História Querido Diário - Capítulo Sete

03 de Dezembro de 1995

Querido Diário,

Estou enjoado. Sinto meu estômago se revirar e minha garganta se forçar no reflexo de jogar tudo para fora. Estou muito enjoado. Sinto minha cabeça girar e meus olhos estão pesados como tivessem visto tanta atrocidade que não suportariam mais fazer sua função. Estou realmente enjoado. Minhas pernas estão fraquejando e meus dedos tremem pelo horror que eu vi agora pouco. Estou mais do que muito enjoado. Eu acabei de ver a nojenta língua de uma maldita sardenta invadir a boca do maldito grifinório que eu amo tanto tenho uma queda.

E, acima de um supremo e enorme nojo, eu me sinto extremamente irado por causa daquela atrocidade que todos chamam de beijo! Quer dizer, se esfregar igual a uma cadela no cio e exibir o maldito namorado para a escola inteira era algo tão “bonitinho” assim? Francamente, quando a vejo dar comida àquele tonto, sinto vontade de furar meus olhos, para em seguida arrancá-los com todo o prazer do mundo! Quão adorável é vê-la sentar-se no colo daquela anta quatro-olhos enquanto faz o dever de casa? Tsc, é tão gostoso assim sentar no pau do seu namorado enquanto todos olham, queridinha?

Sinceramente, não sei o que me indigna mais, o fato de aquela magrela sem sal arrastar o pobre garoto para todos os lados e mostrar ao mundo cenas sugestivas de sexo, ou então o cara que é tão idiota a ponto de se submeter a tal tratamento, mesmo que esteja mais do que estampado na sua linda face o desagrado causado pelas carícias da namorada. Francamente, estúpido, se não gosta, fale! Não me deixe ver essas nojentas cenas que fazem meus olhos queimarem e fazem eu jorrar lágrimas para resfriar as queimaduras deixadas.

É tão patético eu ser obrigado a conviver com esse tipo de coisa todo santo dia. Merlin, me mate agora, por favor, eu imploro! Por Salazar, me tire dessa tentação de incendiar meus ouvidos e olhos sempre que os vejo passar ao meu lado. Retire essa dor no peito toda maldita vez que a vejo segurar sua mão e beijar-lhe como se ele sempre tivesse pertencido a ela e que esse fato nunca mudaria... Aquela beleza exótica pertencendo a outra... Fatos que jamais aceitaria.

P. acabou de entrar e perguntou se eu comi alguma lesma ou algo assim. Tsc, só ela mesmo pra me fazer esquecer momentaneamente sobre

Hey, meninão, só porque você tem um diário não significa que eu morri, ok? Conte-me mais sobre sua vida, maldito, ou então seu cabelo tão lindo ficará... Bem, você sabe! Ah, falando sobre o grifinório e sua namoradinha otária de novo? Você tem que superar esse garoto! Lembre-se de que você é lindo, jovem e sensual e pode ter qualquer garoto de Hogwarts de quatro por você, ops, você que prefere ficar de quatro! Ok, depois que você ler isso, lembre-se de que eu te amo! E não me mate por ter pegado seu diário tão abruptamente e ter vindo me esconder... Desculpe também pelo que eu coloquei no seu suco... Estava ficando irritada por ser trocada por um maldito caderno! Mas, continuando... Se você realmente quisesse, meninão, você também teria esse garoto de quatro em cima de você, hm. É só afugentar aquela pirralha pra longe! Qual é, aposto que você amaria torturar um pouco a vadia que roubou seu bofe de você... Não adianta negar, você ama o

Diário, seria preso se cometesse um assassinato? Ou melhor, dois?

-º-

Harry não pode deixar de soltar um fraco riso, imaginando que aquele louco parágrafo pertencia à amiga do escritor. Estranhamente, ele pensava que ela seria alguém mais séria, porém, aquele jeito brincalhão dela não deixava de ser um tanto encantador. A relação dos dois parecia, de fato, boa, e ele entendia o porquê de o outro sentir saudade. 

Suspirou pensando quem seria essa garota mencionada na página. E também quem seria o bobo a se deixar levar só por causa de uns beijos! Realmente, o escritor merecia alguém muito melhor do que esse homem aparentemente sem opinião alguma! Potter se sentia frustrado e com uma pontada de raiva dessa garota que obviamente estava no caminho... 

— Hey, amor, o que está lendo? — Harry escutou uma voz feminina ao pé de sua orelha e sentiu uma atrevida mão em sua coxa. 

— Er... eu... é... nada, é só algo que eu... er... sabe.. er... Encontrei... — Harry gaguejou corando e fechou o livro rapidamente, olhando para Gina. 

— Ah, você parecia tão entretido, sobre o que é? — perguntou a ruiva mostrando um simpático sorriso enquanto deitava a cabeça em seu ombro, preguiçosamente. 

— Sobre... er... coisas da vida ou algo assim... er... Eu estou vou para o quarto terminar umas lições, te vejo depois — disse ele, desvencilhando-se da namorada e segurando fortemente o diário enquanto se levantava. 

— ­Tá... Até depois, amor — despediu-se com certa estranheza na voz, e Harry se sentiu um idiota estar incomodado e fatigado com a presença de Ginny.