Flashback On
Nora
Então ele se chama Leonard? Nunca havia conhecido alguém com esse nome.
- Você sabia que isso uma hora ou outra iria acontecer, só não quis acreditar, agora arque com as consequências de não ter se preparado para esse dia, Nancy - Leonard diz à minha mãe.
- Isso não vai acontecer, ela não merece passar por isso. Não à envolva nesse mundo perigoso, por favor - agora minha mãe suplicava para o homem que continuava segurando meu pulso.
- Ela já está mais envolvida nisso tudo do que você imagina, o melhor que eu posso fazer é protegê-la. Agora se me der licença, eu preciso ir, já devem estar vindo para cá pra buscar sua filha - Leo diz.
Eu já estava irritada de ficar entre aqueles dois e não conseguir falar nada.
- Gente, alguém… - fui interrompida pela minha mãe que gritava desesperadamente.
- Ela não está não! Nora só vai estar envolvida nisso tudo se você levá-la para aquele lugar dos infernos!
- Pois esse lugar dos infernos é o local mais seguro para sua tão preciosa filhinha! - Leonard retrucou, já completamente alterado.
- Será que vocês podiam… - não consegui terminar a frase pois minha mãe arrancou meu braço do aperto de Leonard - aish! Isso doeu.
- Ela não vai à lugar nenhum! Eu já disse! - após minha mãe dizer isso me colocou atrás de si.
- Você não entende que ela precisar ir, Nancy?! Ela vai, você querendo ou não - quando Leo termina de dizer isso, em uma velocidade absurda vai para atrás de mim, e automaticamente atrás de minha mãe, e começa a me puxar novamente em direção a porta.
- Mas que caralho! Alguém pode me dizer o que diabos está havendo aqui?! Que lugar é esse que vocês estão falando? Se alguém tem que decidir se vai à algum lugar sou eu e não vocês! Mas que droga! Eu estou sendo puxada de um lado para o outro como se fosse uma boneca de pano! Não perceberam que estão me machucando?! Eu ainda nem acordei direito e já estou passando por todo esse estresse… Isso está me dando dor de cabeça - murmurei a última parte, mas foi alto o suficiente para que as duas pessoas (que me olhavam incrédulas) escutassem.
- Essa dor de cabeça não é por causa de estresse nenhum, e sim por conta da mudança que seu corpo está passando. Nós precisamos ir, agora - Leonard diz abrindo a porta e saindo junto com a minha mala, mas voltando rapidamente - Nancy, por favor, entenda que esse é o melhor para a Nora… Se ela continuar aqui… Vai correr um grande perigo…
- Eu… Não posso.. Não posso simplesmente deixá-la, eu não consigo… Eu não posso perder minha filha - minha mãe dizia aos prantos - Eu já perdi meu pai por causa disso… Não me faça perder meu bem mais precioso também…
- Primeiramente: eu ficaria muito agradecida se vocês parassem de falar de mim, fingindo que eu não estou aqui, sendo que eu tô aqui! E segundamente: eu não vou à lugar algum! Principalmente com um desconhecido que invadiu minha casa e me perseguiu pelas duas últimas semanas! Eu já sou uma adulta, e decido por mim mesma o que fazer da minha vida! - afirmei confiante para os dois, que por algum milagre, lembraram que eu estava ali.
- Bom, se você quer continuar viva para poder cuidar da sua própria vida como uma adulta independente, eu sugiro que venha comigo. Prometo responder sinceramente a todas as suas perguntas no caminho, mas temos que sair daqui o mais rápido possível.
Leonard disse isso tão rápido que eu precisei de mais tempo do que o normal para raciocinar… Espera aí… Ele quis dizer que se eu não fosse para esse tal lugar com ele eu iria morrer?! Meu Deus Nora! Como você é lerda!
- Então… Se eu for com você… Vou provavelmente continuar viva e vou ter todas, e quando todas é porque são TODAS, as minhas perguntas respondidas? - perguntei encarando Leonard bem no fundo de seus olhos negros, como se estivesse procurando quaisquer vestígios de que ele pudesse estar mentindo e de que tudo isso não passasse uma brincadeira de mal gosto… Nada… Ele me olhava com sinceridade… Tudo o que estava acontecendo era perfeita e completamente real. Droga!
- Sim, exatamente isso. Agora, pela milésima vez hoje, nós precisamos ir - o dono dos cabelos escuros diz pegando minha segunda mala e à levando para fora.
Encarei minha mãe… Ela parecia estar em um conflito interno, sem saber direito o que fazer. Nunca havia visto ela desse jeito.. Tão… Assustada. Ela sempre foi uma mulher forte, que não se deixava abalar facilmente, é estranho pra mim vê-la nesse estado de desespero. Me aproximei devagar dela, quando coloquei minha mão delicadamente em seu ombros ela levantou seu olhar para mim, e eu desejei nunca ter visto ela daquela forma… Nancy estava com os olhos marejados e inchados, e seu nariz estava muito vermelho. Eu nunca tinha cogitado nisso, mas foi impossível não puxá-la para um abraço apertado. Um abraço apertado e necessitado. Nunca tínhamos feito algo assim, mas era muito, muito bom poder finalmente abraçá-la de verdade, depois de uma vida inteira de discussões e falsos sorrisos. Ela me afastou lentamente e sussurrou no meu ouvindo com a voz embargada:
- Eu não queria deixá-la ir… Mas saiba que sempre te amei mais que tudo, e vou continuar te amando até o final da minha vida… E se possível, até além disso… Queria mais que tudo ficar ao seu lado nesse momento e poder te explicar tudo… Tudo mesmo, desde o início… Mas pelo visto não temos tempo para isso… Então o máximo que posso fazer é ver você partir e me contentar em imaginar você bem, e protegida… Você é tudo para mim, Nora e eu te amo mais que qualquer coisa nesse mundo. - quando ela terminou de dizer isso meus olhos já estavam marejados, e foi então que alguém, vulgo Leonard, começou a me arrastar para dentro de um carro preto, e a última coisa que eu vi, antes do carro entrar em movimento, foi a minha mãe acenando da porta com o olhar mais melancólico que eu já presenciei…
…
Já fazem uns quinze minutos que estamos andando de carro e o cara no volante não disse uma palavra sequer. Que tédio!
- Pode começar o interrogatório agora. Eu disse que responderia a todas as suas perguntas, então… Comece - ele finalmente se pronunciou! Graças a Deus! Não estava aguentando esse silêncio todo.
- Então… Seu nome é Leonard? - ele ri abafado com um sorriso sarcástico no canto da boca.
- A poucos minutos você estava fazendo o maior chilique porque não sabia de nada, e a primeira coisa que me pergunta é algo que já sabe a resposta. Olha, eu não te entendo. - ele ri mais uma vez, ele está começando a me deixar envergonhada.
- Apenas responda a droga da pergunta - ele solta um suspiro pesado e finalmente responde.
- Sim, meu nome é Leonard, mas me chame apenas de Leo. Leonard é muito formal para o meu gosto.
- Certo… Para onde estamos indo?
- Estou te levando pro lugar mais seguro para você no momento.
- Defina “lugar mais seguro para você no momento”.
- Acho mais fácil você me perguntar outras coisas primeiro, se eu responder à essa pergunta agora você só vai ficar mais confusa do que já está - bufei, insatisfeita com a “resposta”.
- Okay… Então me diz… O que você é exatamente? Por que eu preciso ir para um lugar seguro? Quem ou o que está atrás de mim? Por que querem me matar? E o que é essa “mudança” que meu corpo está passando que faz eu sentir fortes dores de cabeça? - falei tudo rapidamente, uma coisa atrás da outra.
- Uma coisa de cada vez, tudo bem? Bom… É difícil dizer o que nós somos exatamente…
Como assim nós?
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