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História Realidade - ... Real e definitiva


Escrita por: Heidexx

Notas do Autor


OI GENTE

Postei uma especie de continuação <3

ps: quero agradecer as minhas coleguinhas amigas do coração que leram e deram a dica de fazer essa segunda parte.

Espero que gostem

Capítulo 2 - ... Real e definitiva


 

 

Eu lembro da primeira vez que nos vimos; foi anos atrás, no parquinho perto de nossas casas. Eu tinha nove anos na época, mais baixo que a maioria da minha idade, gordinho, pouca coordenação motora e totalmente sem nenhum amigo. Mas você, era o típico garoto que eu queria estar por perto. Mais velho – mesmo que fosse apenas um ano de diferença – alto, confiante, sempre ganhava nos jogos, vários amigos com quem brincar e principalmente; um sorriso tão diferente e tão reconfortante, que na época eu achava que seria o típico sorriso de irmão mais velho. Eu o admirava, queria ser ele, estar ao seu lado, correr juntos, brincar de pega-pega. Para mim, Kim Dongyoung era quem gostaria de ser quando crescer.

Não ficamos amigos por muito tempo, logo meus pais se mudaram, e com isso paramos de nos ver. Recordo de chorar na noite antes da mudança, implorando que não fossemos embora. Mas claro, meus pais não ouviriam uma criança de nove anos, que não sabe nada da vida. As desculpas variavam entre que rapidamente conseguiria arrumar mais amigos na cidade, além de que estaríamos próximos da praia e poderíamos ir sempre nos finais de semanas. Eu não entendia nenhuma das supostas respostas, a única coisa que queria era estar perto de meu hyung. Daquele que cuidava de mim quando eu caía na areia, que me empurrava no balanço e que também, pagava meu sorvete de morango.

No final, mudamos para Busan. Chorei, esperneei, mas nada adiantou. Nas primeiras semanas foram horríveis, eu não queria sair de casa, era praticamente arrastado para a escola, mas com o tempo fui me esquecendo dele, foi desaparecendo da minha memória infantil os poucos meses que ficamos amigos.

Anos se passaram e eu nem me lembrava mais quem era Kim Dongyung. Mas ainda tinha em mente seu rosto. Já não recordava tanto dos momentos vividos juntos, porém, seu sorriso continuava preso em meus sonhos.

Foi no ensino médio que tudo mudou. A puberdade foi generosa comigo, e como resultado dela veio as garotas. Elas sempre entregavam cartas de amor em meu armário, chocolate no meu aniversário – também era no dia dos namorados –. Mas para o azar dessas meninas, eu não achava nenhuma graça nos peitos que elas tentavam exibir discretamente quando estavam próximas de mim, e muito menos, tinha curiosidade de ver o que possuíam por entre as pernas.  Então, descobri que era diferente. Eu gostava de garotos, simples.

Contudo, no ensino médio foi onde que eu tive minha experiência sexual com outros meninos. O primeiro foi quando ainda era apenas um calouro, com o meu capital do time de basquete; Ji Hansol. Alto, moreno, com olhos infantis, corpo atlético e uma boca que fazia maravilhas. Nossos encontros eram as escondidas por entre os corredores vazios no final das aulas, no vestiário quando terminavam os treinos e, na sala do zelador algumas vezes no intervalo; pode-se dizer que foi intenso enquanto durou, até que ele se formou. Não foi traumático, éramos mais amigos que namorados. Além dele, eu ainda cultivava contatos com outros garotos, era um relacionamento aberto. Na verdade, foi aí que aprendi o que significava amizade colorida. Simples, divertido e indolor; tudo que eu mais gostava.

Quando me formei, fui chamado para a Universidade de Seoul; minha cidade natal. Não pensei duas vezes em arrumar minhas malas, dá adeus aos meus pais e pegar o trem em direção a capital. Fiquei maravilhado com sensação de liberdade, ser adulto, poder fazer o que quisesse. Estava finalmente começando minha vida.

Não muito tempo depois, talvez no começo do meu segundo ano, eu encontrei alguém que nem me lembrava mais, porém, foi o sorriso que entregou sua identidade.

Eu estava indo em direção ao jardim na entrada principal da Universidade, a maioria dos alunos ficavam por lá entre os intervalos das aulas, ou antes de irem embora. E foi quando o vi, sentado ao lado de Qian Kun – um amigo meu, que parecia ser seu também – na hora, demorei um pouco para assimilar seu rosto, porque mesmo que tivesse as mesmas fisionomias de quando criança, era diferente de certa forma. Você agora é um adulto, um belo adulto. Mas em vez de ir até vocês, revelar quem eu era, tentar voltar a nossa antiga amizade, talvez. Meus pés deram meia volta e segui para dentro, com o coração acelerado e o estomago vazio, com aquelas típicas borboletas voando. Foi uma sensação engraçada, era o nervosismo, de encontrar um amigo da infância. Agora eu penso o quão idiota é você, Yoonoh?

Um mês depois a gente se encontrou por intervenção de Kun. Eu havia lhe contado indiretamente sobre você a ele, dizendo que na infância que tinha tido um amigo que se chamava Kim Dongyoung. Contei apenas duas semanas para Qian vir até a mim, contando a novidade; o mesmo havia marcado um encontro às cegas. Quando cheguei no lugar que havia sido combinado, eu senti as mesmas sensações de quando no jardim, minhas mãos estavam geladas e molhadas, a boca seca, o batimento cardíaco irregular. Uma serie de sintomas, em um intervalo de poucos minutos, até você aparecer na minha frente, com o cabelo ruivo jogado sobre sua testa, olhos que me fitavam curiosos e o sorriso colado em seu rosto. Era você, Kim Dongyoung, em carne e osso. A sensação de desordem em meu corpo foi desacelerando assim que começamos a conversar, reviver as memorias esquecidas e aprender sobre o que aconteceu durante os anos sem manter o contato.

O mais incrível é que não pareceu estranho, estávamos tão confortáveis um com o outro, como se nada tivesse mudado. Sua forma de me tratar era a mesma de quando criança, cuidando de mim a cada segundo, mesmo que eu fosse muito mais forte e inteligente do que antes, e bem mais capaz de pagar pelo meu próprio sorvete de morango, que você ainda insistia em pagar. Porém, eu não reclamei, e em nenhum momento pedi que parasse com esse tratamento carinhoso e tão nostálgico. Foi quando eu percebi que éramos melhores amigos, vivíamos grudados, lhe mostrei as melhores festas que havia conhecido, apresentei meus novos amigos – você sempre falava para mim ter cuidado, e não os machucar, apesar de nunca ter lhe dito que era adepto apenas as amizades coloridas, mas parecia que já sabia como eu me comportava –. Hyung também me mostrou seu lado; sua estante de livros na sala de estar de seu apartamento, amarrotado de livros novos e antigos. Eu não entendia muito sua paixão por eles, mas amava ver os seus olhos brilharem quando me contava o enredo do último que terminara. Suas teorias de filosofia, poderiam me deixar sonolento, porém, eu fazia de tudo para pegar o som de sua voz pronunciando palavras que nunca havia escutado antes, mas apenas de ser sua voz ali, presente na sala silenciosa já me fazia ganhar o dia.

Era incrível como conseguia perceber sua infelicidade tendo que estar comigo naqueles lugares, que eu lhe arrastava – porque eu sempre fui infantil e sentia a necessidade de estar com você vinte quatro horas por dia ­– mas em seu rosto sempre estava estampado um sorriso, que poderia parecer genuíno para qualquer um que não o conhecesse, porém com a pouca experiência que possuía sobre você e também a mesma que me gabava aos nossos amigos, eu conseguia perceber de longe que tudo não passava de uma farsa. Então, como o maior covarde que poderia existir na cidade de Seoul, jogava seu jogo, sem me importar de perguntar qual era o problema, o que estava sentindo em estar naqueles lugares. Apenas deixei de lado, e segui em frente.

Com o tempo, nossa amizade foi evoluindo para algo a mais. Toques mais demorados, rostos muito próximos quando falávamos ao pé do ouvido do outro, as indiretas que sempre jogávamos ficou mais sexual. E em um belo dia, dormimos juntos.

 Foi o melhor dia da minha vida.

Mas foi também o dia que me fez acordar para o que estava sentindo para com Doyoung. Eu não queria usá-lo como os outros, sempre foi muito mais que uma transa sem sentimento. Em uma noite, consegui sentir coisas que nunca pensei que existiam, era tudo tão novo, sentia vontade de sair por aí, cantando de felicidade e sorrindo à toa.

Eu não podia.

Você merecia mais do que isso.

Por isso, comecei a ficar distante. Apesar de que eu não conseguia ficar muito tempo longe de você, precisava nem que fosse apenas de uma noite a cada semana. Apenas uma que eu pudesse sentir seu corpo ao meu, os beijos em minha pele, sussurros e os gemidos próximos a minha orelha. Os meus sentimentos sempre apareciam durante a noite, quando estávamos juntos, na mesma cama, mas tinha prazo. Era só quando os primeiros raios do sol de domingo, querer entrar por entre sua janela, eu sentia o pânico fluir em meu sistema. O observava dormir tranquilamente, os lábios entreabertos, a respiração calma e o rosto sereno. Sentia vontade de fotografar essa cena para deixar guardado sempre em minha vida, porque eu sabia que não duraria por muito tempo.

Foram apenas alguns meses com essa aventura, que apesar de um lado me fazer sentir vivo, outro, me fazia sentir nojo do que eu fazia com você. Eu estava o usando, enganando nós dois com ilusões. Foi então, que decidi dar um basta.

O pior dia da minha vida.

Lembro dos seus olhos me fitarem desfocados, e o maldito sorriso falso estava lá, zombando da minha cara. Eu queria poder dizer que era brincadeira, nós poderíamos ficar juntos, viver embaixo dos cobertores, não me importaria de deixar as festas de lado se fosse para ficar com você. Pouco me importava o mundo lá fora, eu só queria você comigo. Porém, fui mais uma vez covarde, dei as costas e fui embora.

Tentei me enganar, novamente. Voltei a minha rotina de baladas e dos meus amigos. Entre eles, reencontrei Lee Taeyong, um amigo que nós tínhamos em comum, não é hyung? O mais velho, era fácil de conviver, tinha a mesma filosofia de vida, mas diferente de mim, ele era mais grudento. Eu não reclamei, eu gostava da atenção que recebia e também, de como era bom na cama.

Todo mundo saía ganhando, mas eu continuava o perdedor.

Meses depois o reencontrei na festa que boas vindas que Johnny havia dado ao Chittaphon. Você estava longe, conversando com algum convidado que eu pouco me importava quem era, fiquei o fitando por minutos a fio, até que seu olhar caísse sobre o meu, e foi o que aconteceu. Na cara de pau, eu o chamei para perto, e cada passo que dava se aproximando de onde me encontrava era como se duplicasse todo o sentimento retido dentro do meu corpo. Taeyong, puxou meu braço de leve, talvez percebendo minhas ações obvias.

Lee sabia que eu era perdidamente apaixonado por você.

Um ano e nós nos falávamos muito pouco, era óbvio que me evitava como a peste negra, eu não lhe tiraria a razão. Sabia que o havia magoado, machucado e destruído o que sentia por mim. Na verdade, acho que foi necessário o que aconteceu, porque eu nunca teria entendido o quanto realmente é importante para mim. Apenas tinha uma teoria, mas não o resultado e depois, de ficar longe por tanto tempo, apenas o vendo periodicamente, havia confirmado o que realmente eu precisava na minha vida.

Com muita coragem e alguns esporros de Taeyong – ficamos amigos, depois de nosso pequeno caso –. Tomei coragem de finalmente correr atrás de você. Eu não queria ser covarde para o resto de minha vida, imaginando o que poderia ter sido. Quero ver sua reação e resposta real, e não uma ilusão que criaria, em pensamentos a noite.

Você morava no mesmo bloco de apartamento, então fui até ele. No caminho, minhas pernas tremiam, trombava nas pessoas só pelo nervosismo que sentia. Estava aterrorizado com o pensamento de lhe ver cara a cara e contar toda a verdade.

Eu precisava apenas atravessar a rua, você estava do outro lado da calçada, em frente a portaria. Porém, não estava sozinho; Chittaphon estava com você, com o braço sobre sua cintura, com o corpo próximo ao seu, sussurrando algo em seu ouvido.

Aquilo foi a gota d’agua.

Vocês pareciam tão íntimos ali, não ligando para o mundo ao seu redor.

A inveja é uma sensação tão feia, mas não podia negar de senti-la, quando olhava para a cena. Eu conhecia Chittaphon o suficiente para saber o que ele estava fazendo com você; rondando a presa para dá o bote, poderia ter a aparência inofensiva e ingênua, ele é esperto. Apesar disso é uma boa pessoa, não tenho defeitos para descrever o tailandês, mas tinha uma coisa que me incomodava sobre o rapaz, era algo que me faltava; coragem. Ele corria atrás do que queria, pouco ligando para os resultados, só queria ter o resultado final; positivo ou negativo.  Portanto, vê-lo agir dessa forma com você, faz eu perceber que o hyung merece mais, alguém que não tem medo de seguir o que deseja. É esse tipo de pessoa com quem deve ficar.

Mas foi você quem o beijou, segurou o rosto com suas mãos – as mesmas que fizeram carinho em meu corpo – e o puxou aproximando seus lábios. Eu não sei quanto tempo durou, trinta segundos, dois minutos, meia hora, mas foi o suficiente para entender o recado que o universo e você estavam me dando.

Acabou.

Minha chance acabou de descer pelo ralo, assim como as minhas lágrimas que fluíram para fora de meus olhos, encarando vocês.

Era o fim, eu deveria ter visto isso chegar. Estava tarde, muito tarde para ir atrás.

Não!

 

Eu não deixaria você escapar novamente por entre meus dedos, não dessa vez.             

Atravessei a rua, com passos firmes, pouco ligando se meu rosto ainda estava molhado das lágrimas, em frente aos meus olhos, apenas visualizava vocês dois, sorrindo um para o outro, sem notar minha aproximação.               

A primeira coisa que fiz foi chamar seu nome, você se virou com sobressalto, girando seu corpo de encontro ao meu. Sua expressão era de algo que eu nunca havia visto antes, estava tão cru seu semblante, consegui ver o medo e confusão. Apenas fiquei encarando seu rosto, olhando seus lábios que agora estavam inchados e molhados do beijo que tivera com o Chittaphon, a raiva borbulhava, mas a minha ansiedade em estar o vendo na minha frente há tanto tempo, era muito maior que esse sentimento. Eu queria abraça-lo, o tomar em meus braços e leva-lo para dentro de sua casa e deitarmos na sua cama, e fugir de todos.

Abri a boca várias vezes, tentando pronunciar algo, mas continuava sem força para dizê-las em voz alta. Era tanta coisa que tinha para lhe falar, tudo que ficou preso dentro de mim em todo esse tempo; cada sensação, emoção e sentimento que você me ensinou, eu nem sabia por onde começar. Eu não sabia se deveria lhe pedir desculpas, agradecer por me ensinar a amar, ou se eu deveria lhe pedir para ficar comigo.

Eu queria tanta coisa, mas eu estava com tanto medo de sua resposta para qualquer pedido meu.

- Eu te amo, hyung.

As palavras saíram de minha boca, sem eu mesmo perceber, mas pareciam ter feito efeito em você. Porque logo, seus olhos me fitaram trêmulos, e os vi desviarem para o lado.               

Quase entrei em pânico, não sabendo o que estava fazendo lhe dizendo tão secamente que o amava. Mas antes que pudesse voltar a atrás, tentar lhe dizer mais palavras bonitas, expressar tudo que sentia por você, sua voz saiu rápida:               

- Ten, acho melhor vir mais tarde.             

Depois de pronunciar a frase, você puxou minha mão sob a sua, interligados nossos dedos. E foi como se um choque elétrico percorresse pelo meu corpo. Uma sensação tão conhecida, mas que parecia uma memória muito distante agora. Senti a vontade de chorar, mas era por alegria, de apenas tocar sua mão.             

- Vamos subir, Yoonoh.               

Permite sorrir, ouvindo meu nome ser pronunciar pela sua boca, como nos velhos tempos.               

Mas minha felicidade acabou mais cedo que o esperado. Você me contou tudo que aconteceu durante esse ano, como conheceu Chittaphon, quando decidiram sair pela primeira vez, a forma que era tudo diferente do que tínhamos; naquela época, éramos nada, apenas duas pessoas que transavam as escondidas, enquanto você queria mais, eu fugi e o abandonei.               

Doyoung, você me contou o quanto estava feliz com ele, como nunca tinha sido nesses anos. Além de aprender a superar sua decepção que vivera comigo. Que não deveríamos mais ficar no passado, pensando no que poderia ter sido, que temos que seguir em frente.              

Você seguiu em frente.               

Ninguém havia me contado sobre isso, nenhum dos meus amigos deram sinais que eu havia perdido a guerra.               

Senti-me tão frustrado, envergonhado, confuso, com raiva, eu nem sabia mais como identificar o que sentia. No final, eu chorei nos seus braços. Eu o apertei e coloquei meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo a fragrância do seu perfume; o mesmo de antes. Meus soluços se faziam presente na sua sala, a mesma que nós havíamos nos amando, onde comíamos sentados na frente à sua tv, no mesmo lugar que eu roubava olhares a você, com medo de ser pego em flagrante. Agora, eu chorava em seu ombro, sentindo a dor de perde-lo, o gosto amargo da derrota dentro da minha boca.               

Portando, mesmo sendo corajoso e indo até você de nada adiantou. Seu coração não era mais meu, agora era unilateral. Fui o último a entender que não existia mais nós, éramos apenas conhecidos; velhos amigos, na melhor das hipóteses. Mas nunca seriamos amantes de novo.            

Era tão doloroso, mas a realidade é assim. Nem sempre terminam com final feliz. 


Notas Finais


Bom, agora é final definitivo </3

Não me matem, por favor

beijos e até <3


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