História Projeto Delta 23 - Resgate de Inumanos - Parte I

Base PD23 – Localização Desconhecida

Sala de desenvolvimento

35 dias após o acidente com Mike

~Alícia Deville~

— Acha que ele vai conseguir? — perguntou Adriana;

— Não, eu acho que não — neguei com a cabeça;

— Aposto cem pratas que ele vai arrebentar a calça no próximo exercício — disse a morena e eu ri tapando a boca para disfarçar, fitei Phillip pelo canto do olho para ter certeza que ele não estava ouvindo nossos cochichos. O jovem cientista observava atentamente enquanto Jack segurava com a força da mente um bloco de dez toneladas bem acima da sua cabeça, era nítido que ele havia melhorado bastante desde a primeira sessão de desenvolvimento.

— Por que... eu tenho ...que segurar essa... coisa... em cima... da minha cabeça... mesmo? —perguntou Jack com dificuldade.

— Para que a sua mente saiba que se deixar essa coisa cair vai esmagar seu corpo! — respondeu o cientista.

— Nossa, obrigado! Isso foi motivador! — respondeu Jack;

— Esta bem, já chega! — disse Drina que também estava no local, ela monitorava as funções cerebrais de Jack apenas com um tablet e agora Phillip conferia o desempenho do garoto.

— Foi muito bem Jack, sua evolução é pertinente. — elogiou. Drina veio até nós e nos encarou com seus olhos azuis, em seguida fitou o tablet e mordeu seu lábio inferior.

— Hã.. Alícia... Parece que é a sua vez de ter o DNA revirado pelo Lipe — ela sorriu enquanto o rapaz parava-se ao seu lado;

— Relaxa Alli não é tão ruim! — ele retirou o objeto das mãos da colega de trabalho.

— Hey, isso é meu! — protestou Drina o seguindo;

— Mas não é pessoal é do laboratório — disse Lipe sem entender, nós os seguimos em silêncio;

— Mas... mas eu sempre uso esse, aquele outro é um pouco mais lento, eu gosto deste! — continuava Drina, Lipe suspirou e entregou o tablet para a garota.

— Eu aposto que um dia ainda viram um casal! — cochichou Drica para mim, eu apenas soltei um risinho discreto. De fato os dois estavam bem mais próximos do que um mês atrás, mas não acreditava que seriam um casal.

— Toma então  e pare de reclamar sua chata! — respondeu Phillip;

— Viu só meninas é por isso que ele tem oito ex-namoradas! — Drina se virou para nós quandro entravamos no laboratório, é claro que rimos.

— Caramba, oito? — perguntou Drica;

— Porque todo mundo faz piada com isso meu Deus? É tão sobre humano assim ter oito relacionamentos que não deram certo? — ele largou as coisas em cima de uma bancada;

— Piada com o que? — perguntou Mike se aproximando;

— Das oito namoradas — respondeu Drina distraída com algumas anotações;

— Nossa mãe! — Mike riu e bateu nas costas do amigo — Oito namoradas... Ser congelado por um cajado de dois mil anos, as pessoas não esquecem cara.

— Eu bem sei... Alícia vamos passar para a minha sala? — perguntou  o jovem doutor, eu corei, mesmo já o conhecendo a um mês era estranho não corar com um cara bonito lhe chamando para sua sala, espero apenas que ninguém perceba que eu corei, mas pelo visto Drica já sacou, aquele sorrisinho maroto não era bom. Segui Phillip deixando os outros para trás.

Já em sua sala, ele analisava o exame de sangue que havia colhido há uma semana.

— Humm....Assim como o sangue de todos, o seu também tem aquela composição desconhecida, inumana... — ele virou a página — ... Mas, temos a presença de elementos químicos encontrados apenas no núcleo terrestre, na composição do magma, e provavelmente é isso que a faz controlar  a terra e seus diferentes estados. Talvez você consiga controlar um vulcão, sabia?

— Nossa, parece incrível! — respondi, mas não me sentia tão animada com os poderes, na verdade a saudade do meu irmão pesava bastante, ficar meio que presa na base também, mesmo que eu saísse até uma outra base para terminar meus estudos medicinais, não era como ir na esquina e comprar pão, ficar pulando os  quadradinhos da calçada ou fugir do cachorro do vizinho durante o percurso.

— E realmente é, já no seu sistema nervoso não há nada de anormal mas quando usa os poderes, as células nervosas se multiplicam e você fica muito sensível, já notou? — perguntou;

— Sim — esfreguei as mãos nos joelhos, estava nervosa.

— Pois bem... — ele iria continuar porém a voz de Marie foi ouvida em toda  a base;

— Atenção, Coulson solicita a presença de todos os agentes do PD 23... atenção, todos os agentes do PD 23 dirijam se agora para o meu computador. — repetia o sistema operacional e eu gelei;

— O que será que aconteceu? — perguntei, já muito assustada e praticamente tremendo;

— Não sei, vamos conferir — ele se levantou, fiz o mesmo e saímos da sala.

(...)

Já na frente do computador, com todos os quinze agentes presentes, Coulson começava a saciar as dúvidas dos apreensivos;

— Acalmem-se e fiquem quietos! — ele pediu;

— Queremos saber o que aconteceu — insistiu Maggie;

— Já saberão — ele abriu um holograma — As imagens Marie...

— Sim, senhor! — respondeu o computador, logo um vídeo apareceu, era de um canal de notícias e estavam divulgando a imagem de um garoto asiático, identificado como Sans Glander Shanna, em seguida um vídeo foi exibido mostrando o garoto sumindo do nada no meio da rua segundos antes de ser atropelado por um carro, e se não bastasse ele reaparece na calçada e em seguida foge.

— Que porra é essa? — pergunta Ken frazindo o cenho;

— Este é Sans, Mariee... — pede Coulsn e o computador mostra uma ficha dele — É australiano e mora em Sidney com o pai, estamos observando ele a algum tempo, porém agora parece que todos o conhecem, precisamos entrar em ação antes que a Hidra chegue e o capture. — explicou Coulson;

— E vamos fazer o que? Juntar ele a equipe? — perguntou Brook, confusa;

— Não, vamos orientá-lo, ele ficará  sobre nossa proteção e monitoramento por algum tempo. — respondeu o diretor — Mas não é só isso.... Parece que a Hidra já entrou em ação.... — Marie passou do canal de notícias para um vídeo de uma câmera de segurança no qual uma garota havia sido capturada por alguns homens. — Esta é Aurora Evans e esses caras eram da Hidra, ela foi capturada e provavelmente possui algum poder, pela bolsa que ela perdeu encontramos digitais que nos levaram a Donald Levien — nesse momento uma foto dele apareceu — .... agente da Hidra e eu sei onde encontrá-lo.

 — Não estou gostando nada disso — comentou Drica e nós trocmos olhares nervosos.

— Certo e o que faremos? — perguntou Olson;

— Vamos nos dividir em dois grupos: Eu, Mike, Alícia, Jason, Maggie, Drica,Bandon e Danielle seremos um grupo,  Phillip, Drina, Ken, Brook ,Scarlett, Roddy, Jack e Maicon o outro. O primeiro deve trazer Sans em segurança para a base e o segundo irá encontrar a garota Aurora, parece simples mas não é! — Coulson lançou seu típico sorrisinho, o qual naquele momento se tornou assustador.

Voltei para o meu quarto e arrumei uma mochila, minhas mãos tremiam sem parar e eu só conseguia pensar em como um dia seria uma renomeada cirurgiã com mãos tão trêmulas. Drica entrou em meu quarto de repente e notou que eu não estava nada bem, ela pegou minhas duas mãos e sentou comigo na cama:

 — Alli, você precisa ficar calma, okay? Eu estou aqui e independente do que acontecer eu estarei sempre aqui para qualquer coisa. Não vou te abandonar nunca, entendeu? Eu te dou a minha força e você me da a sua inteligência, que tal?  — ela sorriu, e eu sorri também, com uma lágrima descendo pelo rosto, em seguida nos abraçamos fortemente. Drica em pouco mais de um mês se tornou a minha base, meu porto seguro que me mantinha de pé e me dava coragem, acontecesse o que acontecesse, assim seria até o final.

Sidney – Austrália

Aeroporto 

~Jason Wake~

— Alguém viu ele? — perguntou Mike pelo comunicador. Estávamos no aeroporto de Sidney esperando para que o garoto Sans aparecesse, pois o mesmo havia comprado uma passagem para o Canadá. Eu estava na ala norte, segundo andar mas podia ver Coulson no térreo, e agora Danielle e Drica subiam pela escada rolante usando vestidos coloridos e óculos escuros, e estavam acompanhadas por muitas malas.

— Nada na ala norte, segundo andar! — comuniquei para Mike que monitorava toda a ação de uma van estacionada ao lado do aeroporto.

— Nem no térreo! — respondeu Coulson.

— Nada nas lanchonetes! — respondeu Brandon;

— Meninas? — perguntou Mike;

— Vamos nos sentar aqui em algumas poltronas e aguardar! — respondeu Drica;

— Estou vendo vocês, parecem duas toalhas de mesa com esses vestidos. — comentei seguido por uma risada;

— Eu falei que a gente tava ridícula! — comentou Elle, eu sorri pois estavam mesmo.

— Jason, foque na missão! — advertiu Coulson.

— Sim, Senhor! — respondi seriamente, olhando a minha volta e em seguida me escorrei no corrimão a minha frente.

— Gente, gente! Acho que ele acabou de chegar de táxi, estou vendo pela câmera da entrada. — berrou Mike animado, o barulho de sua voz cortou meus tímpanos e uma carreta escapou pela minha face.

— Mike para de gritar — advertiu Elle, entre dentes;

— Desculpe, okay... recompondo... ele está entrando agora! — continuou o cientista, me virei para a entrada e o vi, usava um moletom com capuz e óculos escuros, fitei Coulson e ele assentiu, era mesmo ele. O garoto olhou para os dois lados antes de seguir pelo vão de entrada com sua pequena mala e passaporte em mãos.

— Drica e Elle, Sans está subindo pela escada rolante, fiquem atentas! — falei pelo comunicador;

— Certo! — concordou Elle;

Sans subiu a escada rolante atento a tudo que acontecia a sua volta, ou quase tudo pois nem desconfiou quando Drica e Elle o seguiram até a sessão de bagagens, era o momento para entrar em ação. Segui rapidamente para a sessão de embarque e desembarque, passei apressado pelas pessoas tentando ao máximo evitar esbarrar em alguma, me aproximei da moça que se preparava para a checagem dos passaportes.

— Oi — disse sorrindo abertamente;

— Olá — a loira retribuiu o sorriso;

— Você precisa colocar o rasterizador na entrada usb do laptop e ocupar ela por uns.... vejamos, cinco minutos. — disse Mike pelo comunicador, a questão era de onde arranjar cinco minutos com aquela mulher?

— Eu estou com um... é um problema na minha passagem! — falei seriamente;

— Desculpe senhor, terá que ver isso com outro setor lá no térreo na, administração. — ela disse atenciosamente, espiei por cima de sua bancada e vi a entrada do Laptop  e ao lado havia um porta caneta, clips e outras coisas, um pensamento rápido me veio a mente.

— Bom... é que não tenho certe... — gesticulei com as mãos de uma forma que o porta canetas caiu no chão na minha lateral direita — Caramba,desculpa moça eu sou um desastrado — enquanto eu lamentava ela se agachava para juntar os objetos e eu rapidamente fiz o que tinha de ser feito e me abaixei para ajudá-la;

— Tudo bem senhor, acontece! — ela sorriu;

— Ótimo agora ela não pode perceber! — queria dizer ao Mike que eu sabia disso, então olhei para a câmera mais próxima e mostrei o dedo do meio.

— Nossa mãe, desculpa cara... desestressa e foca na missão por favor! — ele disse indignado, me levantei assim que a moça se levantou a puxei pelo braço e fitei seus olhos cor âmbar;

— Deixe que coloco isso no lugar— segurando seu braço tirei delicadamente o porta lápis de suas mãos e o pus na bancada.

— Obrigada! — ela agradeceu;

— Bom, talvez você pudesse dar uma olhada no meu passaporte, eu não tenho certeza se está correto, me parece que peguei um voo com uma escala a mais — menti e comecei a fingir que estava procurando a passagem em meus bolsos.

— Tudo bem senhor! — ela respondeu e antes que pudesse voltar a bancada eu coloquei em suas mãos, fitei nervosamente a câmera;

— Calma eu estoi indo.... calma... só mais um pouquinho. — disse Mike pelo comunicador enquanto hackeava o sistema do aeroporto.

— Seu voo faz escala em Paris, Madri e Montreal. — ela disse após analisar a passagem;

— Mas, tem certeza? Porque eu tenho certeza que comprei um voo que não fizesse nenhuma escala na américa! — ri de nervoso mesmo, estava suando frio, ela fitou a passagem novamente, tinha que ser agora... Por favor Mike.... Por favor.

— Jason? — ele disse pelo comunicador como se eu pudesse responder, fitei a câmera e revirei os olhos;

— Esta tudo certo senhor — a moça disse me entregando o passaporte;

— Qual é horário de embarque mesmo? — perguntei;

— Jason... eu... eu consegui, sai dai agora! — disse Mike, ''Ufaa'' pensei aliviado, eu não tinha mais argumentos, quando a moça baixou os olhos para a passagem me pus ao seu lado fingindo procurar também, e com a mão oculta em suas costas desconectei o rasterizador e o trouxe até meu bolso.

— Aqui, três e trinta! — ela disse e me estendeu a passagem novamente;

— Ótimo, muito obrigado... — fitei seu crachá — ... Livia, você tem lindos olhos por sinal! — elogiei e observei ela corando enquanto me afastava, acho que mandei bem.

— Esta feito Coulson! — comuniquei ao chefe;

— Bom trabalho Jason, meninas? — chamou Coulson, aproveitei que estava longe e fitei a esteira das bagagens, as avistei conversando e Elle ativou o comunicador;

— Estamos vendo o Sans, ele acabou de deixar a mala, esta passando no detector de metais agora — ela disse;

— Certo, o acompanhem, chegou a hora, Mike você precisa bloquear as portas no momento certo e Maggie? — chamou Coulson.

— Opa, na escuta senhor! — ela respondeu.

— Onde você está? — perguntou o diretor;

— No banheiro do avião — ela cochichou — E antes de tudo queria dizer que essa roupa não é do meu tamanho, meus peitos estão como dois melões atropelados — comentou, eu tive que segurar a risada pois ela parecia bem irritada.

— Maggie, creio que não é hora para esse tipo de coisa! — Coulson respondeu em um tom mais sério ainda;

— Quando eu era a Caveira Fantasma eu podia usar as roupas que eu quisesse, eu roubava até mesmo de pijama,mas tudo bem.... sou uma aeromoça, tenho que sorrir, acenar e fugir pelo vão de embarque. — ela respondeu;

— Desculpe atrapalhar a discussão de vocês maaas... o Sans vai passar agora pela checagem então eu e Drica vamos acompanhar ele, só vamos nos benzer antes okay? Câmbio, desligo, maydei! — Elle disse e eu ri;

— Caramba não é para falar isso Elle, meidei é um código aeronáutico para socorro! — tentei tampar  a boca para não rir mais, eu podia ver Coulson revirando os olhos daqui.

— Okay meninas, façam como o.... — naquele momento outra pessoa entrou na nossa linha;

— Gentee... gente... tem um probleminha aqui! — chamou uma voz masculina, meu cérebro demorou um pouco para assimilar que era Brandon.

— Qual é o problema? — perguntei;

— Tem uns caras aqui... estranhos... estão de preto e de óculos parecem o Coulson só que mais maus.. — ele respondeu;

— Hidra — disse Coulson;

— Droga, me notaram... — disse Brandon;

— Brandon? — chamei, ouvia apenas a sua respiração invadindo o comunicador, sai correndo na mesma hora em direção a lanchonete;

— Jason preciso que você ajude Brandon agora — disse Coulson;

— Já estou indo diretor! — falei, eu sabia que iria dar merda. Que droga!

Corri rapidamente passando pelas pessoas, esbarrei em várias delas, o aeroporto estava bem movimentado principalmente na direção em que Jason estava. Cheguei na lanchonete e girei nos calcanhares procurando pela face dele ou qualquer coisa estranha até perceber um tumulto na direção dos sanitários, eram os caras de preto, Brandon estava enfrentando um deles corpo a corpo até que o atirou em cima de uma das mesas, ele saiu correndo derrubando uma lata de lixo atrás de si na esperança de atrasar os outros. Corri o mais rápido possível pois eles já estavam sacando as armas e pareciam não se importar em quantos civis atingissem antes de matar Brandon.

Região Portuária de Manhattan —Nova York— EUA

~Kenneth Stone~

— Mas... Mas por que eu? — choraminguei enquanto seguia Brook pelo quinjet.

— Jack é um adolescente e o Roddy... — ela parou o que estava fazendo — ... você sabe. Leve como um elogio Ken, eu levaria numa boa. — admitiu. Foda-se se era um elogio ou não, ser a ‘’isca’’ nunca é legal, ainda mais em uma missão tão perigosa onde qualquer erro me levaria direto para as mãos dos inimigos, vivo ou morto dependendo da boa vontade deles.

— Ahhh qual é ... — continuei protestando — ...Roddy me ajuda a convencer a Brook de que você é mais apto para ser a isca do que eu. — falei enquanto o homem passava por nós, ele sorriu para mim.

— Não acho uma boa ideia, afinal eu vou ser uma isca ‘’crua’’ e fria  e você vai estar bem toscadinho e quente, com certeza vai ser mais.... suculento. — ele bateu nas minhas costas enquanto enfatizava o ‘’suculento.’’ Cocei minha quase careca devido ao corte militar.

— Brook, Coulson pediu lembra? —  Roddy estendeu as duas mãos para a agente, ele queria se ver livre dos pulsos eletro... eletro alguma coisa.

— Certo! — disse a morena secamente enquanto sinalizava para Drina vir até onde estávamos;

— Drina meu amor. Heim? Sua coisinha linda! — Peguei ela pelas bochechas e dei um beijinho na da direita, ela se esquivou de mim depressa.

— Qual é o seu problema? — disse irritada, passando a mão pela bochecha que ainda continha resquícios da minha baba, não posso fazer nada se tenho lábios carnudos e sexys;

— Por favorzinho! — juntei as mãos em suplica — Me ajuda a convencer esses doidos de que não sou de longe a melhor pessoa para ser uma isca — Roddy ria ao meu lado;

— Smurf, os pulsos! — ele balançou as mãos no alto, Drina revirou os olhos e depois fitou Brook e esta concordou com um meneio de cabeça, então enquanto Drina desbloqueava aquela coisa dos pulsos do eletrocinético, disse:

— Ken, se lhe colocaram nessa posição na missão é porque confiam em você!

— Eu disse isso para ele! — completou Brook, um ''clic'' se ouviu e Brook removeu as ‘’algemas’’ de Roddy.

— Finalmente! — ele sorriu de orelha a orelha, fechando as mãos em punho a sua frente.

— E outra... — Chegou Phillip, passando com algum equipamento — ... estaremos te monitorando o tempo todo, Brook e Maicon estarão com você no local, então... Sei lá, tenta relaxar!  — disse Phillip, eu massageei as têmporas e me escorrei desleixadamente em alguns cases.

— Não se escorra aí! — gritou Drina enquanto arregalava aquelas duas órbitas azuis, mas já era tarde demais quando percebi havia caído e derrubado tudo ao chão, os outros riram e eu me levantei depressa, e comecei a juntar tudo o mais rápido possível.

— Desculpa, desculpa... — falei depressa;

— Seu imbecil! — vociferou a pequena cientista.

— Viu só, não da para relaxar assim! — eu fitei Phillip completamente deslocado, ele negou com a cabeça e riu enquanto se abaixava para me ajudar.

(...)

Estávamos em Manhattan, com o quiinjet invisível pousado numa região praticamente deserta o porto ficava a um quilômetro e eu teria que ir a pé até o local, Brook iria me seguir de perto enquanto que Maicon já me aguardava no local, nós iriamos meio que ter uma briga e eu iria usar os meus poderes, mas na realidade tudo não passava de uma armadilha para nos infiltrarmos na aeronave deles, já que Coulson havia descoberto que eles se escondiam em um container naquele porto, mas obviamente o ponto em que nós estávamos era relativamente longe, tudo para não gerar desconfiança.  Em fim, o plano era bosta, na minha opinião, já que eu iria ser o mais fodido de todos, pronto falei.

Estava agora caminhando nervosamente pela rua, com jeans e moletom, o capuz escondendo o rosto e as mãos tentando ficar quentinhas nos bolsos. O dia estava cinza como se já previsse a merda que iria acontecer, a água estava agitada assim como a grande Nova York do outro lado. Enquanto caminhava repassei o plano milimetricamente na minha cabeça, eu sabia exatamente o que teria que fazer e não poderia dar errado, não IA dar errado... Parecia que eu tinha um pouco de coragem reservada para os momentos que antecediam minha falsa luta com Maicon.

— Estou te seguindo Ken, sempre a sua esquerda, acima nos prédios, tente não me acertar! — ouvi Brook pelo comunicador, o ativei.

— Entendido! — disse;

— Agora vire a esquerda Ken, Maicon está aguardando a quinhentos metros! — avisou Drina, estava nos monitorando por satélite, está quase la.

— Gente... eu to com um problema! — falei um pouco envergonhado;

— O que foi agora? — disse Brooklyn visivelmente em tom irritado;

— Preciso ir ao banheiro... — falei, minha bexiga parecia explodir, fiquei me perguntando se super-heróis tinham dor de barriga ou coisas assim? Anotei mentalmente para perguntar a algum dos vingadores caso me encontrasse com um deles algum dia. Ouvi risadas múltiplas pelo comunicador.

— Está de brincadeira, não é? — Brook parecia ainda mais irritada.

— Mija no Maicon e pede para ele chupar seu pau enquanto estiverem lutando, vai ficar bem realista! — zoou Roddy.

— Okay, eu posso segurar também... — dobrei na esquina e avistei Maicon, olhei a volta e estava tudo deserto, ficamos nos olhando. — Tudo bem, é agora! — cochichei, mexi a cabeça de um lado para o outro até estralar.

— Em chamas! — gritei e meu corpo se incendiou queimando toda a roupa, mas eu estava com um uniforme projetado por Drina e o pessoal da biologia em baixo. Formei duas bolas de fogo, uma em cada mão, Maicon ficou parado apenas observando e  eu atirei a primeira bola na sua direção, ele se jogou no chão desviando com suavidade. Lancei a outra e aceirtei alguns caixotes de madeira que incendiaram rapidamente, fui andando na sua direção e atirando o mais longe possível dele.

— Que? — disse Maicon de repente, alguém estava falando com ele no comunicador, o meu obviamente havia fritado com o calor.

— O que foi? — sussurrei preocupado e olhando a minha volta;

— Eles estão chegando... Certo Drina, obrigado! — ele disse e puta merda, agora era a hora, eu corri para me afastar de Maicon e comecei  atirar bolas de fogo na sua direção de novo, pelo canto do olho fitei alguns homens se aproximando.

— Você vai pagar! — berrei;

— Eu não fiz nada, cara! — respondeu Olson escondido atrás de uma lata de lixo, assim que um dos homens partiu para cima de mim atirei bolas de fogo nele, sua jaqueta incendiou mas rapidamente ele a tirou e pisoteou em cima, eu poderia tê-lo matado, mas não o fiz.

— Recuem seus imbecis! — disse o líder deles, Donald, reconheci rapidamente;

— Saiam de perto de mim— gritei enquanto eles se posicionaram para atirar, merda, não era imune a balas, ao contrário de Danielle meu corpo não se transformava no elemento, ele apenas se cobria com uma fina camada dele. Então eu corri,para atrás de um murro, e em vez de disparar bolas passei a mandar um jato direto de fogo que queimou boa parte dos homens, ficamos naquela pequena guerra por um bom tempo até que mais homens surgiram do outro lado, com certeza ninguém havia contado com eles não. Me coloquei em pé e quase fui atingido, observei que Brook estava abrindo fogo contra eles de cima do prédio, naquele momento eu soube que estava dando merda.

Maicon, ao perceber, saiu de seu esconderijo e trocou tiros com a outra frente, eu fiquei desnorteado em meio ao tiroteio.

— Fuja! — gritou Maicon para mim, mas eu não podia, como iria abandoná-los? Me escondi atrás de um carro abandonado e continuei jogando fogo neles, percebi no chão que estavam atirando uma espécie de dardo tranquilizante na minha direção, naquele nanosegundo de distração uma sombra enorme surgiu sobre mim, olhei para cima e se tratava de um jato e não era o nosso jato, em poucos segundos eu estava sendo içado por uma espécie de câmara fria, o choque térmico me fez gritar e após sentir muito, mas muito frio, meu corpo não estava mais em chamas.

— Em chaaaaamas! — gritei mas não adiantou — Merda! — ao chegar ao jato tudo se escureceu e eu estava quase com hipotermia até uma luz gigante ser acesa na minha cara, cegando meus olhos e senti uma leve picada na bunda.... É na bunda, poderia ter sido em outro lugar, mas foi na maldita da minha bunda.

— Aiiiii, que merda! — gritei levando a mão ao local — Vocês não são muito gentis mas... será que eu posso usar o banheiro é que.... — depois disso tudo ficou mais escuro ainda, se é que isso era possível.