História Red Girl (Colorful Girls) - Congestionamento, pneu furado e um guinchador gato

2

"O amor não se vê com os olhos mas com o coração. ( William Shakespeare)"

TERÇA- FEIRA

AMY ROSE

Sentada em frente a mesa do café como em todas as manhãs, perco-me em meus sagrados pensamentos referentes ao trabalho, amigos, família e amor.

Conviver aos vinte e seis anos apenas com a presença de sua amiga nas horas vagas e os clientes no trabalho, não é o sonho de nenhuma criança quando pequena ao pensar em seu futuro.

Desde mais jovem, eu idealizava um futuro onde antes dos trinta estaria casada e com no mínimo um filho. Para minha própria decepção, nunca nem cheguei a amar alguém.

Terminando meu café da manhã, retiro-me da mesa levando comigo as louças sujas, as lavando.
Após guarda-las em seus devidos lugares, subo as escadas em direção ao segundo andar, entrando em meu quarto.

Assim que organizo todo meu espaço pessoal, faço minha higiene bucal, finalizando minha maquiagem básica. Com a bolsa se pano bege em mãos e arrumada por completo, entro em meu carro preparada para o tráfego na hora do rush.

- Better than words, more than a feeling. Crazy in love, dancing on the ceiling.

Acompanho a música soando pelo rádio, aumentando a frequência do volume para a altura trinta de cem.

Ao levantar meu olhar a pista, observo a fileira a minha frente com todos os carros parados, me fazendo franzir o cenho.

O aglomero de automóveis e os altos sons das buzinas desesperadas traziam-me enxaqueca neste mesmo instante.

- O dia não poderia começar de forma melhor, não é mesmo?

Digo irônica, aplicando uma leve palmada no volante.

[...]

Balbucio em direção ao céu, encostando minhas costas na porta fechada de meu carro.
Como se não bastasse pegar um congestionamento no caminho, o carro teve um de seus pneus traseiros furado por algo na pista.

Para variar, o acidente tinha que ocorrer na quinta avenida da cidade, ou seja, pelos meus cálculos eu estou há uma hora distante do meu trabalho. 
Poderia ir de ônibus é claro, mas o ponto mais próximo é cruzando a rua Aquarela com a Círculo Cromático, há dez minutos à passadas.

Creio que a única alternativa que me resta é esperar o guincho vir me resgatar nesse "fim de mundo". Aliás, ele encontra-se atrasado para alguém que estava há caminho.

- Senhorita Red?

Assim que ouço meu sobrenome, desvio meu olhar para a minha direita, sentindo todo o ar de meu peito de esvaziar.

Os profundos e penetrantes olhos verdes; sua fina e rosada boca; os cachos a caírem sobre sua pele até os ombros e seu lindo sorriso branco estampado em sua bela face; compunham o maravilhoso rapaz a me chamar.

- Sou eu...

- Prazer, sou o Harrison, seu homem guincho.

Pisco atordoada por sua grande beleza, sorrindo envergonhada ao receber um olhar engraçado do alto desconhecido. Provavelmente eu devo estar a babar olhando o 1,80 de atração a minha direita.

- Senhorita? Estás bem?

Soltando uma risada envergonhada por entre meus lábios, assinto - apesar de querer negar, porque a beleza dele estava me fazendo passar mal.

- Claro, desculpe-me estava perdida em pensamentos.

- Não há nenhum problema. Quer ajuda para subir, já que estás de salto?

Abrindo a porta do automóvel para mim, oferece-me sua mão direita para facilitar minha entrada.

- Se não for incômodo...

Sorrio de lado aceitando sua ajuda, entrando na caminhonete. Fecho à porta do carro, vendo-o dar a volta até o lado do motorista.

- Chegaremos o mais rápido possível, senhorita...

Rio sem graça quando me dou conta de que ainda não apresentei-me.

- Amy, me trate por Amy.

Sorrio alternando meu olhar de seus olhos verdes à janela ao meu lado.

- Então me trate por Harry.

Sincronizando seu aparelho de música em uma rádio de rock, começa a dirigir calmamente pelas ruas de Rainbow City, com os faróis acesos e seu formoso maxilar marcado.