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História Rangers - Rei


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 47 - Rei


Quando todos foram descansar, Baekhyun não conseguia pensar em sequer pregar os olhos. Tinha uma missão. Tinha que recuperar Chanyeol. Pela sua honra.

Lembrou-se de seu juramento para com seu pai, quando o mesmo se encontrava em uma cama, doente. Diziam as más línguas que logo iria morrer, mas pelo contrário, o Rei de Phantom viveu por muitos meses até a chegada do ataque.

Quando foi visitá-lo, estranhamente às suas ordens, acompanhado de soldados que buscaram e solicitaram a sua presença ao Palácio, Baekhyun apenas sentia calafrios. O medo transitava por todo o seu corpo. Nem lembrava da imagem do Rei. Da sua voz. Nem de sua personalidade. Há anos enclausurado e sendo treinado arduamente como um guardião do próximo Rei de Phantom, Baekhyun não imaginava que em um futuro próximo conheceria o seu pai, Rei daquele planeta. Sabia que algum dia teria que conhecer o Rei, muito provavelmente no dia da cerimônia dos guardiões, onde Baekhyun oficialmente seria ligado pela eternidade com seu irmão mais velho, prometendo a fidelidade, lealdade e a sua vida ao futuro Rei. A proteção do monarca seria seu destino.

Do outro lado do corredor, Baekhyun estava sendo escoltado por guardas reais, phantonianos maiores que ele, com tronco e bíceps grandes.

Quando entrou, pensou encontrar mais aristocratas no quarto, chorando ou pedindo aos céus que o Rei não morresse, mas o que encontrou foi um quarto simples de hospital.

A Rainha, sua mãe, tinha caído no sono ao lado de seu parceiro na cama larga. Encolhida, pequena, ela parecia exatamente como Baekhyun se lembrava quando foi retirado de sua casa há alguns anos.

No canto, em uma enorme cama bege, um cachorro phantoniano, negro, de pele lisa igual uma foca se espreguiçava, desenrolando o próprio corpo e olhando para a porta. Para Baekhyun. Ele rosnou no começo, as grandes antenas apontaram para cima e o rabo extenso funcionava como um chicote no chão.

Baekhyun olhou para trás e percebeu que os guardas não estavam mais ali. E então, quando o cachorro estava prestes a atacá-lo com a fileira dupla de dentes pequenos e afiados, um chiado o fez acalmar.

Era o Rei.

Era seu pai.

Baekhyun olhou para a cama de repente, mas viu que o Rei não tinha acordado. Ele apenas acalmou o cachorro sem abrir os olhos, sem sentir a presença do segundo filho, que não vivia com ele, que apenas pertencia ao exército naquele momento. Um filho distante, que amava a figura que era e a imagem que o Rei representava tanto quanto os outros herdeiros.

Ao perceber que o cão tinha se acalmado, Baekhyun estalou o pescoço e esfregou a mão nos olhos. Estava exausto. Nos últimos dias, tinha treinado arduamente por causa da cerimônia, que estava aproximando-se. Os treinos ficaram mais rigorosos. As noites de sono mais curtas. Os professores mais rígidos.

-Bae?

Os olhos de Baekhyun seguiram na direção da cama. As pálpebras do Rei estavam abaixadas, porém abertas. Sua boca formava um leve sorriso. Com a aparência azulada, ele parecia vinte anos mais velho do que Baekhyun se lembrava. Tinha se passado onze anos desde que Baekhyun saiu de sua casa, aos oito.

A emoção apareceu intensa e rapidamente, sobrecarregando os neurotransmissores de Baekhyun, roubando sua voz.

O Rei pareceu entender. Abrindo sua mão livre, ele acenou, embora não conseguisse erguer o braço.

Os pés de Baekhyun pareciam se arrastar enquanto ele se aproximava da cama. Assim que chegou mais perto, ajoelhou-se diante de seu Rei e tomou a palma da mão do pai, virando-se para o outro lado, e beijou a enorme pedra azulada que brilhava no dedo dele.

Entã descansou a cabeça no anel, nos dedos de seu pai.

Seu coração bombeava sangue rapidamente em seu peito.

Enquanto o Rei apertava fortemente a mão, Baekhyun pensou em todo o tempo que passou fora dos limites daquele Palácio, dos braços ternos de sua mãe, da criação junto aos seus irmãos. Tinha que cumprir com a lei, com a regra que tinha sido prescrita há milênios. Tinha um papel há cumprir. Baekhyun havia nascido apenas para proteger o futuro Rei. Era esse o seu destino. E não poderia falhar. A ansiedade fez seu estômago se revirar.

Nem conhecia seu irmão ainda.

O phantoniano que deveria prometer à vida.

-Obrigado. - sussurrou o Rei com uma voz rouca. - Obrigado por vir até aqui.

Baekhyun ergueu a cabeça e a sacudiu.

-Meu Senhor, todos os seus desejos são uma ordem.

-Chama-me de meu Senhor, porquê?

Baekhyun empalideceu.

-Você é meu Rei.

-Sou seu pai.

Baekhyun, em todos esses anos, achava que seus pais não se importavam com ele. Por tê-lo abandonado em um quartel do exército. Mas ali, diante do tão poderoso e ao mesmo tempo enfraquecido Rei de Phantom, Baekhyun tinha dúvidas sobre suas certezas.

-Devo dizer que você cresceu muito. Olha o tamanho desses braços!

O rei riu brevemente, mas logo fechou a cara, como se sentisse dor.

-Peço para que os curandeiros entrem para verificá-lo?

O Rei suspirou, como se estivesse cansado. Ou pensativo demais.

-Você é cara da sua mãe.

Baekhyun assentiu, olhou para a phantoniana deitada ao seu lado. Poderia dizer que os traços da mulher eram parecidos com os seus.

-Eu já estou melhor, mas mesmo assim, depois de encarar a morte pela primeira vez em toda a minha vida, eu...

Quando o Rei perdeu as palavras, Baekhyun engoliu a seco e não conseguia encarar o poderoso Senhor de todas as Terras daquele planeta.

-Você está grande. Bem. Saudável. Não teve um dia na minha vida desde que você nasceu que consegui dormir confortavelmente. Algo me incomodava. Sempre fui um conservador de nossas leis, das normas que meus antepassados impuseram para nós, aqui do presente. Talvez, a única regra que nunca questionei foi a do segundo filho. Mas a visão é diferente quando você tem um.

Os olhos pálidos eram meigos demais para todo poder que aquele Rei parecia emanar dos poros.

-Quando eu dei de cara com a morte, a única pessoa que me veio em mente era você. Eu não o conheço, mesmo, Agora, nesse momento, te encarando sabendo que você é minha prole. Você é meu filho.

Baekhyun não desviou o olhar quando o Rei fechou as pálpebras.

-Mas também é o guardião do primogênito. Pensei em você todo esse tempo porque não sabia se era suficientemente forte para proteger o futuro Rei, se eu morresse. Se eu partisse, Yixing teria que ser protegido por algum forte, de honra, que daria a vida para proteger a dele. E agora, olhando para você, sei que pode fazer esse trabalho.

Baekhyun engoliu a seco. Era apenas isso que seu pai pensava dele? Um guardião.

-Chamei você aqui para certificar-me, se essa doença voltar de alguma forma, eu posso estar indo em paz, sabendo que meu filho pode ser protegido por um guardião digno.

Baekhyun queria chorar.

-Eu prometo proteger Yixing. - disse Baekhyun subitamente.

O Rei assentiu, com um sorriso de gratidão nos lábios.

-Senhor, permissão para me retirar.

O Rei franziu a testa sem sobrancelhas. As grandes tranças azuis estavam presas em um coque.

-Pensei que você...

-Por favor, senhor, permissão.

-Pode ir.

Antes de ir embora, Baekhyun beijou brevemente o anel do Rei e olhou para a phantoniana ao seu lado. Sua mãe. Será que ela pensava assim também? Pensava que Baekhyun era apenas um guardião?

Ao atravessar as portas, Baekhyun pôde pensar no que estava fazendo. No que tinha prometido ali dentro, naquele quarto. Sua vida em troca da de Yixing.

A Rainha acordou um instante depois, espreguiçando-se. Olhou para o marido e para o lugar onde Baekhyun estava.

-Pensei ter ouvido uma voz. Quem era?

O Rei respirou fundo e não hesitou:

-Ninguém.

Baekhyun voltou ao presente, ao lugar onde estava chamado de Terra. E a promessa de proteger o futuro Rei tinha sido fracassada. Baek sentia-se um lixo phantoniano. Todo o sentimento de guardião que nutria pelo irmão mais velho, futuro Rei de Phantom, o primogênito, havia sido transferido para o terráqueo Chanyeol.

Por algum motivo, Baekhyun sentia que o terráqueo era a única coisa que tinha sobrado. A única pessoa que possuía.

Baekhyun não poderia deixá-lo para trás. E foi com esse pensamento que único phantoniano vivo, portador do bracelete e de uma das pedras mais poderosas de todo o universo, saiu do complexo.



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