Acordo e me sinto um pouco mais descansada pela primeira vez desde que comecei a estudar medicina na Universidade de Tóquio, que por sinal é a melhor. Não é que eu queria me gabar, mas estudei muito para conseguir uma vaga e sou uma ótima aluna, mais do que isso, os representantes da Universidade se referem a mim como: menina prodígio. O que de fato é verdade, considerando que quando entrei no curso meu nível de conhecimento estava tão avançado que acabei por pular dois anos do curso e agora com 19 anos de idade me encontro no terceiro ano de Medicina, isso soa tão impossível né? Eu também acho, mas acredite, é verdade. Mas ainda continuo sendo tão humilde como quando cheguei aqui, a diferença é de que as pessoas de hoje em dia me aceitam melhor e me respeitam mais do que no ensino médio, pois lá, eu era apenas a nerd esquisita, de cabelo rosa, onde ou me ignoravam ou humilhavam. Fiquei um pouco louca quando me convocaram para uma reunião com todos os professores, a reitora de Medicina Tsunade, que é minha tia, incluindo o reitor da Universidade, todos ficaram impressionados e encantados com tudo que eu sabia. Questionaram a mim e a si mesmos como aquilo era possível, nem eu sabia a resposta, quer dizer, eu sempre fui muito curiosa, vivia lendo todos os livros que via pela frente, tia Tsunade incentivava me mostrando e encantando com o mundo dela, esse da qual chamamos de Medicina. No entanto, não imaginava que daria nisso. Passei por muitos testes, tive que protagonizar vários seminários que resumiram os dois anos letivos de conteúdos que os professores deveriam lecionar para os alunos. Mestres e doutores me assistiram, ficaram boquiabertos, aquilo não era pra ser possível, mas foi possível. Tanto é que estou aqui hoje.
Entrei na faculdade faz oito meses junto com Ino e Hinata que estudam psicologia. Moro em um pequeno apartamento que fica a 30 minutos da faculdade, isso se for de ônibus, a pé é outra história. Não venho de família rica, pelo contrário, minha família é muito simples, eu morava com eles e meu irmão pequeno chamado Konohamaru que tem oito anos e é o amor da minha vida. Nasci e cresci em Konoha, uma cidade pequena do interior, é lá que vive minha família. O lugar onde estou agora, foi presente da minha tia, ela insisti em pagar o aluguel, por que por enquanto, não tenho nenhuma renda, nenhum emprego e meus pais não têm condições de comprar ou manter um lugar.
Me remexo na cama estranhando o fato de meu celular não ter alarmado ainda, é impossível eu acordar sem ele. Então a contra gosto estico o braço até o criado mudo ao lado da minha cama e acho a merda do celular e descubro o porquê de estar tão descansada. São 9:30 da manhã! Estou muito atrasada. Perdi duas aulas importantes da qual eu nem lembro o nome, mas sei que estou ferrada, se eu correr dá pra chegar a tempo pra aula de anatomia, estou estudando o conteúdo avançado, esqueci de mencionar que minha grade de aulas não é comum, eu pago as matérias do terceiro ano, incluindo outras mais avançadas. Tenho esse “luxo”, mas o professor de hoje não tolera atrasos, nem do reitor. Tenho que admitir que ele é um pé no saco e péssimo na área de compartilhar conteúdo, mas fazer o que? Faz parte.
Pulei da cama indo direto pro banheiro, fiz minha higiene matinal e tomei meu banho mais rápido, corri abrindo o guarda roupa e pegando a primeira calcinha que vi, sendo ela azul claro com florzinhas cor de rosa (não me julguem), peguei um sutiã de renda branca, parecia um croped e vesti, depois do que pareceu uma eternidade achei uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, a vesti em tempo recorde. Vesti por cima do sutiã uma regata branca que tinha a frase “Explicit Content” na parte da frente, de alças finas, caia até quatro dedos abaixo do fecho da calça. Procurei um sapato, da Adidas banca com detalhes pretos, podia dizer que era uma basqueteira, mas não tinha o cano longo. Penteei meus cabelos, prendi em um coque frouxo, odeio esses prendedores de cabelo por isso aproveito que meus fios são longos e sempre dou um nó.. rsrs... apliquei um pouco de rímel para destacar os olhos e um batom rosa praticamente da cor dos meus lábios, não combinou muito com o look, mas cá entre nós, eu nunca liguei pra isso, então não tô nem aí. Coloquei um par de brincos dourados bem pequenos em formato de flor, coloquei um relógio também dourado; peguei o cordão que ganhei do meu irmão antes de me mudar, tem dois pingentes, uma âncora e uma pequena flor, era meu amuleto. Borrifei um pouco de perfume no pescoço e nos pulsos, peguei minha mochila marrom que já estava pronta com alguns materiais dentro, guardei o celular dentro junto com o carregador e peguei o livro de anatomia e corri pra fora do apartamento, depois eu como alguma coisa.
Corri pro ponto de ônibus que ficava na esquina do prédio que moro, um minuto a mais e eu perco o ônibus, corri pra dentro dele, paguei minha passagem e fiquei em pé mesmo, estava lotado. Olhei rápido para o relógio e são exatamente 9:48, faltam 32 minutos para a aula de anatomia começar, rezo para que o carrasco, chamado Ebisu (isso é nome de gente? Me pergunto isso desde que o conheci, ele é um bom professor, mas é insuportável), cujo chamamos de professor/ Mestre, se atrase pelo menos uns 5 minutos, isso é quase impossível, entendam, o cara nunca se atrasa, exceto quando está de ressaca.
Passados 32 minutos, 32! O ônibus atrasou e eu fiquei mais atrasada ainda, corro desesperada em direção ao bloco de Medicina, corro mais um pouco e vejo a sala de anatomia, olho pro meu relógio novamente só pra constar que são 10:40! Puta merda, me lasquei. Estou sentindo que vou passar vergonha na frente de uma turma inteira, fico parada em frente a porta fechada criando coragem para bater e entrar, respiro fundo e enfim estou pronta (só que não) para levar bronca. Bati na porta duas vezes e abri a porta, entrando parte do corpo para dentro e para minha surpresa não vejo o carrasco, pior ainda, vejo a superior dele, Tsunade ao lado de um homem, ela para de falar, o homem e a turma inteira olham pra porta, olham pra criatura de cabelo rosa parada na porta, atrasada e interrompendo alguma coisa importante, que vergonha meu Deus.
- Bom dia. – falo baixo, pigarreio e volto a falar- Posso entrar? – pergunto um pouco mais firme e aposto que estou vermelha de tanta vergonha. Odeio chamar atenção. Ela arqueia uma sobrancelha e me olha claramente irritada por ter sido interrompida. Engulo em seco, odeio quando ela me olha assim.
- Está atrasada. – fala rigidamente – Queira dividir conosco o motivo para seu atraso, hm? – pergunta séria. Ela adora me fazer passar vergonha, mas nesse momento estou odiando isso.
- Alguns problemas Senhora. – falo e abaixo o olhar. Eu não menti, acordei tarde por ter tido mais uma noite de pesadelos com meus ex namorado, lembranças horríveis e também, obviamente, por estar fisicamente e mentalmente cansada por conta da correria.
- Os mesmos de ontem? – ela insiste, me olhando agora de maneira preocupada. Levanto o olhar e lhe encaro, por que ela tem que ser tão indiscreta assim? Aff.
- Sim. São os mesmos. – falo um pouco triste, mas me recupero ao lembrar que tem mais de 40 alunos me olhando agora – Senhora Tsunade, posso entrar ? – pergunto impaciente.
- Entre e que seja a última vez. – exigiu. Eu apenas assenti.
Mas que merda! Entro totalmente na sala e ando em direção a uma cadeira vazia, sinto todos os olhares em cima de mim, ainda bem que não é uma das cadeiras da frente. Fiquei na quinta fileira, quarta cadeira. Coloco minha mochila no chão, o livro na mesa e olho para Tsunade e me pergunto quem é esse homem ao seu lado? E onde estaria o professor? Como se lê-se minha mente ela volta a falar.
- Como eu dizia, este é o Doutor Sasuke Uchiha. De agora em diante ele lecionará Anatomia patológica para algumas turmas, incluindo essa. – fez uma pausa e com uma mão massageou a testa e voltou o olhar para a turma – Ebisu teve que se ausentar por motivos familiares, isso é tudo que saberão sobre o assunto, por tanto não quero perguntas, isso é tudo. Tenham uma boa aula. – olhou para o novo professor e acenou com a cabeça, passou a andar rumo a saída. Mas parou na porta e olhou para a turma novamente, particularmente para mim – Na minha sala, depois da aula Haruno. – Foi a única coisa que disse e por fim se retirou. Suspirei fechando os olhos. Já até imagino o sermão que vou levar hoje. Fiquei presa em pensamentos por uns instantes até me lembrar do novo professor. Olhei em sua direção e ele continuava do mesmo jeito, olhando para a turma, impassível e com uma expressão irritada e entediada. Parando para analisar, ele não parece um professor, eu diria que parece mais um aluno, aparenta ser muito jovem. É alto, corpo másculo, um verdadeiro colírio para os olhos, está usando uma calça jeans preta, camisa social branca, a mesma encontra-se dobrada até os cotovelos, deixando-o realmente sexy, sapatos pretos com o símbolo da Nike em branco. Volto meus olhos para seu rosto e me surpreendo mais ainda com os detalhes, tem barba, sim, uma linda barba muito bem feita por sinal, subitamente sinto a boca seca, a barba deixa-o com o aspecto mais velho e responsável, lábios rosados e médios, muito bonito, olhos ônix e cabelos escuros, se Ino estivesse aqui, com certeza diria que estamos diante de um deus grego, pedaço de mal caminho, etc. Mas eu digo que é um homem, sexy e muito, muito bonito. Ouço alguns suspiros e percebo que as meninas da sala estão babando por ele. Ainda bem que eu permaneço com o semblante sério, por fora pelo menos. Porque por dentro estou babando igualmente pelo professor delícia. Ele revira os olhos e finalmente resolve falar.
- Bom dia a todos - saudou com sua voz mansa e grave sentando em cima de sua mesa e encarando a turma – Todos já me conhecem, mas não conheço nenhum de vocês, eu sei que é clichê demais, porém já perdemos 20 minutos de aula, tenho todo o conteúdo para a continuar de onde o outro professor parou- deu uma pausa e respirou fundo- Mas não estou com vontade de dar aula hoje, nem muita disposição, vou contar um segredo a vocês- disse com um sorriso de canto e prosseguiu – Tô com uma puta ressaca, por isso, se importam se não tivermos aula hoje? -perguntou com a maior cara de pau.
- O professor é dos meus. – algum aluno comentou.
- Êê a festa foi boa né professor?! – outro idiota comentou. E o lindo do professor apenas sorriu de canto novamente.
- Tava ótima. – falou rindo – Quero que todos vocês se apresentem, começando por você – apontou para um rapaz da primeira cadeira, primeira fila a direita. – Vamos, diga seu nome, idade, de onde é e porque escolheu Medicina.
E assim continuou, todos fazendo o que ele mandou, algumas vezes o Senhor Uchiha soltava uns comentários e perguntas aleatórias com alguns alunos, percebi que ele não era tão serio quanto aparentava quando eu entrei na sala, ou é o que parece. Me perdi no que todos falavam até que alguns olhares se viraram para mim.
- Sua vez. – ele disse e eu o encarei um pouco assustada por ter que abrir a boca e tantas pessoas me olhando, com esses ônix me encarando e analisando. Ele deu um sorrisinho de canto e senti meu corpo arrepiar. O que eu digo?
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