22 de Novembro de 1995
Querido Diário.
Estou completamente exausto! Por causa das expectativas criadas sobre mim, eu tenho que me esforçar o triplo que todos os outros alunos... E ainda dizem que eu não me esforço, tolos! Se todos esses hipogrifos acéfalos soubessem o quão difícil é ter toda a esperança de gerações depositadas sobre você... Eu só queria ser livre, diário... Ter a liberdade plena de voar pelos céus, sem rumo, seguindo as estações e sentir o vento em meu rosto enquanto as frustrações transbordam pelos meus poros... Sim, é essa sensação de felicidade de estar completamente alheio à humanidade e suas mediocridades que não suporto mais! Ah, mas novamente eu sonho com utopias que nunca alcançarei pelo peso da responsabilidade e as algemas de traumas pretéritos! Merlin, devo tirar um descanso dos estudos por causa desses delírios...
Se P. não estivesse namorando, aposto que me faria uma massagem maravilhosa e conversaríamos bobagens até o amanhecer, me fazendo esquecer dos meus loucos delírios... Merlin, como eu sinto falta daquela vadia escrota que me perseguia pelos corredores de Hogwarts... Sabe, diário, é nessas horas de morosidade que eu mais sinto falta dos meus amigos... Mesmo querendo a liberdade, não gosto de estar sozinho! Sim, a coisa que eu mais odeio é a solidão! E, por algum sórdido motivo, ela parece me apreciar tanto que não larga do meu pé! Todo instante, ao olhar ao meu redor, percebo-me só. Todo aquele clichê de “estar só no meio da multidão e mimimi”. Não que eu seja antissocial¹, óbvio que não! Eu adoro sair e essas coisas... Adoro pessoas também! É! Mas não parece recíproco. Droga, às vezes até meus pensamentos me confundem, seria essa a adolescência de que tanto falam?
De qualquer maneira... P. e B. estão namorando, ou seja, sair com eles é extremamente cansativo... Vê-los grudados e cheios de amor me dá uma profunda ânsia! E, por mais solitário que isso soe, eles são os únicos que eu posso mesmo confiar e conversar, de fato. Os outros são insignificantes colegas. Será que eu só tenho dois melhores amigos por ser muito insuportável? Quer dizer, é normal isso? Vejo os outros estudantes andando em imensos bandos e isso me assusta um pouco. Ainda mais pelo fato de estar sendo trocado P. e B. estarem namorando, e agora eu estou cercado de brutamontes que não sabem o que é um cérebro e tampouco como utilizá-lo! Frustrante!
Tsc, ignore-me, diário, como disse antes, minha mente ainda está atolada nos livros e eu estou tendo devaneios além das galáxias! Vou dormir para ver se volto ao meu espírito normal, é.
-º-
Harry não sabia se ria ou concordava com o escritor! Era tão assustadoramente aliviante saber que ele não era o único a sentir todas essas emoções, sonhos e confusões! Suspirou sorrindo ao saber que não era o único ao sofrer do ‘mal’ de ter seus únicos melhores amigos namorando. Era como se...
— Hey, Harry, como vai? Hey, o que é isso? — Uma voz surgiu por detrás de Harry, que instantaneamente sentiu o rosto afoguear-se intensamente, como uma criança que fora pega fazendo arte.
— Ah, er... isso é... er... é um... sabe... caderno, não tem olhos não? — disse gaguejando, arrumando os óculos nervosamente e saiu apressadamente, não evitando pensar o quão patético era por gaguejar por um simples diário desconhecido.
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