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História Raios de Sol - Uma flor na lateral da estrada.


Escrita por: Reilaaa

Capítulo 2 - Uma flor na lateral da estrada.


Acordei mais tarde naquele dia, para falar a verdade, eu quase nem dormir. Passei quase toda a madrugada acordado, pensando no tal almoço. A luz forte do Sol entrou com tudo pela janela do meu quarto, não ia conseguir dormir mais. Bem... De um jeito ou de outro a luz havia me ajudado, se não fosse por isso duvido muito que levantaria da cama antes das três da tarde. O clima estava bom, nem frio, nem calor, apenas um ventinho gostoso, o que me deu liberdade para abrir a janela e passar alguns minutinhos ali, sentindo o vento bater e a luz do sol esquentar o meu rosto. O dia estava lindo para ficar parado observando, mas é claro que eu nunca teria esse tempo.

Nos minutos seguinte estive no banheiro, tomei um banho caprichado, precisava parecer bem no encontro, mesmo que não estivesse 100%, mas ao meu ver as pessoas raramente se importam com o interior, se eu parecesse bem, iriam achar que estava bem. 

Me alimentei bastante no café, não queria passar fome na casa da Joohyun e acabar comendo muito, séria muito desrespeitoso. Na verdade, eu estava tremendo de medo, o mais difícil era pensar que eu tinha que impressionar os pais de uma garota que eu não tinha a intenção de namorar,  com certeza eles fariam perguntas desse tipo, enquanto comia fiquei pensando em possíveis perguntas e nas possíveis respostas, só esperava que eles não pegassem pesado.

O tempo passou rápido, assim que terminei de comer comecei a me arrumar, coloquei a melhor roupa que eu tinha,  uma regata branca e um jeans preto. Não era grande coisa, mas achei que cairia bem para a situação, não muito formal. Meu medo é que eles estivessem todos bem chiques e eu aparecesse daquele jeito. Penteei varias vezes o meu cabelo que insistia em ficar feio, não conseguia achar uma maneira em que ficasse bonito, estava tendo um péssimo dia comigo mesmo

Mandei uma mensagem, falando que já saia de casa, ela ficou tão feliz, e a minha vontade de ir só diminuía, eu estava tão carente a ponto de enganar alguém, voltei a ser alguém desprezível. Mantia em mente que eu desenvolveria algo por ela ainda, se eu fiquei tão animado quando nos conhecemos, por que não estaria mais agora? Talvez meus sentimentos só estivessem confusos, eu nunca namorei antes, não sabia bem como era isso. Pensei em lhe levar flores, mas não deu tempo, eu tinha que sair cedo, ou nunca chegaria ao meu destino.

Como esperado o transito estava insuportável, eu odiava sair de carro mas odiava ainda mais usar transporte público. Aquela cidade cresceu tão rápido, no passado, o único ponto que atraia pessoas para cá era o lago, era muito bonito, era repleto pelo verde, aqui era onde as mães passeavam com seus bebes no carrinho, a pracinha do lado onde eu sempre fazia novos amigos, eu adorava vir aqui com meus pais, porem depois que varias universidades apareceram aqui, a cidade ficou mais cheia, mais suja e mais feia, a praça não era a mesma coisa de antes, as lembranças eram boas, mas eu não conseguiria ficar lá, já tentei, acredite, senti meu coração quebrado, as flores todas mortinhas, os brinquedos quebrados, eu sentia vontade de chorar só de lembrar.

Cheguei mais tarde do que o combinado, era um bairro bem chique, eu não tinha visitado a sua casa ainda, senti medo de tocar a campainha, não achei que seria uma casa tão grande assim. Mandei mensagens na esperança que ela abrisse a porta para mim, mas sem sucesso. Estacionei meu carro em um lugar próximo, mas escondido, não queria que alguém visse. 

A casa era branca com alguns detalhes em marrom, bem bonita, tinha dois andares, mas não dava para ver direito pois existia um muro bem alto ao redor dela, o interfone ficava bem escondido, foi uma briga para que eu conseguisse aperta-lo, isso me deixou mais nervoso. Um homem de mais ou menos uns 60 anos me atendeu, eu logo falei meu nome, da maneira mais educada que eu achei. 

  —  Espere um pouco, ela já esta descendo.

Terminada essa frase eu ouvi o telefone se desligando, demorou menos de um minuto até que eu ouvisse o portão se abrindo e uma menina correndo. Ela estava muito bonitinha, usava um vestido vermelho com varias frutinhas espalhadas e uma sandália da mesma cor. Joohyun me deu um beijinho no rosto e me abraçou, fiz o mesmo, tentei esquecer tudo que passava na minha mente por enquanto.

— Estava com tanto medo de você não vir... — Me soltou, parecia tão nervosa quanto eu.

— Por que achou que eu não viria? —  Ela não me respondeu, apenas olhou para o meu rosto e deu um sorriso, pegando na minha mão e me guiando levemente até a porta da sua casa. 

A parte interior era certamente mais bonita, na entrada havia uma mesinha com uma vaso de flor bem bonito, logo atras um arco que guiava para sala, tinha dois sofás muito bonitos e uma lareira, não estava ligada mas devia ser muito gostoso ficar em sua frente a noite, descansando. Ela me pediu para sentar e esperar no mesmo.  Confesso que morri de medo que alguém aparecesse ali e perguntasse o que eu estava fazendo, ou quem eu era. Eu tinha as respostas mas, era sempre muito arriscado conversas com pessoas que eu não conhecia e tinha que passa uma boa impressão. Enquanto Joohyun não estava presente fiquei observando a sala, do lado contrario ao da lareira tinha uma janela enorme, na verdade era uma porta, estava meio aberta, batendo o mesmo ventinho gostoso da manhã, cheguei mais perto para observar, havia vários vasinhos com plantas, outros estavam suspensos, que sonho...

Joohyun vinha descendo as escada, com uma pessoa, um menino um pouco mais alto que a mesma, era fofinho, ela estava toda arrumada e o garoto ainda de pijama, um pijama azul bebê, bem infantil, ela lançou um sorriso quando me viu parado ali na frente, mas continuava descendo devagar, acompanhando o garoto. 

  — Olha Channie, esse aqui é o meu filho!   — Channie? Filho?

— Seu filho?  

  —  Sim! Da Oi para ele —  Ela estava tão alegre hoje, nem parecia a garota seria que só falava de futuro e estudos, era bom ver-la assim, mas tinha receio que fosse por minha causa. Eu acenei para ele, com um sorriso apertado no rosto. — Eu disse pra você dar Oi para ele!

  — Mas eu dei...

—  Não desse jeito, você tem que dizer "Oi" — Brincou pegando a mãozinha do menino e acenando para mim 

  —  Deixa ele. — O menino disse, sua voz era bem baixa

Ele se virou e subiu as escadas, bem devagar, qual era o problema?

— É seu irmão? Parece com você  

— Sim, não tem nada haver

— Olhando bem parece

Ela sorriu de novo, me pegando pelo braço falando que iria mostrar o resto da sua casa, subimos as escadas e ela parecia maior lá de cima, mas o mais legal era a biblioteca, eles tinham uma biblioteca, em casa, uma biblioteca, eu fiquei indignado. Nós ficamos por lá enquanto seus país não chegavam para o almoço, ela me disse que sua mãe não permitia namorados no quarto dela por isso não ficarmos lá, ela estava bem engraçadinha hoje, não conhecia esse lado. 

  —  Esse é o melhor lugar da casa sabia?

 —  Sua casa é tão grande... 

 —  Mas aqui é o melhor lugar! — Ela gritou como se eu tivesse a contrariando, mas logo riu para amenizar o meu susto — Os empregados não mexem aqui então da pra passar o dia inteiro sossegado.

  —  Por que não?

—  Por causa do Baekhyun.

—  Quem é esse?

—  Meu irmão ué.

—  Você não me disse o nome dele.

— Enfim... Ele gosta de ficar aqui lendo, por isso ninguém mexe, nem eu. — Seu rostinho feliz agora tinha um expressão desanimada

— Só por isso? Ele manda em vocês? — Tentei a fazer rir mas parece que eu só piorei as coisas.

— Claro que não, você não percebeu? — Nos olhamos, eu não sabia o que dizer — O Baek é cego, Chanyeol 

  — Meu deus... Desculpa, eu não sabia —  Eu fiquei perplexo, não prestei muita atenção no menino, Joohyun não me deu essa oportunidade. — Então, como ele le? — Ela ficou quieta, me fitando com um olhar cansado.

— Do jeito dele ué — Acho que ela já estava cansada de ouvir perguntas sobre isso, por isso ficou tão desanimada de repente. Mas eu não a culpava, deve ser um saco.  

Eu pedi desculpas, mas acho que ela não iria voltar a rir tão cedo assim. Descemos, os país dela haviam chegado, agora eu teria que socializar com eles, pareciam ser pessoas bem importantes, nos sentamos na mesa os quatro, o almoço já estava pronto, só estavam esperando os donos da casa chegarem. Joohyun me deixou sozinha na mesa com seus pais, achei que eles iriam me encher de perguntas, mas foram tão simpáticos e gentis, não estava mais com medo, eles apenas me perguntaram para falar sobre mim, se eu estudava e essas coisas, nada relacionado a minha relação com a Joohyun. Passado alguns minutos, ela desceu com o seu irmão junto, ele estava com uma roupa normal agora, na verdade todos estavam, achei estranho, uma casa tão chique assim com pessoas tão divertidas, casuais e gentis, as aparências realmente enganam. Os empregados trouxeram os pratos, foi algo bem simples, agradeci mentalmente por isso, não estava afim de comer aquelas coisas minusculas que as pessoas ricas comem que eu duvido que mate a fome de alguém que tenha mais do que 2 anos de idade. 

Por mais que tentasse, não conseguia prestar atenção na conversa, apenas naquele garoto, era tão estranho, parecia sempre que ele estava olhando diretamente para mim, eu fazia o mesmo, não era a minha culpa, além de intrigante ele era também muito bonito, mas não tinha problema, ele não iria ver. Joohyun tinha voltado a sorrir, ela falava sobre nossos passeios e outras coisas da vida dela, será que ela era sempre assim? Sorridente, alegre, divertida? 

Assim que terminamos de comer continuamos conversando, sobre vários assuntos, falamos sobre o clima de repente já estávamos falando de politica. Aos poucos todos foram se levantando, eu a Joohyun fomos para o quintal, ela me disse que eu iria adorar, bem, iria, se eu já não tivesse dado uma espiada. O vento parou, mas o clima ainda estava bom, o Sol não estava forte, nos sentamos num banquinho de madeira que tinha ali, dava para ver  que era madeira de verdade, estava bem feito. Ela estava bem perto de mim, as vezes eu esquecia o porque estava ali.

  — Noona? —  Ele gritava na porta, queria saber se ela estava ali.

  —  Oi, meu amor! —  Ela saiu correndo para abraçar o menino, agora eu entendi, ela ficava mais feliz perto dele. Os dois eram tão fofos, ela o abraçou e o trouxe até mim. Dessa vez eu dei "Oi" da maneira certa, o garotinho sorriu e o meu coração derreteu, era tão lindo, a luz fraca do sol batia no seu rostinho, deixando aquele momento mais fofo.

Ele se sentou com a gente, agora ela estava abraçada com ele e não comigo, o que foi um alivio. Havia um silencio cortando ali, e não contem comigo para quebrar-lo. Mas felizmente Joohyun fez isso antes que eu ficasse maluco com aquele silencio. Ela se levantou e disse que iria pegar uma coisa para a gente fazer. Eu aproveitei para ficar fitando aquele menino, eu passei a mão em sua frente só para ter certeza.

  — Por que ta fazendo isso? — Ele sempre me assustava, fiquei quieto, ele me dava medo. — Por favor me responde —  Ah, esqueci o que eu disse antes, ele era muito fofo para ter medo.

— Desculpa... —  Como ele sabia? Ah, eram tantas perguntas, eu nunca tinha conhecido alguém assim antes, eu não conseguia tirar os olhos dos dele.

— Está me olhando.

— Isso é um dom ou o que? — Rebati, e ele riu. Sua risada era tão fofa...

— Na verdade, é bem fácil...  Até você pode sentir quando alguém está te olhando.

— Serio? —  Por que eu não conseguia acreditar?   

Joohyun chegou com um violão, ela me disse que o Baekhyun tinha uma voz muito bonita e que seria um desperdício eu não ouvir-la. E de fato, ela estava certa, me senti levemente emocionado a cada linha que ele cantava, a voz da Joohyun também era bonita, mas não tanto quanto a dele, ou talvez era meus ouvidos que só conseguiam prestar atenção nele. A música era sobre o ponto de vista de uma flor na lateral da estrada, a letra, a melodia, a voz, era tudo tão lindo, eu me senti no céu. Depois dessas vieram muitas outras, eu até toquei algumas musicas para eles cantarem, foi uma tarde gostosa.

Voltamos para dentro quando começou a ficar mais frio, decidimos ficar no quarto do Baekhyun já que o de Joohyun era inalcançável. O quarto era bem decorado com coisas de crianças, como carrinhos, ursinhos de pelúcia e algumas estrelinhas no topo da parede, eu comecei a pensar em varias possibilidades, tinha muita coisa que eu queria saber mas estava com medo e vergonha de perguntar, mas de fato estava muito curioso com aquele menino, por que a Joohyun não me falou dele antes?

Fiquei observando suas coisas, deve ser muito bom crescer em uma família rica né? Você tem tudo o que quer, estuda nas melhores escolas, faz viagens legais, pelo menos era isso dessas coisa que a Joohyun me falava.

— Você quer sorvete, Chanyeol? — Eu sempre acabava me distraindo e me assustando quando alguém falava comigo.

— Quero sim.

— Ta bom.

Ela saiu e me deixou sozinho com ele de novo, eu tinha medo de acontecer alguma coisa, parecia que eu estava cuidado de um bebê. Agora ele estava sentando na sua cama com as perninhas curtas cruzadas, com a cabeça para baixo, o que será que passava por sua cabeça? Devia ser assustador, viver num mundo escuro, não ver o rosto das pessoas, a luz do sol, as flores, os bichinhos... Mas penso que por outro lado, a vida seja mais sensível.

Joohyun voltou com três potes de sorvete na mão, vi que ela estava atrapalhada então resolvi a ajudar, me arrependi quando ela me respondeu com um sorriso.

O sorvete era de flocos, não é um dos meus favoritos, mas não deixei de aproveitar. Joohyun acabou primeiro que nos dois, então ficou fazendo brincadeiras, fingindo que queria roubar os sorvetes, eles riam tanto que eu decidir entrar na brincadeira também, mesmo não me sentindo bem vindo ali, eu queria tanto ter um irmão...

O dia foi melhor do que eu pensei, uma pena ter acabado tão rápido, estava morrendo de cansaço, assim que cheguei em casa me joguei na cama e dormir até tarde, não me lembro com o que sonhei, só sei que acordei ótimo, talvez renovado por novos sentimentos.



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