra boa, disputa acirrada- Samantha brincou. -Todos são excelentes. Eu não sei como vou decidir isso no final.
-O seu julgamento sempre foi bom.-Adélaide segurou em seu ombro. -Mas você já está apostando em alguém?
-Não sou de favoritismo, Adélaide. E mesmo que fosse, não diria.- Samantha cruzou os braços.
-Você está me ignorando!- tive minha atenção desviada da conversa entre as três para a loira -ainda- agarrada ao meu braço. -Sabe que eu odeio ser ignorada!
Hm.- fui o mais monossilábico possível.
-Castiel!- a exclamação foi aguda e tive de tapar o ouvido. -Pare de me ignorar!
Revirei os olhos, permanecendo calado. Ouvi um rosnado da parte dela, que insistiu em ficar agarrada com o meu braço.
-Ele era mais baixo do que eu!- ouvi uma gargalhada que eu conhecia muito bem.
Da minha esquerda, vinha Debby, acompanhada de Kentin, Lysandre e Nathaniel. Ela usava um vestido -ou era uma camiseta?- com um corte em V um tanto grande, mostrando o sutiã com tiras dela. O cabelo preso em um meio rabo de cavalo estava liso, chegando até o fim de suas costas. Botas pretas nos pés e um chamativo batom vermelho. A tatuagem se destacando no braço de pele clara.
Ela sorria tão abertamente, que seus olhos comprimiam.
-Ah, não. Lá vem a vadia.- Ambre resmungou.
"Mas você já não está agarrada ao meu braço?"
Vi quem estava atrás dela.
-Olha só quem está ali! -Nathaniel apontou. -Castiel!
-Pare de ser escandaloso, Nathaniel! Você parece a sua irmã!- Adélaide brigou com ele.
-É ótimo ver a senhora, mãe.- revirou os olhos.
-Modos!- rosnou, dando um tapa na cabeça dele.
-Hey, hey, Adélaide! Sem violência, por favor.-Samantha a puxou.
-Nem parece que eu eduquei esses do…- parou de falar quando olhou na direção de Debby. Arregalou os olhos e as mãos começaram a tremer.
Puta que pariu, ela não vai ter um ataque aqui, vai?
-Está tudo bem, Adélaide?- minha mãe indagou a ela.
-Eu estou louca ou a Yuno está na minha frente?- perguntou, sem tirar os olhos de Debby, que a encarou de volta, com uma expressão amena.
-Eu não sou a Yuno.- negou. -Então fique tranquila.
-Você é…- Adélaide foi interrompida.
-A cópia dela, eu sei.- Debby riu forçado. -Muitos já disseram isso hoje.
É impressão minha ou ela estava meio revoltada?
-Me desculpe.- Adélaide disse.
-Sem problemas.- sorriu - dessa vez, sinceramente.
-Ah! Aí está você.- um cara se aproximou de Debby, a abraçando pelos ombros. -Já está quase na sua vez!
-A-Agora?! -Debby acabou engasgando. -Eu não estou prepara…
-Quem esteve ensaiando nas últimas semanas, a ponto de até quando está no banheiro, estar cantando?- o cara perguntou.
-Elliott!- ela deu um tapa no braço dele, corada.
-Você está mais do que pronta, baby! - beijou a bochecha dela. -Vamos, que você já está atrasada!
-Depois eu volto aqui para mais um tour, rapazes.- acenou para eles. Vi ela se afastando, mas parou e olhou na minha direção. -Boa escolha, senhor Collins.
E saiu gargalhando dali, sendo arrastada. Eu sabia que ela havia sido irônica. Sorri de escárnio.
-Por que ela te chamou de senhor Collins?- Ambre me indagou, confusa.
Percebi que todos aqueles olhares em mim.
-Ela é a secretária dele.-Lysandre respondeu por mim, sabendo que eu não iria abrir a boca.
-Ora e por que não me informou da vaga?- olhou o irmão.
-Você não organiza nada, Ambre. Não iria durar dez segundos.- Nathaniel respondeu.
A expressão de Ambre denunciou o sentimento de ofensa. Mas ela não pode dizer nada. As luzes do grande palco piscaram.
Mesmo sendo dia, o tempo nublado deixava que as luzes tivessem destaque.
-Senhoras e senhores… A nossa próxima apresentação é uma das músicas mais conhecidas da nossa homenageada de hoje.- a voz ecoou pelas caixas de som. -Mas vocês vão se surpreender. Por quê? - ouviu-se gargalhadas. -É com você, querida.
Então percebi que ela já estava no palco, de cabeça baixa e com as mãos juntas na frente do corpo.
Uma mistura de piano com algum tipo de murmúrio ecoou. Ela levantou a cabeça e abriu os olhos, começando a cantar.
Waiting for the time to pass you by / ( Esperando que o tempo passe para você)
Pude ver seu rosto no grande painel ao lado do palco. Ela sorria.
Hope the winds of change will change your mind / (Espero que o vento da mudança faça você mudar de ideia)
I could give a thousand reasons why / (Eu poderia te dar milhares de motivos)
And I know you, and you've got to / ( E eu te conheço, e você tem que)
Estendeu as mãos para a frente, ao mesmo que várias outras surgiam atrás de si. Juntos, começaram a estalar os dedos.
-Ela remixou essa música?-minha mãe parecia surpresa, assim como Adélaide. Samantha tinha um sorriso no rosto.
Make it on your own, but we don't have to grow up / (Traçar seu próprio caminho, mas não temos que crescer)
We can stay forever young / (Podemos ficar jovens para sempre)
Living on my sofa, drinking rum and cola / ( Vivendo no meu sofá, bebendo rum e coca-cola)
Underneath the rising sun / (Sob o sol nascente)
I could give a thousand reasons why / (Eu poderia te dar milhares de motivos)
But you're going, and you know that / ( Mas você está indo e você sabe que)
Debby abriu um pouco as pernas, gesticulando e fechando os olhos, enquanto que pessoas saiam de trás dela, ao ritmo que ela cantava.
All you have to do is stay a minute / (Tudo o que você tem que fazer é ficar por um minuto)
Just take your time / (Leve o tempo que precisar)
The clock is ticking, so stay / (A hora está passando, então fique)
Notei que, em algumas palavras, um remix se sobrepunha. A palavra era dita novamente, junto a ela, só que com um tom mais grave, ao fundo.
All you have to do is wait a second / (Tudo o que você tem que fazer é esperar um segundo)
Your hands on mine / (Com suas mãos nas minhas)
The clock is ticking, so stay / (A hora está passando, então fique)
Ela ergueu a mão, contando ‘3, 2, 1’. As luzes piscaram com o estalo da música e, em seguida, pareciam seguir o mesmo ritmo.
Todos no palco realizavam uma coreografia, com direto a mortais, estrelas e jogada de cabelo.
All you have to do is / (Tudo o que você tem que fazer é)
All you have to do is stay / (Tudo o que você tem que fazer é ficar)
Apenas Debby ficou em pé, ao centro do palco. Levantou um braço lentamente, e as pessoas do lado direito se levantaram junto.
Won't admit what I already know / (Não vou admitir o que eu já sei)
Levantou o outro braço e as pessoas do outro lado também fizeram o mesmo.
I've never been the best at letting go / (Nunca fui a melhor em desapegar)
Agora todos cruzaram os braços em X sobre o peito, abraçando-se.
I don't wanna spend the night alone / (Não quero passar a noite sozinha)
Guess I need you, and I need to / (Acho que preciso de você, e eu preciso que)
Da esquerda para a direita, eles foram girando, em perfeita sincronia.
Estalando os dedos, espalharam-se pelo palco, às vezes até batiam palmas.
Make it on my own, but I don't wanna grow up / (Traçar meu próprio caminho, mas não temos que crescer)
We can stay forever young / (Podemos ficar jovens para sempre)
Living on my sofa, drinking rum and cola / ( Vivendo no meu sofá, bebendo rum e coca-cola)
Underneath the rising sun / (Sob o sol nascente)
I could give a million reasons why / (Eu poderia te dar um milhão de motivos)
But you're going, and you know that / ( Mas você está indo e você sabe que)
Ela voltou ao refrão e, dessa vez, o público a acompanhava, batendo palmas. Pude ver um brilho de felicidade passar pelos olhos dela.
Realizaram a coreografia mais uma vez e viraram um para cada lado -um grupo para a direita e o outro para a esquerda.
Debby andou até a ponta do palco, ajeitando o microfone.
All you have to do is stay / (Tudo o que você tem que fazer é ficar)
So stay, yeah / (Então fique)
Mais uma vez, ela contou ‘3, 2, 1’ e uma explosão de gelo seco e chuva de prata foi na direção do público, que gritou, comemorando.
Ela continuava a cantar, acompanhando a coreografia.
Foi andando, no ritmo, até parar no meio do palco, com todos os dançarinos ao seu redor.
Stay / (Fique)
E a música terminou.
Gritos, palmas e alvoroço se formaram.
Eu estava até impressionado, admito.
-Nem foi tão bom assim.-ouvi Ambre bufar.
-Inveja mata, irmãzinha.- Nathaniel cutucou.
-Não estou com inveja daquelazinha.- ela finalmente soltou o meu braço. -Eu tenho que me arrumar, Cassy! Espero que fique até a minha apresentação, às seis. - me mandou um beijo de longe e saiu rebolando. Acabou trombando com Debby e ambas se olharam por cima do ombro. Ambre empinou o nariz e continuou a andar.
Debby arqueou as sobrancelhas, negando com a cabeça.
Antes que pudesse abrir a boca, ela foi abraçada, erguida e girada por Kentin, que deu um beijo com um estalo alto na bochecha dela. Quando a colocou no chão e se afastou, Debby fez uma cara de nojo e passou a mão pela bochecha.
-Você deixou suas bactérias aqui!- deu-lhe a língua, ainda esfregando o rosto.
-Você foi… Uau.- ele estava admirado.
-Eu errei um passo.-cruzou os braços. -De qualquer maneira, eu tenho de me preparar para a próxima apresentação.
-E que horas será?-perguntei, vendo ela me olhar.
-Às seis.- respondeu. -Uma apresentação conjunta dos integrantes do curso de Ídolos.
-Você parece bem animada. -Lysandre comentou.
-É a adrenalina que ainda não baixou. Minhas mãos ainda tremem.-mostrou as mãos. -Bom, eu só tenho duas horas para me arrumar. Se eu não for agora, vou levar uma panela na cabeça.-Kentin começou a rir. -Ah, você está rindo, né?-agarrou o colarinho da camisa dele. -Vou te deixar levar uma na sua cabeça. Melhor ainda! Vou deixar você e o Alexy presos num quarto.- o assustou. -Não garanto que você vá sair inteiro de lá.-gargalhou maliciosa. -Vejo vocês.- deu um beijo na bochecha dele e o soltou. Acenou para todos e saiu andando.
Aquilo sim era uma rebolada!
-Kentin tem algo com ela?- perguntei baixo ao Lysandre.
-Os dois se conhecem a tempos e até fizeram aulas de teatro e dança juntos.- deu de ombros. Bufei. -Não se preocupe. O máximo que os dois chegam agora é numa amizade bem íntima. Completamente inocente.
-Não estou preocupado.-revirei os olhos.
-Sua cara diz o contrário.- riu de mim.
Por mais que não quisesse admitir, aquela informação havia acalmado o meu coração.
Estalei a língua.
O quão tapado eu conseguia ser?
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