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História Quem sou eu?: Não há como fugir - Capítulo 11


Escrita por: Vicelle

Capítulo 12 - Capítulo 11


Não sei explicar ao certo o que estou pensando no momento. Aqui dentro desse carro, enquanto Shawn devolve a chave do quarto, meu cérebro meio que não funciona. Na verdade, eu não estou funcionando. Nada está ornando, nada está bom, nada está completo. Falta algo. Falta Zayn.
Ele entrou no carro com um sorriso de canto, como se estivesse ouvido alguma piada sem graça, mas ao mesmo tempo, tivesse achado graça. Não perguntei o motivo, pois não queria saber.
- Essa moça é muito ousada! - largou, mas como eu não esbocei nenhum interesse, ele continuou - Ela me entregou um papel com o telefone dela! - Olha isso...
Ele esticou o braço e me entregou o papel. Nele continha o provável número da moça, junto com seu nome, Janine - senti meus olhos serrarem, só de ler seu nome- , mas também tinha uma marca de batom, um vermelho bem escuro, em forma de beijo. Além disso, uma mancha, que parecia de gordura, no canto da folha, indicava que ela havia espirrado perfume naquele pedaço de papel. O cheiro do perfume barato daquela mulher, fez a minha chama de ciúmes acender. 
Arranquei o papel da mão de Shawn, abri a janela do carro, e como estávamos parados na frente do hotel, a moça que estava no balcão, conseguiu me enxergar. Amacei o papel, já com o braço para fora do carro, para que ela conseguisse notar que era o seu papel, e joguei no chão, e o papelzinho parou em cima do tapete de entrada do hotel. 
- Vai! - indiquei para que Shawn acelerasse o carro.
Não conseguia disfarçar minha cara de cu. Mas eu não podia me permitir sentir ciúmes de uma mulher que se vendia para um homem que estava com sua mulher e dois filhos, quando estávamos passando por tudo aquilo.
- Foi crueldade! - ele brincou.
- O que? Você quer o número dela? - não aguentei - Para o carro! - alterei a voz - Eu pego para você. Para esse carro! 
Ele começou a rir com meu chilique, mas eu não estava achando graça, estava falando sério. 
- Tá achando graça? Para esse carro! Vai lá formar uma família com aquela vagabunda, tenha dois filhos com ela, e sejam uma família feliz. Para o carro que eu vou descer! - eu realmente não entendi o motivo de falar e fazer toda aquela cena. 
Acho que tudo que aconteceu nas últimas horas, me fez deixar os sentimentos a flor da pele, me impossibilitando de controlá-los. Eu sempre fui boa em esconder o que sinto, ou somente controlar.
- Calma mulher, eu não quero ela! - ele ria - Se quisesse, teria guardado aquele papel no bolso, não te entregado ele. 
- Se eu encontrasse aquele papel no seu bolso, colocaria fogo na sua calça! - acrescentei, antes de cruzar os braços e fechar a cara.
Shawn se inclinou na minha direção e me beijou na bochecha, o que me fez voltar à realidade e lembrar que não era hora para aquele show de ciúmes. 
---

Estávamos no aeroporto, na fila de embarque já. Como nossas "malas" eram pequenas (mochilas não podem ser consideradas malas, nem as bolsas de bebês dos meninos), entramos com bagagem de mão mesmo.
Se perdêssemos a mochila que Shawn carregava, nossas vidas estariam acabadas. Lá, além de uma muda de roupa de cada um, continha uma quantia em dinheiro muito alta e muitos documentos falsos, tanto nossos, como dos meninos. 
O vôo não teve turbulência, mas pareceu demorar uma eternidade para acabar. Ainda mais com os meninos gritando o vôo inteiro. Tentei acalma-los a todo custo, mas eles só pararam de chorar quando o avião pousou. Conclui que todo aquele choro, fora culpa da pressão em seus ouvidos, no alto.
Fomos uns dos primeiros a desembarcar, e como não tínhamos mala, eu ja estava me encaminhando para a área onde pegaríamos um táxi, seja lá para onde Shawn programou nos levar.
- Para onde iremos... 
Antes mesmo de conseguir concluir a pergunta, um homem de terno preto, parecendo um motorista, se aproximou de nós. 
- Senhor e Senhora Allen! - cumprimentou Shawn com um aperto de mão firme e em seguida beijou as costas da minha mão.
Minha cara de "não estou entendendo nada" ficou clara. Shawn deu uma risada de canto, para indicar que tinha percebido meu espanto. 
O senhor de terno era relativamente alto, já apresentava cabelos brancos, mas muito bem cortados, o que quase entregava sua idade, que deveria beirar os cinquenta anos. Sua barba era tão bem feita que dava a definição de barba perfeita. Ele não era magro, mas também não era gordo, não pude ver se  eram músculos que preenchiam aquela roupa, mas parecia ser sim, pois seu rosto me lembrava muito a de um soldado Americano.
- Jorge, meu amigo! - Shawn o puxou para um abraço, naquele momento, percebi que os dois eram íntimos já, que já havia uma amizade formada ali, mas eu nunca havia ouvido falar naquele senhor - Como andam as crianças? 
Os dois seguiram até um carro. Era um jaguar XE sedã, preto. Meus olhos arregalaram, aquele carro era muito caro, como Shawn conseguira aquilo? 
No carro não haviam cadeirinhas, então Pietro ficou em meu colo e Isaac no colo de Shawn, que sentou no banco traseiro, comigo. 
Ele e o senhor Jorge, nosso suposto motorista, foram conversando o caminho todo sobre suas famílias e a pseudas férias que estávamos tirando.
Chegamos em uma casa, que ficava em um bairro onde as casas eram bem afastadas umas das outras. 
- O senhor vai poder aproveitar bastante aqui! Como o senhor havia pedido, sem vizinhos para incomodar. - Jorge sorriu e olhou para Shawn, esperando uma aprovação e teve o que queria.
- Obrigado amigo, sabia que podia contar com você... - completou a aprovação.
Jorge ajudou a carregas as malas para cima, mesmo sendo só as duas dos bebês, ele fez questão de carregar. Shawn não deixou que ele pegasse a mochila, e ele não insistiu em levá-la. 
A casa era linda. Não era enorme, mas também não era pequena. Tinham dois andares. A escada para o segundo andar, ficava na sala, encostada na lateral, na parede. A casa era simples, mas tão aconchegante e acolhedora.
A cozinha, estilo americana, com uma bancada bem no meio e muitos armários. Me surpreendi por neles estarem guardado tudo de que precisávamos. Era como se a casa já tivesse montada nos esperando. 
No primeiro andar não havia muita coisa, só a cozinha, a sala e um escritório. E em ambos os cômodos, avia aqueles cercadinhos para deixar crianças brincando. A pessoa que montou aquela casa, sabia exatamente a dificuldade que era desmontar um cercadinho e levar até outro cômodo, várias vezes ao dia.
Jorge deve ter notado que eu estava observando tudo, com o maior cuidado nos detalhes. Aquela casa parecia uma obra de arte, eu precisava de reter nos detalhes, estava tudo tão perfeito. Estávamos subindo as escadas para o segundo andar, quando veio o primeiro comentário:
- Minha mulher cuidou da decoração, Senhora Allen, espero que tenha gostado... - a voz de Jorge não era de provocação, era de preocupação, que algo não estivesse do meu agrado.
- Está tudo perfeito, Senhor... - não sabia seu sobrenome, então não sabia como tratá-lo, a palavra "senhor" ficou meio vaga.
- Pode me chamar de Jorge, Senhora Allen! - ele sorriu carinhosamente, no topo das escadas, esperando eu terminar de subi-la.
No segundo andar haviam quatro quartos. Entrei em cada um para ver a decoração. O quarto principal, do casal, havia uma suite e um coset, que julguei grande demais - nós só tínhamos duas mudas de roupa cada um, para que tanto espaço? -, a decoração era toda em creme e pérola, era tudo muito lindo. As colchas, as cortinas, as mobílias, tudo muito moderno mas ao mesmo tempo meio retro, do jeito que eu gostava. 
O segundo quarto, ao lado do quarto principal, conclui ser o dos meninos, pelo papel de parede de bichinho e os berços. O quarto seguia o mesmo padrão. Tudo muito retro mas ao mesmo tempo, bem infantil. 
O terceiro quarto, mais parecia um escritório com um sofá cama, do que um quarto mesmo. Ali parecia ser o quarto em que Shawn dormiria, todas as vezes que brigássemos. 
O quarto e último quarto, no fim do corredor, era o que aparentava ser do Zayn. Notei pela quantidade de coisas modernas. A cama de casal no centro do quarto, com um sofá preto de couro aos seus pés, de frente para uma televisão de muitas polegadas grudada na parede. Na mesa que pegava a parede inteira, haviam pelo menos quatro notebooks, duas impressoras, um fax - isso talvez não seja tão moderno - e muitas coisas tecnológicas que não identifiquei o que eram. O guarda-roupa era embutido na parede, o que deixava o quarto ainda mais elegante. Aquele quarto parecia ter sido desenhado por Zayn. O que me fez desabar.
Eu caminhei pelo quarto, tocando as coisas de leve, tentando sentir Zayn ali, mesmo que ele nunca estivesse estado ali, eu precisava sentir sua essência. Jorge e Shawn permaneceram em pé, na porta, só me observando. Senti os olhos de Shawn correrem pelo meu corpo inteiro.
Quando as lágrimas começaram a se formar, tentaram me tirar desse pensamento, o problema é que eu não queria sair dele.
- Venha Anne, vamos ver o resto da casa... - Shawn me chamou. Então quer dizer que meu nome é Anne agora.
- Está tudo bem, Senhora Allen? - Jorge foi um cavalheiro ao perguntar - Quer que eu traga um copo d'Água? 
- Estou bem sim... - menti, porque eu claramente não estava - Só preciso ficar sozinha um tempo! 
Shawn nem questionou, tocou as cotas de Jorge, que entendeu o recado, e os dois saíram. Eu precisava daquilo, precisava desabar e chorar mais, o que eu já havia chorado não bastava.
Acabei adormecendo na cama que seria de Zayn, de tanto chorar.

 



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