Lys
Uma semana atrás...
-EU BEBI.. EU DANCEI... EU FUMEI... EU FOD...
Ok. Eu nunca pensei que pudesse presenciar uma cena dessas...
E vendo isso, tenho mais certeza de que a bebida e CIA são umas das piores coisas que o Ser Humano inventou.
Meu primeiro dia aqui. Quase QUATRO HORAS DA MANHÃ. E mesmo se eu quisesse ser uma insensível e me enfiasse debaixo das cobertas fingindo não estar ciente do que está acontecendo, eu não iria conseguir dormir, porquê a garota parece que engoliu um auto-falante!!!
- Calma, Amanda! Não vá assustar nossa nova colega!- A Carol a repreendeu.
Então, a Amanda deu uns tapas na Carol e começou a dançar feito louca pela sala.
- EU ESTOU ME FODENDO PRA QUEM ESTÁ OUVINDO... O QUÊ? MAMÃE... VOCÊ ESTÁ AQUI? OH! EU ESTOU VENDO MINHA MAMÃE...
A Carol suspira.
- Me desculpe. Às vezes ela extrapola e passa dos limites...
A Amanda começa a dar altas gargalhadas.
- NÃO VENHA SE FAZER DE SANTA! NÓS SABEMOS O QUE VOCÊ APRONTA... SIM, NÓS SABEMOS!
Ela continua dançando e ela está com um vestido tão curto, que nem merece ser chamado de vestido, nem mesmo merece ser chamado de pano. E se ela esteve dançando desse jeito lá na boate, acho que muitos homens viram o que eu estou vendo agora.
- Não liga para o que ela fala...Efeito da bebida.
Assenti com um sorriso sem graça.
A Amanda se aproximou de mim e abriu tanto os olhos vermelhos que eu fiquei um pouco assustada e dei um passo pra trás. Ela pareceu finalmente ter me notado.
Merece até um doce.
- Essa aqui que é a nova moradora? Até que é bonita... Muitos caras podem querer comê-lá...
Calma, respira, pensa em flores, veja o paraíso...
É só uma bêbada! Que provavelmente fumou drogas e está achando que você é como ela, Lys. Mas não se estresse, você é uma garota carinhosa e meiga!
- Cala essa boca, Amanda! Pode ser? Vem... Vamos tomar um banho gelado e depois te dou um café forte...- A Carol foi segurá-la, mas sem sucesso.
E depois pra completar a noite ( Ou o dia) num clima de paz e amor, a VADIA vomita em mim!
Meu Deus! Me ajude... Eu realmente vou ter um ataque de pânico!
E vocês devem estar pensando que eu estou fazendo muito drama só por causa de uma roupa. Sim é só uma roupa! Mas coloquem o fato de que é meu primeiro dia aqui, que eu aguentei uma Patricinha por longas horas no ônibus, que eu estou acordada de madrugada por causa do abuso de independência de uma adolescente maluca e que ainda me comparou a uma vadia. E claro, ganhei um vômito horroroso de brinde!
Realmente, eu não preciso de mais nada hoje...
- Me desculpa...- Antes da Carol se desculpar pela milésima vez nessa noite, eu interrompi.
- Está tudo bem. Eu entendo... A culpa é da bebida...- Fingi um sorriso consolador.
Entrei no meu quarto e troquei de roupa. Não iria tomar banho agora. Nem vale a pena, uma vez que já são quase Quatro da manhã...
E eu ainda teria que arrumar um emprego... Não posso perder tempo, não!
«»
Depois daquela merda toda, demorei para voltar a dormir. E agora eu estou aqui, no que parece ser o melhor Jornal da cidade, para tentar arrumar uma vaga nem que seja de faxineira.
Entrei no grande prédio e fui em direção à recepcionista.
Ela me informou que estavam precisando de uma assistente.
Bem, eu nunca trabalhei em um Jornal, porém eu aprendi muito trabalhando na loja de meus pais e isso envolvia muita organização, dedicação e paciência.
Seja o que Deus quiser!
A recepcionista então, me informou onde fica a sala de um dos sócios e desejou-me Boa sorte. Sorri para ela e entrei no elevador.
4° Andar.
E o elevador parecia a junção de uma tartaruga com uma lesma.
Eu só podia fazer uma coisa de cada vez. Ou eu me concentrava em respirar ou eu pensava no que falar. Acho que eu estou ferrada!
Então o projeto de tortura bem-sucedido finalmente chegou ao meu destino e eu cheguei na sala do sócio.
A secretária avisou ao Homem e o mesmo liberou minha entrada.
- Com licença.- disse eu.
- Pode entrar.- Disse o homem com uma voz bonita e forte.
Ele se levantou e estendeu a mão me cumprimentando.
- Eu sou o Carlos Rodrigues, um dos sócios deste Jornal. Você pode me chamar só de Carlos e eu não permito que me chame de Senhor, pois ainda sou muito novo.- Ele brincou.
- Prazer, Carlos. Sou Lys Albuquerque e pode me chamar de Lys.- respondi.
- Nome lindo para uma moça linda, Com todo respeito.
- Obrigada.- Sorri envergonhada.
- Sente-se e fique a vontade.- Sentei-me.- Primeiro, eu quero dizer a você que esse Jornal é um pouco diferente. As pessoas são mais libertas e são amigas. Não sei se estou explicando da forma correta, mas prezamos por um lugar mais leve e animado. Se você for contratada, Com o tempo, você irá entender o que estou falando.- Assenti.- Em que você já trabalhou? quantos anos você tem? Me fale um pouco sobre você.
Pronto! Lys, desperte seu lado simpático e fale sobre você...
- Eu tenho 18 anos. Vim para cursar a faculdade de Jornalismo. Sempre me dei bem escrevendo e trabalhei a maior parte da minha vida na Loja de roupas de meus pais.
- Perfeito, Lys. Vejo que você não tem medo do trabalho e é muito corajosa. Pois só tem 18 anos e tem interesse em correr atrás do futuro. Você se parece com meu filho. Creio que vão se dar muito bem!
- Então, quer dizer que estou empregada?- perguntei hesitante.
- Claro! Gostei do seu jeito e sei que você irá aprender muito aqui... Estamos precisando de uma assistente para o meu filho. Ele basicamente vai a eventos, faz entrevistas, cuida da redação, entre outros trabalhos. Ele não é formado na área, mas tem experiência no assunto e trabalha aqui há Um ano. O seu trabalho é ajudá-lo no que ele precisar e acompanhá-lo nos eventos. Haverá uns papéis que você precisará organizar, mas isso você irá aprender aos poucos. Você terá carteira assinada e receberá tudo certo e como manda as leis.
- Muito obrigada, Senh... É... Carlos! E quando eu começo?
- Você irá começar na semana que vem. Que é quando meu filho volta ao trabalho. Converse com minha secretária hoje, que ela vai arrumar suas papeladas. Seja Bem-Vinda, Lys!
-Muito obrigada!- Nos levantamos e ele estendeu a mão novamente, comprimentei-o e ele me levou até a porta.
«»
E aqui estou eu.
Domingo. Madrugada. Em uma lanchonete. Com o Hugo.
E porque estou aqui?
Bom, tudo começou quando eu fiquei este sábado de madrugada ajudando novamente a irresponsável da minha colega de quarto, Amanda, pelo excesso de bebida e burrice...
Senti tanta raiva, que me esqueci até das coisas boas que me aconteceram. E lá pela manhã veio a saudade de casa e a ansiedade pelo primeiro dia de aula e trabalho depois de.amanhã. Fiquei com uma vontade de chorar, mas não conseguia. Queria tirar do meu coração essa angústia e não sabia como. Suportei por um tempo, mas quando eu fui dormir, não aguentei! Vesti uma roupa e fui fazer uma caminhada para espairecer um pouco.
Então cheguei a uma praça tranquila e sem ninguém, sentei-me em um banco e parece que foi o START para meu choro começar.
Chorei, rezei, agradeci pelas coisas boas. Eu finalmente estava me libertando daquele aperto no peito. Pelo menos o que eu podia, pois tem uma dor que nunca saiu do meu coração, e tudo por culpa de um babaca, mas não quero me lembrar disso...
E estou aqui, conversando com o Hugo.
Que ironia! Achei que nunca o veria de novo...
Estamos conversando a mais ou menos uma hora. Ele é bem gente boa! Tirando a parte da namorada e que não sabe escolher um bom sorvete...
Descobri que podemos estudar na mesma sala. Ele também cursará Jornalismo.
- Eu acho que tá na hora de ir.- Eu disse.
- Tem razão... Olha, como você não conhece ninguém ainda, eu posso te apresentar um pessoal que eu conheço. São boas pessoas, eu garanto!- ele disse sorrindo.
- Pode ser...- Concordei.
- Me passa seu telefone e aí eu te digo onde nos encontrar.
Foi aí que me lembrei da bruxa da namorada dele.
- Acho que a sua namorada não iria gostar de me ver com você e nem que você tenha meu número...
Ele suspirou.
- Lys, acho que precisamos conversar sobre isso, já que vamos nos ver muito...- Eu assenti. - A Nanda é doida, maluca e tudo o mais. Porém, eu sei o que eu faço com a minha vida. Tenho amigas e amigos e ai dela se me impedir de conversar com alguém! Por isso, não se preocupe, pois ela Late, mas não morde.
Eu ri do que ele falou. Parece que ele não gosta muito dela, só ouvi pontos negativos e nada mais. Mas óbvio que eu não irei falar nada sobre isso com ele! Mal o conheço...
- Então tudo bem.
Ele me passou o telefone dele e eu digitei meu número. Ele fez o mesmo.
- Aliás, a Nanda não faz faculdade. Então eu acho que será difícil pra vocês se encontrarem.
OBRIGADA MEU DEUS!!!
- Ótimo... Quer dizer... Desculpe, sei que ela é sua namorada, eu não deveria agir assim!
- Lys! Pare de cordialidade... A Nanda não é muito amigável e eu entendo isso...- ele sorriu.
Senhor! Que sorriso é esse? A pae... Amo sorrisos!!!
- Obrigada pela companhia. Me ajudou muito.- Agradeci.
- Imagina! Deixe-me pagar a conta que eu te aconpanho até seu apartamento.- Ele ia se levantando e eu agarrei seu braço.
- E você acha que eu vou te deixar pagar a minha conta ?!- perguntei incrédula.
- Lógico! Por favor deixe-me pagar... Faço questão!- Ele sorriu.
Oh não! Esse sorriso de novo... Droga! O que faço?
Não consegui falar nada.
- Já que se calou, presumo que seja um sim.- e ele foi pagar.
«»
- Muito obrigada novamente! Foi uma ótima madrugada...- Agradeci.
Ele fez questão de me deixar em frente ao prédio. Mesmo eu dizendo que não precisava.
- Imagina Lys... Foi um prazer conhecê-la!
- O prazer foi todo meu!- Estendi a mão em cumprimento e ele recusou.
- Você é muito formal... Me dê um abraço!- e então ele literalmente me puxou e me abraçou. O abracei também.
Você está sentindo coisas! Pára Lys! Você não pode sentir nada....
- Tchau...- me despedi e ele acenou com a mão.
Fui correndo pra dentro do prédio e comecei a me repreender por sentir o que não devo e não posso.
Primeiro: Ele tem NAMORADA.
Segundo: Eu vim aqui para estudar.
Terceiro: Não quero sofrer por amor novamente.
Quarto: Tenho todos esses motivos para não me apaixonar.
Quinto: Se eu tenho motivos, não posso evitá-los, muito menos ignorá-los!
É Fato! É Óbvio!
E cá entre nós, nunca que um homem como esse olharia para mim!
«»
Hugo
Pra quê eu fui abraçar essa garota?
Pelo jeito que ela saiu, pareceu que não gostou do que fiz...
Burro!!!
Mas por que eu estou me importando? Eu não deveria me importar!
Já sei! Deve ser porque eu a vi vulnerável daquele jeito... É... deve ser!
Mas eu devo admitir o óbvio:
Ela é linda! Muito linda! Parece até que não existe...
Pára de pensar nela, Hugo! Pense na Nanda, ela sim é sua namorada...
Quer saber? Vou tentar dormir. Se não minha mente vai começar a pensar muitas coisas e eu realmente não quero pensar em nada...
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