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História Quase Sem Querer - Em outras vidas você vai lembrar dessa


Escrita por: princetri

Notas do Autor


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Capítulo 63 - Em outras vidas você vai lembrar dessa


Fanfic / Fanfiction Quase Sem Querer - Em outras vidas você vai lembrar dessa

Camila POV


 

— Não sei Mila, é o que você quer? - Sofi perguntou um pouco preocupada.


— Se eu soubesse não estaria pedindo a sua opinião. - Falei rolando os olhos, e ela deu um tapa no meu ombro.


— Não comece a ser grossa comigo. - Falou ofendida.


— Awnn, desculpa meu amor. - Falei me sentindo culpada e a abracei. — Eu estou me sentindo um pouco pressionada.


— Pressão essa que você mesma causou. - Disse se afastando de mim. — Não tinha nada que falar pra Lolo que você quer se transformar.


— Mas eu acho que quero. - Falei soltando o ar dos pulmões, caminhei até a varanda e me encostei na pilastra, olhando diretamente para a floresta. — Você não quer? - Perguntei e ouvi ela resmungando atrás de mim.


— Ah, não sei ainda, se você que já vive nesse mundo há nove anos ainda não sabe, imagine eu, que conhecia apenas na teoria. - Respondeu se sentando no batente onde estou de pé.


— Mas tipo, agora, se você tivesse que escolher obrigatoriamente, o que seria? - Perguntei olhando pra ela.


 Ela fez uma careta e coçou a testa, claramente pensativa.


— Não me transformaria. - Respondeu simples.


— Não? - Ela negou com a cabeça. — Por que não? E a Emma? Vocês estão juntas, você não gostaria de prolongar mais esse tempo?


— Eu gosto muito dela, muito, muito, muito, muito, muito, muito, mas… - Parou de falar e olhou pra mim. — Ah, deixa pra lá, não sei.


— Ué, termina. - Bati na perna dela com o pé.


— Eu não acho que o que ela sente por mim seja tão intenso ao ponto de conseguirmos passar mais de um século juntas.


— Ela gostou da Lauren por mais de 1 século. - Falei meio óbvia.


— É… mas eu não sou a Lauren, elas têm uma relação. - Gesticulou com as mãos. — Não sei explicar, mas eu acho que eu nunca conseguiria chegar ao nível de intensidade.... entrosamento, que elas chegaram, é uma coisa bem rara.


— O que você está querendo dizer com isso? - Perguntei confusa.


— Nada, eu só disse. - Levantou e virou pra mim, segurando nas minhas mãos. — A escolha é sua, Mila, pense em você, certo? Eu tenho certeza que independente da sua escolha, você ainda vai ser muito feliz, você, Lolo, Emma, eu, todas nós. - Sorriu e beijou meu rosto. — Agora preciso ir, Emma já deve está me esperando.


— Pede pra Lauren descer, tá? Ainda precisamos arrumar nossas coisas pra ir embora.


— Pode deixar. - Disse se afastando, indo em direção ao castelo. 


 Fiquei a olhando, até ela sumir por trás daqueles gigantescos muros que cercam o local, está um pouco distante daqui, mas ainda assim dá pra ver, quando olhei pra frente de novo, involuntariamente dei alguns passos pra trás.


— Uouu. - Coloquei a mão no peito. — Que susto, vocês poderiam parar de aparecer assim do nada, pelo menos um barulhinho proposital antes de aparecer me ajudaria a manter meu coração saudável. - Brinquei e ele sorriu.


 É o mesmo homem que estava com Arnoldo, Alessandro se não me engano.


— Não é do nosso feitio anunciar a chegada. - Respondeu sério, a seriedade que eles sempre mantém. 


— O que faz aqui? - Perguntei olhando em volta, pra vê se vejo o Arnoldo.


— Vim ver se te encontrava. - Respondeu imples.


— Por que? - Franzi a testa. — Pra que?


— Porque eu vi.


— Viu? Olha.... minha cabeça tá uma merda, um milhão de coisas amontoadas, se você pudesse ser mais claro, sem exigir muito da minha capacidade mental, me ajudaria bastante.


— Perdão. - Disse ele e se encostou na mesma pilastra que estou encostada, a diferença é que como ele não está na varanda, está um pouco mais baixo que eu. — Eu era como você.


— Como eu? - Acho que eles não sabem ir direto ao ponto.


— É, humano. - Respondeu e eu deixei meu queixo cair.


— Co… com… como? Como que…


— Como eu virei essa aberração? - Perguntou interrompendo minha fala. — Pelo seu mesmo motivo, amor, são muito raros humanos por aqui, então quando eu te vi perto do lago, eu fui novamente arrastado para o meu passado, eu, meus irmãos, mãe, pai, vó, tias, primos… sua pele quente, seu sangue passando apressado pelas veias, o batimento do seu coração, toda essa sua vivacidade, eu quase pude senti-la em mim outra vez.


— Faz falta? - Perguntei olhando pra ele, embora ele não esteja olhando pra mim.


— Mais do que você pode imaginar.


— Por que você se transformou então?


— Eu já disse, amor, tem coisa melhor pra uma pessoa que ama do que imaginar a possibilidade de passar uma eternidade ao lado da pessoa amada? Definitivamente não.


— Então por que você fala como se tivesse sido algo ruim? Ela deixou você?


— Não, nós nos deixamos, viver uma eternidade não é pra qualquer um, principalmente para nós que somos transformados, que conhecemos o que é estar vivo, passam-se os anos e todos que conhecemos como família já estão sendo devorados debaixo de sete palmos de terra, então é só você e nada mais, e… é uma sensação horrível.


— Você está dizendo que vou me arrepender?


— Estou querendo que você pense.


— Já estou fazendo isso. - Soltei o ar dos pulmões. — Como que… - Cortei minha frase quando vi uma pessoa se aproximando, alguém do clã deles.


— Alessandro, o Joe está piorando, Arnoldo mandou chamar você.


 Ele parece ter saído da bola nostálgica no mesmo instante que ouviu a mulher falando. Olhou pra mim.


— Eu tenho que ir, muito provável que a gente não se encontre mais, se você fizer a decisão certa, então…


— Eu posso ir com vocês? - Perguntei interrompendo o discurso de despedida dele.


— Não. - Respondeu de imediato.


— Sim, você pode. - A mulher respondeu e fuzilou ele com o olhar. — A gente não pode mudar o que vem.


 

Lauren POV


 

 Acabei demorando mais do que gostaria pra voltar pra casa, mesmo com Sofia me dizendo que Camila estava me esperando, não consegui voltar tão rápido, a gente vai embora amanhã, então quero deixar tudo certo com os anciões, para evitar toda essa merda de novo. Quando cheguei já era fim de tarde, e pra minha surpresa, Camila não estava lá, o que é estranho, porque ela não costuma sair sem avisar, fechei a porta e fui até a casa da Dinah, mesmo com as intrigas que houve com Normani, ela ainda se dá bem com Dinah, e talvez esteja lá, não demorei nem metade do tempo que geralmente levo pra fazer aquele trajeto.


— Boa tarde. - Falei pra Normani que está deitada no sofá e segui até o quarto, onde a julgar pelo barulho, Dinah está. — Você já pensou em comprar uma cama de verdade? - Perguntei vendo ela consertar sua cama.


— O problema não é a cama, bebê, se é que me entende. - Olhou pra mim por cima do ombro, com um sorriso cheio de insinuações, o que me fez fazer uma careta.


— Sem detalhes, por favor, cadê a Camz?


— Sua esposa? - Perguntou confusa.


— Tem outra?


— Se você não sabe da sua esposa, imagine se eu vou saber. - Disse e no mesmo instante senti meu coração se apertar, virei pra sair, mas antes que eu fizesse isso, ela brotou na minha frente. — Ei, calma, aconteceu alguma coisa?


— Se ela não está aqui, sim. - Falei afastando ela para o lado e indo pra saída.


 Ela ainda falou mais alguma coisa, mas não parei para ouvir, fiz o caminho de volta até a nossa casa, chegando lá, Sofia e Emma também estavam chegando, o que me fez agradecer mentalmente.


— Quando você saiu, Camila ficou aonde? - Perguntei diretamente para Sofia.


— Aqui mesmo na varanda, ela não estava em casa quando você chegou? - Perguntou com o semblante confuso.


— Não, e eu não faço a mínima ideia de onde ela pode ter ido. - Falei preocupada. — Ou pior, pra onde pode ter sido levada.


— Calma, a gente vai encontrá-la. - Emma disse colocando a mão no meu ombro. — Provavelmente estava entediada e foi dar uma volta nas redondezas.


— É, mas está anoitecendo. - Falei tão preocupada quanto antes.


— Então vamos logo. - Respondeu de prontidão.


— Eu vou também. - Sofia disse.


— Não. - Respondemos em uníssono. 


— Você fica aqui, pode ser que ela volte, e é mais fácil achar uma, do que duas. - Emma completou.


 Sem muitas delongas nós saímos atrás da minha esposa, eu fui para um lado, e Emma para o outro, a floresta é enorme, mas contando que Camila não conseguiria atravessar nem a metade, não aprofundamos muito para dentro da mata. Eu nunca parei pra imaginar, o que seria viver minha vida sem a Camila, mas agora, com esse último acontecimento, vários pensamentos desse tipo estão rondando minha cabeça, e certamente seria algo difícil de superar, o que me faz ter a certeza, que a minha vida já é ela. A noite já se faz presente, e a desesperança está se acolhendo com o meu desespero, mas ao encontrar novamente com Emma, ela me deu uma quase ótima notícia.


— Fala de novo. - Pedi, tentando dessa vez me concentrar ao que ela fala.


— Ela está no vilarejo dos Nosferatu.


— Essa parte eu entendi. - Falei um pouco irritada.


— Pelo que ouvi, alguns deles tiveram algumas visões, onde Camila vira líder do clã deles, e estão confiantes que ela vai mudar a forma que são vistos, eu não entendi, eu não posso simplesmente ser vista lá depois de deixar eles no final da lista de prioridades.


— Eles que achem que vou deixá-los transformá-la em um monstro. - Falei antes de fazer o caminho que leva até o vilarejo deles.


 Emma veio atrás de mim, mesmo comigo dizendo pra ela voltar, já que não para de reclamar.


— Eu não vou te deixar sozinha, eu só estou pedindo pra você ir com calma, eles são muitos, e uma confusão agora não vai ser bem vinda.


— Você fala isso porque não é com você.


— Eu falo isso porque sei do seu temperamento explosivo e da força deles, apenas.


— Então se eu fosse você, já voltava daqui. - Parei à alguns passos de finalmente chegar no meu destino, e olhei pra ela.


— Você só pode tá…


 Deixei ela falando e segui em frente, algumas fogueiras acesas deixa o ambiente menos escuro, já que nas cabanas parece não ter luz. Como tem muito deles, fui me guiando pelo cheiro de Camila, e quando ficou mais forte, pude ver ela em uma rodinha ao redor de uma fogueira, conversando normalmente, como se porra nenhuma estivesse acontecendo, como se sair assim sem avisar, nessa merda de lugar, fosse a coisa mais normal do mundo.


— Vamos embora. - Falei quando já estava perto o suficiente, ela se surpreendeu com a minha presença, eles não.


— Amor. - Disse animada e se levantou. — Você não vai acreditar. - Se aproximou de mim, o que me deu a oportunidade de tirar o copo que ela estava na mão e jogar na direção da fogueira, o que fez o fogo subir, devido ao álcool que tinha dentro. — Por que fez isso? - Perguntou perdendo a animação na voz, animação essa que estava me irritando.


— O que porra você tem na cabeça pra sair SEM AVISAR e me deixar preocupada igual idiota atrás de você? - Perguntei sem conseguir esconder a raiva. — É melhor você nem responder, vamos embora. - Segurei no seu pulso, na intenção de nos tirar dali.


— Você não vai levar ela a força. - Um deles disse parando na minha frente.


— Ah, não? Você e quem mais vai me impedir? - Perguntei fuzilando ele com o olhar.


 Foi uma maldita pergunta, porque mais alguns que estavam antes na rodinha da fogueira, vieram para o lado dele.


 Deixei uma risada alta escapar.


— Vai precisar de mais se quiser realmente me parar. - Falei em um tom ameaçador, mas muito provável que eles já são o suficiente.


— Calma pessoal. - Camila disse olhando diretamente pra eles. — Eu vou com ela, realmente já está tarde, mas foram boas horas ao lado de vocês, pena a gente não ter se conhecido antes. - Sorriu.


— Você pode ficar o tempo que quiser Camila, nossa casa é sua casa.


 Eu só posso estar tendo um pesadelo.


— Eu já ouvi isso tantas vezes hoje, que já estou acreditando.


— Ótimo então, porque não estamos mentindo.


— Obrigada mais uma vez. - Disse e puxou o braço da minha mão, me fazendo soltar, se aproximou do que me desafiou, e que está insistindo pela permanência dela, e estendeu uma mão pra ele. — Foi um prazer, espero que possamos nos encontrar novamente.


— Iremos. - Disse apertando a mão dela.


 Ela se despediu do resto das pessoas e depois saiu pisando fundo, pelo mesmo caminho que eu tinha vindo, Emma não estava mais ali, mas a julgar pelo cheiro dela que ainda está forte, provavelmente saiu quando viu que eu e Camila já estávamos indo. Não fiz questão de acompanhar os passos da Camila, porque sei que uma hora ela vai ter que parar, por não saber o caminho, e isso não demorou a acontecer.


— Eu tenho motivos pra estar com raiva, você não. - Falei parando de frente pra ela.


— Claro, até porque eu devo aceitar com um sorriso no rosto o fato de você me tratar igual uma idiota na frente de todos.


— Ah para, Camila, você nem conhece eles. - Falei e sai andando na frente.


— Mais do que você, isso eu posso ter certeza. - Disse vindo atrás de mim.


— ENTÃO VOLTA LÁ E FICA COM ELES. - Não aguentei mais segurar meu tom de voz, parei e virei pra ela.


 O rosto dela se contorceu em ódio, ela me empurrou com força e saiu andando, quase correndo, e pra minha total surpresa ela conseguiu encontrar o caminho de volta para casa.


 Infelizmente ao chegarmos em casa, Sofia não estava lá, o que é péssimo pra mim, visto que talvez com ela falando que foi irresponsável da parte da irmã ter ido sem avisar, ela entenderia sem contestar. Ela entrou no banheiro e bateu a porta, antes que ela pudesse passar a chave, eu abri e segurei a porta, impedindo ela de fechar na minha cara.


— Eu quero ficar sozinha! - Disse bufando.


— Mas eu quero conversar com você, sem confusão.


 Ela riu e negou a cabeça.


— Sem confusão? Será que você sabe agir como uma pessoa civilizada? Ou ser idiota está no seu sangue? - Tentou me tirar da porta do banheiro, mas não deixei.


— Eu não sou idiota!


— Não, não é, você é SUPER IDIOTA, sua… sua… cara de merda.


 Eu não sei o porquê, mas eu achei tão, mas tão engraçado esse xingamento que ela usou, que não consegui não rir, mesmo estando irritada. A reação dela foi me empurrar.


— Qual é a graça? Eu não estou brincando, Lauren!


— Você que não sabe nem xingar. - Falei voltando a ficar séria.


— Vai se fuder sua puta desgraçada! - Disse e ia me empurrar novamente, mas segurei os braços dela, antes que ela o fizesse.


— Agora sim, mas prefiro o cara de merda. - Sorri de lado.


— Não adianta você ficar assim fofa, porque eu estou muito irritada Lauren, MUITO. - Se soltou de mim e saiu do banheiro, indo pra longe.


— Você tem ideia do milhão de besteiras que passaram pela minha cabeça? O que poderia ter acontecido com você? Eu estava preocupada.


— Isso não é desculpa pra ser idiota, e me tratar como se fosse sua posse.


— Você vai mesmo prolongar essa briga por causa deles? - Perguntei voltando a ficar irritada.


— Não é por causa deles, eu já disse.


— Pra mim é, você não deveria nem ter ido pra lá Camila, você não os conhece.


— Você age como se fosse a detentora de todo o conhecimento do universo.


— Você é muito inocente, Camila, você sabe o que querem de você? Querem te transformar em uma deles, porque no juizinho pequeno e perturbado deles, você vai virar a merda de uma líder ou seja lá o que for. - Soltei tudo de uma vez, e pra minha surpresa ela não se surpreendeu.


— Eu sei.


— E tá assim toda plena? Como se não fosse nada?


— Sim, porque em nenhum momento, Lauren, eles me colocaram uma faca no pescoço e disseram que eu agora era propriedade deles, todos que tiveram essa visão comigo, me contaram, e também foi esses mesmo que disseram que eu que escolho meu destino, e ficar era apenas uma opção, a qual eu escolho.


 Abri a boca várias vezes, mas não saiu sequer uma palavra, porque no momento todas parecem erradas, eu não esperava que ela já soubesse, e muito menos que eles tivessem sido tão maleáveis.


— Você não vai ficar, né? - Perguntei com a voz baixa.


 Ela soltou o ar dos pulmões.


— O que você acha? Que eu vou deixar você, pra ficar com pessoas que não conheço completamente e seguir uma vida que nunca quis?


— Você quer se transformar…


— Sim, mas pra ficar com você.


— Desculpa… - Mordi o lábio inferior. — Eu fui uma idiota com você.


— O que tá acontecendo sempre, né? - Perguntou na lata e eu apenas abaixei a cabeça. — Eu vou mais uma vez te perdoar, mas acho bom você se manter na linha.


— Obrigada e desculpa de novo.


— Tudo bem. - Se aproximou de mim. — E também na próxima vez que eu estiver irritada, e você rir de mim, é melhor correr pra bem longe. - Disse apontando o dedo no meu rosto.


— Desde que você também não fique me empurrando, porque isso me deixa com tanto tesão, que fica difícil argumentar. - Falei simples e ela semicerrou os olhos. — Só quis dizer.


— Eu te odeio. - Falou e juntou nossos lábios em um selinho demorado. — Sua idiota.


— Mas te amo assim mesmo. - Falei quando ela se afastou. — E tenho uma notícia pra você, já resolvi todas as pendências, a gente já pode ir embora, até agora mesmo se você quiser.


— Sério? - Perguntou e eu afirmei com a cabeça. — Ótimo, então vamos amanhã, porque ainda tenho umas coisas pra fazer. - Disse simples e eu ergui uma sobrancelha.


— Tipo o que?


— Não é do seu interesse, preciso mesmo é da Sofia, você sabe se ela vai vir pra cá ainda hoje?


— Acredito que não, acho que vai dormir lá.


 Passei boa parte da noite insistindo pra Camila me falar o que pretende fazer antes de ir, mas acabei desistindo, porque ela está realmente decidida a não contar, o que me deixou menos preocupada, é que ela vai precisa da ajuda da irmã, e com certeza ela não deixará Camila fazer nenhuma besteira.


 Todo fim de ciclo me entristece, é fato que eu nunca teria vindo pra cá, se fosse por livre e espontânea vontade, mas ao fim, acabou sendo uma boa experiência durante esses meses, o clima, a vegetação, o amanhecer, levaram meus pensamentos ao tempo que eu ainda tinha meu pai, coisa que nunca mais eu tinha feito, e eu tinha esquecido quão boa é a sensação de lembrar dele, é uma forma de mantê-lo vivo comigo, também tem as pessoas que já foram muito próximas a mim, como a Dinah, Normani e até a Alexa, nós já convivemos durante anos juntas, a proximidade não é mais a mesma, mas o carinho continua, e é muito bom saber que independente do tempo, ainda tem pessoas que sei que posso contar. Eu vou embora porque aqui não é meu lugar, eu vou embora porque apesar das sensações boas que o lugar me traz, meu lugar é na cidade, tanto o meu quanto o da Camila, mesmo que agora ela esteja querendo se transformar, coisa essa que está me fazendo tremer na base, tenho medo que ela não se adapte, que ela mude, ou qualquer outra merda, mas se ela quer, não sou eu que vou negar, porque também é o que eu sempre quis, apesar do medo.


 

*****


 

 Desde as primeiras horas da manhã, Camila saiu acompanhada de Sofia, e até agora, nenhuma das duas voltaram, e olhe que já estamos no meio da tarde, como não se preocupar dessa forma?


— Elas não estão fazendo nenhuma besteira. - Emma disse enquanto procura alguma coisa pelo quarto, o que está resultando em várias coisas espalhadas.


— Nem você acredita no que está falando, como eu vou acreditar? - Perguntei movimentando um pouco a cabeça pra olhar pra ela, mesmo que ela esteja de costas para mim.


 Eu estou deitada na sua cama, enquanto ela continua a mexer nas gavetas do guarda roupa.


— Eu estou tentando não ficar paranóica igual a você. - Disse e parou o que estava fazendo pra olhar pra mim. — Acho o cúmulo, quero me manter como uma pessoa normal.


— Ninguém fica normal apaixonado. - Falei.


— Fale por você. - Fechou as gavetas e começou a abrir as portas do guarda-roupa.


— Tá, não vou debater. - Falei e fixei o olhar no teto. — Pensou sobre o que te propus ontem?


— O que?


— Você vir com a gente.


— Não.


— Não? - Perguntei me sentando.


— Sim. - Respondeu e eu franzi o cenho.


— Sim ou não? Não estou entendendo. - Falei confusa e ela riu.


— Sim que a resposta é não, não posso sair daqui agora, você sabe que umas das condições pra fazer parte do clã Ambrogio é permanecer na Floresta de Dean. - Disse simples.


— E desde quando você precisa fazer parte disso?


— Eu gosto. - Respondeu e eu semicerrei os olhos. — E não adianta me julgar.


— Já estou fazendo isso, ainda bem que você não lê mentes. - Falei séria e ela riu.


— Realmente, e também a Sofia quer fazer mais algumas pesquisas, aqui ela tem infraestrutura pra isso, segurança, e também tem a fórmula que ela enviou para os meninos lá na África, e eles não estão conseguindo fazer, talvez eu tenha que ir até lá, tem a mãe dela, que ela não pode simplesmente largar de mão, são tantas coisas, que nem sei por onde começar.


— Eu não queria ficar longe de você de novo, já me acostumei com sua presença. - Falei triste. 


— A dor da partida é grande, minha querida, mas precisa ser sentida. - Disse risonha e eu semicerrei os olhos. — Tá, brincadeira, a Sofia já disse que não quer ficar muito tempo aqui, ela sente falta da cidade, eu não sei o que ela planeja do futuro, e se eu estou nele, mas em todo caso, se sim, logo logo vamos estar nós quatro juntas, vamos planejar a mesma cidade.


— Mesma casa. - Corrigi.


— Não mesmo, nem sobre um decreto. - Disse apontando pra mim e dessa vez eu que acabei rindo. — Não vamos além dos nossos limites.


— Tem razão, por hora estamos acertadas.


— Onde vocês vão hoje, já sabe? - Perguntou encostando na porta do guarda-roupa, olhando pra mim.


— Primeiro em Paris, na nossa casa, vamos passar alguns dias lá, organizar algumas coisas, e depois viajar pra Miami.


— Miami? Aquela cidade quente como o inferno?


— Fazer o que, né? Ela quer se acertar com a mãe, e se tudo ocorrer bem, passar uns dias com ela. - Dei de ombros.


— Vai dar tudo tão certo que ela vai morar com vocês. - Disse em tom de deboche e meu rosto se contorceu em insatisfação.


— Nem brinca com isso.


— Estou falando sério.


— Ah é? Não esqueça que Sofia também é filha dela. - Falei e no mesmo instante o sorrisinho dela se desfez. — Pois é.



Camila POV



 Sofia e Emma fizeram questão de nos acompanhar até Lydney, o que foi ótimo, assim o meu plano, que forçadamente Sofia ajudou a colocar em prática, vai funcionar, não é nada demais, mas que com toda certeza vai fazer a diferença, ela foi comigo até a aldeia dos Nosferatu e examinou todos que estão doentes, os que com certeza não estavam com o vírus letal, foram retirado da contagem, no fim, de doentes mesmo, totalizou quase 100 pessoas, o plano que eu tive, pra tentar ajudá-los foi aprovado pelo Arnoldo, e se baseia em eles que são muitos, e tem acesso livre a mansão, já que trabalham lá, furtarem vacinas suficientes para curar todos eles, Sofia tinha levado cinco amostra das medicações, e demonstrou como e onde devem ser aplicadas e os cuidados necessários, já que ela não poderia ajudar nesse procedimento, passar por cima da ordem dos anciões é perigoso e eles estão cientes disso, eu não achei justo querer envolver a Lauren ou até mesmo a Emma em uma guerra que não é delas, eles que precisam lutar suas batalhas, e eu vou torcer de todo o coração para que dê tudo certo, e que todos fiquem bem.


— Você não sabe a vontade que estou de te xingar. - Falei olhando pra Emma e ela riu.


 O que ela fez? Nada mais, nada menos do que comprar um carro pra Lauren, não faz nem 3 anos que consegui convencer Lauren a se livrar do que ela tinha, porque eu já estava prevendo algum acidente, de tão rápido que ela dirigia, ai agora Emma me aparece com um tão rápido ou até mesmo mais do que o antigo, eu não entendo sobre o assunto, mas a julgar pela felicidade de minha esposa, com certeza é.


— Acredite, quase que ele fica, porque eu simplesmente perdi a chave, mas achei aos 45 do segundo tempo. - Emma disse.


— Então era isso que você estava procurando? - Lauren perguntou toda emocionada e Emma apenas afirmou com a cabeça sorrindo.


 As duas se abraçaram, o que fez eu olhar pra Sofia e ela olhar pra mim, se aproximou mais e passou o braço por cima do meu ombro.


— Você ainda mantém o que me disse hoje mais cedo? Sobre a transformação? - Perguntou baixo.


— Sim, está decidido. - Respondi simples.


— Você tem razão. - Disse sorrindo. — Eu estava pensando sobre isso, e é verdade.


— Eu sou a mais velha, tomo as decisões mais sábias. - Falei com uma falsa soberba, ela riu e bateu o quadril no meu. — Se cuida tá? E termina logo tudo que vocês tem pra fazer aqui, porque te quero bem pertinho de mim.


— Pode deixar. - Deu um beijo na minha bochecha e se afastou. — Te amo, mana.


— Eu também amo você.


 Mais algumas palavras de despedidas aqui, outras promessas de reencontro ali, e finalmente eu e Lauren já estávamos no caminho para Paris, pra nossa casa, no total são quase nove horas de viagem. Na metade do caminho, segundo Lauren, tem uma travessia de navio de Dover até Calais, devido ao Canal da Mancha, que leva aproximadamente uma hora e meia.


— Você já está com fome? - Lauren perguntou quando parou o carro, tínhamos acabado de chegar a Dover.


— Não, um pouco apreensiva com essa travessia. - Falei e ela riu.


— A gente veio por aqui, muito provavelmente.


— Sim, mas eu não estava vendo nada, não sabia nem da existência dela. - Falei tirando o cinto.


 Antes mesmo que a gente pudesse sair do carro, um guardinha com a roupa toda laranja neon, se aproximou, e disse que as travessias só vão começar agora pela parte da manhã, o que me fez agradecer mentalmente e Lauren bufar. 


 Como o último hotel que passamos fica próximo, resolvemos voltar, e lá estamos nós novamente em uma cidade pequena, resolvi comer por lá mesmo, mas na varanda do quarto, onde Lauren está comigo.


— Tá feliz? - Perguntou olhando pra mim, que estou sentada e ela de pé encostada na pequena grade da varanda.


— Tem como não? - Perguntei afastando o prato para o lado.


— Pra mim não, porque só de está com você já sou feliz. - Disse sorrindo fraco e senti minhas bochechas corarem.


 Me levantei e me aproximei dela, eu pretendia também me encostar na grade, mas ela me puxou pela cintura pra sua frente, e juntou nossos lábios, porém não deixei ela aprofundar muito o beijo, porque quero falar com ela, mas ao invés de se afastar, ela desceu a boca para o meu pescoço e começou a morder devagar.


— A gente pode fazer agora. - Disse e ela não precisou ser tão clara para que eu soubesse a que está se referindo.


— Eu tomei uma decisão, e quero te contar. - Falei um pouco nervosa e ela se afastou um pouco.


— O que foi? - Perguntou com o cenho franzido.


— É sobre a transformação, eu… eu não quero mais.


— Por que isso agora? A gente já tinha acertado tudo.


— Eu sei, é que… - Soltei o ar dos pulmões. — Eu não quero, sabe? Eu nunca quis, você sabe disso, eu disse aquilo porque estava com medo de perder você. - Confessei.


— E não está mais?


— Sempre. - Sorri e acariciei o seu rosto. — Mas… se eu fizer isso, aí sim vou está realmente com chances de perder você, porque, eu assim, como humana, qual a probabilidade de acontecer alguma coisa com você antes de acontecer comigo? Eu não aguentaria perder você.


— Ah, então em mim você não pensa? Eu também não quero perder você, Camz. - Disse e ia se afastar, mas não deixei.


— Eu também coloquei isso na balança, e ainda assim, a melhor decisão é essa.


— Como pode ser? - Perguntou, claramente tentando se manter calma. — Você está sendo egoísta, eu amo você!


— Eu também, muito, muito, muito. - Selei rapidamente nossos lábios. — Se eu perder você, amor, eu não vou ter mais ninguém, mas se acontecer alguma coisa comigo, você vai ter ela.


— Que? Ela quem? - Perguntou confusa.


— A Emma.


 Eu sei, e admiro o tamanho do amor que a Emma sente pela Lauren, nunca cheguei a ter ciúmes desse sentimento dela, e nesses dias, esse pensamento me ocorreu, Emma é uma garantia duradoura, eu sei que nunca, ela vai deixar a Lauren sozinha, e isso me conforta infinitamente. 


— Ah não, Camila. - Negou com a cabeça e se afastou de mim. — Você ainda está com raiva, é isso?


— Não, não é isso, me deixa terminar de falar, o que eu quero dizer é que seguindo o curso normal da natureza, em alguns anos vamos morrer, eu primeiro, obviamente, e então, o fato de que vai ter alguém aqui, pra continuar cuidando de você, me deixa mais calma, mas se…


— Eu não quero ouvir. - Disse me interrompendo.


— Mas vai. - Me aproximei novamente dela e entrelacei nossas mãos. — Se acontecer o contrário, eu aceitar a transformação, tudo pode acontecer, inclusive você morrer antes de mim… e sabe o que vou ter depois? Nada, apenas a merda da sua ausência, e mais nada, e nem ninguém, então por favor, aceita essa minha decisão, não fique com raiva, porque eu te amo tanto. - Mordi o lábio inferior, tentando não chorar.


— Eu não quero te perder. - Disse e uma lágrima desceu pelo seu rosto.


 Soltei uma das nossas mãos e sequei a lágrima que desceu.


— Vamos apenas viver o agora, afinal eu sou bem jovem pra morrer mesmo. - Falei tentando fazê-la rir, o que não adiantou muito. — Vamos viver muitas coisas ainda, coisas lindas, Lauren, me diz que não está com raiva de mim, por favor.


— Não estou, eu estou triste, Camz.


— Não fica. - Beijei lentamente o seu lábio inferior. — Eu quero você feliz, quero a gente feliz, até o fim.


 Percebi o exato momento que seus olhos se encheram de lágrimas. Ela aceitou.


— Eu vou te fazer tão, mas tão feliz Camila, que até em outras vidas você vai lembrar dessa. - Disse com a voz embargada.


 Senti meu coração rodopiar dentro do meu peito 


— Você acredita em outras vidas? - Ergui uma sobrancelha.


— Não, mas achei bonitinho pra falar. - Disse e sorriu de lado.


 Neguei com a cabeça.


— Ah! Tem mais uma coisa. - Falei.


— O que?


 Aproximei a minha boca do ouvido dela, e sentindo meu coração aumentar as batidas gradativamente eu finalmente resolvi falar o que venho pensando há alguns anos.


— Eu quero ter um filho. - Falei e devido a proximidade senti o exato momento que o corpo dela ficou tenso. — Um filho nosso.


 Cada fim é um novo começo. Estamos prestes a iniciar um novo ciclo em nossas vidas, vamos ter a oportunidade de vivenciar momentos incríveis, meu corpo todo está inquieto, pensando nas infinitas possibilidades que virão, histórias, experiências, mas só tenho certeza de uma coisa, esses serão anos que carregarei para toda a eternidade.



Lauren POV


 E se um dia, contra as leis da minha natureza eu não me fizer mais presente sobre a terra, cabe a você leitor, que acompanhou, perdurar essa história, onde o amor se fez presente em todas as suas formas, e com cada átomo do meu corpo.


Notas Finais


Gente, chegamos ao fim, eu sei que foi bem curtinha, mas tem um motivo, eu não pretendia fazer uma segunda fase, acontece que o final da primeira fase ele foi totalmente diferente do que eu tinha planejado antes de começar a fic, no final a Emma ia morrer (Sim </3) porém como a maioria dos leitores se apegou a ela (coisa que eu não esperava) resolvi mudar o final de última hora, ou seja aquele final da primeira fase não estava programado, inclusive eu achei ele meio pombo, por isso a existência dessa segunda fase, pra dar um final mais "legal" pra fic... enfim, obrigada por acompanhar, caso deseje você pode seguir meu perfil aqui, e ficar por dentro das minhas outras estórias, beijos.


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